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sexta-feira, 27 de outubro de 2023

A DOUTRINA DOS ESPÍRITOS NÃO É ASSUNTO QUE SE ESGOTA EM UMA PALESTRA

 

EM SUAS VIAGENS KARDEC MINISTRAVA ENSINOS COMPLEMENTARES AOS QUE JÁ POSSUIAM CONHECIMENTO E ESTUDO PRÉVIO.


Visitando a cidade Rochefort, na França, durante a Viagem Espírita em 1862, Allan Kardec, após ser convidado para ter com algumas pessoas que desejavam conhecê-lo e ouvir algo acerca do Espiritismo, disse:

“Antes de tudo, devo informar quanto ao objetivo que me proponho nessas excursões. Vou unicamente visitar centros espíritas e lhes dar as instruções de que possam necessitar.

Enganar-se-ia quem pensasse que vou pregar a doutrina aos incrédulos. O Espiritismo é toda uma ciência que reclama estudos sérios, como as outras ciências, e requer numerosas observações.

Para os que lhes não conhecem as primeiras noções, sou obrigado a enviá-los à fonte, ou seja, ao estudo das obras onde se acham todos os ensinamentos necessários e a resposta à maioria das perguntas que poderiam fazer e que, em sua maior parte, recaem sobre os princípios mais elementares.

Eis por que, em minhas visitas, só me dirijo aos que já sabem, aos que precisam de ensino complementar, e não de á-bê-cê. Jamais vou dar o que se chama sessões, nem convocar o público para assistir a experiências ou demonstrações e, menos ainda, fazer exibição de Espíritos.

Os que esperassem ver aqui coisa semelhante estariam completamente equivocados e devo apressar-me em lhes tirar a ilusão".

Fonte: Revista Espírita de Dezembro de 1862.

quinta-feira, 30 de março de 2023

PLATÃO (ESPÍRITO) E A GUERRA DE PALAVRAS!

Platão, segundo algumas fontes, nasceu em Atenas em 428 a.C e morre na mesma cidade em 347 a.C, foi um filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, autor de diversos diálogos filosóficos e fundador da Academia em Atenas, a primeira instituição de educação superior do mundo ocidental.

Talvez seja a figura central na história da Grécia antiga e da filosofia, juntamente com os não menos importantes Sócrates e Aristóteles. Platão está presente na filosofia natural, na ciência e na filosofia ocidental, sendo frequentemente citado como um dos fundadores do que mais tarde ficou conhecido como Espiritualismo.

Platão, segundo alguns estudiosos, era um racionalista, realista, idealista e dualista cujas ideias vão inspirar essas filosofias mais tarde.

Nos interessa, sobremaneira, uma comunicação deste filósofo contida em O LIVRO DOS ESPÍRITOS – QUARTA PARTE – CAPÍTULO 2 – DAS PENAS E GOZOS FUTUROS onde, como um dos Espíritos Superiores coordenados pelo Espírito A Verdade, vai chamar a atenção para a compreensão que se deve ter pelas palavras, buscando sua compreensão, contextualizando-as a fim de que não se faça pretexto acerca de sua significação.

Para nossa melhor compreensão, vamos inserir no texto algumas perguntas que, pensamos, são respondidas pelo filósofo desencarnado:

1. O que a humanidade, de maneira geral, tem produzido quando da interpretação dos textos antigos, principalmente quando se trata da vida futura?

“Guerras de palavras! guerras de palavras! Ainda não basta o sangue que tendes feito correr! Será ainda preciso que se reacendam as fogueiras? Discutem sobre palavras: eternidade das penas, eternidade dos castigos.

Ignorais então que o que hoje entendeis por eternidade não é o que os antigos entendiam e designavam por esse termo?

Consulte o teólogo as fontes e lá descobrirá, como todos vós, que o texto hebreu não atribuía esta significação ao vocábulo que os gregos, os latinos e os modernos traduziram por penas sem-fim, irremissíveis”.

2. Como compreender, então, o significado da expressão eternidade, haja visto a explicação dada por Galileu Galilei, como Espírito, cuja explicação consta da obra A Gênese de Allan Kardec, edição original de 1868?

“Eternidade dos castigos corresponde à eternidade do mal. Sim, enquanto existir o mal entre os homens, os castigos subsistirão. Importa que os textos sagrados se interpretem no sentido relativo. A eternidade das penas é, pois, relativa e não absoluta. Chegue o dia em que todos os homens, pelo arrependimento, se revistam da túnica da inocência e desde esse dia deixará de haver gemidos e ranger de dentes”.

3. Essa compreensão equivocada não é fruto da limitação do conhecimento humano, que, para ser adquirido, necessita de sucessivas reencarnações?

“Limitada tendes, é certo, a vossa razão humana, porém, tal como a tendes, ela é uma dádiva de Deus e, com o auxílio dessa razão, nenhum homem de boa-fé haverá que de outra forma compreenda a eternidade dos castigos”.


4. Todavia, há seres humanos que, de boa-fé, admitem a eternidade das penas?

“Pois quê! fora necessário admitir-se por eterno o mal. Somente Deus é eterno e não poderia ter criado o mal eterno; do contrário, forçoso seria tirar-se Lhe o mais magnífico dos seus atributos: o soberano poder, porquanto não é soberanamente poderoso aquele que cria um elemento destruidor de suas obras”.

5. É certo que os atributos divinos devem ser levados em conta, no entanto, mesmo em meio àqueles que admitem as ideias espíritas, há os que falam de uma suposta lei de causa e efeito?

“Humanidade! humanidade! não mergulhes mais os teus tristes olhares nas profundezas da Terra, procurando aí os castigos. Chora, espera, expia e refugia-te na ideia de um Deus intrinsecamente bom, absolutamente poderoso, essencialmente justo”. Platão.


Uberaba-MG, 30/03/2023
Beto Ramos

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

EDUCAÇÃO E PROGRESSO MORAL SEGUNDO O ESPIRITISMO!


Fénelon, em O Livro dos Espíritos, responde a Allan Kardec sobre qual o meio de se destruir o egoísmo. Destaca na questão 917 que a dificuldade encontra-se na influência que a matéria exerce sobre os seres humanos, os quais, ainda muito próximos da sua origem, não podem se libertar.

Contudo, o que chama a atenção na resposta são os fatores que concorrem para entreter essa influência. Diz Fénelon: "suas leis, sua organização, sua educação.

O Espírito apresenta como meio eficaz de destruir o egoísmo compreender bem o Espiritismo e torná-lo o norte das crenças e dos costumes, isto é, transformar os hábitos, as tradições e práticas e as relações sociais.

Explicando melhor o papel da educação nesse processo, Allan Kardec, em nota à questão 917 de O Livro dos Espíritos, esclarece:

"A educação, se for bem compreendida, será a chave do progresso moral, quando se conhecer a arte de manejar a arte dos caracteres [caráter moral] como se conhece a de manejar as inteligências, poder-se-á endireitá-los, da mesma maneira como se endireitam as plantas novas. Essa arte, porém, requer muito tato, muita experiência e uma profunda observação. É um grave erro acreditar que basta ter a ciência para aplicá-la de maneira proveitosa". 

E neste sentido, somos de opinião que o trabalho do educador espírita não é o mesmo daquele sábio que instrui no campo da ciência. Veja que, respondendo a questão 617 de O Livro dos Espíritos, foi anunciado:

"[...] O sábio estuda as leis da matéria, o homem de bem as da alma, e as segue".

Além disto, encontramos na questão 383 da mesma obra citada que os Espíritos encarnam e passam pela infância "[...] com o fim de se aperfeiçoar", uma vez que "[...] o Espírito é mais acessível durante esse tempo às impressões que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento, para o qual devem contribuir os que estão encarregados da sua educação".

Finalmente, em se tratando de ciência filosófico-espírita, assim se pronunciou José Herculano Pires em nota à própria Tradução de O Livro dos Espíritos, especialmente à questão 383, verbis:

"Os pais e os professores espíritas devem ponderar sobre este item e os que se lhe seguem. O Espiritismo vem abrir um novo capítulo da psicologia infantil e da pedagogia mostrando a importância da educação da criança não apenas para esta vida mas para a sua própria evolução espiritual".

Importa observar que Fénelon, Kardec e Herculano não tratam de evangelização em casa espírita ou no lar, mas, tratam objetivamente do processo complexo de EDUCAÇÃO MORAL DO ESPÍRITO com o fim de auxiliá-lo no processo evolutivo.

Deixe sua opinião e comentário. Você tem observado esse aspecto do Espiritismo e da sua utilidade para a humanidade?

Uberaba-MG, 26/01/2023
Beto Ramos

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

A LEI DE CAUSA E EFEITO NÃO SE APLICA AO ESPIRITISMO

"A questão do livre-arbítrio pode resumir-se assim: o homem não é fatalmente conduzido ao mal; os atos que pratica não 'estavam escritos'; os crimes que comete não são o resultado de um decreto do destino" (Q. 872, LE).

Essa afirmativa de Allan Kardec, por si só, responde à seguinte indagação: a lei de causa e efeito se aplica ao espiritismo? Se os crimes cometidos pelo ser humano não resultam de determinações decretadas por um 'destino', ninguém será compelido a pagar o mal com o mal. Não haverá 'olho por olho, dente por dente'.

Mas, essa não é a ideia disseminada no movimento espírita. Pelo contrário. Eis o motivo, então, de nossa argumentação, segundo a Doutrina Espírita.

A princípio é necessário explicar o que se entende por lei de causa e efeito. Segundo a proposta comum a lei de causa e efeito seria um princípio universal, que significa que o acaso não existe. Essa afirmativa decorre da ideia de que um dos princípios da lógica é a causalidade, isto é, que todo efeito tem uma causa, a qual poderá ser boa ou ruim (resultados positivos ou negativos).

Uma confusão terrível sobre esse assunto é atribuir a Allan Kardec a ideia da existência de uma lei de causa e efeito. No entanto, como se depreende de sua afirmação em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 5 - Bem Aventurados os Aflitos, item 6, o organizador do Espiritismo, falando sobre as misérias humanas, esclarece que:

"[...] por virtude do axioma segundo o qual todo efeito tem uma causa, tais misérias são efeitos que hão de ter uma causa e, desde que se admita um Deus justo, essa causa também há de ser justa. Ora, ao efeito precedendo sempre a causa, se esta não se encontra na vida atual, há de ser anterior a essa vida, isto é, há de estar numa existência precedente".

Apontamos o seguinte:

1. Kardec afirma que efeito e causa é, para o Espiritismo, UM AXIOMA;

2. Toda a sua construção textual apresenta um hipótese teórica, conforme se vê no uso das expressões 'hão de ter', 'há de ser justa', 'se', 'há de ser' e 'há de estar';

3. Allan Kardec raciocina em 'alguma' existência precedente e não em 'uma existência específica'.

Já esclarecemos em outros artigos e vídeos que é necessário saber o significado de AXIOMA, uma vez que se trata uma premissa considerada necessariamente evidente e verdadeira, um fundamento de uma demonstração, isto é, uma premissa, um ponto de partida ou, em última instância, uma ideia para sustentar uma proposição. Um axioma é uma premissa importante, porém, ela é indemonstrável. Sua afirmação parte do raciocínio e de princípios inatos da consciência.

Por outro lado, a LEI, do ponto de vista filosófico, é uma expressão definidora das relações constantes que existem entre fenômenos naturais, como, por exemplo, a definição de uma propriedade física verificada de maneira precisa. Vale dizer: não se trata de uma hipótese teórica.

Se bem compreendida a diferença entre o axioma que é defendido pelo espiritismo e a ideia de lei, que é própria para fenômenos naturais, é importante recordar que uma das Leis Morais vigentes na Teoria Moral Espírita é a Lei do Progresso.

Kardec ensina que a força do espiritismo está na unidade de seus princípios e, nesse sentido, suas leis morais não podem se contradizer, isto é, nenhuma poderá ficar em posição antagônica às demais. Assim, nos seria lícito indagar: Há uma interferência divina no destino de cada indivíduo? Existe algo inexorável que o vá compelir nessa ou naquela direção?

A resposta é negativa, uma vez que na questão 802 de O Livro dos Espíritos, quanto à apressar ou não o progresso humano, encontra-se o seguinte ensinamento:

"[...] Não, não é por meio de prodígios que Deus conduzirá os homens. Na sua bondade ele quer deixar-lhes o mérito de se convencerem através da razão".

E, voltando à questão 872, iremos verificar que "sem o livre-arbítrio o homem não tem culpa do mal, nem o mérito no bem; e isso é de tal modo reconhecido que no mundo se proporciona sempre a censura ou o elogio à intenção, o que quer dizer à vontade; ora, quem diz vontade diz liberdade".

Mas, o que todas essas proposições tem a ver com a proposição inaugural, isto é, que a lei de causa e efeito não se aplica ao espiritismo?

É que na questão 804, que trata da lei de igualdade, em O Livro dos Espíritos, vamos verificar que:

"Deus criou todos os Espíritos iguais, mas cada um deles viveu mais ou menos tempo, e por conseguinte realizou mais ou menos aquisições; a diferença está no grau de experiência e vontade, que é o livre arbítrio; daí decorre que uns se aperfeiçoam mais rapidamente, o que lhes dá aptidões diversas".

Para encerrar, sobre fatalidade, os Espíritos ensinam na questão 851 de O Livro dos Espíritos que:

"A fatalidade só existe no tocante à escolha feita pelo Espírito, ao se encarnar, de sofrer esta ou aquela prova; Ao escolhê-la ele traça para si mesmo uma espécie de destino, que é a própria consequência da posição em que se encontra".

Todavia, os Espíritos explicam essa "espécie de destino": tratam-se das provas de natureza física (frio, calor, fome, sede, trabalho, cansaço, saúde, etc.).

Quanto às provas morais e as tentações, o Espírito conserva o seu direito à escolha entre o bem e o mal, sendo sempre senhor de si no que tange à ceder ou resistir, pois a vontade do Espírito encarnado é soberana e não é violada de forma alguma.

Concluindo, conforme a questão 872 de O Livro dos Espíritos, o que há de fatal para o Espírito encarnado será quanto à sua posição na Terra, suas funções a ser desempenhada (como consequência do gênero de prova que escolheu). Além disto, sofre todos os problemas dessa existência e todas as tendências boas ou más que lhe são inerentes. Contudo, ainda assim, ceder ou não às suas más tendências (ao próprio caráter) fica na dependência da sua própria vontade.

O que surge para garantir a impossibilidade da lei de causa e efeito ser aplicada à teoria espírita é que:

"[...] Os detalhes dos acontecimentos estão na dependência das circunstâncias que ele mesmo provoque, com os seus atos, e sobre os quais podem influir os Espíritos, através dos pensamentos que lhe sugerem; [...] a fatalidade está, portanto, nos acontecimentos que se apresentam ao homem em consequência da escolha de existência feita pelo Espírito; mas pode não estar no resultado desses acontecimentos, pois pode depender do homem modificar o curso das coisas, pela sua prudência; e jamais se encontra nos atos da vida moral.

É nossa opinião que os Espíritos e Kardec não poderiam ser mais claros em nos demonstrar a IMPOSSIBILIDADE de se aplicar uma lei de causa e efeito ao espiritismo. Portanto, podemos afirmar sem assombros: A LEI DE CAUSA E EFEITO NÃO SE APLICA AO ESPIRITISMO.

Aproveito, por fim, para refutar todas as minhas opiniões anteriores em contrário.

Uberaba-MG, 20/01/2023
Beto Ramos

segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

HÁ RELAÇÃO ENTRE A SOCIOLOGIA E O ESPIRITISMO?

O nosso propósito nesta publicação é saber se o Espiritismo, como ciência da observação e filosofia com consequências morais ‘absorve’ de certa maneira, ou melhor dizendo, atrai para si a preocupação com os objetos de estudos de outras ciências.

Vamos refletir sobre a sociologia.

Sabemos que é uma parte das ciências humanas que estuda o comportamento humano em função do meio e os processos que interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições.

Aprendemos no Espiritismo que o meio vai influenciar sobremaneira no gênero de provas a que o Espírito se submete, isto é, suas escolhas consideram, entre outras coisas, o meio a que está inserido.

É lícito perguntar como esse comportamento dos encarnados irá influenciar na vida do Espírito? Indivíduos que se reuniram em associações, grupos e instituições vão, novamente, se reunir no mundo espiritual?

A sociologia tem uma base teórico-metodológica voltada para o estudo dos fenômenos sociais, tentando explicá-los e analisando os seres humanos em suas relações de interdependência. Portanto, um dos objetivos da sociologia será compreender as diferentes sociedades e culturas.

A pergunta que fazemos é: como essa compreensão influenciará na vida espiritual? Há uma relação de interdependência entre os Espíritos nas suas diversidades de classes?

Acreditamos que é possível encontrar respostas concretas para essas e outras reflexões que podemos fazer na relação entre a Sociologia e o Espiritismo. Deixamos aqui consignado para que você, leitor ou leitora, traga a sua contribuição para esse ensaio.

Uberaba-MG, 02/01/2023

Beto Ramos

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

EXPIAÇÃO E PROVA NO ENSINO DOS ESPÍRITOS



O que é o Espiritismo?

Qual classificação o Espírita adotará?


Allan Kardec classifica a Doutrina Espírita como uma ciência da observação. Parte do movimento espírita brasileiro adota tese de que se trata de uma religião. E, uma parte desta parte, fundamenta o aspecto religioso numa interpretação livre de um artigo de Kardec sobre a questão na Revista Espírita de Dezembro de 1868. Outros também usam a opinião do Espírito Emmanuel na obra O Consolador.

No entanto, uma concepção contrária à classificação de Kardec implica na tensão permanente entre várias ideias acerca de temas doutrinários importantes. Por exemplo, começamos pela diferença clara entre o conceito de fé racional e fé religiosa.

No capítulo 19, item 7 de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec traz o conceito de fé racional, que precisa ser lida conforme o preâmbulo da obra O Que é o Espiritismo onde há a definção de Espiritismo. Em 1868, na Revista Espírita de Dezembro, deixa claro porque o Espíritismo NÃO é uma religião.

Não admitindo o dogma da 'fé cega' e cultos de qualquer natureza, o Espiritismo não valida as práticas que se traduzem em verdadeiros cultos como se observa na atualidade de muitos grupos denominados espíritas. Para demonstrar as dificuldades que um concepção equivocada provoca trazemos uma tensão bastante comum: o livre-arbítrio preconizado na Doutrina Espírita e a ideia da "reencarnação compulsória".


Quanto ao livre-arbítrio, o Espiritismo preconiza que o ser humano possui um círculo onde pode se mover livremente. Esse movimento é limitado pelas Leis Naturais (Rev. Esp., PDF, FEB, 1866, pg. 214). No entanto, é preciso ter em conta a lei moral do progresso, que mostra que o ser humano é quem se coloca em condições de ampliar esse seu círculo de ação.

É importante recordar que, segundo o Espiritismo, o objetivo da encarnação é colocar o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação (Q. 132, LE). Durante esse processo, acertando e errando, o Espírito poderá ser tanto um Espírito de um assassino arrependido (Rev. Esp., Março de 1858) quanto o Espírito de endurecido de uma rainha (Rev. Esp., Março de 1858).

O certo é que há meios, conforme as Leis Naturais, para  provocar que o Espírito escolha uma existência que lhe servirá ao progresso. No processo de escolha poderá haver uma intervenção natural quando o Espírito, por inferioridade ou má vontade, está incapaz de compreender o que lhe será mais útil.

Veja que trata-se dos casos onde o Espírito ignora o objetivo preconizao da encarnação dos Espíritos (melhoramento). É que, muitos desconhecem o fato de que são as tribulações e as vicissitudes que despertam sua inteligência e provoca o seu avanço.

A encarnação (Q. 132, LE) constitui o meio adequado para o Espírito adquirir conhecimentos e progredir, e, também para reunir as condições necessárias que propiciam ampliar o leque de escolhas. Nessa situação o Espírito experimenta uma espécie de relativização do seu livre-arbítrio. 

Não por pena ou castigo, mas porque é impossível burlar a Lei Natural da reencarnação (Q. 262 e 262.a, LE). Os endurecidos e os ignorantes precisam de auxílio para fazer UMA ESCOLHA com conhecimento de causa (item 8, cap. 5, ESE). É um processo educativo. A escolha não deixa de ser feita pelo Espírito e não há suspensão do livre-arbítrio. Ele apenas recebe a ajuda de Espíritos mais experientes e, assim, adquira condições necessárias para fazer uma escolha com conhecimento de causa.

Chegamos à questão: não está aí o processo da reencarnação compulsória? Esse termo está presente em algumas obras mediúnicas. A ideia central por trás da compulsoriedade é que reencarnação serve para 'pagamento de débitos oriundos de vidas passadas'. Se foi mal é castigado com uma reencarnação rude e se foi bom a reencarnação é como uma recompensa. Isso é fruto daquela compreensão do Espiritismo como religião.

Tanto pior quando busca-se reconhecer um caráter/aspecto híbrido ao Espiritismo: ao mesmo tempo ciência e religião. É o que se percebe quando se verifica a explicação de que a compulsoriedade decorre da causa, que seria a ação do Espíritos, a qual resulta no efeito: a reação

Mas essa não é a tese espírita. O Espiritismo preconiza que o Espírito reencarna em um gênero de prova que lhe seja útil, sempre com conhecimento de causa. Quando não possui elementos para escolher é AUXILIADO nesse processo. Não é nada compulsório, uma vez que "Deus sabe esperar, não precipita a expiação" (Q. 262.a, LE). Na prática, os Espíritos reencarnam para aprender a fazer escolhas certas. No processo, erra bastante e aprende muito.

Pensando em como Allan Kardec classifica o Espiritismo (ciência ou religião) tem-se a premissa para julgar os fatos. Convidamos para avançar na reflexão e observar os apontamentos seguintes.

A construção teórica sobre a encarnação e as leis naturais no Espiritismo não reflete a ideia de que os Espíritos estão sujeitos a sofrer essa ou aquela situação reencarnatória como um castigo ou reprimenda (essa tese religiosa é totalmente refutada na Obra O Céu e o Inferno). Depreende-se que o Espírito é instruído a fazer uma escolha com conhecimento de causa, na modalidade colegiada, como fundamentado acima.

Isso somente ocorre quando o Espírito não reúne condições para fazer a melhor escolha, pois, em regra "sua atenção estando incessantemente voltada para as consequências desse mal, ele compreende melhor os inconvenientes do seu procedimento e é levado a corrigir" (As penas futuras segundo o Espiritismo, item 7, OCI).

A tensão provocada pela classificação atribuída ao espiritismo, se ciência ou religião, pode conduzir ao erro de se adotar a posição de um Espírito em detrimento de princípios doutrinários. É o caso de se pensar na compulsoriedade de uma reencarnação tendo como premissa uma dívida passada. Isso, não só relativiza o livre-arbítrio, mas o anula.

É que o Espiritismo se fundamenta num conjunto harmônico de princípios em que um não anula o outro. A reencarnação proporciona ao Espírito os meios para sua evolução, contínua e perpétua, o que ocorre nas sucessivas reencarnações, por meio das escolhas do seu lívre-arbítrio e numa variedade de habitações cósmicas.

O que fazer quando se está diante de uma informação diferente da tese Espírita? É necessário verificar se o Espírito que trata do assunto traz uma opinião pessoal ou não. Para tanto, Kardec criou e indicou um método de análise das comunicações quando estas se referirem à questões de interesse geral ou doutrinárias, conforme a figura a seguir:


O tema reencarnação compulsória está presente em obras do Espírito André Luiz. Sem faltar com respeito ao Espírito, mas em razão da argumentação que sustentamos nesse artigo, importa destacar que, segundo o Espírito Emmanuel  no prefácio da obra Os Mensageiros, há uma sugestão para receber as informações de André Luiz como opiniões pessoais. Emmanuel usa o exemplo de um chimpanzé guindado ao palácio, que fala sobre o palácio, as pessoas e os costumes para os outros chimpazés que ficaram na floresta. Suas informações serão fruto da sua compreensão de chimpanzé, sem qualquer salto evolutivo.

Para esses casos convem usar sempre o método de Kardec para conferir autoridade à doutrina espírita que, não sendo concepção puramente humana e nem transmitida por um único Espírito, carece de controle da sua universalidade. O controle universal do ensino dos Espíritos (O Evangelho Segundo o Espiritismo) é o meio pelo qual se observa a força do Espiritismo. Trata-se de uma maneira de afastar a imprudência de aceitar uma opinião pessoal.

O que tudo isso tem a ver com a definição de expiação e prova segundo o ensino dos Espíritos? A concepção que se faz do Espiritismo, se religião ou ciência, faz toda a diferença na compreesão dos institutos ora tratados. A aceitação cega sem aplicação do método de Kardec para informações provenientes do mundo espiritual está atrelada à essa concepção. Toda a inferência acima sobre a tensão entre livre-arbítrio e reencarnação compulsória nos conduz a esse tema. Vejamos!

Partindo da teoria espírita chega-se a um resultado racional, o que não é possivel a partir de uma concepção religiosa. Ainda que sob a argumentação de que a fé, agora, é racional. Pela concepção religiosa expiação e prova se tornam subproduto da lei de causa e efeito, que desagua noutra: a de ação e reação.

Diante da tensão, é necessário perguntar:
a. Há lei de causa e efeito no Espiritismo?
b. Nesse caso, os Espíritos são regidos por uma lei de karma ou destino?

Kardec define causa e efeito n'O Evangelho Segundo o Espiritismo como um axioma e não como uma lei (cap. 5, item). Um axioma é usado para explicar o que é indemonstrável, como DEUS e a CRIAÇÃO, por exemplo.

  • Sendo causa e efeito um axioma que explica o indemonstrável, não haverá presença de regularidade para o objeto que se quer explicar.
  • Se não é regular, não é lei. A lei é aquilo que define as relações constantes que existem entre fenômenos naturais. Lei se traduz em regra.

A evolução do Espírito está atrelada ao seu progresso intelecto-moral. A moral, objeto de estudo do Espiritismo, está muito bem definida pela Doutrina Espírita (Q. 629, LE). Em se tratando de moral, nada advém do mundo exterior, a não ser o conhecimento proveniente da relação que com ele se estabelece por meio dos sentidos físicos durante a encarnação.

É preciso considerar que, quanto às questões de moral, tudo se impõe ao Espírito por meio de sua razão, de sua consciência ou por determinadas condições ou circunstâncias. Os Espíritos, segundo o Espiritismo possuem liberdade de fazer as próprias escolhas. Nesse caso, a "causa e o efeito" só poderá ser consequência do uso do livre-arbítrio individual.

Indagamos: é regra que qualquer Espírito que faça a escolha 'a' obtenha o resultado 'b'? A resposta sensata, lógica e razoável é não.

Não se deve confundir a causa e efeito (axioma filosófico) com ação e reação (lei da física). O comportamento humano (agir conforme ou não com as leis da natureza) é resultado do conhecimento adquirido, de sua compreensão de bem e mal, das condições e circuntâncias que esteja diante, da consciência ou não dos atos segundo o conhecimento adquirido e da  sua compreensão deste.

Os Espíritos que procuram nova existência avaliam suas vidas anteriores, quais os erros cometidos e qual imperfeição é a causa dos seus sofrimentos. Estuda o que poderá lhe ajudar a não cometer essa ou aquela falta. Busca provas e expiações que acredita apropriadas ao seu adiantamento e se instrui junto a Espíritos que lhe sejam superiores (Q. 393, LE).

Há uma divisão entre prova e expiação? Segundo o Espiritismo não. Todos os problemas enfrentados na encarnação são oportunidades para corrigir erros passados, ao passo que são provas para o futuro. Tudo é aprendizado e não há uma regra absoluta para Espírito algum. Para induzir a uma possível identificação do gênero de existência precedente de um Espírito é mais seguro estudar suas tendências instintivas do aquilo que se julga ser a prova ou a expiação (Q. 399, LE).

Segundo anota Kardec o julgamento sobre o que fomos e o que fizemos está na esfera individual, isto é, um juízo do próprio Espírito encarnado (nota de Kardec à Q. 399). O que é util para o progresso do Espírito é o seu próprio estudo das imperfeições morais que precisa corrigir e não as físicas.

Por que o julgamento do outro é falho? Porque não há regras absolutas.

Há expiações que são frutos da existência atual que o Espírito experimenta. A ação humana tem como princípio o ato do dever. Trata-se da obrigação moral da criatura para consigo mesma primeiramente e, depois, para com os outros (O dever, Lázaro, ESE). O dever íntimo fica entregue ao livre-arbítrio e é regido pela consciência que, por vezes, é impotente diante das paixões. Ceder a elas não é nada anormal, mas parte do processo evolutivo.

A natureza moral do ato do dever exige que seja livre, consciente e racional da vontade. Essa atuação habitual se torna virtude e é esse o alvo que o Espírito busca atingir. Prova e expiação só podem resultar de escolhas livres do Espírito baseadas nos limites estabelecidos pelas Leis Naturais.

Expiação e prova são faces da mesma moeda. A primeira consequência de uma falta é reconhecê-la como tal. A partir daí o Espírito passa a desejar corrigir a imperfeição que lhe conduz a cometer a falta. Essa compreensão é fruto do estudo de si mesmo.

A expiação consiste em atravessar situações semelhantes a outras que já se experienciou, mas que sucumbiu ao erro. A prova está relacionada com o proveito que se almeja com o gênero escolhido, bem como da maneira como se suporta uma expiação.

Pode se afirmar que toda expiação é uma prova, mas, nem toda prova uma expiação. A causa dos males suportados pelo ser humano na terra está nele mesmo e resultam de suas imperfeições.

O caráter essencial da expiação reside na escolha livre do Espírito por uma existência que o auxilie a corrigir as imperfeições já reconhecidas, mas que ainda favorecem cometer erros.

O objetivo da expiação e da prova é o melhoramento do Espírito (Lei de Progresso). Para tanto, é preciso reconhecer o erro, arrepender, reparar e, então, expiar.

Se a forma de conceber a Doutrina dos Espíritos guardar relação com a concepção religiosa, prova e expiação guardará semelhança com castigo e recompensa. Com a ideia de céu e inferno. Porque as religiões compreendem um Deus antropomórfico que julga o indivíduo e lhe aplica, também, individualmente,  um castigo ou lhe dá uma recompensa. A moral, nesse caso é heterônoma. Dita-se um conjunto de regras que devem ser seguidas com a mediação de indivíduos que se tornam a voz do céu na Terra. Desta forma, nenhum mérito tem o Espírito, posto que está compelido por fatores exteriores e nunca movido pelo ato do dever livre, consciente e racional da vontade.

Se o Espiritismo for concebido como ciência, como preconiza Allan Kardec, prova e expiação assume o caráter pedagógico, de cunho individual, onde o ser, orientado pelas Leis Divinas, vai agindo, fazendo, não fazendo, tentando, errando e acertando, por meio de suas escolhas livres, que lhe proporcionará colher delas os seus frutos. A moral é autônoma. E a boa conduta é uma decisão individual do Espírito. Não há intermediário entre o indivíduo e Deus. Quando agir fazendo o bem, visando o bem de todos, foi movido por sua consciência em assim proceder. As regras que regem sua conduta são as Leis Divinas ou Naturais, mediadas pela compreensão que delas já atingiu.

Uberaba-MG, 05/10/2021.
Beto Ramos.

Fontes:
Kardec, Allan. Evangelho segundo o sspiritismo.
Kardec, Allan. O livro dos espíritos.
Kardec, Allan. O que é o espiritismo.
Kardec, Allan. O livro dos Médiuns.
Kardec, Allan. O céu e o inferno.
Kardec, Allan. Revista espírita.
Xavier, Francisco Cândido. Emmanuel. O consolador.
Xavier, Francisco Cândido. André Luiz. Missionários da Luz.
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segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

ESPIRITISMO: CIÊNCIA DA OBSERVAÇÃO COM MÉTODO EXPERIMENTAL

Fonte: banco de imagns google/internet (experiências de laboratório)

Talvez uma das grandes dificuldades enfrentadas pelos Espíritas é afirmar o Espiritismo como ciência. Nos dias atuais não encontramos o mesmo “clima acadêmico” da época de Kardec. Além disto, poucos sabem, verdadeiramente, situar o Espiritismo como ciência no próprio tempo em que viveu o Codificador da Doutrina Espírita.

Nesse sentido, os que buscam afirmar o Espiritismo como ciência, nos dias de hoje, ficam com certas dificuldades quando indagados acerca do caráter materialista da ciência tradicional que exige a prova experimental. Quem poderá responder que o Espiritismo é, rigorosamente, do ponto de vista científico, quanto à sua elaboração, uma ciência experimental?

O estudante, ao pesquisar, irá se deparar com o dilema enfrentado pelos precursores da ideia espírita cujo objeto de investigação é o mesmo da ciência metafísica, um subgrupo das ciências filosóficas que, de acordo com a classificação aceita no período contemporâneo a Kardec, pertencia ao grande grupo das Ciências Morais. Na atualidade não se verifica essa divisão que se perdeu no caminho da “evolução” científica.

Possuir essa informação faz toda a diferença. A dificuldade gira em torno do objeto de pesquisa: Deus, alma, matéria, psicologia racional, cosmologia racional e teologia racional. O Filósofo Paul Janet perguntará: como poderia o absoluto ser estudado de maneira experimental?

A princípio, considera-se ciência as que partem por construção do que “deve ser” e não daquilo que “é na realidade”. O ponto de partida, após a experiência, se conclui em determinado resultado, o que permite conhecer fatos e fenômenos. Ou, ainda, o processo pelo qual há uma ocorrência fortuita e casual quando considerada isoladamente, mas, necessária e inevitável ao ser relacionada às causas que lhe deram origem.

Sendo a metafísica abstrata e ideal, cujo objeto de pesquisa ultrapassa o objeto de investigação da ciência concreta, a priori, não poderia ser o resultado da experiência. Para muitos, é possível que não seja nem mesmo ciência, vez que “não seria possível nem pela razão, nem pela experiência”.

A solução desse problema, primeiramente, ocorreu por meio da aplicação do método reflexivo, isto é, o resultado da pesquisa não seria produto da imaginação, mas, da observação, onde, para além da ideia de concepção das coisas, há verdadeira sensação e percepção.

Mas, Allan Kardec, superou essa teoria e comprovou que os fenômenos espíritas eram passíveis de experimentações materiais. E, o que é mais notável, tais experiências demonstrariam resultados positivos. Até o advento do Espiritismo acreditava-se que o método experimental, aplicado às ciências e responsável pelos seus progressos, era somente aplicado à matéria. Kardec provará que esse método, também, pode ser aplicado às coisas metafísicas.

A grande revolução do conhecimento está no fato de que as ideias metafísicas podem ser observadas e experimentadas. O processo é simples. Os Espíritos comunicam-se por meio dos médiuns e transmitem conhecimento. Esses conhecimentos referem-se ao mundo espiritual. Os Espíritos tratam do ambiente físico em que vivem, das leis naturais que regem esse ambiente e de suas experiências dos fenômenos que lhes ocorrem, os quais são percebidos por meio dos sentidos de seu corpo espiritual.

Estamos diante de dois novos ramos do conhecimento humano:

a) Epistemologia espírita: método fundamentado de Kardec usado para pesquisar e compreender nas manifestações os ensinamentos dos Espíritos;

b) Epistemologia dos Espíritos: teoria do conhecimento do mundo dos espíritos (como os Espíritos descobrem coisas e aprendem).

Temos a experiência na Ciência dos Espíritos e a observação na Ciência Espírita. A partir do surgimento da Doutrina dos Espíritos é possível o ser humano superar a limitação de estudar a natureza somente pelos sentidos e de abordar as questões espirituais somente por meio da reflexão. 

É válido argumentar que o Espiritismo não é produto da imaginação, pois, ultrapassa o problema do método enfrentado pela metafísica como compreendida antes do seu advento. O método reflexivo foi superado. Como todas as demais ciências positivas, ao Espiritismo aplica-se o método experimental.


Uberaba-MG, 04 de Janeiro de 2021.

Beto Ramos


Fonte Bibliográfica:

FIGUEIREDO, Paulo Henrique de. Revolução Espírita – a teoria esquecida de Allan Kardec. São Paulo – SP: Maat, 2016.


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