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quinta-feira, 17 de março de 2022

DEUS, IDEIA DO BEM, ARTÍFICE DOS NOSSOS SENTIDOS.

 

O capítulo 6 da Obra A República, de Platão, nos convida a pensar sobre o artífice dos nossos sentidos. Segundo o autor Ele é quem modelou a faculdade de ver e de ser visto.

Nos diálogos, a reflexão é posta e conduzida pela personagem Sócrates. Por meio dela Platão trata da natureza do BEM, afirmando que o bem em si mesmo  é algo muito elevado. E, portanto, antes de conhecê-lo é necessário conhecer o fruto do bem em primeiro lugar.

Parece que Platão está lançando mão de um axioma filosófico (Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo 5, item 6), onde todo efeito tem uma causa e todo efeito inteligente possui uma causa inteligente. Não se trata de um sofisma ou jogo de palavras, mas, Platão afirma que para conhecer bem as coisas é necessário conhecer o bem.

Conforme as reflexões do autor, principalmente quando ele afirma que há cegos que seguem por caminhos certos, mas que isso não decorre de estarem enxergando, da mesma forma que há pessoas que possuem opiniões verdadeiras sobre algo SEM TER A COMPREÊNSÃO DESSA COISA, é possível pensar em uma afirmação de Allan Kardec, no Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo 19 - A Fé que Transporta Montanhas, item 7, em que declara: "A fé necessita de uma base, e essa base é a perfeita compreensão daquilo em que se deve crer". Outras traduções dessa obra usam a expressão "inteligência perfeita".

Como, então, conhecer bem as coisas, segundo Platão? Em sua obra, afirma que é necessário instruir-se pelo próprio esforço, adquirir a ciência mais elevada, respeitar as leis e adquirir virtudes. Em Platão, não nos enganemos, a ciência mais elevada é a IDEIA DO BEM ou o mais alto dos conhecimentos; é dessa ideia que a justiça e outras virtudes tiram suas vantagens e utilidades.

Uma questão essencial é que sem o mais alto conhecimento (a ideia do bem), de nada valem os demais. Para Platão não conhecemos suficientemente essa ideia. Por isto nenhum objeto tem valor sem a posse do bem.

Será que possuir muitas coisas se não forem boas é vantajoso, questiona o pensador. Para Platão a vantagem é possuir coisas boas, desde que identificadas como talE conhecimento só tem valor se vier acompanhado do belo e do bom.

No entanto, Platão chama atenção para uma questão comezinha quanto à compreensão do bem. Muitos julgam que o bem é o prazer. Outros, mais requintados, que é a inteligência.

Aquele que identifica o bem com o prazer se esquece que existem coisas boas e más. As pessoas se contentam mais com aquilo que lhes parece ser justo e belo. Nesse caso, ninguém se satisfaz com o que parece bom. Isso porque, no campo do BOM, despreza-se a APARÊNCIA.

Toda a insatisfação decorre do fato de que o BEM é uma IDEIA de cuja EXISTÊNCIA as ALMAS suspeitam, mas COM INCERTEZA. O paradoxo, portanto, é que, não obstante, as almas querem atingir esse bem. Para isso é necessária uma FÉ SÓLIDA. E, novamente, o paradoxo, ao contrário de ter uma fé sólida naquilo que se quer atingir (o bem), há tal fé em outras coisas, o que as tornam INÚTEIS. Por outro lado, o BEM, com todas as suas implicações (incertezas), se torna GRANDE e PRECIOSO.

Os mais requintados, que fazem alusão ao bem como sendo a inteligência, não sabem explicar de que inteligência se trata. Em última instância sentenciam: trata-se da inteligência do bem. E nos debates, afirma Platão, censuram aqueles que apresentam ignorância quanto bem, pois falam dele como se fosse conhecido.

É que, quando usam a expressão inteligência do bem, o fazem como se o interlocutor devesse compreender o que dizem quando pronunciam a palavra BEM.

Sabendo disto, como afirmado, Platão propõe que para conhecer BEM as coisas é preciso conhecer o BEM. Mas, o que é o Bem? Trata-se de uma ciência, um prazer ou outra coisa?

Partindo da análise dos efeitos para julgar as causas, verifica-se que há coisas em si mesmas e há coisas de que fazemos ideia. Essas são denominamos a 'essência das coisas'. Existem coisas percebidas pela vista e ideias que são concebidas pelo pensamento.

Os nossos sentidos permitem nos relacionarmos com as coisas sensíveis. Para sons, temos a audição; para as imagens, temos a visão. Ouvido e voz dependem de elementos distintos de sua espécie para que essas faculdades sejam utilizadas. Presentes o deslocamento do ar, os movimentos de ondas sonoras e etc., a fala pode ser produzida e ouvida.

Sendo assim, é o terceiro elemento que proporciona o uso dos sentidos. A visão, da mesma forma, precisa da luz para ser usada. Destarte, a faculdade de ver e ser visto depende da luz, pois, sem isso o sentido é nulo.

Partindo dessas premissas, Platão propõe a seguinte comparação: O sol, que derrama luz sobre as coisas, proporciona a união necessária para o exercício da faculdade de ver e ser visto. Mas, a vista não é o sol e o olho não é o sol. Além disso, o sol proporciona criação, crescimento e nutrição, no campo de elementos orgânicos, mas o sol não é nenhum desses atributos.

É o mesmo que se dá com a ALMA. Quando a alma fixa olhar no que a VERDADE e o SER iluminam (objeto do conhecimento), CONHECE-O e mostra que é dotada de INTELIGÊNCIA, pois compreende-o. Do mesmo modo, quando a alma olha para o que é obscurecido, para o que nasce e morre, sua vista é embaçada. Tem apenas opiniões e passa de uma para a outra, parecendo não possuir inteligência.

O QUE DERRAMA A LUZ DA VERDADE SOBRE OS OBJETOS DO CONHECIMENTO E PROPORCIONA AO INDIVÍDUO O PODER DE CONHECER É A IDEIA DO BEM.

A ideia do bem é objeto de conhecimento, ao mesmo tempo em que é o princípio da ciência e da verdade. Ciência e verdade não são a ideia do bem; Essa ideia é diferente delas e as ultrapassa em beleza.

No mundo visível, luz e visão são semelhantes ao sol, mas não são o sol. No mundo inteligível (pensamento e ideias), ciência e verdade são semelhantes ao bem, mas não são o bem.

Para Platão, semelhante ao sol que proporciona capacidade das coisas serem vistas, além de criação, nutrição e crescimento, sem ser quaisquer desses atributos, as coisas que podem ser conhecidas recebem do BEM a inteligibilidade e a própria existência e sua essência, mas o BEM não é a essência dessas coisas.

O BEM ESTÁ MUITO ACIMA DAS COISAS COGNOCÍVEIS EM DIGNIDADE E PODER, POR ISSO É O MAIS ALTO DOS CONHECIMENTOS. Aprendemos no Espiritismo que somente é possível ver e compreender Deus após a completa depuração.

Deus, a ideia do bem, é o mais alto dos conhecimentos. Artífice dos nossos sentidos, dotou-nos da capacidade de vê-lo e compreendê-lo. Cabe a nós acelerar a obra do encontro.


Fonte:

KARDEC, Allan. Evangelho Segundo o Espiritismo. São Paulo: LAKE, 2013.

PLATÃO. A República de Platão. São Paulo: Nova Cultural, 2000.

Indicação do tema para estudo: PAULO HENRIQUE DE FIGUEIREDO, por ocasião das exposições sobre o tema METAFÍSICA (Parte 1 e 2) no canal de YouTube REVELARE TV (acesse: www.youtube.com/c/REVELARE).

quarta-feira, 21 de julho de 2021

A FORÇA MORAL DO ESPIRITISMO ESTÁ NO ESCLARECIMENTO


A moral, como REGRA DA BOA CONDUTA, isto é, FAZER O BEM PARA TODOS, é desenvolvida à medida que o ser abandona o PERSONALISMO. Advindo de persona, pessoa ou indivíduo, é o personalismo, também pensado como individualismo, que desenvolve o EGOÍSMO.

Autoproteção, autopreservação, autopiedade, entre outras, são derivações dessa imperfeição moral. Nesse contexto, a imperfeição se mostra por meio de uma característica singular do personalista: superestimar a si mesmo em detrimento dos outros.

Destacamos que tudo isso decorre da autonomia do indivíduo. Há um processo contínuo de evolução, de aquisição de conhecimento. Uma de suas fase é o autoconhecimento, elemento principal do esclarecimento. É no esclarecimento que se encontra presente a força moralizadora da Doutrina dos Espíritos. Para isso, o Espiritismo oferece a base formadora e que sustenta todo esse edifício denominado esclarecimento.

Deus, imortalidade da Alma, evolução perpétua e contínua do Espírito (ser), livre-arbítrio, reencarnação e comunicabilidade entre e com os Espíritos formam essa base.

1. Há um Criador. Essa compreensão nos esclarece qual o tamanho, posição e hierarquia ocupada pelo Espírito na obra da Criação;

2. O Espírito é imortal; Isto é, não foi criado para a morte ou para uma única existência;

3. Em razão de que a Alma é imortal, sua educação e seu progresso é contínuo e perpétuo; A aquisição de conhecimento é como que uma lei natural;

4. Nesse processo, o Espírito evolui fazendo escolhas segundo os conhecimentos que adquiriu;

5. As escolhas fazem parte do processo de esclarecimento e evolução do Espírito. Portanto, é preciso que existam possibilidades para se fazer NOVAS escolhas, ocasião em que o que foi aprendido seja colocado em prática por meio das tentativas, dos erros e dos acertos, corrigindo e progredindo. Essas oportunidades não ficam restritas a uma única existência, elas são sucessivas, muitas, milhares. Trata-se da reencarnação.

6. No processo de aprendizado, da aquisição do conhecimento, o ser não está desemparado, nem entregue à si mesmo (ou à própria sorte, diriam alguns); Há Espíritos por toda parte. Entre eles há solidariedade. Os Espíritos se comunicam e querem o fazer para, de alguma forma, ajudar que não se cometa os mesmos erros. Por isso, por meio das comunicações com os Espíritos, é possível aprender pela observação. Constata-se, assim, que existem Espíritos felizes, infelizes e endurecidos. É por aí que se constatam, também, as consequências geradas pelas imperfeições morais dos Espíritos e o reflexo das qualidades adquiridas e que foram colocadas em prática proporcionando um progresso mais rápido ao ser.

Tudo isto, NESTA ETAPA DA EVOLUÇÃO, pode se resumir da seguinte maneira:
  • Conhecimento de si mesmo;
  • Porque está na Terra;
  • O que veio fazer na Terra;
  • Para onde irá após a vida na Terra

Uberaba-MG, 21 de Julho de 2021
Beto Ramos


sexta-feira, 16 de julho de 2021

APONTAMENTOS SOBRE O MONOTEÍSMO HEBRAICO

Fonte: Google Imagens internet.

O povo hebreu experimentou escravidão, dispersão e exílio. Entre os anos 586 a 538 a.C. foram, aproximadamente, 48 anos de cativeiro e exílio na Babilônia. Conta-se que no século 1 a.C., cerca de cinco milhões de judeus viviam longe da Palestina. Quatro milhões viviam sob a égide do Império Romano. 

Restabelecido no século 6 a.C., o Estado judeu durou mais de 600 anos, mas curiosamente sempre sob a tutela estrangeira. De acordo com a historiografia ele foi totalmente destruído pelos romanos entre os anos 135/136 de nossa era.

Dispersos pelo mundo, o povo judeu se reuniu novamente com a criação do Estado de Israel em 1948, ou seja, após, mais ou menos, 1812 anos. E nessa situação experimentou o que se pode chamar de dupla cidadania, pois viviam submetidos às normas da Torah e, também, ao direito não judeu, uma vez que se constituíam em minoria nos países que habitavam.

Tal situação reclamava se fizesse uma escolha: viver em isolamento e mantendo o nacionalismo sagrado ou ser assimilados abandonando sua identidade cultural. Ao longo do tempo o contato com outras culturas suprimiu, de fato, a dimensão jurídica dos preceitos religiosos sob os quais nasceu o chamado povo de Deus.

O sistema ético da Torah não apresentava diferença entre direito, ética e prática ritual. Para esse sistema legal havia um termo genérico que englobava todo o sistema de leis e observâncias no judaísmo: halakha.

A halakha, termo rabínico reduzido para TRADIÇÃO, não se discute, diferentemente dos argumentos (“din”). Para bem se compreender o significado da tradição para o povo hebreu, basta verificar qual a abrangência do termo halakha: orientação, hábito, costume, modo de agir e práticas (engloba o pessoal, o social, o nacional, relações exteriores e observâncias no judaísmo).

A ética dessa cultura de raízes profundamente religiosas apresenta uma relação, um pacto ou uma aliança com Deus. Mas não qualquer Deus. YHWH é um Rei, um legislador; um soberano de uma sociedade política. Não ‘somente’ o Criador do mundo, mas, o soberano absoluto do povo.

Essa ética absoluta e totalizante compara-se ao próprio Deus que impõe Sua imagem (perfeição e santidade) como modelo de vida. O ponto fundamental nessa relação é que não se trata de uma simples proposta de dogmas de fé reclamando a adesão dos fieis; Trata-se da proclamação de normas imperativas de conduta de observância escrupulosa na vida cotidiana.

A palavra TORAH, traduzida vulgarmente por LEI, em sua compreensão profunda significa ENSINAMENTO. Todavia, não é qualquer ensino, mas aquele que não admite contestação, cujo caráter é normativo.

No pacto, que possui caracteres de uma convenção constitucional, visto que dá nascimento um verdadeiro Estado (compreendendo povo, território e governo), o povo se constitui naqueles com os quais se estabeleceu a aliança. Através de Moisés, Deus propõe um conjunto de regras, que é aceito sob a forma ritual.

Trata-se de uma aliança desigual, o que caracteriza e representa bem os costumes da época onde eram comuns guerras, invasões, lutas e surgiam dominados e dominadores. O povo da aliança seria o vassalo, isto é, súditos do Rei (Deus), que fazia a promessa de proteção, a qual não poderia em nenhuma hipótese ser reclamada. O Soberano não podia ser instado no cumprimento do pacto.

A aliança entre Israel e Deus, representada por Moisés, possui todas as características do tratado desigual (característico daqueles tempos). Tudo era condicionado ao comportamento do súdito. Assim sendo, a circuncisão poderia ser considerada como sinal da promessa divina, mas não condição de sua existência. Essa dependia sempre da CONDUTA DO SÚDITO.

Uma última observação importante é que as expressões Reino dos Céus ou Reino de Deus não são encontradas naqueles antigos livros religiosos, porém, é muito fácil entender porque, ao falar com o seu povo, Jesus era compreendido quando mencionava tais expressões. É que elas se harmonizam completamente com a ideia de um 'Deus Soberano e Legislador de uma Sociedade Política'.

Uberaba-MG, 16 de julho de 2021.
Beto Ramos

Fonte Bibliográfica:
COMPARATO, Fábio Konder. Ética: direito, mora e religião no mundo moderno. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

terça-feira, 6 de abril de 2021

JESUS DEU UMA MENSAGEM IMPORTANTE NA PÁSCOA. VOCÊ SABIA?

Um indivíduo citado por muitos e conhecido por poucos, de nome João (em tradução livre para nossa língua), conta uma história que nos convida à reflexão. A personagem central dessa história, conforme se depreende daquela narrativa, buscava atrair a atenção de um povo para que compreendessem melhor a vida, as coisas, as pessoas e a relação que essas buscavam manter com uma Força Suprema, mas, que Dela nada compreendiam. Muitos, hoje, declaram seguir essa personagem, mas, incompreensivelmente, agem de modo totalmente divergente de como ela ensinou e agiu.

A história contada por João passa-se mais ou menos assim:

“Estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu para Jerusalém. Encontrou no templo os vendedores de bois, ovelhas e pombas, e os cambistas sentados. Fez um açoite de cordas, expulsou todos do templo: tanto as ovelhas quanto os bois; também espalhou as moedas e virou as mesas dos cambistas. E disse aos que vendiam as pombas: Tirai estas coisas daqui. Não façais da casa de meu Pai casa de comércio. Recordaram-se os seus discípulos do que está escrito: O zelo por tua casa me devorará. Então interrogaram-no os judeus e lhe disseram: Que sinal nos mostras para fazeres estas coisas. Em resposta, disse-lhes Jesus: Destruirei este santuário e o levantarei em três dias. Então os judeus lhe disseram: Este santuário foi edificado em quarenta e seis anos e tu, em três dias, o levantarás? Ele, porém, dizia a respeito do santuário do seu corpo. Portanto, quando foi levantado dentre os mortos, recordaram-se os seus discípulos de que falava disto; e creram na Escritura e na palavra dita por Jesus”.

No dia 04.04.2021, domingo próximo passado, comemorou-se no Brasil a Páscoa. Como a maioria esmagadora da população compreende que essa data está relacionada com coelho e chocolate, certamente, não percebeu quanto à história contada por João, esclarecendo que sua fonte é o seu Evangelho, capítulo 2, versículos 13 a 22, qual seria o contexto enfrentado por Jesus.

Para compreender essa mensagem é preciso avançar no estudo das narrativas de João e observar um encontro muito singular que ele apresenta ao seu leitor. Trata-se do encontro de Jesus com a mulher samaritana. Naquele ponto da história é demonstrado que não compreendemos Deus e que não sabemos nos relacionar com Ele, uma vez que fazemos diferentes alianças ao longo da vida, verdadeiros casamentos e procuramos muito, mas, não nos encontramos com Deus. Tudo isso se resumindo no fato de querermos encontrá-lo onde ele não está e, por não compreendê-lo queremos adorá-lo de modos tão sui generis que não promovemos uma relação sincera e, acima de tudo, simples.

Por que Jesus, um judeu, foi se encontrar com uma samaritana, se judeus e samaritanos eram inimigos? Por que falou dos vários casamentos daquela mulher? O que isso simboliza? O que tem a ver a história dos templos dos samaritanos e dos judeus? Por que havia dúvida onde se deveria adorar a Deus? Se o "correto" seria no templo dos judeus ou no dos samaritanos?

São muitos detalhes que, ao que parece quem deveria conhecer essas nuances pouco ou nada sabem, ou, se sabem, buscam ensinar o contrário. Sem a intenção de mudar o objetivo desse texto, voltemos ao domingo de páscoa próximo passado, bem como à narrativa de João antes descrita. Se Deus não é adorado em Templos de pedra, se Deus é adorado em Verdade e Espírito, se é preciso conhecer um Deus como ensinou Jesus: O PAI, CRIADOR, se estamos buscando Deus onde Ele não se encontra, para que servem os Templos?

Certamente, como ensinou Jesus, não é para comércio, câmbio, mercancia, negócios. Não! O Templo deve ser LOCAL DE ESTUDO - Nada, além disto! Não é lugar de adoração, pois, o Pai é adorado em Verdade e em ESPÍRITO. A prova maior disto foi demonstrar que há vida após a morte, pois, realmente JESUS REERGUEU SEU TEMPLO EM TRÊS DIAS, pois, falava do SEU ESPÍRITO, conforme mostrou amplamente durante os dias que sucederam a crucificação. Se houver dúvida a respeito, o Apóstolo Paulo afirmou:

2Coríntios 5:1 – Estamos certos de que, se esta nossa temporária habitação terrena em que vivemos for destruída, temos da parte de Deus um edifício, uma casa eterna nos céus, não construída por mãos humanas.

Estamos numa pandemia com milhares de mortos aqui e no mundo. Mas, houve quem buscou reabrir “templos” nesse período e, principalmente, no dia da Páscoa, apesar do ensinamento cristão constante no Evangelho de João com as advertências de Jesus acerca do que não se deve fazer no “templo”.

Pra terminar, lembremo-nos de alguns fundamentos contidos no antigo e no novo testamento (se é que há dúvida):

Atos 17:24-25 – “O Deus que criou o Universo e tudo o que nele existe é o Senhor dos céus e da terra, e não habita em santuários produzidos por mãos humanas”.

2Crônicas 6:18 – “Todavia, na verdade, habitaria Deus com os seres humanos na terra? Nem os céus e os céus dos céus podem te abrigar; muito menos este templo que construí!”

Isaías 66:1-2 - Eis a Palavra do SENHOR: “O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; sendo assim, que espécie de Casa me haveis de edificar? Tal Casa será o meu local de descanso?”

Uberaba-MG, 06 de Abril de 2021

Beto Ramos

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

A BÍBLIA E O ESPIRITISMO


Quando estudamos os capítulos 1 e 2 do Livro de Gênesis da Bíblia, partindo do texto contido naquela porção inicial denominada Torá, ou o conjunto de 05 livros da Bíblia Hebraica, vamos encontrar duas menções distintas a respeito de Adão ou Adam, pronúncia transliterada do hebraico (a seguir somente p.t.h), que significa ser humano, homem, cuja raiz da palavra advém de adama (p.t.h.), que significa terra, país.

Antes de seguir em frente vamos compartilhar algumas informações. No hebraico bíblico, no texto original, são usadas algumas palavras que fazem todo o sentido para uma interpretação mais condizente com uma fé racional, enquanto que a ausência desse conhecimento induz o intérprete a permanecer preso a dogmas que afastam a liberdade de pensar. A ação de interpretar  livremente é uma condição que conduz o indivíduo no caminho da aquisição do conhecimento verdadeiro.

De sorte que temos, portanto, a palavra bara (p.t.h.), que signfica Ele criou, cujo sentido dado pelo hebreu é: um criar tirando do nada, tendo Deus como sujeito. Porém, o texto original não traz uma palavra designando DEUS no singular (sujeito) nos capítulos ora mencionados, mas, outra: a palavra Elohim (p.t.h), que significa deuses (plural)

Temos, ainda, a palavra qara (p.t.h), que significa Ele chamou, descrevendo o ato de atribuir nomes. Outra palavra é tzélem (p.t.h), que significa imagem, mas, por sua raiz, pode designar sombra. Surgirá, também, outra expressão com a ideia de moldar, formar, manufaturar, produzir, usada para a segunda menção feita ao Adam (Adão), que é a palavra ytser (p.t.h).

Após gravar bem as informações, voltemos ao caso. Temos a porção inicial, isto é, o capítulo primeiro que irá narrar: 

"1:26 - E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra;

1:27 E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou".

E no capítulo segundo:

"2:7 E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente".

Recorde que, como mencionamos, a palavra traduzida por DEUS não está no singular, mas, no plural (esqueça a ideia de plural majestático, isso não tem lógica). Portanto, Gênesis usa a palavra deuses. Faz sentido que os deuses, a quem chamaremos Espíritos Puros, criem condições para que o homem possa se assemelhar a essas potências para, cumprindo o propósito da criação, dominar sobre os demais princípios inteligentes que evoluirão no planeta. A isso chamaremos: sua aptidão para aprender, para adquirir conhecimento.

Isso irá fazer toda a diferença entre o homem e o resto da criação. Não sendo perfeito, nem imperfeito, o ser humano é perfectível, pois, a Suprema Inteligência não criaria nada que não fosse bom. Aliás, tudo que Deus criou, Ele viu que era bom.

Se estivermos no caminho correto da interpretação, conforme a doutrina espírita, faz sentido, também, a segunda menção quanto à formação do homem, sendo possível compreender a alusão feita. Todos os seres que evoluem na terra possuem um corpo material cujas substâncias também encontram-se no meio ambiente. Há nos seres humanos mineral, vegetal e animal. Essa é a ideia representada pela expressão "veio do pó da terra".

O fôlego da vida é o princípio vital. A matéria inerte se transformou em matéria orgânica por meio dessa união com o princípio vital e possibilitou o espírito, mais, tarde, o Espírito, habitar naqueles corpos. O fôlego da vida, ainda, mesmo que de modo resumido, mas, pelo conjunto das expressões, mostra que o Espírito habitará o corpo físico do ser humano. Veja a expressão néfesh (p.t.h), que significa alma vivente. A alma é a essência (Espírito) vivendo na matéria (corpo físico).

Note-se que o texto não se reporta em momento nenhum que o Espírito que se une ao corpo físico, transformando-o em uma alma vivente ou, ainda, alma encarnada, fora criado. Não podemos nos espantar, a água, também, em nenhum momento é demonstrada como alguma coisa criada naquela narrativa. Fica claro que a matéria prima de trabalho dos Elohim era a água (matéria cósmica universal) e o espírito (princípio inteligente do universo). Eles formaram tudo o mais, à exceção desses. Vamos lembrar o que disse Jesus? "Aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus".

Não se deve perder de vista que ao referir-se aos Elohim o texto vai esclarecer que o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas (Gn 1:2). A palavra que se traduz por Espírito é rúar (p.t.h). A semelhança, por nossa interpretação, é com a natureza: o ser Espíritual. Recordamos que semelhante não é a mesma coisa, não é igual; semelhante é aquele que possui elementos conformes, independentemente daqueles que são comuns à espécie; é uma analogia.

O Elohim é imortal, não um mero corpo formado do "pó da terra", ou seja, perecível. O corpo sozinho não é uma alma vivente, é preciso ter sua união com o fôlego da vida. O corpo físico perece, mas, sabemos que os Elohim são imortais. Eles são Espíritos. A primeira narrativa mostra que são criadas condições para que o Espírito evolua na Terra e, por iniciativa própria, se assemelhe aos Elohim, isto é, se torne Puro Espírito. A segunda narrativa demonstra a união do Espírito com o corpo físico.

Vimos, portanto, que não são dois indivíduos criados, nem há contradição entre os dois capítulos do Livro de Gênesis. Na prática, trata-se da demonstração que a Bíblia e todo o seu conteúdo, se constitui numa ciência do povo hebreu, um monumento que muito pouco ainda nos foi dado conhecer.

Suas alusões fantásticas, sempre por meio de alegorias, expressões idiomáticas, parábolas, narrativas, fábulas, contos, músicas, poesias, entre outros tipos de textos, nos conduzem a reflexões profundas, tanto no campo da ciência, como no campo filosófico.

Fica o nosso ensaio para as críticas e sugestões.

Uberaba - MG, 19 de janeiro de 2021.
Beto Ramos.

domingo, 27 de dezembro de 2020

TUDO EM DEUS

"Eu nada posso fazer de mim mesmo".

Jo 5:30

Constitui ótimo exercício contra a vaidade pessoal a meditação nos fatores transcendentes que regem os mínimos fenômenos da vida. O homem nada pode sem Deus.

Todos temos visto personalidades que surgem dominadoras no palco  terrestre, afirmando­-se poderosas sem o amparo do Altíssimo; entretanto, a única realização que conseguem efetivamente é a dilatação ilusória pelo sopro do mundo, esvaziando-­se aos primeiros contactos com as verdades divinas.

Quando aparecem, temíveis, esses gigantes de vento espalham ruínas materiais e aflições de espírito; todavia, o mesmo mundo que lhes confere pedestal projeta­-os no abismo do desprezo comum; a mesma multidão que os assopra incumbe-se de repô­-los no lugar que lhes compete.

Os discípulos sinceros não  ignoram que todas as suas possibilidades procedem do Pai amigo e sábio, que as oportunidades de edificação na Terra, com a excelência das paisagens, recursos de cada dia e bênçãos dos seres amados, vieram de Deus que os convida, pelo espírito de serviço, a ministérios mais santos; agirão, desse modo, amando sempre, aproveitando para o bem e esclarecendo para a verdade, retificando caminhos e acendendo novas luzes, porque seus corações reconhecem que nada poderão fazer  de si próprios e honrarão o Pai, entrando em santa cooperação nas suas obras.

Emmanuel

Caminho, Verdade e Vida

Capítulo 101.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

FRASES E EXPRESSÕES BÍBLICAS


"No princípio, criou Deus os céus e a terra"


 Sem dúvida, é de se afirmar que os primeiros capítulos de Gênesis, narram o princípio da criação, referindo-se a céus, terra e todo o necessário para a existência de vida (humana, animal, vegetal e espiritual). Porém, não nos cabe esquecer que, no princípio, não existia a língua portuguesa e que a ciência comprovou a existência do universo anterior à terra, como também a própria existência do planeta anterior ao período que faz referência à Adam (ou Adão), do hebraico אדם, que significa: homem, ser humano, humanidade (derivado de  - אדמה - ’adamah: terra, território, país,"a terra", solo).

É imprescindível que o leitor atento, buscando compreender a profundidade da Mensagem Divina, procure abeberar-se na fonte. Nela, a possibilidade de encontrar uma “água” turva, contaminada ou imprópria para “saciar a sede” é muito menor. Em hebraico bíblico(3), o primeiro versículo de Gênesis,  está assim escrito:


SIGNIFICADOS (2):

bə: em, com, por, dentro.
re’shiyth: primeiro, começo, melhor, principal, princípio, parte principal, parte selecionada. [pertence à raiz de ro’sh: cabeça (corpo), topo, cume, parte superior, chefe, total, soma, altura, fronte, começo, altura (estrelas), líder, cabeça (homem, cidade, nação, lugar, família, sacerdote), e etc.].
bara’: moldar, formar; criar; dar forma a (tendo Deus com sujeito) - referindo-se a: céu e terra; homem individualmente; novas condições e circunstâncias; a transformações.
’E-lohiym (plural): governantes, juízes, seres divinos, anjos, deuses; [forma singular -  אֵל - ’el : deus, semelhante a deus, poderoso, deus falso, (demônios, imaginações), Deus (o único Deus verdadeiro)].
et: tem função apenas gramatical, indicando o objeto seguinte; sem tradução em português.
ha: este sim é o artigo definido (o, a, os, as);
shamayim: céus;
ve’:conjunção aditiva “e”;
’aretz: terra.

Diante dos significados, é possível que o leitor inicie o processo de análise do texto bíblico, promovendo saudável interpretação. Antes porém, importa saber que:
a) Um texto de Tebas, no Egito, trata do deus Amon e faz alusão à “criação” valendo-se da expressão: “na primeira ocasião”. Desta forma, os egiptólogos interpretam-na como uma referência a um evento ocorrido pela primeira vez e não como ideia abstrata(5);
b) A língua hebraica tem um número reduzido de tempos verbais (diferente da língua portuguesa). Uma única forma verbal hebraica pode ser usada para duas ou mais formas verbais em português.
c) No sistema verbal do hebraico o significado de cada verbo está relacionado com os outros tempos dos verbos do contexto;
d) Como visto acima, o texto bíblico usa a expressão 'E-lohyim  em sua forma plural, o que não é nenhuma novidade, pois o judaísmo comenta isto há muito tempo.

Em relação à letra 'd' acima, alguns comentários rabínicos sobre o Antigo Testamento dizem se tratar de um “plural majestático” (3). Explicam que, à época da escritura, reis usavam expressões no plural quando se referiam a si mesmos. Ousamos pensar que tal assertiva é a figura denominada antropomorfismo, isto é, uma forma de pensamento comum a diversas crenças religiosas que atribui a deuses, a Deus ou a seres sobrenaturais comportamentos e pensamentos característicos do ser humano. Esta figura foi bastante criticada pela filosofia grega desde seus primórdios.

Sabemos que o texto bíblico conta a história de um povo e do seu relacionamento com Deus, visando abolir o politeísmo (culto a diversos deuses) e diversas práticas abomináveis (como o sacrifício de crianças em fogueiras).

A missão de apresentar esse Deus Verdadeiro e Único coube a um Patriarca: Abrão. Era costume naquele tempo que o indivíduo que promovia a aliança com a divindade modificasse seu nome, incorporando o nome da mesma. Foi assim que aquele Patriarca passou a chamar-se: אברהם (’Abraham) ou Abraão: “pai de uma multidão” ou “chefe de multidão” e ficou conhecido como amigo de Deus e fundador da nação dos hebreus através da aliança e eleição de Deus (2). É que Deus revelou-se à figura de um Pai para a humanidade terrestre.
 
Portanto, para as reflexões seguintes, convidamos o leitor a pensar sobre o texto bíblico considerando a forma como se dava a manifestação e o relacionamento de Deus com as criaturas.

Tomando como exemplo a família, vemos que Deus nos confia, cada um, aos cuidados daqueles que tem a tarefa de prover uma variedade de necessidades que temos desde o nascimento. Por esta lógica, havia prepostos do Criador operando na formação da terra? O texto bíblico pode atestar essa hipótese?

Tendo como ponto de partida a fé raciocinada, verificamos que o texto bíblico, em hebraico, nos oferece a palavra ’E-lohiym, escrita na forma plural, cujos significados já foram apresentados, bem como a crítica ao plural "majestático". Lado outro, o  texto faz uso do verbo bara'. Comentaristas do Antigo Testamento afirmam que o mesmo foi usado para expressar "criar" (Ele Criou) por se apresentar na forma singular. Contudo, o mesmo verbo pode indicar a expressão: "formar". 

Apesar de usualmente assimilada como correta desde há muito tempo, hoje, é possível pensar noutro sentido para a frase inicial da Primeira Revelação, sem que, com isto, possa haver qualquer ideia (mesmo oculta) de existirem outras "divindades". A reflexão proposta, definitivamente, não adota esta posição primitiva. Por tudo isto, trazemos à colação alguns fundamentos que nos levam a admitir que havia prepostos de Deus atuando na formação do orbe.


USO DE PALAVRAS NO PLURAL ATRIBUÍDAS À DIVINDADE

No fragmento de texto abaixo (Gênesis 1:26) se repete o uso do plural pelo Verbo Divino (majestático?), vejamos:


Segundo um comentário contido no Midrash (Bereshit Rabá8) "Deus se aconselhou com os anjos sobre a conveniência de criar o homem ou não". (3). Independente do que se possa pensar acerca desta afirmação, o fato é que o Judaísmo nunca afastou a ideia de que Deus, quando da formação do orbe terrestre, já possuía prepostos com atuação ativa no processo, podendo ser denominados cocriadores. Não seria coerente com a ideia de Deus Único que os "anjos" citados no Midrash fossem "incriados", assim como sabemos que, sendo Deus a inteligência suprema e causa primeira das coisas, não foi criado, posto que não seria Deus e sim aquele que o teria criado.


NOVO TESTAMENTO (a lei não foi destruída)

Observando a "Boa Mensagem" com vistas à utilização do texto bíblico como  "inspiração para a inteligência adulta" (6), obtemos valiosas informações. 

Atentemos para ditoso ensinamento contido na Carta aos Hebreus (1:1-2):
“Muitas vezes e de muitas formas, Deus falou no passado a nossos pais por meio dos profetas. Nesta etapa final nos falou por meio de um Filho, a quem nomeou herdeiro de tudo, por quem criou o universo. Ele é reflexo de sua glória, expressão do seu ser, e tudo sustenta com sua palavra poderosa” (4).

Ao seu turno, esclarece o Evangelho de João(1:1-5):
“No princípio havia o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava, no princípio, junto de Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele, e sem ele nada que se encontra feito se faria. Nele havia vida, e a vida era a luz dos homens; e a luz brilha na treva, e a treva não a reteve” (1).

CONFIRMAÇÕES DOS TESTAMENTOS

A literatura espírita séria e comprometida com a evolução humana, tendo como um de seus maiores colaboradores o Espírito Emmanuel (7), pela psicografia mediúnica de Francisco C. Xavier, corroborando a Epístola acima, assevera:
“[...] em tudo e sobre todos, irradia-se a luz desse fio de espiritualidade que diviniza a matéria, [...] vemos a fonte de extraordinária luz, de onde parte o primeiro ponto geométrico desse fio de vida e de harmonia, que equilibra e satura toda a Terra numa apoteose de movimento e divinas claridades. [...] É Ele quem sustenta todos os elementos ativos e passivos da existência planetária. No seu coração augusto e misericordioso está o Verbo do princípio. [...] Só Jesus não passou [...]. Ele é a luz do princípio e nas suas mãos misericordiosas repousam os destinos do mundo”.

PROPOSIÇÃO

Deste modo, pensamos: seria possível que os autores bíblicos fizessem referência, ao contrário da convenção comum, a anjos? Sabemos que não pretendiam se referir a “deuses”, pois, ensinaram para a humanidade que há somente um Deus. Todavia, sendo um texto considerado inspirado, transcendendo o humano, não se pode admitir “equívoco do Espírito”. Isto vale, também, para o sentido como verbo “Criar” foi interpretado dos manuscritos? Então, como o bom senso pode guiar a compreensão da expressão? Entendemos que é possível compreender, sem cometer qualquer ofensa aos que pensam diferentemente, que a expressão pode ser escrita da seguinte forma:

              “Primeiro, os seres divinos formaram os céus e a terra”.

Poder-se-ia especular a respeito do emprego da expressão reshit, cuja raiz é ro'sh. Assim, construindo a expressão Be'reshit, por meio do emprego de uma tradução não usual: cabeça ou líder. Onde, então, a frase seria construída da seguinte forma: "Com o cabeça, seres divinos formaram os céus e a terra"; ou, ainda, "Com o líder, seres divinos formaram os céus e a terra".

CONCLUSÃO?!

Para aqueles que sustentarem que a expressão é inverossímil, pedimos vênia para refletir a questão à luz da Doutrina Espírita, vez que no ano de 1938 o Espírito Emmanuel, a respeito da Gênese Planetária (7), falou acerca da Comunidade de Espíritos puros nos seguintes termos:
“Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os fenômenos, do nosso sistema, existe uma comunidade de Espíritos puros e eleitos pelo Senhor supremo do universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias. Essa comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual é Jesus um dos membros divinos, ao que nos foi dado saber, apenas se reuniu, nas proximidades da Terra, para a solução de problemas decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes no curso dos milênios conhecidos".

E, prossegue o benfeitor (7):
"A primeira, verificou-se quando o orbe terrestre desprendia da nebulosa solar, a fim de que lançassem, no tempo e no espaço, as balizas do nosso sistema cosmogônico e os pródromos da vida na matéria em ignição, do planeta, e a segunda, quando se decidia a vinda do Senhor à face da Terra, trazendo à família humana a lição imortal do seu Evangelho de amor e redenção”.

André Luiz, Espírito, tratando de questões relacionadas com o fluído cósmico, plasma divino, Criador e cocriação nos planos maiores e menores, na obra mediúnica "Evolução em Dois Mundos" (8), refere-se às inteligências gloriosas, que, sob o influxo do próprio Senhor supremo, eis que a Ele agregadas em processo de comunhão indescritível, operam da seguinte maneira:
Extraem "[...] desse hálito espiritual os celeiros da energia com que constroem os sistemas da imensidade, em serviço de cocriação em plano maior, de conformidade com os desígnios do Todo-Misericordioso, que faz deles agentes orientadores da Criação excelsa. Essas Inteligências gloriosas toma o plasma divino e convertem-no em habitações cósmicas, de múltiplas expressões, radiantes ou obscuras, gaseificadas ou sólidas, obedecendo a leis predeterminadas, quais moradias que perduram por milênios e milênios, mas que se desgastam e se transformam por fim, uma vez que o Espírito criado pode formar ou cocriar, mas só Deus é o Criador de toda a eternidade. [...] Devido à atuação desses arquitetos maiores, surgem nas galáxias as organizações estelares como vastos continentes do Universo em evolução e as nebulosas intragaláticas como imensos domínios do Universo, encerrando a evolução em estado potencial, todas gravitando ao redor de pontos atrativos com admirável uniformidade coordenadora. [...] A Engenharia celeste equilibra rotação e massa, harmonizando energia e movimento [...].".


Sabemos das divergências existentes acerca dos modos de como interpretar as Escrituras Sagradas. Respeitamos o ponto de vista de cada um. Contudo, parece que a interpretação trazida a lume promove a integração das três revelações: Judaísmo (Moisés), Evangelho (Jesus) e Espiritismo (Consolador). Trouxemos o pequeno estudo como contribuição a um ensaio de interpretação e motivo para reflexão. Sua consequência moral é que, vencido o materialismo, comprovamos por meio da aliança entre ciência e religião que não estamos à deriva, não somos produto do acaso, pertencemos a uma ordem, criados com vistas à perfectibilidade, rumo à comunidade de Espíritos puros. Que vença a Religião Cósmica: o Amor; Eis que Dele somos criação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1. DIAS, Haroldo Dutra. Novo Testamento. Trad. Haroldo Dutra Dias. Brasília, FEB, 2013.
2. DICIONÁRIO BÍBLICO STRONG. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2002.
3. FRIDLIN, Jairo (Coord.). Torá – A lei de Moisés. São Paulo: Sêfer, 2001.
4. SCHÖKEL, Luís Alonso. Bíblia do Peregrino. Paulo Bazaglia (Coord.). 3. Ed. São Paulo: Paulus, 2011.
5. WALTON, John H.; MATTHEWS, Victor H.; CHAVALAS, Mark W. Comentário bíblico Atos: Antigo Testamento. (Trad. Noemi Valéria Altoé). Belo Horizonte: Editora Atos, 2003.
6. WOUK, Herman. Este é o Meu Deus. São Paulo: Séfer, 2002.
7. XAVIER, Francisco Cândido. A Caminho da Luz. Ditado pelo Espírito Emmanuel. Brasília: FEB, 2015.
8. XAVIER, Francisco Cândido. Evolução em Dois Mundos. Ditado pelo Espírito André Luiz. Brasília: FEB, 2013.

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