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quarta-feira, 26 de setembro de 2018

CARTA ABERTA AOS ESPÍRITAS


Na questão 625 do Livro dos Espíritos foi nos apresentado o Modelo e Guia para a Humanidade: JESUS CRISTO. Os Espíritas, de modo geral, respondem que buscam Jesus como modelo e Guia. Se assim é, lembramos que uma das lições do Espírito da Verdade no Evangelho Segundo o Espiritismo constitui-se em verdadeiro mandamento: Espíritas, Amai-vos; eis o primeiro o ensinamento; INSTRUÍ-VOS, eis o segundo.

Peço vênia par tocar em um tema que tem se espalhando e contagiado o meio espírita, cujo interesse dos espíritos endurecidos e inimigos do trabalho realizado por Jesus e que estão “guiando” certas “inteligências” é a separatividade.

Trata-se dos EVENTOS ESPÍRITAS. Temos nos deparado com duas posições singulares que destoam dos ensinamentos do Espírito da Verdade acima. Há, inclusive, uma disseminação de artigos com exposições inflamadas, como se toda e qualquer pessoa coubesse na mesma “caixinha” desses, perdoe-me a franqueza, “pseudo-sábios”, senão vejamos:

a) EVENTO PAGO: desculpem-me por ocupá-los com coisa tão banal e trivial, pois, o ser humano médio compreende por quais motivos torna-se necessário promover cobrança para participação em eventos. SIMPLES: há custos. Então, ALGUÉM PAGA, ALGUÉM BANCA, ou cotiza-se entre os participantes. A ENTRADA PAGA É FORMA DE COTIZAÇÃO. Há um evento em Uberaba que acontecerá nos dias 12, 13 e 14 de Outubro de 2018 com participação de 05 expositores, 06 palestras, 02 oficinas e 01 encontro de jovens, cuja colaboração para participação no mesmo custa para o interessado R$ 20,00 (vinte reais). Para participação em TODO O EVENTO.

Ora, boicotar, disseminar o ódio, espalhar a intolerância ou se colocar como “dono da verdade” em razão de pensar diferente, é sim DESCUMPRIR o primeiro ensinamento do Espírito da Verdade. NÃO HÁ CARIDADE OU AMOR. Menos ainda, qualquer ato de Justiça, para aqueles que vão defender a posição com base no “equilíbrio”. Quando há julgamento por ideias preconcebidas manifesta-se a intolerância e, segundo Emmanuel, esta é a AFLIÇÃO DO FANÁTICO.

Lembre-se que junto aos apóstolos contemporâneos a Jesus e os que vieram em seguida havia coleta para auxiliar na disseminação da Boa Nova. André Luiz, na Obra Conduta Espírita, nos convida a não receber subvenções de organizações governamentais para que não haja interferência alienígena no movimento espírita. Portanto, devemos cotizar entre nós os espíritas.

b) TRABALHO EM NOSSA CASA NO DIA DO EVENTO: aqui, novamente, uma demonstração que estamos seguindo muita coisa, MENOS JESUS.

Jesus pregava por onde passava, reunia assembleias em seu entorno. Temos seu encontro com os 70, com os 500 da Galileia, diversos encontros em diversas casas, montanhas e montes. Jesus não somente concentrou seus esforços “nas curas” ou nos “fenômenos”, “nos milagres e predições”. Esforçou-se por espalhar a Boa Nova.

Deixar de prestigiar grandes eventos em razão de dizer que tem trabalho na Casa Espírita, perdoe-me, mas, é fugir à responsabilidade. O ensinamento do Espírito da Verdade não usa nenhum “porém, contudo, mas ou vírgula”. Ao final há um ponto, que pode ser de exclamação, certamente: INSTRUÍ-VOS.

Ainda com André Luiz na Obra Conduta Espírita:

Quem aprende pode ensinar e quem ensina aperfeiçoa o aprendizado”.

Estender algo muito claro é partir para um campo impróprio, pois, a cada um é lícito escolher plantar e o que plantar, lembrando que a colheita é certa.

Uberaba – MG, 2018, Século XXI.
Beto Ramos
Espírita

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

ORGANIZAÇÃO DO ESPIRITISMO




Principalmente quando o tema é caridade, é comum percebermos várias divagações referentes a diferentes temas. Quem nunca ouviu opiniões acerca do ingresso de confrades nos grupos?


Pois bem, hoje traremos para o leitor qual o legado de Allan Kardec quanto à formação dos grupos espíritas. Estudando a Revista Espírita de Dezembro de 1861 verifica-se que o Codificador tratou do tema. Lúcido, ponderado, firme, mas, sempre alicerçado em razões cujo propósito é preservar a Doutrina Espírita. Passemos a palavra para Allan Kardec.

1. [...] A princípio isolados, os adeptos hoje se surpreendem com o seu número; e como a similitude das ideias inspira o desejo de aproximação, procuram reunir-se e fundar sociedades. Assim, de todas as partes nos pedem instruções a respeito, manifestando o desejo de se unirem à Sociedade central de Paris. É, pois, chegado o momento de nos ocuparmos do que se pode chamar a organização do Espiritismo. O Livro dos Médiuns (2ª edição) contém observações importantes sobre a formação das Sociedades espíritas, às quais remetemos os interessados, rogando-lhes que meditem cuidadosamente. [...].

2. [...] Todos os dias recebemos cartas de pessoas que [...] perguntam o que podem fazer na ausência de médiuns e de coparticipantes do Espiritismo. [...] é muito simples. Para começar, podem trabalhar por conta própria, impregnando-se da doutrina pela leitura e meditação das obras especiais; quanto mais se aprofundarem, mais verdades consoladoras descobrirão confirmadas pela razão. [...] Em razão de sua própria posição, têm uma bela e importante missão a cumprir: a de espalhar a luz em seu redor. [...] Aos que fossem detidos pelo medo pueril do que os outros pensariam deles, nada temos a dizer, nenhum conselho a dar. Mas aos que têm a coragem da sua opinião, que estão acima das mesquinhas considerações mundanas, diremos que o que têm a fazer se limita a falar abertamente do Espiritismo, sem afetação, como de uma coisa muito simples e muito natural, sem a pregar e, sobretudo, sem buscar nem forçar convicções, nem fazer prosélitos a qualquer preço. O Espiritismo não deve ser imposto; vem-se a ele porque dele se necessita, e porque dá o que não dão as outras filosofias. [...] há pessoas que perguntarão: “O que é isto?” Apressai-vos, então, em satisfazê-las, proporcionando-lhes explicações conforme a natureza das disposições que nelas encontrardes. [...].

3. Falemos agora da organização do Espiritismo nos centros já numerosos. O aumento incessante dos adeptos demonstra a impossibilidade material de constituir-se numa cidade, sobretudo, numa cidade populosa, uma sociedade única. Além do número, há a dificuldade das distâncias que, para muitos, é um obstáculo. Por outro lado, é sabido que as grandes reuniões são menos favoráveis às belas comunicações e que as melhores são obtidas nos pequenos grupos. É, pois, na multiplicação dos grupos particulares que devemos concentrar os nossos esforços. Ora, como dissemos, vinte grupos de quinze a vinte pessoas obterão mais e farão mais pela propaganda do que uma sociedade única de quatrocentos membros. Os grupos se formam naturalmente pela afinidade de gostos, sentimentos, hábitos e posição social; todos ali se conhecem e, como são reuniões privadas, tem-se liberdade de número e de escolha dos que nela são admitidos.

4. [...] Cada grupo naturalmente é dirigido pelo chefe da casa, ou por aquele que para isso for designado; não há, a bem dizer, dirigente oficial, porque tudo se passa em família. O dono da casa, como tal, tem toda autoridade para manter a boa ordem. [...].

5. [...]. 6. [...].
7. Admitida, pois, em princípio a formação dos grupos, resta o exame de várias questões importantes. A primeira de todas é a uniformidade na doutrina. Essa uniformidade não seria mais bem garantida por uma sociedade compacta, pois os dissidentes sempre teriam facilidade de se retirar, formando grupo à parte. Quer a sociedade seja una ou fracionada, a uniformidade será a consequência natural da unidade de base que os grupos adotarem. Será completa em todos os que seguirem a linha traçada em O Livro dos Espíritos e em O Livro dos Médiuns. Um contém os princípios da filosofia da ciência; o outro, as regras da parte experimental e prática. Estas obras estão escritas com bastante clareza, de modo a não ensejar interpretações divergentes, condição essencial de toda doutrina nova. [...]. Podemos, pois, sem presunção, recomendar o seu estudo e prática às diversas reuniões espíritas, e isto com tanto mais razão quanto são as únicas, até o momento, em que a ciência é tratada de maneira completa. Todas as que foram publicadas sobre a matéria não abordaram senão alguns pontos isolados da questão. Aliás, não temos a menor pretensão de impor nossas ideias; nós as emitimos por ser um direito nosso. Aqueles a quem elas convêm as adotam; os outros as rejeitam, por ser também um direito que lhes assiste. [...].

8. O segundo ponto é a constituição dos grupos. Uma das primeiras condições é a homogeneidade, sem a qual não haveria comunhão de pensamentos. Uma reunião não pode ser estável, nem séria, se não há simpatia entre os que a compõem; e não pode haver simpatia entre pessoas que têm ideias divergentes e que fazem oposição surda, quando não aberta. Longe de nós dizermos com isso que se deva abafar a discussão; ao contrário, recomendamos o exame escrupuloso de todas as comunicações e de todos os fenômenos. Fique, pois, bem entendido, que cada um pode e deve externar a sua opinião; mas há pessoas que discutem para impor a sua, e não para se esclarecer. É contra o espírito de oposição sistemático que nos levantamos; contra as ideias preconcebidas, que não cedem nem mesmo perante a evidência. Tais pessoas incontestavelmente são uma causa de perturbação, que é preciso evitar. A este respeito, as reuniões espíritas estão em condições excepcionais. O que elas requerem acima de tudo é o recolhimento. Ora, como estar recolhido se, a cada momento, somos distraídos por uma polêmica acrimoniosa? Se, entre os assistentes, reina um sentimento de azedume e quando sentimos à nossa volta seres que sabemos hostis e em cuja fisionomia se lê o sarcasmo e o desdém por tudo quanto não concorde inteiramente com eles?

9. Traçamos o caráter das principais variedades de espíritas em O Livro dos Médiuns, nº 28. Sendo tal distinção importante para o assunto que nos ocupa, julgamos dever lembrá-la. Pode-se pôr em primeira linha os que creem pura e simplesmente nas manifestações. Para eles o Espiritismo não passa de uma ciência de observação, uma série de fatos mais ou menos curiosos; a filosofia e a moral são acessórios de que pouco se ocupam e de cujo alcance nem mesmo desconfiam. Nós os chamamos espíritas experimentadores. Vêm a seguir os que veem no Espiritismo algo mais que simples fatos; compreendem o seu alcance filosófico; admiram a moral dele decorrente, mas não a praticam; extasiam-se ante as belas comunicações, como diante de um sermão eloquente, que ouvem, mas não aproveitam. A influência sobre o seu caráter é insignificante ou nula; em nada mudam seus hábitos e não se privariam de um único prazer: o avarento é sempre avarento, o orgulhoso sempre cheio de si mesmo, o invejoso e o ciumento sempre hostis. Para eles a caridade cristã é apenas uma bela máxima e os bens deste mundo os arrastam na sua estima sobre os do futuro. São os espíritas imperfeitos. Ao lado destes há outros, mais numerosos do que se pensa, que não se limitam a admirar a moral espírita, mas que a praticam e a aceitam em todas as suas consequências. Convencidos de que a existência terrena é uma prova passageira, tratam de aproveitar estes curtos instantes para marchar na via do progresso, esforçando-se por fazer o bem e reprimir as más inclinações; suas relações são sempre seguras, porque sua convicção os afasta de todo mau pensamento. Em tudo a caridade é sua regra de conduta. São os verdadeiros espíritas, ou, melhor, os espíritas cristãos.

10. Se bem compreendido o que precede, compreender-se-á também que um grupo formado exclusivamente por elementos desta última classe estaria em melhores condições, porque entre pessoas que praticam a lei de amor e de caridade é que se pode estabelecer uma séria ligação fraternal. Entre homens para quem a moral não passa de uma teoria, a união não seria durável; como não impõem nenhum freio ao orgulho, à ambição, à vaidade e ao egoísmo, não o imporão também às suas palavras; quererão ser os primeiros, quando deveriam humilhar-se; irritar-se-ão com as contradições e não terão nenhum escrúpulo em semear a perturbação e a discórdia. Entre verdadeiros espíritas, ao contrário, reina um sentimento de confiança e de recíproca benevolência; sentem-se à vontade nesse meio simpático, ao passo que há constrangimento e ansiedade num ambiente heterogêneo.

11. Isto faz parte da natureza das coisas e nada inventamos a respeito. Daí se segue que, na formação dos grupos, deve-se exigir a perfeição? Seria simplesmente absurdo, porque exigir o impossível e, neste ponto, ninguém poderia pretender dele fazer parte. Tendo como objetivo a melhoria dos homens, o Espiritismo não vem recrutar os que são perfeitos, mas os que se esforçam em o ser, pondo em prática o ensino dos Espíritos. O verdadeiro espírita não é o que alcançou a meta, mas o que deseja seriamente atingi-la. Sejam quais forem os seus antecedentes, será bom espírita desde que reconheça suas imperfeições e seja sincero e perseverante no propósito de emendar-se. Para ele o Espiritismo é uma verdadeira regeneração, porque rompe com o passado; indulgente para com os outros, como gostaria que fossem para consigo, de sua boca não sairá nenhuma palavra malevolente nem ofensiva contra ninguém. Aquele que, numa reunião, se afastasse das conveniências, não só provaria falta de civilidade e de urbanidade, mas falta de caridade; aquele que se melindrasse com a contradição e pretendesse impor a sua pessoa ou as suas ideias, daria prova de orgulho. Ora, nem um nem outro estariam no caminho do verdadeiro Espiritismo cristão. Aquele que pensa ter uma opinião mais justa fará que os outros a aceitem melhor pela persuasão e pela doçura; o azedume, de sua parte, seria um péssimo negócio.

12. A simples lógica demonstra, pois, a quem quer que conheça as leis do Espiritismo, quais os melhores elementos para a composição dos grupos verdadeiramente sérios, e não vacilamos em dizer que são os que exercem maior influência na propagação da doutrina. [...].

13. Acabamos de indicar a melhor composição dos grupos. [...]. Às vezes nos deixamos dominar pelas circunstâncias, mas é na eliminação dos obstáculos que devemos concentrar todos os nossos cuidados. Infelizmente, quando criamos um grupo, somos muito pouco rigorosos na escolha, porque, antes de tudo, queremos formar um núcleo. Para nele ser admitido basta, na maioria das vezes, um simples desejo ou uma adesão qualquer às ideias mais gerais do Espiritismo. Só mais tarde é que percebemos ter facilitado em demasia a admissão.

14. Num grupo sempre há elementos estáveis e flutuantes. O primeiro é composto de pessoas assíduas, que formam a base; o segundo, das que são admitidas temporária e acidentalmente. É essencial prestar escrupulosa atenção no que respeita à composição do elemento estável; neste caso, não se deve hesitar em sacrificar a quantidade pela qualidade, porque é ele que dá impulso e serve de regulador. O elemento flutuante é menos importante, porque sempre se é livre para modificá-lo à vontade. Não se deve perder de vista que as reuniões espíritas, como, aliás, todas as reuniões em geral, haurem as forças de sua vitalidade na base sobre a qual se assentam; neste particular, tudo depende do ponto de partida. Aquele que tem a intenção de organizar um grupo em boas condições deve, antes de tudo, assegurar-se do concurso de alguns adeptos sinceros, que levem a doutrina a sério e cujo caráter, conciliador e benevolente, seja conhecido. Formado esse núcleo, ainda que de três ou quatro pessoas, estabelecer-se-ão regras precisas, seja para as admissões, seja para a realização das sessões e para a ordem dos trabalhos, regras às quais os recém vindos terão de se conformar. Essas regras podem sofrer modificações conforme as circunstâncias, mas há algumas que são essenciais.

15. Sendo a unidade de princípios um dos pontos importantes, não pode existir naqueles que, não tendo estudado, não podem ter opinião formada. Assim, a primeira condição a impor, caso não queiramos ser interrompidos a cada instante por objeções ou perguntas ociosas, é o estudo prévio. A segunda é uma profissão de fé categórica e uma adesão formal à doutrina de O Livro dos Espíritos, além de outras condições especiais julgadas convenientes. Isto quanto aos membros titulares e dirigentes. Para os assistentes, que geralmente vêm para adquirir um pouco mais de conhecimento e de convicção, pode-se ser menos rigoroso; todavia, como há os que poderiam causar perturbação com observações despropositadas, é importante assegurar-se de suas disposições. Faz-se necessário, acima de tudo e sem exceção, afastar os curiosos e quem quer que seja atraído por motivo frívolo.

16. A ordem e a regularidade dos trabalhos são coisas igualmente essenciais. Consideramos de grande utilidade abrir cada sessão pela leitura de algumas passagens de O Livro dos Médiuns e de O Livro dos Espíritos. Por esse meio, ter-se-ão sempre presentes na memória os princípios da ciência e os meios de evitar os escolhos encontrados a cada passo na prática. Assim, a atenção será fixada sobre uma porção de pontos, que muitas vezes escapam numa leitura particular e poderão ensejar comentários e discussões instrutivas, das quais os próprios Espíritos poderão participar. Não menos importante é recolher e passar a limpo todas as comunicações obtidas, por ordem de datas, com indicação do médium que serviu de intermediário. Esta última menção é útil para o estudo do gênero da faculdade de cada um. Mas muitas vezes acontece que se perde de vista estas comunicações, que assim se tornam letra morta; isto desencoraja os Espíritos que as tinham dado, com vistas à instrução dos assistentes. É necessário, pois, fazer uma coleta especial das mais instrutivas e proceder à sua releitura de vez em quando. Frequentemente essas comunicações são de interesse geral e não são dadas pelos Espíritos apenas para a instrução de alguns ou para serem relegadas aos arquivos. Assim, é útil que, para a publicidade, sejam levadas ao conhecimento de todos. [...].

17. [...], nossas instruções destinam-se exclusivamente aos grupos formados de elementos sérios e homogêneos; aos que querem seguir a rota do Espiritismo moral, visando o progresso de cada um, fim essencial e único da doutrina; enfim, aos que nos querem aceitar por guia e levar em conta os conselhos de nossa experiência. É incontestável que um grupo formado nas condições que indicamos funcionará com regularidade, sem entraves e de maneira proveitosa. O que um grupo pode fazer, outros também o podem. [...].

18. [...].
19. [...] tudo isto é de execução muito simples e sem burocracia; [...] tudo depende [...] da composição dos grupos primitivos. Se formados de bons elementos, serão outras tantas boas raízes que darão bons frutos. Se, ao contrário, forem formados de elementos heterogêneos e antipáticos, de espíritas duvidosos, mais preocupados com a forma do que com o fundo, que consideram a moral como parte acessória e secundária, há que se esperar polêmicas irritantes, que a nada levam, pretensões pessoais, atritos de susceptibilidades e, em consequência, conflitos precursores da desorganização. [...].

20. Talvez digam que essas restrições severas sejam um obstáculo à propagação. Isto é um equívoco. Não imagineis que, abrindo a porta ao primeiro que surgisse, estaríeis fazendo mais prosélitos; a experiência aí está para provar o contrário. Seríeis assaltados pela multidão dos curiosos e dos indiferentes, que ali viriam como a um espetáculo. Ora, os curiosos e os indiferentes são um estorvo, e não auxiliares. Quanto aos incrédulos, seja por sistema, seja por orgulho, por mais que lho mostreis, não tratarão disso senão com zombaria, porque não o compreenderão e não querem dar-se ao trabalho de compreender. Já o dissemos, e nunca repetiríamos em demasia: a verdadeira propagação, aquela que é útil e proveitosa, é feita pelo ascendente moral das reuniões sérias. [...]. Sede, pois, sérios, em toda a acepção da palavra e as pessoas sérias virão a vós: são os melhores propagadores, porque falam com convicção e tanto pregam pelo exemplo, quanto pela palavra.

21. [...]
22. Dissemos no começo que diversos círculos espíritas pediram para se unir à Sociedade de Paris; utilizaram até mesmo a palavra filiar-se. A respeito faz-se necessária uma explicação. A Sociedade de Paris foi a primeira a ser regularizada e legalmente constituída. Por sua posição e pela natureza de seus trabalhos, teve uma grande parte no desenvolvimento do Espiritismo e, em nossa opinião, justifica o título de Sociedade Iniciadora, que lhe deram certos Espíritos. Sua influência moral se fez sentir longe e, embora restrita, numericamente falando, tem consciência de ter feito mais pela propaganda do que se tivesse aberto as portas ao público. Formou-se com o único objetivo de estudar e aprofundar a ciência espírita. Para isto não necessita de um auditório numeroso, nem de muitos membros, pois sabe muito bem que a verdadeira propaganda é feita pela influência dos princípios; como não é movida por nenhum interesse material, um excedente numérico ser-lhe-ia mais prejudicial do que útil. [...] A palavra filiação seria, pois, imprópria, porque suporia de sua parte uma espécie de supremacia material, à qual ela absolutamente não aspira, e que teria mesmo inconvenientes. Como Sociedade iniciadora e central, pode estabelecer com os outros grupos ou sociedades relações puramente científicas, limitando-se aí o seu papel; não exerce nenhum controle sobre essas sociedades, que em nada dependem dela e ficam inteiramente livres para se constituírem como bem o entenderem, sem ter de prestar contas a ninguém, e sem que a Sociedade de Paris tenha que se imiscuir no que for em seus negócios. [...]

23. [...]
24. [...]. Sabe-se que os Espíritos, não possuindo todos a soberana ciência, podem considerar certos princípios de seu ponto de vista pessoal e, conseqüentemente, nem sempre estarão de acordo. O melhor critério da verdade está naturalmente na concordância dos princípios ensinados sobre diversos pontos, por Espíritos diferentes e por meio de médiuns estranhos uns aos outros. Desse modo foi composto O Livro dos Espíritos. Mas ainda restam muitas questões importantes a serem resolvidas desta maneira, cuja solução terá mais autoridade quando obtida por grande maioria. [...] Existe um grande número de obras antigas e modernas, nas quais se encontram testemunhos mais ou menos diretos em favor das ideias espíritas. Uma coleção desses testemunhos seria muito preciosa, [...].

25. No estado atual das coisas está é a única organização possível do Espiritismo. Mais tarde as circunstâncias poderão modificá-la, mas nada dever ser feito intempestivamente; [...] Disseram, por pura maldade, que queríamos fazer escola no Espiritismo. E por que não teríamos esse direito? [...] Mas aos olhos de certa gente aí está o nosso erro, pois não nos perdoam por havermos chegado primeiro que eles e, sobretudo, por havermos triunfado. Que seja, pois, uma escola, [...]: Escola do Espiritismo Moral, Filosófico e Cristão; e a ela convidamos todos os que têm por divisa amor e caridade. Aos que aderirem a esta bandeira, todas as nossas simpatias; o nosso concurso jamais faltará.

Allan Kardec


Revista Espírita*. Dezembro / 1861. Organização do Espiritismo.

* (o texto reproduziu as partes que o autor compreende necessárias para o espaço e conhecimento, ficando a investigação das partes omitidas a cargo do leitor).

terça-feira, 17 de julho de 2018

JESUS FALAVA DO AMOR A DEUS

“Para bem compreender certas passagens do Evangelho, é necessário conhecer o valor de muitas palavras que são frequentemente empregadas nos textos, e que caracterizam o estado dos costumes e da sociedade judia naquela época (Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Notícias Históricas, item III, Introdução).

Desde cedo, conforme aprendemos nos Evangelhos da Boa Nova, Jesus demonstrava profundo conhecimento dos Profetas e da Lei. Nascido Judeu pertencia à cultura de sua época e dela fazia uso nas suas pregações, na convivência e na vivência do Evangelho.

O Codificador do Espiritismo possuía esse conhecimento e não “colocou a luz embaixo da cama”. Legou ao Espírita, já na Introdução do Evangelho Segundo o Espiritismo uma lição fundamental para, afinal, a FÉ SER RACIOCINADA. Vejamos um exemplo:

Em Lucas 14:26, Jesus, tratando sobre o que custa ser discípulo, usa palavras aparentemente estranhas. Diz o Mestre:

"Se alguém vem a mim e ama o seu pai, sua mãe [...], não pode ser meu discípulo".

Afirmaria, então, o Professor de Lyon: “Essas palavras, não tendo para nós o mesmo sentido, foram quase sempre mal interpretadas, gerando algumas incertezas. A compreensão da sua significação explica também o verdadeiro sentido de certas máximas, que á primeira vista parecem estranhas”. (ESSE, Introdução, item III, parte final).

Basta uma investigação sobre essas palavras ditas por Jesus e “biografadas” em Lucas 14:26 que o estudante encontrará 
diferentes interpretações. Algumas veem nelas a anulação do quarto mandamento constante do Deuteronômio 5:16 e do Livro de Êxodo 20:12 “Honra teu pai e tua mãe”.

Vamos seguir o conselho de Allan Kardec?

Pois bem. As palavras de Jesus podem ser compreendidas quando ouvidas em sintonia com Deuteronômio 33:8-10. Este capítulo trata das bênçãos de Moisés sobre os israelitas antes de morrer. Nos versículos mencionados a bênção é:

“Para Levi. Para teus leais, os tumim e urim. Tu os puseste à prova em Massa, os desafiaste em Meriba; disse a seus pais: “Não vos obedeço”; a seus irmãos: “Não vos reconheço”; a seus filhos: “Não vos conheço”. Cumpriram teus mandatos e guardaram tua aliança, ensinarão teus mandamentos a Jacó e tua lei a Israel”;

Segundo Luís Alonso Shökel (Bíblia do Peregrino, Paulus), Tumin e Urim são instrumentos das sortes oraculares. O Ofício de Levi é instruir na lei, mas, nem todas as tradições lhes reconhecem funções sacerdotais.

Portanto, os sacerdotes, a fim de cumprirem suas funções, em PRIMEIRO LUGAR COLOCAM A ALIANÇA COM DEUS, SENDO FIEIS À SUA LEI E AOS SEUS MANDAMENTOS ENSINANDO-OS AO POVO DE ISRAEL.

No cumprimento desse mister, quando há conflito entre QUEM AMAR, se aos pais, aos irmãos ou aos filhos ou A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS, não há conflito. Cumprem os mandamentos e guardam a aliança, ensinando os mandamentos e a lei. Numa palavra: não há acordo e nem vista grossa para com os parentes e familiares. A LEI DE DEUS ESTÁ PARA SER CUMPRIDA.

Algumas traduções, quanto a Levi e o respeito de seu pai e sua mãe, trazem a seguinte afirmação: “Não tenho consideração por eles”. Quer dizer que Levi não reconheceu seus irmãos e não conhece os próprios filhos porque ele guardou a tua palavra e observou a tua aliança

Agora, conhecendo o texto do Antigo Testamento acima e fazendo comparação com o texto de Lucas 14:26 é fácil notar que Jesus não revoga o quarto mandamento e nem tampouco contradiz a Torá. Pelo contrário, Jesus conhecia as afirmações contraditórias da Torah que eram resolvidas quando considerado um mandamento em relação ao outro.

Como na linguagem jurídica, na atualidade do direito constitucional, quando os princípios constitucionais colidem, utiliza-se a razoabilidade e a ponderação para confrontá-los, sendo que uns sujeitam-se a outros.

Na linguagem simbólica Levi é o povo que tem amor pela palavra de Deus e que superam o amor familiar.

A lição de Jesus em Lucas 14:26 é sobre a existência de hierarquia entre os mandamentos, onde todos sujeitam-se ao Primeiro e Maior Mandamento: AMAR A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS. Esse, portanto, o custo do discipulado. Carece abnegação, renúncia e entrega total. Foi, portanto, este o ensinamento de Jesus quando pronunciou aquelas palavras: O discípulo observa a Lei, cumpre os Mandamentos e ensina por meio de exemplos; acima de tudo AMA A DEUS.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

O CORPO DE CRISTO

REFERINDO-SE À FUNÇÃO DO CRISTÃO (TRABALHADOR DO CRISTO)
(há exemplos em outras Cartas de Paulo, como Efésios)

Romanos 12:4-5 (FUNÇÕES DIVERSAS NO TRABALHO PARA CRISTO).

“Assim como cada um de nós tem um corpo com muitos membros e esses membros não exercem todos a mesma função, assim também em Cristo nós, que somos muitos, formamos um corpo, e cada membro está ligado a todos os outros”.

Coríntios 12:1-31 (DONS E HABILIDADES DAQUELES QUE VÃO EXECUTAR O TRABALHO SÃO DIFERENTES).

“Ora, há diversidade de dons, porém o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. [...] Se o pé disser: Porque não sou mão, não sou do corpo; não será por isso do corpo? [...] Ora, vós sois o corpo de Cristo, e membros em particular. [...] E a uns pôs Deus na igreja; primeiramente, apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro, mestres; depois, milagres; depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. Porventura são todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres? São todos operadores de milagres? Têm todos o dom de curar? Falam todos diversas línguas? Interpretam todos?”

Qual a ideia e a mensagem nos textos acima?

João, o Evangelista, contou-nos que JESUS é a LUZ DO PRINCÍPIO, a LUZ QUE ESTAVA NO VERBO DE DEUS. Que essa LUZ É A VIDA DOS HOMENS. Que “veio” entre os seus e eles não o “receberam” ou não o “reconheceram”. O Evangelista nos indicará que Jesus é SUPREMA SABEDORIA E AMOR para os homens (Ben Adam), isto é, os terrenos (terrícolas, terráqueos), porque Adam (Adão) significa TERRA.

Paulo, o Apóstolo também ensinará sobre a superioridade de Jesus, afirmando que Ele estava presente desde a Criação do Planeta e foi Ele quem conduziu o trabalho de Criação do Orbe em Nome e por Determinação de Deus.

Há que se compreender que Jesus, por Misericórdia ENCARNA COMO SER HUMANO NA TERRA e é o PRÓPRIO EVANGELHO, pois sua vida é TESTEMUNHO. Jesus, ao mesmo tempo em que ensina em palavras, educa com ações. Vive o Evangelho de Deus.

O texto que se refere ao CORPO DE CRISTO, nas palavras do APÓSTOLO PAULO, traz um maravilhoso exemplo de como se compreender a atividade e função de cada Cristão. Para uns foram designadas certas tarefas e a outros foram designadas tarefas diferentes. Perceba que a expressão IGREJA quer dizer COMUNIDADE. Note que Paulo afirma que EM CRISTO FORMAMOS UM CORPO. Fora do Cristo, isto é, FORA DO SEU EVANGELHO, NÃO FORMAMOS UM CORPO. Em bom português, está CADA UM POR SI.

REFERINDO-SE AO CORPO DE CARNE (entregue à Crucificação)

Romanos 7:4 (MORTE FÍSICA DE JESUS: FIM DA LEI DE “TALIÃO” e IMPLANTAÇÃO DA LEI DE AMOR)

“Assim, meus irmãos, também vós morrestes relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, a saber, aquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que frutifiquemos para Deus”.

Quando Jesus Cristo encarnou teve início a “nova aliança” que, em razão de nossa natureza primitiva, derramaria Seu sangue (Mateus 26:28).

REFERINDO-SE À LIDERANÇA DE JESUS E NÃO DE HOMENS
Efésios 4:15 “Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo”.

Além do significado implícito de Suprema Sabedoria em relação aos que evoluem na Terra, o texto paulino afirma que NÃO HÁ LIDERANÇA OUTORGADA A MÃOS HUMANAS. No TRABALHO DO CRISTO ELE é o LÍDER (Governador).

Conclusão:
O corpo de Cristo, na Bíblia, alude ao próprio corpo físico de Jesus Cristo entregue na cruz do calvário. Noutros casos refere-se ao conjunto da humanidade que tem em Jesus seu modelo e guia, o qual exerce a Liderança confiada por Deus. E, relativamente ao Evangelho, quanto aos trabalhadores, refere-se à suas funções e a integração que deve existir entre o Cristão e o Cristo.

Não se vê referência à possibilidade de que Jesus Cristo não tenha se valido de um corpo de carne na sua passagem pelo orbe.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

RETRATO DE UMA SOCIDADE ENFERMA




Abra o Jornal, impresso ou eletrônico. As notícias referem-se a polêmicas por diferenças de opiniões. Ofensas em razão do desrespeito recíproco ao direito de livre manifestação do pensamento. Uma ferrenha disputa pelo lugar de “dono da verdade”. Animosidade traduzida em suas piores consequências: fratricídios, parricídios, infanticídios, feminicídios, homicídios, suicídios e tantos outros nomes atribuídos ao ato de “matar”.

Quando a falta de amor não termina assim, em trágicas mortes, ocasiona uma infinidade de doenças. NOSSA SOCIEDADE ESTÁ DOENTE E A DOENÇA MOSTRA SUA CARA! SUA PIOR FACE... Quem deve administrar não administra; quem deve ensinar não ensina; quem deve julgar não julga; quem deve segurança não se desincumbe; quem deve educar não educa; Parafraseando Roberto e Erasmo: todos perdidos nos pensamentos poluídos pela falta de amor! A sociedade “esqueceu” seus deveres... Diante disto voltam a pulular teorias hobbesianas para dizer o mínimo. “Doentes” se reconhecendo “médicos” afirmam ter “cura” e “patenteiam” “remédios infalíveis”. (muitas aspas e metáforas).

Sem receita, observo. A origem dos males tem sede em nós mesmos. Queremos ser donos, verdadeiros proprietários, dos indivíduos que nos rodeiam. Queremos ser servidos em lugar de servir. Queremos falar em lugar de ouvir. Queremos ser compreendidos em lugar de compreender. Queremos receber sem nada oferecer.

Na sociedade dos “donos da verdade” o que temos? Indivíduos de difícil trato, impulsivos de pavio curto que explodem ante uma opinião diferente, não economizam palavras ofensivas, são intolerantes e não fazem qualquer rodeio para aviar uma ofensa. Em todo campo são fanáticos. Intransigentes, não vivem e não permitem uma convivência pacífica. Nessa faixa de vibração se desculpam na “cegueira pela raiva que lhe fizeram” e cometem as piores atrocidades contra outros e a si mesmos.

Seria cômodo apontar o dedo, mas, assim somos todos. Não atendidos apresentamos o pior em nós. Nada a ver com “lado" animal, eles são superiores. Em verdade, cada criatura com os sentimentos que lhe caracterizam a vida íntima emite raios específicos e vive na onda espiritual com que se identifica (Emmanuel).*

Estamos certos que não basta à criatura apegar-se à existência humana, mas precisa saber aproveitá-la dignamente; que os passos do cristão, em qualquer escola religiosa, devem dirigir-se verdadeiramente ao Cristo, e que, em nosso campo doutrinário, precisamos, em verdade, do Espiritismo e do Espiritualismo, mas, muito mais, de Espiritualidade (Emmanuel).*

*Nos Domínios da Mediunidade e Nosso Lar (prefácio).

DESTAQUE DA SEMANA

A DOUTRINA DOS ESPÍRITOS NÃO É ASSUNTO QUE SE ESGOTA EM UMA PALESTRA

  EM SUAS VIAGENS KARDEC MINISTRAVA ENSINOS COMPLEMENTARES AOS QUE JÁ POSSUIAM CONHECIMENTO E ESTUDO PRÉVIO. Visitando a cidade Rochefort, n...