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terça-feira, 17 de setembro de 2019

PARTIR O PÃO




"Se não há refeição, não há Torá; e se não há Torá, não há refeição”
(Avot 3:17).

Muitos cristãos supõem que as palavras “partir o pão” se referem à comunhão. Eles imaginam os crentes se reunindo para receber uma pequena fatia de pão e tomar um pouco de vinho, como é feito hoje nas igrejas. Lucas, no entanto, está descrevendo os lares de Jerusalém do primeiro século, não uma igreja cristã moderna: os primeiros crentes realmente faziam refeições juntos! Ele deixa ainda mais claro adiante: “Partiam o pão em suas casas, e juntos participavam das refeições, com alegria” (Atos 2:46).

SEM REFEIÇÃO, SEM ESCRITURAS
No entanto, essas refeições não eram apenas eventos sociais. O estudo das Escrituras tem sido sempre o elemento central da vida judaica e todas as áreas da vida tinham que estar ligadas a este estudo. Portanto, Lucas nos diz que ao fazerem as refeições juntos, os primeiros crentes se dedicavam ao ensino dos apóstolos. 

O CONTEXTO JUDAICO
Compartilhar refeições sempre foi uma parte importante da vida judaica. Os crentes faziam refeições juntos, revezando-se para receber uns aos outros. Na tradição judaica, era sempre o anfitrião quem proferia a benção tradicional e partia o pão no início da refeição.

terça-feira, 18 de junho de 2019

JOSÉ E SEUS DOIS PAIS: O CASAMENTO LEVIRATO



COMPREENDENDO A GENEALOGIA DE JOSÉ (e de Jesus)
(Compatibilizando os textos de Mateus 1:1-17 e Lucas 3:23-38 [3])
O cético usa essa suposta incompatibilidade para criticar textos bíblicos, outros para criarem sistemas, muitos para apresentar teorias carentes de fundo histórico ou fonte fidedigna. Questões que nos parecem à primeira vista irreconciliáveis podem facilmente ser compreendidas quando há estudo do contexto judaico. Antes, mostraremos em imagem para que você possa melhor compreender a informação:
Examinando a Lei, no Capítulo 25 de Deuteronômio, versículos 5 e seguintes, encontramos a regra aplicada e devidamente usada tanto no relato de Mateus como no relato de Lucas. Ambos estão em conformidade com a Lei. Como afirmado, basta analisar o contexto e contradições que parecem irreconciliáveis são devidamente esclarecidas.

Em verdade, José é filho de Jacó como é filho de Eli. Neste caso, além de observar a genealogia é necessário observar o que diz a Lei: “Se dois irmãos viverem juntos e um deles morrer sem filhos, a viúva não sairá de casa para casar-se com um estranho; seu cunhado se casará com ela e cumprirá com ela os deveres legais do cunhado; o primogênito ao nascer continuará o nome do irmão morto, e assim não se apagará o nome dele em Israel”. Trata-se de dever legal, pois, naquele tempo quem conhecia o filho, conhecia o pai, na forma: nome, filho de (nome do pai). Desta maneira, Israel não veria o nome do que morreu apagado da história. Havia pena para o cunhado que não cumprisse a Lei, conforme versículos 7 a 11.

E foi assim que, segundo AKHLAT[1]:

“Mattan, o filho de Eliezer - cuja descendência era da família de Salomão - tomou uma esposa cujo nome era Astha (ou Essetha) e por ela gerou Jacob naturalmente. Mattan morreu e Melchi - cuja família descendia de Natã, filho de Davi - levou-a para esposa e gerou naturalmente a Eli (ou Heli); portanto, Jacó e Heli são irmãos (os filhos) de (uma) mãe. Eli teve uma esposa e morreu sem filhos. E Jacó tomou-a por mulher, para suscitar descendência a seu irmão, segundo o mandado da lei; e ele gerou por ela José, que era o filho de Jacó segundo a natureza, mas o filho de Heli segundo a lei; Assim, qualquer que seja o escolhido, seja de acordo com a natureza ou de acordo com a lei, Cristo é considerado filho de Davi. Além disso, é certo saber que Eliezer gerou dois filhos, Mattan e Jotão. Mattan gerou Jacó, e Jacó gerou a José; Jotão gerou Zadoque, e Zadoque gerou a Maria. A partir disso, fica claro que o pai de José e o pai de Maria eram primos”[2].

Falamos, então, do CASAMENTO LEVIRATO. Não há, portanto, nenhuma discrepância na linhagem de José, que é facilmente explicada quando se conhece o contexto judaico – (Deut. 25:5): uma viúva sem filhos deveria casar-se com o irmão de seu falecido marido, e o primogênito de tal casamento continuaria o nome do irmão falecido. Quando estiver lendo Mateus e Lucas para fins de estudos, lembre-se: o pai biológico de José foi Jacó, que realmente o “gerou” (como está escrito em Mateus), enquanto seu pai legal foi Eli (como informado em Lucas). 




[1]AKHLAT, Salomão. Livro da Abelha, Capítulo XXXIII, Gerações Messiânicas.
[2] O autor parece que também pesquisa a suposta contradição entre Mateus e Lucas, trazendo uma solução lógica, razoável e com bom senso. Considerando a distância temporal que se tem dos fatos é possível admitir a hipótese.
[3] MORRIS, Leon L. Lucas - Introdução e comentário. Trad. Gordon Chown. Série Cultura Bíblia - Ed. Vida Nova. (Nota 14: The Ante-Nicene Fathers [reimpressão norte-americana da edição de Edimburgo - sem data], remissão a 220 d.C., pg. 96).

sábado, 5 de janeiro de 2019

ESPIRITUALIDADE (*)



O ser humano é um espírito encarnado na Terra para adquirir valores da experiência própria.

Segundo nossas ilusões, na oficina terrestre ou na escola planetária, corremos o risco de não valorizar o trabalho ou o ensino, ficando aprisionados no abismo infernal ou estacionados no purgatório.

Conscientes de que somos colocados pelo Senhor nos lugares que ocupamos, é imperioso cuidar das necessidades próprias e lembrar que o Orbe é uma oficina sagrada, para evitar pagar o preço dos terríveis enganos do coração.

A existência humana não é fim, é oportunidade.

A meta é atingir o Cristo latente m cada um.

O ser é aluno em aprendizado.

As relações, o livro de estudo.

No Curso da Elevação Própria, o diploma é de Espírito Superior.

Corpo humano? Apenas o uniforme escolar.

Espiritualismo? Uma filosofia.

Espiritismo? Uma doutrina.

Espiritualidade? aplicação das nossas infinitas potencialidades a serviço do Bem.

(*) Texto adaptado por inspiração no prefácio de Emmanuel ao Livro Nosso Lar, cujo título é “Novo Amigo”.

Uberaba – Minas Gerais, 05 de Janeiro de 2019.
Beto Ramos

domingo, 2 de dezembro de 2018

EXISTEM ESPÍRITOS?


NOÇÕES PRELIMINARES PARA ESTUDO DO ESPIRITISMO


 Antes de aceitarmos qualquer discussão espírita, temos de nos assegurar se o interlocutor admite a base sobre a qual está todo o edifício do Espiritismo, qual seja: a existência de Deus e da Alma. Não nos cabe forçar essa crença, eis que a vontade é individual e autônoma.

Para tanto, a esses interlocutores, são necessárias algumas perguntas iniciais para delimitar o campo da discussão, quais sejam:
 a) Crê em Deus?
    b) Crê na existência da Alma?
    c) Crê na sobrevivência da Alma após a morte?

Tais questões devem obter respostas positivas, sem as quais seria inútil prosseguir numa discussão comparável a tentar demonstrar as propriedades da luz a um cego que não admitisse a existência da luz.


EXISTEM ESPÍRITOS?
1.Os Espíritos não são seres a parte na criação e sua existência decorre, necessariamente, do fato de haver um princípio inteligente no Universo, além da matéria.

 2.O Espiritualismo em geral nos oferece a demonstração teórica dogmática da existência, sobrevivência e individualidade da alma, o que o Espiritismo demonstrou pelos experimentos.

 3. Pelo método indutivo do raciocínio, partindo da premissa que a alma existe e sua individualidade permanece após a morte, tem-se:
a) Ao separar-se do corpo a alma não conserva as propriedades materiais, portanto, sua natureza é diferente da corpórea;
b) Sendo feliz ou sofredora, a alma possui consciência própria e não é um ser inerte do qual nada valeria sua existência;
c) Se há consciência vai para algum lugar, que, segundo a crença comum é o Céu ou o Inferno, mas, o Espiritismo não é compatível com essa teoria;
d) O Céu ou o Inferno deveria estar circunscrito em algum lugar, mas, no Universo não há como conceituar alto e baixo, uma vez que os orbes são redondos, os astros giram e o alto e baixo se revezam de tempo em tempo, sendo desconhecido o infinito do espaço que possui distâncias incomensuráveis;
e) A razão não admite a inutilidade do infinito, que leva a crer serem os demais mundos também habitados;
f) A doutrina da localização das almas e os dados das ciências não concordam entre si, o que conduz a uma doutrina mais lógica que lhes dá o espaço infinito, isto é, todo um mundo invisível que nos envolve e no meio do qual vivemos rodeados por elas.

 4. A ideia das penas e recompensas, uma vez que as almas não vão para locais determinados, é absurda. Ao contrário de penarem ou gozarem em determinado lugar, carregam no seu íntimo a felicidade ou a desgraça, pois, a sorte de cada uma depende de sua condição moral.

 5. O progresso das almas depende dos esforços que fazem para melhorarem e, depois das provas necessárias, podem atingir os graus mais elevados. Portanto, os anjos, mensageiros de Deus, são almas humanas que chegaram ao grau supremo e todos podem chegar até lá através da Boa Vontade.

 6. Essas almas purificadas, chegadas ao grau supremo, são incumbidas por Deus de zelar pela execução de seus desígnios em todo o Universo.

 7. Com isto, ter uma condição útil e aceitável após a morte é uma teoria mais atraente que a inutilidade perpétua da contemplação eterna.

OS DEMÔNIOS
 8. São almas das criaturas más, ainda não depuradas, mas, que podem chegar como as outras, ao estado de pureza. Tal situação está em pleno acordo com a Justiça e Bondade de Deus e em conformidade com a razão, a lógica e o bom-senso.

ESPÍRITOS
 9. As almas são os Espíritos encarnados revestidos do invólucro corporal (corpo de carne), enquanto que os Espíritos que povoam o Universo infinito também são almas humanas, mas, desprovidas (despojadas) da roupagem material (corpo de carne).

 10. Admitir-se a existência das almas é o mesmo que admitirem-se os Espíritos. Estando as almas por toda parte, os Espíritos também estão. Negar um é negar o outro.

AÇÃO SOBRE A MATÉRIA / MANIFESTAÇÕES ESPÍRITAS
 11. Os Espíritos não são seres abstratos, vagos e indefinidos. Na sua união com o corpo, o Espírito é o elemento principal da união, pois é o ser pensante e que sobrevive à morte.

 12. O corpo é um acessório do Espírito, um invólucro, uma roupagem que abandona depois de usar.

 13. Além do envoltório material, o Espírito possui outro, semimaterial, que o liga ao primeiro. 

 14. Na morte o Espírito abandona o corpo, mas, não o segundo envoltório, que é chamado de perispírito.

 15. O perispírito, que tem a mesma forma humana do corpo, é uma espécie de corpo fluídico, vaporoso, invisível para o sentido humano quando se encontra em seu estado normal, mas, possui ainda algumas propriedades da matéria.

 16. O Espírito é um ser limitado e circunscrito, ao qual falta ser visível e palpável para assemelhar-se às criaturas humanas.

 17. Como os demais fluídos rarefeitos, tal qual a eletricidade, o Espírito, constituído de uma substância sutil e dirigido pela vontade, é uma força motriz que age sobre a matéria.

 18.O Espírito encarnado age sobre a matéria do seu corpo dirigindo-lhe os movimentos corporais.

 19. Como o mudo serve-se de uma pessoa que fala para fazer-se compreender, assim o Espírito desencarnado serve-se de outro corpo, em acordo com o Espírito nele encarnado, para manifestar o seu pensamento.

  20. Partindo-se do princípio da existência da alma e sua sobrevivência após a morte, considera-se que o ser pensante durante a vida terrena continua pensando após a morte; Pensa naqueles que amou e deseja se comunicar com eles; Está por toda parte e ao nosso lado, comunicando-se conosco.

 21. O Espírito age sobre a matéria inerte por intermédio de seu corpo fluídico, assim como age sobre a matéria de um ser vivo, inclusive, dirigindo-lhe a mão para fazê-lo escrever, além de lhes responder questões pela transmissão do pensamento.

 Fonte:
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. (Primeira Parte, Noções Preliminares, Capítulo I - Existem Espíritos?).  LAKE: São Paulo, 2013.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

A HABITAÇÃO DOS ESPÍRITOS INFERIORES

 
Sabemos, conforme a Escala Espírita, que os Espíritos encarnados e desencarnados classificam-se segundo o grau de desenvolvimento, as qualidades adquiridas e imperfeições de que ainda não se livraram.

Em 1858 Allan Kardec abordou esse tema na Revista Espírita. Naquela oportunidade o Codificador não havia inserido a Décima Classe dos Espíritos componentes da Terceira Ordem da Escala, que trata das caraterísticas predominantes dos Espíritos Inferiores. Contudo, a Terceira ordem é composta pelos Espíritos Impuros, Levianos, Pseudossábios, Neutros e os Batedores e Perturbadores. (LE, Q-100/106).

Segue abaixo, conforme seus estudos psicológicos, uma dissertação de Allan Kardec sobre o tema. Esse texto encontra-se na RE-Mar/1858 onde o leitor poderá estudar e melhor refletir sobre o assunto.

Afirma o Codificador: 
“O mundo dos Espíritos compõe-se das almas de todos os humanos desta Terra e de outras esferas, despojadas dos liames corporais; do mesmo modo, todos os humanos são animados por Espíritos neles encarnados.

Há, pois, solidariedade entre esses dois mundos: os homens terão as qualidades e as imperfeições dos Espíritos aos quais estão unidos. Os Espíritos serão mais ou menos bons ou maus, conforme os progressos que hajam feito durante sua existência corporal. Estas poucas palavras resumem toda a doutrina.

Como os atos dos homens são o produto de seu livre-arbítrio, carregam a marca da perfeição ou da imperfeição do Espírito que os provoca. Ser-nos-á, pois, muito fácil fazer uma ideia do estado moral de um mundo qualquer, conforme a natureza dos Espíritos que o habitam; de algum modo poderíamos descrever sua legislação, traçar o quadro de seus costumes, de seus usos e de suas relações sociais.

Suponhamos, então, um globo habitado exclusivamente por Espíritos da Nona Classe, por Espíritos Impuros, e para lá nos transportemos pelo pensamento.

Nele veremos todas as paixões liberadas e sem freio; o estado moral no mais baixo grau de embrutecimento; a vida animal em toda a sua brutalidade; nada de laços sociais, porquanto cada um só vive e age por si e para satisfazer seus grosseiros apetites; o egoísmo ali reina como soberano absoluto, arrastando no seu cortejo o ódio, a inveja, o ciúme, a cupidez e o assassínio*.

Passemos agora a uma outra esfera, onde se encontram Espíritos de todas as classes da terceira ordem: Espíritos impuros, levianos, pseudo-sábios, neutros. Sabemos que o mal predomina em todas as classes dessa ordem; porém, sem ter o pensamento do bem, o do mal decresce à medida que se afastam da última classe.

O egoísmo é sempre o móvel principal das ações, mas os costumes são mais suaves, a inteligência mais desenvolvida; o mal aí está um pouco disfarçado, enfeitado, dissimulado.

Essas próprias qualidades dão origem a outro defeito: o orgulho, pois as classes mais elevadas são suficientemente esclarecidas para terem consciência de sua superioridade, mas não o bastante para compreenderem aquilo que lhes falta; daí sua tendência à escravização das classes inferiores ou das raças mais fracas, que mantêm sob o seu jugo.

Não possuindo o sentimento do bem, só têm o instinto do eu, pondo a inteligência em proveito da satisfação das paixões. Se numa tal sociedade dominar o elemento impuro, este aniquilará o outro; caso contrário, os menos maus procurarão destruir seus adversários; em todos os casos haverá luta, luta sangrenta, de extermínio, porque são dois elementos que têm interesses opostos.

Para proteger os bens e as pessoas, serão necessárias leis; mas essas leis serão ditadas pelo interesse pessoal e não pela justiça; é o forte que as fará, em detrimento do fraco”.

Esperamos que o presente texto possa servir para uma série de reflexões, mormente em face dos tormentosos acontecimentos que ocorrem no planeta Terra e em nosso País. Onde chegaremos com as dissidências causadas em razão de nossas imperfeições? Que faremos para que a vitória seja do bem?

Sentimo-nos na obrigação de advertir que para bem se compreender a Doutrina Espírita, um estudo sério das Revistas Espíritas é sempre atual e necessário. Todos os temas que foram objeto da Codificação encontram-se devidamente investigados na Revista Espírita.

(*) Verifique a notícia que consta na Obra Francisco de Assis, ditada pelo Espírito Miramez a João Nunes Maia, no capítulo "Uma Cidade Estranha", onde há uma referência à cidade denominada "A Cruzada".

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

A GÊNESE - por São Luís

Esta obra vem na hora certa, na medida em que a doutrina está hoje bem estabelecida do ponto de vista moral e religioso. Seja qual for a direção que tome de agora em diante, tem precedentes muito arraigados no coração dos adeptos, para que ninguém possa temer que ela se desvie de seu caminho.

O que importava satisfazer antes de tudo, eram as aspirações da alma; era suprir o vazio deixado pela dúvida nas almas vacilantes em sua fé. Esta primeira missão hoje está cumprida. O Espiritismo entra atualmente em uma nova fase; ao atributo de consolador, alia o de instrutor e diretor do espírito, em ciência e em filosofia, como em moralidade. A caridade, sua base inabalável, dele fez o laço das almas ternas; a Ciência, a solidariedade, a progressão, o espírito liberal dele farão o traço de união das almas fortes.

Conquistou os corações que amam com armas de doçura; hoje viril, é às inteligências viris que se dirige. Materialistas, positivistas, todos os que, por um motivo qualquer, se afastaram de uma espiritualidade cujas imperfeições suas inteligências lhes mostravam, nele vão encontrar novos alimentos para sua insaciabilidade.

A Ciência é sua senhora, mas uma descoberta chama outra, e o homem avança sem cessar com ela, de desejo em desejo, sem encontrar completa satisfação. É que o Espírito também tem suas necessidades; é que a alma mais ateísta tem aspirações secretas, inconfessadas, e que essas aspirações reclamam seu alimento.

A religião, antagonista da Ciência, respondia pelo mistério a todas as questões da filosofia céptica. Ela violava as leis da Natureza e as adaptava à sua fantasia, para daí extrair uma explicação incoerente de seus ensinamentos. Vós, ao contrário, vos sacrificais à Ciência; aceitais todos os seus ensinamentos sem exceção e lhe abris horizontes que ela supunha intransponíveis.

Tal será o efeito desta nova obra; não poderá senão assegurar mais os fundamentos da crença espírita nos corações que já a possuem, e fará dar um passo à frente para a unidade a todos os dissidentes, à exceção, entretanto, dos que o são por interesse ou por amor próprio; esses o vêem com despeito sobre bases cada vez mais inabaláveis, que os lançam para trás e os rechaçam na sombra.

Só havia pouco ou nenhum terreno comum onde se pudessem encontrar. Hoje, o materialismo vos acotovela por toda parte, porque estando em seu terreno, não estareis menos no vosso, e ele não poderá fazer outra coisa senão aprender a conhecer os hóspedes que lhe traz a filosofia espírita. É um instrumento de duplo efeito: uma sapa, uma mina que ainda derruba algumas ruínas do passado, uma colher de pedreiro que edifica para o futuro.

A questão de origem que se prende à Gênese é para todos uma questão apaixonada. Um livro escrito sobre esta matéria deve, em conseqüência, interessar a todos os espíritos sérios. Por esse livro, como vos disse, o Espiritismo entra numa nova fase e esta preparará as vias da fase que mais tarde se abrirá, porque cada coisa deve vir a seu tempo. Antecipar o momento propício é tão prejudicial quanto deixá-lo escapar.

Paris, 18 de dezembro de 1867 – Médium: Sr. Desliens (RE FEV/1868).

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

CARTA ABERTA AOS ESPÍRITAS


Na questão 625 do Livro dos Espíritos foi nos apresentado o Modelo e Guia para a Humanidade: JESUS CRISTO. Os Espíritas, de modo geral, respondem que buscam Jesus como modelo e Guia. Se assim é, lembramos que uma das lições do Espírito da Verdade no Evangelho Segundo o Espiritismo constitui-se em verdadeiro mandamento: Espíritas, Amai-vos; eis o primeiro o ensinamento; INSTRUÍ-VOS, eis o segundo.

Peço vênia par tocar em um tema que tem se espalhando e contagiado o meio espírita, cujo interesse dos espíritos endurecidos e inimigos do trabalho realizado por Jesus e que estão “guiando” certas “inteligências” é a separatividade.

Trata-se dos EVENTOS ESPÍRITAS. Temos nos deparado com duas posições singulares que destoam dos ensinamentos do Espírito da Verdade acima. Há, inclusive, uma disseminação de artigos com exposições inflamadas, como se toda e qualquer pessoa coubesse na mesma “caixinha” desses, perdoe-me a franqueza, “pseudo-sábios”, senão vejamos:

a) EVENTO PAGO: desculpem-me por ocupá-los com coisa tão banal e trivial, pois, o ser humano médio compreende por quais motivos torna-se necessário promover cobrança para participação em eventos. SIMPLES: há custos. Então, ALGUÉM PAGA, ALGUÉM BANCA, ou cotiza-se entre os participantes. A ENTRADA PAGA É FORMA DE COTIZAÇÃO. Há um evento em Uberaba que acontecerá nos dias 12, 13 e 14 de Outubro de 2018 com participação de 05 expositores, 06 palestras, 02 oficinas e 01 encontro de jovens, cuja colaboração para participação no mesmo custa para o interessado R$ 20,00 (vinte reais). Para participação em TODO O EVENTO.

Ora, boicotar, disseminar o ódio, espalhar a intolerância ou se colocar como “dono da verdade” em razão de pensar diferente, é sim DESCUMPRIR o primeiro ensinamento do Espírito da Verdade. NÃO HÁ CARIDADE OU AMOR. Menos ainda, qualquer ato de Justiça, para aqueles que vão defender a posição com base no “equilíbrio”. Quando há julgamento por ideias preconcebidas manifesta-se a intolerância e, segundo Emmanuel, esta é a AFLIÇÃO DO FANÁTICO.

Lembre-se que junto aos apóstolos contemporâneos a Jesus e os que vieram em seguida havia coleta para auxiliar na disseminação da Boa Nova. André Luiz, na Obra Conduta Espírita, nos convida a não receber subvenções de organizações governamentais para que não haja interferência alienígena no movimento espírita. Portanto, devemos cotizar entre nós os espíritas.

b) TRABALHO EM NOSSA CASA NO DIA DO EVENTO: aqui, novamente, uma demonstração que estamos seguindo muita coisa, MENOS JESUS.

Jesus pregava por onde passava, reunia assembleias em seu entorno. Temos seu encontro com os 70, com os 500 da Galileia, diversos encontros em diversas casas, montanhas e montes. Jesus não somente concentrou seus esforços “nas curas” ou nos “fenômenos”, “nos milagres e predições”. Esforçou-se por espalhar a Boa Nova.

Deixar de prestigiar grandes eventos em razão de dizer que tem trabalho na Casa Espírita, perdoe-me, mas, é fugir à responsabilidade. O ensinamento do Espírito da Verdade não usa nenhum “porém, contudo, mas ou vírgula”. Ao final há um ponto, que pode ser de exclamação, certamente: INSTRUÍ-VOS.

Ainda com André Luiz na Obra Conduta Espírita:

Quem aprende pode ensinar e quem ensina aperfeiçoa o aprendizado”.

Estender algo muito claro é partir para um campo impróprio, pois, a cada um é lícito escolher plantar e o que plantar, lembrando que a colheita é certa.

Uberaba – MG, 2018, Século XXI.
Beto Ramos
Espírita

DESTAQUE DA SEMANA

A DOUTRINA DOS ESPÍRITOS NÃO É ASSUNTO QUE SE ESGOTA EM UMA PALESTRA

  EM SUAS VIAGENS KARDEC MINISTRAVA ENSINOS COMPLEMENTARES AOS QUE JÁ POSSUIAM CONHECIMENTO E ESTUDO PRÉVIO. Visitando a cidade Rochefort, n...