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quinta-feira, 25 de agosto de 2016

JACÓ E A FACE DE DEUS


CRIAÇÃO
Conta-nos o livro Gênesis que Isaac, com 40 anos, tomou Rebeca por sua mulher e sendo esta estéril oraram a Deus para que ela pudesse conceber. Vieram-lhe dois filhos, os quais lutavam desde o ventre, ocasião que Isaac já estava com 60 anos de idade. Rebeca consultou a Deus sobre os motivos desta luta tão precoce. E Deus a esclareceu: “Duas nações há no seu ventre, e dois reinos de tuas entranhas se dividirão; uma nação, mais que outra nação se fortalecerá, e a maior servirá a menor”.

Nasceram Esaú, o primogênito, e depois, agarrado ao seu calcanhar, Jacob. Esaú tornou-se caçador. Jacob habitava em tendas (era íntegro). O patriarca Isaac preferia a Esaú, interessado em comer de sua caça, enquanto Rebeca amava Jacob.

QUEDA
Certo dia, Jacob, aproveitando o cansaço e fome de seu irmão Esaú, lhe propõe adquirir sua primogenitura. Esaú, faminto e cansado, despreza-a em troca de pão, bebida e cozido de lentilhas, que estavam sendo preparados por Jacob.

Mais tarde, Isaac, cego e velho, pede a Esaú para caçar e lhe fazer um cozido, para, assim, receber a benção paterna. Sabendo disto, sua esposa Rebeca trama para que a benção seja dada a Jacob que, mesmo relutante, submete-se à sua mãe, contrariando a própria consciência. Rebeca cozinha um guisado, veste Jacob como se fosse Esaú, engana Isaac, que abençoa Jacob no lugar de Esaú.(O efeito desse ato para Jacob será trabalhar penosamente na casa de Labão, seu tio, onde será humilhado e, também, enganado durante longos anos. E, estes anos o ensinarão que a justiça Divina não desconsidera nenhuma falta cometida. Mesmo que o objetivo seja importante e justo, toda injustiça contra terceiros será penitenciada).

FUGA
Descoberta a farsa, Esaú promete vingança de morte a Jacob. Rebeca, acreditando tratar-se de ira passageira, envia Jacob para a casa de Labão, seu irmão, lugar onde, por lamentação de Rebeca, Isaac determina que Jacob tome por mulher das filhas de Labão. Jacob, então, segue a Padam-Aram, onde ficará exilado por mais de 20 anos.

ALIANÇA
No caminho de Padam-Aram Jacob, após dormir, sonha com uma escada por onde sobem e descem mensageiros de Deus. Estando de pé no alto da escada o Senhor se apresenta como Deus de Abraão e de Isaac e propõe aliança com Jacob, prometendo-lhe terra e descendência abundante. Por sua descendência Deus abençoará todos os povos do mundo. Promete estar com Jacob, acompanha-lo por onde for, fazê-lo voltar à sua terra e não abandoná-lo até que todo o prometido se cumpra.

EXÍLIO
Chegando em um poço, Jacob conhece Rachel, filha de Labão. Conta-nos a história em Gênesis que a pedra da “boca” do poço era tão pesada que precisava de todos os pastores do lugar para move-la. Ao ver Rachel, Jacob, sozinho, movimenta a pedra da boca do poço, dá de beber às ovelhas e se apresenta. Rachel, então, o leva até seu pai e lhe fala sobre o ocorrido. Jacob conta toda a história que o fez chegar até a casa do tio e Labão o convida a ficar em sua casa pedindo que ele ponha preço para servir-lhe. Jacob propõe trabalhar sete anos em troca de se casar com Rachel.

Ao final dos sete anos Jacob pede a Labão que lhe dê sua mulher. Labão convida todos os homens do lugar, dá um banquete, toma Lea, sua filha maior, e a traz para Jacob. A farsa será percebida no dia seguinte. Desapontado Jacob cobra Labão que o enganou. Após uma semana de dias, Labão entrega Rachel em troca de mais sete anos do trabalho de Jacob. Lea levou consigo, por escrava, Zilpá e Rachel levou consigo, por escrava, Bilá. Lea era desprezada por Jacob e Rachel era estéril. Estas irmãs, filhas de Labão e esposas de Jacob, serão as matriarcas do povo de Israel.

EXPIAÇÃO – O enganador enganado.
Jacob pagou logo por sua culpa. O pai, nas trevas pela cegueira; Jacob na obscuridade noturna. O pai subornado pela comida de sua preferência; Jacob pela beleza e pelo desejo. O pai não vê e reconhece pelo tato; Jacob não reconhece antes de ver. Pelo costume o pai não podia mais abençoar a Esaú; Pelo costume Jacob não podia exigir a filha mais nova antes do casamento da mais velha. Jacob amou mais a Raquel do que a Lea. Repartiu seu amor sem faltar a seus deveres, mas, não renunciou à sua preferência.

GERAÇÃO DE JACOB

Lia concebeu:
- Rúben (ra’a = ver); - Simeão (shm’ = ouvir); - Levi (lwh = ligar); Judá (hwdh = dar graças); Issacar (skr = paga); Zabulon (zbl = presentear);

Bilá (a escrava de Rachel) concebeu:
- Dã (dyn = julgar); Neftali (nptl = competir);

Zilpá (escrava de Lea) concebeu:
- Gad (gd = sorte); Aser (‘shr = felicidade);

Rachel concebeu:
- José (ysp = acrescentar)

Findo o tempo (14 anos) de serviços prestados de Jacob a Labão, este deseja partir. Reconhecendo que prosperou por causa de Jacob, Labão lhe propõe salário. Após estarem combinados, algum tempo depois, Jacob prospera e provoca o ciúme dos filhos de Labão, que influenciam a este fazendo-o mudar o salário de Jacob por dez vezes. O Senhor diz a Jacob, “volta à terra de teus pais, tua terra natal, e eu estarei contigo” por duas vezes, mas, somente após a segunda é que Jacob se põe a caminho da casa de seu pai Isaac, na terra cananeia.


ÊXODO

Jacob convoca o conselho familiar e as mulheres estão dispostas a segui-lo. Na fuga a filha Rachel rouba os amuletos do pai (deuses penates ou lares – politeísmo?). Jacob foge com tudo que lhe pertence e se dirige aos montes de Gallad. Três dias depois Labão é avisado, reúne seu pessoal e sai em perseguição a Jacob, por não lhe informar da partida, priva-lo da despedida paterna e pelo “furto dos amuletos”. No sétimo dia Labão alcança Jacob nos montes de Gallad.

Antes do encontro entre Labão e Jacob Deus aparece em sonho para Labão e lhe adverte: “Cuidado para não te envolveres com Jacob para o bem ou para o mal!”. No encontro são feitas cobranças de parte a parte. Temendo a Deus Labão propõe uma aliança a Jacob que a aceita. Dessa aliança elegem um monte por testemunha, sob o qual Jacob ofereceu um sacrifício e convidou seu pessoal para comer. Despediram-se todos. Labão beijou seus filhos e filhas e retornou. Jacob prosseguiu seu caminho. Durante a jornada encontrou mensageiros de Deus e ao vê-los comentou: “É um acampamento de Deus”. Chamou o lugar de Maanaim.


REDENÇÃO

Na volta à casa de seu pai Isaac, Jacob envia mensageiros ao seu irmão Esaú, chamando-o de “meu senhor” e propondo reconciliação. Os mensageiros retornam a Jacob dizendo que Esaú vinha ao seu encontro com 400 homens. Com medo e angústia Jacob dividiu seu pessoal em duas caravanas com ovelhas, vacas e camelos, calculando que em caso de ataque uma delas se salvaria.

Jacob, neste momento de aflição ora a Deus: “Deus de meu pai Abraão, Deus de meu pai Isaac! Senhor que me mandaste voltar à minha terra natal, para me coroar de benefícios. Não sou digno dos favores e da lealdade com que trataste teu servo; pois com um bastão atravessei este Jordão e agora conduzo duas caravanas. Livra-me do poder de meu irmão, do poder de Esaú, pois tenho medo que venha e mate as mães com os filhos. Tu me prometeste cumular-me de benefícios e tornar minha descendência como a areia incontável do mar”.


Do que estava à mão em sua caravana Jacob escolhe presentes para Esaú e os envia pelos seus criados mandando-os dizer: “Da parte de seu servo Jacó, um presente que ele envia a seu senhor Esaú. Ele vem atrás”. Com isto Jacob pensou em aplacar a ira de Esaú, pretendendo ser bem recebido. E passou o presente adiante.


Naquela noite Jacob dormiu no acampamento. Talvez por receio, levantou-se, tomou suas duas mulheres, suas duas servas, seus onze filhos e os fez cruzar a passagem do rio laboc e fez passar o que era dele. E ficou Jacob só, e lutou Um Homem com ele, até levantar-se a aurora.


O Homem vendo que não podia com ele tocou-lhe na juntura de sua coxa e o desconjuntou, pedindo a Jacob para deixá-lo ir porque o dia já estava raiando. Jacob disse só o deixaria ir se recebesse a bênção. O Homem pergunta a Jacob qual o seu nome e depois de Jacob responder o Homem lhe diz: teu nome será Israel, pois lutaste com Deus e homens e venceste. Jacob então pergunta o nome do Homem que não lhe responde, mas, lhe abençoa. Jacob então chamou o lugar Peniel porque viu Deus face a face e teve salva a sua alma.


De volta à jornada, quando se encontram, Jacob prostrou-se diante de Esaú por sete vezes. Todos da família Jacob prostraram-se diante de Esaú. Esaú correu para receber Jacob, abraçou-o, lançou-se ao pescoço dele e o beijou chorando. Ao final, Esaú aceitou os presentes e separaram-se indo Esaú para Seir e Jacó para Sucot. Em Siquém Jacob compra terra de Hemor e ergue um altar dedicando-o ao Deus de Israel.


CONCLUSÃO:

A narrativa sobre a vida de Jacob ainda continuará e se confundirá com a história de José, um de seus filhos.Mas, o que podemos aprender de lição da história de Jacob desde seu nascimento até o reencontro com o seu irmão Esaú? Falamos sobre o Livro de Gênesis Capítulo 25:19 ao Capítulo 33:20.

Lembremo-nos que Deus esclareceu a Rebeca que “Duas nações há no seu ventre, e dois reinos de tuas entranhas se dividirão; uma nação, mais que outra nação se fortalecerá, e a maior servirá a menor”.  Cumpriu-se a profecia. O maior serviu ao menor. Neste caso, Jacob se postou como o que serve (o maior). Esaú o que é servido (o menor). Um ensinamento que será repetido por Jesus em Lucas 22:24-27: [...] o mais importante entre vós seja como o mais jovem, e quem manda seja como quem serve. Quem é maior: Aquele que está à mesa ou aquele que serve? Não é o que está à mesa? Pois eu estou no meio de vós como quem serve”.


A história que parece não fazer sentido, observada atentamente, assim se desenrola:


Jacob nasce agarrando o calcanhar de seu irmão Esaú. Além de não se manter firme e errar, sofre quedas morais. Desconfortável em enganar seu pai sucumbe à ideia descaridosa de sua mãe. E qual é o objetivo de toda a farsa? Colher a bênção do pai que estava reservada ao irmão. É a criatura humana sempre em busca de apreço humano, valorizando convenções humanas e se esquecendo dos bens espirituais. Vemos que nenhum mérito tem a bênção buscada por Jacob.


Depois da queda a aplicação da Justiça Divina - Lei de Causa e Efeito. Jacob aprende a duras penas que nenhuma falta ficará impune diante das leis divinas, e expia no exílio por mais de 20 anos. Aqui, nos lembramos do Espírito Telésforo, no livro “Os Mensageiros”, ditado pelo Espírito André Luiz ao médium Francisco Xavier, no capítulo 6, cujo título é “Advertências Profundas”: “Cesse, para nós outros, a concepção de que a Terra é o vale tenebroso, destinado a quedas lamentáveis, e agasalhemos a certeza de que a esfera carnal é uma grande oficina de trabalho redentor. Preparemo-nos para a cooperação eficiente e indispensável. Esqueçamos os erros do passado e lembremo-nos de nossas obrigações fundamentais”.


Em todo o processo Jacob está perante a Justiça de Deus. O benfeitor Emmanuel no prefácio do livro “No Mundo Maior”, ditado pelo Espírito André Luiz ao médium Francisco Xavier, cujo título “Na Jornada Evolutiva” nos lembra como somos avaliados perante a Suprema Justiça: “Perante a suprema Justiça, o malgaxe (habitante da República Democrática de Madagascar) e o inglês fruem os mesmos direitos. Provavelmente, porém, estarão distanciados entre si, pela conduta individual, diante da Lei Divina, que distingue invariavelmente, a virtude do crime, o trabalho da ociosidade, a verdade e a simulação, a boa vontade e a indiferença”.


Jacob e Esaú representam estes indivíduos que tem o mesmo ponto de partida (são gêmeos, compartilharam o mesmo ventre), mas, são avaliados por sua conduta individual. Apesar dos erros cometidos por cada um, vemos que Esaú trai um princípio evangélico básico: honrar pai e mãe. Para aquela sociedade patriarcal a primogenitura era algo de suma importância, mas, Esaú a troca por um cozido. Por sua vez, Jacob a desejava.


Perante a Lei Divina, podemos escolher a horizontalidade terrena ou a verticalidade para Deus, representada pela Escada de Jacob, na qual os mensageiros de Deus desciam e subiam. Mas, no seu topo, na parte mais Alta, encontra-se Deus, de pé, pronto para estar conosco. De nossa parte temos que estar prontos para ouvir a “vontade do Senhor” e cumpri-la.


Mas, há em Jacob uma luta. Veremos essa luta sendo travada com “um homem” e travada com Deus. Luta que acontece à noite, nas trevas. Quando vence já é dia, então está diante da Luz. E nessa aurora um renascimento. Já não é mais Jacob quem vive, mas Israel. Os detalhes dessa luta são importantes. Jacob se agarra ao seu oponente e o segura firme. Repete o mesmo ato praticado ao nascer quando segurou o calcanhar de Esaú. Para soltar o mensageiro pede algo que nunca recebeu quando criança: a bênção. Mas, uma que fez por merecer e que não é dada por iguais, por humanos: a bênção de Deus. Por isso o novo nome: Israel (aquele que luta com Deus). Jacob lutou intimamente contra todos os seus defeitos. Quando passou a ouvir Deus, venceu o “homem velho”, venceu a si mesmo. Vencido Jacob surge Israel, o novo homem. Um evento tão importante na história dos patriarcas, pois, até então o povo de Israel era conhecido como Hebreus e agora passam a ser conhecidos como “o povo de Israel”.


Outro fato muito importante: durante sua luta Jacob declara que viu Deus face a face e ao encontrar seu irmão Esaú reconciliando-se, obtendo o perdão e vendo bondade em seu rosto, Jacob diz que é como ver a face de Deus. Lembramos, então, de Emmanuel, no Capítulo 1 do Livro “Pensamento e Vida” denominado “O Espelho da Vida”, ditado ao médium Francisco Xavier: “A mente é o espelho da vida em toda parte. [...] definindo-a por espelho da vida, reconhecemos que o coração lhe é a face e que o cérebro é o centro de suas ondulações, gerando força do pensamento que tudo move, criando e transformando, destruindo e refazendo para acrisolar e sublimar”.


Ora, porque Jacob menciona a face de Deus por duas vezes e diz ter visto Deus face a face? Jesus, nas “Bem Aventuranças”, em Mateus 5:8, vai ensinar como Deus é visto: “Bem aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus”. Ao vencer a si mesmo na sua luta íntima Jacob se depura. Penitenciando suas faltas, passa a ouvir Deus. Fazendo o caminho de volta permite a reconciliação com o irmão. Temendo, mas, confiando em Deus e fazendo a Sua vontade Jacob permite que seu irmão o perdoe.


Conclui-se, portanto, que Jacob que viu Deus face a face, limpou seu coração e, também, pode ver o coração de Deus. Deus, então, é visto com o coração limpo. Essa depuração passa por vencermos o homem velho que trazemos em nosso íntimo. Jacob venceu o seu "homem velho", pois, reconciliou com seu adversário enquanto estava a caminho com ele (Mateus, 5:25), passando a valorizar os bens espirituais.

terça-feira, 17 de maio de 2016

ESTRUTURA DO EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO



O Evangelho Segundo o Espiritismo é uma obra que se dedica a explicar as máximas morais do Cristo em acordo com a Doutrina dos Espíritos, cujo objetivo é que sejam aplicadas ao cotidiano de cada ser humano. Um livro que demonstra o que é uma fé inabalável: “aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade”.

Por meio dos Espíritos do Senhor, “as grandes vozes do céu”, sob o comando sublime da Verdade, restabelecem todas as coisas mostrando-as no sentido verdadeiro cujo objetivo é “dissipar as trevas, confundir os orgulhosos e glorificar os justos”. Para participar deste concerto divino, tomando cada um o respectivo instrumento, são necessários união e amor, sem prescindir da necessária instrução.

Pretende-se, a seguir, apresentar uma proposta de análise da estrutura da obra, cujo objetivo é facilitar o uso e a compreensão desse manual de instruções do caminho para chegar ao Criador.

A MORAL DO CRISTO – UM CÓDIGO DIVINO
O ensinamento moral de Cristo é um código divino ao qual a própria incredulidade se inclina[1]. É uma regra de conduta abrangendo todas as circunstâncias da vida, privada ou pública, o princípio de todas as relações sociais fundadas sobre a mais rigorosa justiça e, acima de tudo, o caminho infalível da felicidade esperada. É um canto do véu levantado sobre a vida futura.

O ORGANIZADOR DO ESPIRITISMO
O escolhido pelo Espírito da Verdade, ouviu falar pela primeira vez em mesas girantes no ano de 1854[2]. Os fenômenos extraordinários não abalaram o seu raciocínio lógico, eis que mesas são desprovidas de cérebros para pensar e nervos para sentir. Eram fenômenos espíritas os quais estava longe de imaginar do que se tratavam. Testemunha pessoal dos fenômenos no ano de 1855, ao contrário dos demais, viu algo muito sério - talvez a revelação de uma nova lei – que se propôs a investigar. Em seus primeiros estudos sérios sobre o Espiritismo foi auxiliado pelo Espírito Zéfiro que, apesar de não ser muito adiantado, era assistido por Espíritos Superiores. À ciência espírita aplicou o método experimental, não aceitando teorias preconcebidas. Observação, comparação, dedução e encadeamento dos fatos foram úteis para compreender naqueles fenômenos a chave do problema obscuro e controvertido do passado e do futuro da humanidade que iam promover uma revolução completa nas ideias e nas crenças do mundo. Prudência, reserva, seriedade e racionalidade moveram o proceder de Kardec.

Nos primeiros resultados tornou-se provada a existência do mundo invisível. Com perguntas previamente preparadas e metodicamente arranjadas, obtinha respostas precisas, profundas e lógicas. Contudo, tivera feito uso somente de sessões na intimidade da casa da Sra. Baudin. De posse de um material rico para publicação, teve paciência. Propôs a revisão de todo o trabalho a outros espíritos através da médium Japhet. No entanto, não contente, utilizou-se de sua relação com outros dez médiuns para comparar, fundir, coordenar e classificar com muita mediação o que foi a primeira edição denominada: O Livro dos Espíritos. Allan Kardec contou com o auxílio de um Espírito familiar: o Espírito da Verdade. Apesar de se apresentar por meio de batidas, tratava-se de um Espírito cuja elevação Kardec estava longe de avaliar, e do qual nunca lhe faltou proteção. O Espírito da Verdade o chamou de missionário reformador, eis que sua missão foi a de revolver e reformar o mundo inteiro.

IMITAÇÃO DO EVANGELHO – A CONCEPÇÃO
O futuro Evangelho Segundo o Espiritismo nasceu sob outra denominação. Trabalho realizado em secreto, abordando questões capitais trouxe as máximas para o mundo religioso e excelentes instruções para a vida prática das nações. As questões de alta moral prática foram abordadas sob o ponto de vista do interesse geral, dos interesses sociais e dos religiosos. Tendo em vista que a civilização da Terra encontra-se preparada para sair da penumbra e do nevoeiro que obscurece as inteligências rumo à ordem das esferas radiantes, o Evangelho veio para destruir a dúvida contendo uma doutrina cuja moralidade brilha como raio solar, pois é a mesma ensinada pelo Cristo.

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
Muitos pontos do Evangelho, da Bíblia e dos autores sagrados em geral não são inteligíveis, muitos mesmos não parecem racionais, pela falta de uma chave para lhes compreender o verdadeiro sentido[3]. Todavia, há um código divino onde todos os cultos podem se encontrar. Trata-se de regra de conduta abrangendo todas as circunstâncias da vida privada ou pública e princípio para todas as relações sociais fundadas sobre a mais rigorosa justiça, caminho infalível da felicidade esperada.

Todos admiram a moral evangélica, mas, muitos confiam apenas no que ouviram dizer. Outros na fé originada de algumas máximas que se tornaram proverbiais. Não sabem, contudo, compreender ou deduzir suas consequências, uma vez que estão ausentes os acessórios e circunstâncias nas quais foram dadas, fruto do estudo isolado destas máximas.

PROPOSTA - ANÁLISE DA ESTRUTURA DO EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
O Evangelho Segundo o Espiritismo está dividido em 29 partes contendo introdução, desenvolvimento em 27 capítulos e conclusão no capítulo 28 com uma coletânea de preces. Seu desenvolvimento é completamente ordenado e didático, desde a introdução até sua conclusão, conforme se verá abaixo:

INTRODUÇÃO
Mostra o conteúdo da obra, sua natureza e universalidade, e a presença da doutrina espírita desde a antiguidade.

CAPÍTULO 1 – NÃO VIM DESTRUIR A LEI
(Kardec inicia sua obra mostrando que o Espiritismo é uma doutrina cristã e que, respeitando todas as demais confissões de fé, desenvolve a moral evangélico-cristã, completa-a e vai além unindo ciência e religião, sem perder o seu caráter científico-filosófico)

“Foi Moisés quem abriu o caminho; Jesus continuou a obra, e o Espiritismo a arrematará”.[4]

Com o objetivo de dissipar as trevas e restabelecer as coisas, o Espiritismo surgiu com a Missão de revelar à humanidade da Terra a existência e a natureza do mundo espiritual e suas relações com o mundo corporal. Se Moisés apresentou o Deus único aos Hebreus e aos pagãos trazendo o germe da mais ampla moral cristã, apropriada ao estado de adiantamento no qual se encontravam aqueles povos que ela foi chamada a regenerar, o Cristo foi o iniciador da moral mais pura e mais sublime: a evangélico-cristã. A autoridade do Cristo decorre de sua hierarquia espiritual e seu papel foi, também, cumprir as profecias que anunciaram sua vinda, ensinando aos homens que a verdadeira vida não está sobre a Terra, mas, no reino dos céus, mostrando o caminho que a ele conduz e os meios para reconciliação com Deus. Todavia, chegando o momento em que os ensinamentos do Cristo devem receber seu complemento, o Espiritismo levanta um canto do véu, eis que a humanidade encontra-se preparada para saber que o mundo espiritual não é coisa sobrenatural, mística ou maravilhosa, mas, força viva e incessantemente ativa da Natureza.

O Espiritismo anuncia a aliança da ciência com a religião, cada uma examinando as coisas sem contradições mútuas, uma vez que têm o mesmo princípio que é Deus. São as duas alavancas da inteligência humana, a primeira revelando as leis do mundo material e a segunda as leis do mundo moral. Unindo-as estão as leis tão imutáveis como as que regem o movimento dos astros e a existência dos seres – as leis que regem o mundo espiritual, desveladas pelo Espiritismo, que é de ordem divina e repousa sobre leis da Natureza.

CAPÍTULO 2 – MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO
Trata-se da apresentação do mundo espiritual, referindo-se à vida futura, dogma considerado ponto central do ensinamento do Cristo. Completando tal ensinamento, o Espiritismo prova a realidade material demonstrada pelos fatos, tendo em vista que são as testemunhas oculares que vieram descrevê-la em todas as suas fases. Os homens podem, de fato, vir a ser, um dia, anjos e partilhar de sua felicidade. Tudo depende do ponto de vista sob o qual o ser humano examina a vida terrestre, pois, a ideia clara e precisa que se faz da vida futura dá uma fé inabalável no futuro provocando consequências imensas sobre a moralização da humanidade.

CAPÍTULO 3 – HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI
O organizador do Espiritismo explica que o Universo é constituído de mundos que circulam no espaço infinito e oferece, aos Espíritos encarnados, moradas apropriadas ao seu adiantamento. Contudo, informa a existência dos diferentes estados da alma, as diferentes categorias de mundos habitados, qual é a categoria atual da Terra e dos seus habitantes, esclarecendo que há mundos superiores e mundos inferiores e que a Terra passará de mundo de expiações e de provas para mundo de transição e de regeneração.

CAPÍTULO 4 – NINGUÉM PODE VER O REINO DE DEUS SENÃO NASCER DE NOVO
Neste capítulo Kardec esclarece como a humanidade terrestre, sabendo que o reino não é deste mundo e crente na vida futura, poderá transitar pelas muitas moradas da casa do Pai. Conforme o princípio da reencarnação, o espírito poderá soprar onde quiser. “Nascer, morrer, renascer novamente, evoluir sempre”. Tomando como exemplo os mundos na condição de escolas, os estudantes vão alçando séries superiores depois de percorrerem as séries inferiores.

CAPÍTULO 5 – BEM–AVENTURADOS OS AFLITOS
Se o reino de Deus não é deste mundo, a felicidade também não. Tendo em vista que se deve nascer novamente e que os mundos são escolas, as aflições são as dores causadas pela nossa falta de aplicação nos estudos, pois o bom aluno abrevia sua caminhada. Mesmo esquecendo o passado, fruto da misericórdia divina, sofre-se a ação da lei de causa e efeito, as dores são dívidas de faltas passadas. Suportadas pacientemente, com resignação. Assegura-se tranquilidade para o futuro.

CAPÍTULO 6 – O CRISTO CONSOLADOR
Na jornada evolutiva, o ser humano infinitamente pequeno ante o tamanho do Universo, atravessa os ciclos do nascimento e renascimento, sofrendo a ação da lei de causa e efeito, passando por duras aflições. Contudo, cumprindo a promessa de outrora, o Divino Amigo, que ensinou que seu jugo é leve, envia o Consolador. O Espiritismo cumpre esse papel, mostrando a causa das aflições nas existências anteriores e na destinação da Terra, e que os sofrimentos, frutos de nossas ações, são como crises salutares que conduzem a existências futuras e ajudam no progresso da humanidade. Confere, pois, sob a perspectiva da felicidade que o espera, fé inabalável, paciência e resignação. O homem sabe de onde vem, para onde vai e porque está na Terra. O Espiritismo é o Consolador prometido, presidido pelo Espírito da Verdade – Jesus Cristo. OS AFLITOS NÃO ESTÃO SOZINHOS. COMO FIZERA ANTIGAMENTE, O CRISTO VEM TRAZER A VERDADE E DISSIPAR AS TREVAS, ENSINAR E CONSOLAR OS POBRES DESERDADOS, pois a dor foi sagrada no Jardim das Oliveiras e os que choram terão suas lágrimas enxugadas pelos anjos consoladores.

ROTEIRO PARA UMA EVOLUÇÃO BEM SUCEDIDA

CAPÍTULO 7 – BEM–AVENTURADOS OS POBRES DE ESPÍRITO (a)
CAPÍTULO 8 – BEM–AVENTURADOS AQUELES QUE SÃO PUROS DE CORAÇÃO (b)
CAPÍTULO 9 – BEM–AVENTURADOS AQUELES QUE SÃO BRANDOS E PACÍFICOS (c)
CAPÍTULO 10 – BEM–AVENTURADOS AQUELES QUE SÃO MISERICORDIOSOS (d)
A viagem cósmica, tendo como destino as diversas moradas da casa do Pai, requer a verticalização na virtude e não a horizontalização da inteligência. Caso o viajor queira, nascendo de novo, ver novas paisagens que lhe proporcionarão uma felicidade não atingida neste mundo em razão das aflições decorrentes da inferioridade do orbe, cumpre-lhe observar os seguintes pré-requisitos para ascensão escolar:
a) Humildade e afastamento do orgulho, pois, as coisas de Deus são reveladas aos mais simples e pequenos ou àqueles que conhecem a missão do homem inteligente na Terra;
b) Pureza de coração. Deus é visto com o coração. Deve-se superar a infância intelectual da criatura formada. Sendo fracos e viciosos, escravos das paixões materiais, criaturas presas nos círculos inferiores, a infelicidade ignora a esperança;
c) Afabilidade. Doçura, paciência, obediência e resignação se contrapõem à injúria, violência e cólera. O consentimento da razão e do coração são forças ativas que fazem luzir os triunfos do sacrifício e da renúncia carnal;
d) Perdão das ofensas, reconciliação com adversários, severidade consigo mesmo e indulgência com as faltas alheias.

CAPÍTULO XI – AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO
CAPITULO XII – AMAI OS VOSSOS INIMIGOS
CAPÍTULO XIII – QUE A VOSSA MÃO ESQUERDA NÃO SAIBA O QUE FAZ A DIREITA
(A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres e aniquila as misérias sociais)

Porque o bem que eu quero, não faço, mas o mal que não quero esse o faço.[5] O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria e não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.[6]

O organizador do Espiritismo resume as qualidades que o viajor necessita para atingir outros estágios na escala evolutiva. Quem ama não é egoísta, cumpre a lei e pratica inteiramente a doutrina de Jesus, pois, trata-se do sentimento por excelência. Está acima do instinto primitivo, da corrupção das sensações. Demanda instrução e purificação. No seu sentido mais puro, o amor é um sol interior, sentimento que condensa e reúne em seu foco ardente todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas.

Quem ama não é egoísta, tem fé e é caridoso, vê no criminoso o seu próximo, paga o mal com o bem, é indulgente com os inimigos desencarnados, não possui espírito de vingança, não odeia, faz o bem sem ostentação, socorre os infortúnios ocultos, sabe a diferença entre a caridade moral e caridade material, é piedoso e pratica a beneficência. Possui todas as características do homem de bem. Sem amor, é impossível tornar-se um bem-aventurado.

CAPÍTULO XIV – HONRAI A VOSSO PAI E A VOSSA MÃE
Como peça central do Evangelho Segundo o Espiritismo, eis que, excluindo-se a introdução e a conclusão pela coletânea de preces, a obra está divida em 13 capítulos iniciais, o capítulo 14 ao centro e outros 13 capítulos finais. Depois de trazer todas as explicações e ensinamentos, parece que Kardec quis dar uma mensagem. Procuramos extraí-la do diálogo abaixo a transcrito:

“-[...] Senhor, afinal de contas, que vem a ser a nossa vida no lar? Iniciamos a tarefa entre flores para encontrarmos depois pesada colheita de espinhos. No começo é promessa de paz e compreensão; entretanto, logo após, surgem pedras e dissabores... [...] deu-se pressa Jesus em responder: - O lar é escola das almas, o templo onde a sabedoria divina nos habilita, pouco a pouco, ao grande entendimento da humanidade. [...] O lar é um curso ligeiro para a fraternidade que desfrutaremos na vida eterna. Sofrimentos e conflitos naturais, em seu círculo, são lições. [...] Quando chega a morte, a grande selecionadora do alimento espiritual para os celeiros de nosso Pai, os corações que não cederam ao calor santificante, mantendo-se na mesma dureza, [...] serão lançados fora, a fim de permanecerem, por tempo indeterminado, na condição de adubo, entre os detritos da natureza.”[7]

Somos convocados à jornada evolutiva em conjunto com aqueles com os quais devemos seguir, seja por débitos ou por afinidades e simpatias. É no lar que aprendemos a colocar em prática todos os requisitos para vida em sociedade até que a lei de amor substitua a personalidade pela fusão dos seres na grande família universal. Honrar pai e mãe é cumprir a lei de amor na sua maior pureza, sejam eles pais biológicos ou não.

CAPÍTULO XV – FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO
A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres e aniquila as misérias sociais. Amar o Senhor Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o espírito é o maior mandamento. Cumpri-lo fazendo Sua vontade é amar ao próximo como a si mesmo, pois aí reside toda a Lei e os Profetas. A caridade, portanto é o único caminho da salvação juntamente com a humildade. A igreja, como qualquer templo, segundo Estevão, Paulo e Isaías, não é o local da habitação de Deus, eis que este habita em nosso coração. A caridade verdadeira é ação do bem-aventurado, aquele que ama sinceramente e honra a família.

CAPÍTULO XVI – NÃO SE PODE SERVIR A DEUS E A MAMON
Sabendo primeiro que o seu tesouro está onde estiver o seu coração, o apego aos bens materiais afasta o viajor de seguir, pois o prende ao mundo material. Guardar os mandamentos de Deus implica buscar um tesouro no céu, certo de que nenhuma riqueza da Terra o substitui. A fortuna é uma dura prova, deve ser empregada em benefício do coletivo e a avareza e o egoísmo não evitam a morte, mas tendem a prender o indivíduo no mundo inferior.

CAPÍTULO XVII – SEDE PERFEITOS
CAPÍTULO XVIII – MUITOS OS CHAMADOS E POUCOS OS ESCOLHIDOS
CAPÍTULO XIX – A FÉ TRANSPORTA MONTANHAS
O homem de bem que cumpre o seu dever e cultiva a virtude, cuida do corpo e do espírito, recebe a semente numa boa terra, escuta a palavra, lhe presta a atenção e dá fruto. Contudo, sabendo que está em evolução, muitos serão chamados, mas, poucos escolhidos, pois, cada um rende certo número de frutos. Não se comporta como a figueira seca cuja aparência é de pessoa de bem, mas, em realidade nada produz. Confia nas próprias forças, mas confia em Deus mais do que em si mesmo, pois, nada pode sem Ele. Sua fé é inabalável,  pois encara a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade. O homem de bem que, crendo em seu futuro celeste, quer encher sua vida de nobres e belas ações, haure em sua fé, na certeza da felicidade que o espera, a força necessária, e aí ainda se cumprem os milagres de caridade, de devotamento e de abnegação. Enfim, com a fé, não existem más tendências que não possam vencer.

CAPÍTULO XX – OS TRABALHADORES DA ÚLTIMA HORA
A misericórdia divina promove ao reino dos céus mesmo aqueles trabalhadores que chegaram por último, bastando empregar bem essa hora que resta, lembrando que uma existência, mesmo que pareça longa, não é senão um momento bem fugidio na imensidade dos tempos que formam a eternidade, pois, um dia para Deus são Mil anos e Mil anos para Deus é um dia.

CAPÍTULO XXI – HAVERÁ FALSOS CRISTOS E FALSOS PROFETAS
É preciso orar e vigiar, pois se reconhece a árvore pelo seu fruto. Deve-se instruir para não crer em sobrenatural, maravilhoso e miraculoso, eis que conhecida a causa reconhece-se que o fenômeno não passa da aplicação de uma lei natural. “Não acrediteis em todos os Espíritos, provai primeiro se são de Deus”; Melhor será afastar 10 verdades do que crer em 01 mentira.

CAPÍTULO XXII – NÃO SEPAREIS O QUE DEUS JUNTOU
CAPÍTULO XXIII – MORAL ESTRANHA
CAPÍTULO XXIV – NÃO COLOQUEIS A CANDEIA SOB O ALQUEIRE
CAPÍTULO XXV – BUSCAI E ACHAREIS
CAPÍTULO XXVI – DAÍ GRATUITAMENTE O QUE RECEBESTES GRATUITAMENTE
CAPÍTULO XXVII – PEDI E OBTEREIS
- Aquele que pratica a lei do amor e está apto  à evolução não aborrece a obra de Deus.
- Não promove o duelo ou esgrima mental, procurando sempre explicar e instruir, extraindo sempre o espírito que vivifica em detrimento da letra que mata.
- Reparte a luz da sabedoria adquirida para guiar sempre que possível, sem violar consciência, aqueles que dela necessitar.
- Pratica a caridade para ter sempre a Misericórdia Divina.
- Não se enriquece através daquilo que não lhe pertence, sabendo primeiro que todo Dom é uma dádiva de Deus, a qual pode ser retirada de um momento para outro.
- Mantém uma relação com o mundo espiritual e com Deus, pois, por meio da prece atrai para si o auxílio e o concurso dos bons Espíritos que vêm sustentá-lo nas suas boas resoluções e inspirar-lhe bons pensamentos. Sabe que o poder da prece está no pensamento e não nas palavras, no lugar ou  no momento em que é feita. 

RESUMINDO:
O Espiritismo não vem trazer nada que não exista na natureza, tendo a missão de completar esclarece que a lei é revelada misericordiosamente por Deus em porções; e que a revelação ocorre segundo o estado evolutivo da humanidade. Portanto, não vindo destruir a lei, esclarece:
1) O Reino de Deus não é deste mundo, tendo em vista a categoria evolutiva a que pertence o planeta. Sendo este um lugar de provas e expiações e a felicidade não estando presente, o Espiritismo prova a existência de um mundo material e outro espiritual que se relacionam;
2) Olhando para o Universo do ponto de vista que se trata de uma grande “casa do Pai” e promovendo uma aliança entre a ciência e a religião, esclarece que as “muitas moradas” referem-se ao número ilimitado de planetas onde o processo evolutivo é contínuo;
3) O mundo espiritual, como força viva e incessantemente ativa da natureza, é o meio pelo qual o ser humano viaja pela variedade planetária em busca da felicidade, produto da evolução individual, a qual ocorre pelas sucessivas reencarnações, pois, o Reino dos Céus só será visto por quem nascer de novo;
4) A viagem é demorada, o mundo é de expiação, a existência parece eterna, há muita dor nesta evolução, fruto da lei de causa e efeito, aplicada em razão da ação individual, mas, o Pai amoroso que nos oferece sua Casa e a variedade de moradas, não desampara e permite a reparação de erros por meio da dor. É que o mundo não sendo de felicidade, a felicidade individual somente ocorrerá quando alguém estiver sofrendo, resultando daí a obrigação de reparar as ofensas. A dor como educadora passageira torna os aflitos bem-aventurados;
5)  Mas, Deus, na sua infinita Misericórdia, enviou-nos um guia e modelo, um irmão – O Cristo Jesus; aquele que cuida, ama e consola. Este irmão, depois de ter dado o exemplo de como se faz para vencer o mundo material, cumprindo a promessa de outrora, envia para os aflitos o Consolador – O Espiritismo; Este que chega com a missão de unir ciência e religião e provar que todas as leis são divinas e são naturais, que a evolução ocorre em dois mundos;
6) Conforme nosso modelo e guia, a evolução é atingida por aqueles que reunirem as seguintes virtudes: humildade; pureza de coração; mansidão e espírito apaziguador; ser misericordioso (não julgar, ser benevolente, perdoar as ofensas e ser indulgente com as faltas alheias); fazer aos outros o que gostaria lhe fosse feito; mostrar amor a Deus amando os inimigos; ser caridoso sem ostentação;
7) Todos esses ensinamentos começam na abençoada escola chamada lar. A base, alicerce do processo evolutivo está no dever de honrar pai e mãe;
8) Entre quedas e vitórias um só caminho: caridade. Fora da caridade não há salvação. Fazer no plano menor o que Deus faz no plano maior;
9) Vencer as paixões, vencer o mundo material, pois, não se pode servir plenamente a Deus na prisão do materialismo e das riquezas;
10) Ir de encontro sempre rumo à perfeição, pois, muitos serão chamados, mas poucos os escolhidos;
11) Nunca perder a Fé, a Fé genuína, a Fé Espiritual, pois a Fé transporta montanhas;
12) Aproveitar todo o tempo em trabalho voltado para Deus sem olhar para trás, pois o Pai honrará até os trabalhadores da última hora;
13) Vigiar e orar sempre. Obter o máximo conhecimento para não ser enganado por falsos cristos e falsos profetas;
14) Não importa para Deus como será a expressão de Fé, o que não se deve é usar o sagrado para separar o que Deus juntou. A evolução é coletiva;
15) Mesmo que a moral às vezes pareça estranha, busque em Deus e sempre haverá de encontrar;
16) Sempre que der de graça o que de graça receber, peça a Deus com simplicidade, em qualquer hora e lugar e por meio de um simples pensamento, que ele sempre proverá.


[1] KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Trad. Salvador Gentile. Rev. Elias Barbosa. IDE: Araras-SP, 2008.
[2] KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Trad. João Teixeira de Paula. Rev. J. Herculano Pires. LAKE: São Paulo, 2007.  
[3] KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Trad. Salvador Gentile. Rev. Elias Barbosa. IDE: Araras-SP, 2008.
[4] Um Espírito Israelita, Mulhouse, 1861 – A era nova (KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Trad. Salvador Gentile. Rev. Elias Barbosa. IDE: Araras-SP, 2008.)
[5] Paulo Apóstolo – Romanos, Capítulo 7, Versículo 19.
[6] Paulo Apóstolo – 1Coríntios, Capítulo 13, Versículos 4-7.
[7] XAVIER, Francisco C. Jesus no Lar. Ditado pelo Espírito Neio Lúcio. Brasília: FEB, 2104.

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