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terça-feira, 21 de julho de 2020

PECADO ORIGINAL OU INTERPRETAÇÃO EQUIVOCADA?


Aqueles que acompanham nossa saga, tanto em nossa fanpage quanto no blog ou mesmo quando tivemos as primeiras oportunidades de publicações em jornais, verifica o nosso especial interesse em chamar a atenção para a chave contida no Espiritismo para se bem compreender a Bíblia, os Evangelhos e os autores sagrados.

Nosso intuito, de alguma maneira, foi ouvir Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita, que adverte no item III da Introdução ao Evangelho Segundo o Espiritismo quanto à necessidade de TODOS OS ESPÍRITAS estudarem as Escrituras, uma vez que é necessário conhecer o valor de muitas palavras que são frequentemente empregadas nos textos, e que caracterizam o estado dos costumes e da sociedade judaica naquela época.

Desde os primeiros ensaios, primeiros artigos, primeiras linhas, buscando algo dialogar com esse “repositório de conhecimentos secretos, dos iniciados do povo judeu, e que somente os grandes mestres da raça poderiam interpretá-lo, nas épocas mais remotas”[1] verificamos que “os livros dos profetas israelitas estão saturados de palavras enigmáticas e simbólicas, constituindo um monumento parcialmente decifrado da ciência secreta dos hebreus.[2]

Todos os corações, pensamos, devem aguçar seus olhares para os clarões imortais dessas fontes reveladoras que só uma visão espiritual é capaz de alcançar. A par disso é que oferecemos uma interpretação, dentre várias que são respeitáveis, para uma reflexão sadia à Luz do Espiritismo, isto é, por meio da lógica, razão e bom senso.

Falamos, então, do pecado original. Sem dúvida alguma, por nossa consideração UM DOS PECADOS MAIS GRAVES QUE É POSSÍVEL COMETER DIANTE DAS LEIS DIVINAS. Esse ERRO GRAVE está descrito em Gênesis 3, primeiro livro do Antigo Testamento. Mas, após ler estas linhas que iniciam esse parágrafo, você é capaz de responder, exatamente, o que foi que ocorreu que teria desequilibrado a Obra da Criação? Eu não deveria, mas, vou ajudar... a resposta é: NÃO SABEMOS. Como nenhum historiador bíblico o sabe. TUDO NÃO PASSA DE COMPLETA AÇÃO INTELECTIVA DE INTERPRETAÇÃO. E, para isso, não fazemos o exercício de, antes, nos livrar de todos os preconceitos ou atavismos que carregamos.

Mas, não podemos fugir da reflexão, pois, é preciso extrair, para nosso aprendizado, a consequência moral (ou a moral da história), que é o objetivo daquele que te oferece um "trava-mente" (no caso o autor bíblico).

O fato realmente tratou-se de algo grave , pois, mereceu o relato daquele povo que, repetimos, valia-se de informar por meio de enigmas, do mistério. Esses ditos "mistérios" é, para nós, uma oferta oportuna ao desenvolvimento do raciocínio. Diríamos: “decifra-me ou te devoro”. 

Não é o que acontece quando estamos envolvidos nos problemas? Ou nós os solucionamos ou somos, verdadeiramente, consumidos por eles.

Da mesma forma, com o pecado original, não poderia ser outra a intenção senão trazer uma lição genuína, uma lição imortal, uma lição para o gênero humano, ou, se o quiser, para os Espíritos errantes (que precisam encarnar e reencarnar até chegarem à perfeição).

Sei que você já deve estar perguntando, mas, do que se trata, então? Será que tem algo a ver com a tal maçã? Sexo? Procriação? Não, leitor (a) amigo (a). Aí reside a beleza do monumento parcialmente decifrado. Vamos, portanto, levantar o nosso dedo e pedir a palavra.

O tema central, a nosso ver, nesse capítulo que versa sobre o pecado original é A CULPA. Ora, convido-os a pensar sobre o tema central e, portanto, sairmos da periferia. A ideia é de desobediência? Sim, não há como fugir. Mas, o caso merece avaliação: desobediência é descumprir as Leis Divinas, que são as Leis Naturais.

Nesse passo, o assunto principal não pode ser sexo ou comer ou deixar de comer algo. Tanto uma coisa quanto a outra faz parte das Leis Naturais, das necessidades fisiológicas.

Analisamos, portanto, sob a luz da razão e questionamos: como a individualidade humana poderia saber o que fazer se não experimentasse? O conhecimento é adquirido?

Sim, segundo o Espiritismo é pelo conhecimento que desenvolvevemos o livre-arbítrio. Então, sempre haverá desejo e vontade. A escolha é uma ação intelectiva e é aí que reside o atender ou frear os desejos. Os sentidos humanos são postos à sua disposição para o relacionamento na matéria cedendo ou reprimindo as paixões. Isto quer dizer que é o próprio indivíduo quem reprime o excesso ou o abuso. Todavia, importa considerar que...

"Tudo me é lícito até que eu aprenda o que me convém ou não, pois, até então, sou um ignorante, isto é, não conheço tudo, estou no processo de aquisição". (adaptei).

Voltemos ao pecado original. Não sabemos o que ocorreu de fato, mas, é possível refletir sem medo de errar que o “problema” não está no erro, mas, na ação depois que o erro foi cometido. Que fez aquele que é conhecido em algumas religiões como “Adão” (que advém da palavra hebraica transliterada para “Adama” que significa “terreno, da terra”)?

Após o erro cometido os envolvidos tomaram uma atitude bem terrena, bem humana: colocaram a culpa uns nos outros.
Conectando os textos bíblicos vamos buscar responder o “problema” com o mesmo livro Gênesis 38, onde é contada a história de Tamar e é onde encontramos uma peculiaridade acerca de Judá. Yehuda vem do verbo lehodot que significa “agradecer” ou “admitir, confessar”.

Nesse capítulo que conta a história de Tamar Judá, que mais tarde se tornará uma das 12 tribos de Israel, de onde surge a linha monárquica de Davi, torna-se a primeira pessoa do pentateuco mosaico a assumir a responsabilidade pelos seus próprios atos e, mais,  SE ARREPENDE. Diferente de Adão que disse “a culpa é dela”, e “ela” que disse que a “culpa é da serpente”, Judá disse: A CULPA É MINHA!

Então leitor (a) amigo (a), para uma avaliação sensata, qual é a consequência moral que pode ser extraída dessa história? Para nós, apesar de grave, perante a Lei Divina, a gravidade do fato não residiu em cometer o erro, o equívoco ou errar o alvo, mas, em não assumir a culpa e se arrepender.

Conforme estudamos na obra O Céu e o Inferno, especialmente no Código Penal da Vida Futura, a evolução consiste em adquirir conhecimento e reconhecer as próprias faltas, admitindo a culpa pelas falhas, arrependendo-se e colocando-se à disposição para devolver o equilíbrio que resultou das próprias ações.

Você pensa diferente? Deixe sua opinião. Ela é mais importante do que concordar com nossa reflexão.


Estude e Viva!

Uberaba-Mg, 21 de Julho de 2020

Beto Ramos



[1] Emmanuel. A Caminho da Luz. O Judaísmo e o Cristianismo.

[2] Idem.

quarta-feira, 17 de junho de 2020

SINAGOGA – uma instituição greco-romana




Os tradutores fundamentalistas, hoje, ofendem o Espiritismo com o uso de neologismos inexistentes nos idiomas originais em que as escrituras sagradas foram escritas (é o caso da expressão médium, Espiritismo, Espiritistas, etc.).

A seguir comprovamos que o judaísmo também sofreu o mesmo com os levianos tradutores anticristãos. 

Veja, por exemplo, o que ocorreu com a palavra sinagoga. A sinagoga surgiu durante o período do exílio na Babilônia. No século I era uma instituição greco-romana que se tornou um local onde os judeus se reuniam para estudo, oração e comunhão

O que significa a palavra grega Συναγωγή (transliterada Synagogí)? Significa “assembleia”. E é dessa forma que tal palavra é traduzida em vários lugares do Novo Testamento.

Infelizmente, synagogí foi traduzida de maneira diferente no livro do Apocalipse. Com uma significação extremamente negativa os "tradutores" usaram todo o seu fundamentalismo para atingir o judaísmo e propagar ideia falsa provocando o dissenso.

O estudante atento, no entanto, observará que tal expressão não apresenta o real significado e nem traz o real sentido do vocábulo original.

A pesquisa séria informa que a maioria das traduções cristãs da Bíblia sofreu a perniciosa influencia do chamado antijudaísmo. No capítulo 3, versículo 9, do livro do Apocalipse, os tradutores, contrariando o Apóstolo Paulo, em vez de usar a palavra neutra “assembleia”, propagaram a expressão cunhada pelos “cristãos”: “sinagoga de Satanás”. 

Estudando atentamente o livro de Atos sabemos que em todas as novas cidades em que o apóstolo Paulo chegava, ele começava seu ministério e sua pregação a partir de uma sinagoga. Deste modo, Paulo não via, por obvio, nada de satânico nela. São vários os versículos do livro de Atos que descrevem Paulo exercendo seu ministério nas sinagogas: 13:14-16; 14:1; 17:1-3; 18:19.

No século I igreja e sinagoga significavam “assembleia” sem qualquer conotação satânica, em razão de sua raiz e do significado de cada expressão no seu idioma original. 

Por isso, ao ler a Bíblia sem conhecimento dos idiomas originais em que foram escritas, bem como o real significado de cada palavra, além de estar seguindo pessoas comuns e não o Cristo, você, também, estará propagando uma notícia falsa, estará espalhando mentira, corroborando para o dissenso.

O dissenso ocorre sempre que se quer desfazer uma assembleia, que é uma reunião de pessoas em torno de um objetivo comum. No caso do século I de nossa era, a reunião em assembleia fundava-se no sentimento divino que liga o ser humano a Deus. Talvez tenhamos nos perdido no caminho. É hora de voltarmos à rota segura.

Uberaba-MG, 17 de junho de 2020
Beto Ramos

terça-feira, 9 de junho de 2020

Progressão do Aprendizado do Ensino dos Espíritos

Espiritismo: ciência da observação

Vários são os temas presentes na Codificação da Doutrina Espírita que podem ser estudados a fim de que o pesquisador possa atestar que Allan Kardec não fazia sobre nenhum tema o que chamamos vulgarmente de “tábula rasa”.

Como ele próprio afirma somente após obter todas as respostas acerca dos assuntos, considerando-os globalmente, estudando-os por todos os ângulos, refutando ou aceitando estudos anteriores, não admitindo de imediato todas as respostas dos Espíritos, é que Kardec elaborava conceitos, dissertações, teorias. Vários são os temas que continuam no campo do ensaio.

De outro lado, mesmo após o uso do método da observação, quando o tema havia se consolidado e a matéria já amadurecida, o Codificador não se comprometia a manter ad eternum uma opinião formada sobre tudo. Deixava, sempre, espaço para corrigir eventuais enganos, equívocos e erros. Foi o que ocorreu com o fenômeno da possessão.

Na Revista Espírita de 1858, Allan irá conceituar os fenômenos da obsessão, da subjugação e da fascinação (nessa ordem). Já, em O Livro dos médiuns, manterá algumas opiniões, apresentará outras que, e mudará a ordem estabelecida na RE/1858 para obsessão, fascinação e subjugação. 

Tudo isto ocorria à medida que progredia a Ciência Espírita e Kardec ia fazendo constatações por meio da Observação.

N’O Livro dos Médiuns falou sobre o domínio de alguns Espíritos inferiores sobre certas pessoas, além de apresentar conceitos para as principais variedades de obsessão, desde a simples, passando pela fascinação, até a subjugação.

Interessante ressaltar que nesta obra, traz-se o pensamento de que na subjugação há constrangimento moral, como uma fascinação, e casos mais agudos onde o constrangimento é físico.

Percebemos que de uma obra a outra, de ano a outro, à medida que observa, interroga e analisa, o Codificador vai enriquecendo as conceituações, às vezes modulando para cima ou para baixo, por assim dizer, a teoria que está sendo construída.

Tanto na Revista Espírita como em O Livro dos Médiuns Kardec irá afirmar que possessão, um nome vulgarmente conhecido, não seria senão sinônimo de subjugação. Explicou, inclusive, por quais motivos a expressão não poderia ser usada. 

A mais interessante é onde afirma que a expressão dá ideia de apoderamento de um corpo por um Espírito estranho, uma espécie de coabitação, quando havia somente constrangimento. Até 1858 pensava que o fenômeno denominado possessão, onde a vontade é afetada e a razão obliterada, tratava-se fascinação aguda.

Todavia, como ensina o Codificador o indivíduo frio e impassível vê as coisas sem se deixar enganar: combina, pesa, amadurece e não é seduzido por nenhum subterfúgio; o que lhe dá força. Veremos, portanto, que o pensamento de Kardec sobre o tema irá evoluir, uma vez que o mesmo não se encontrava seduzido por nenhum subterfúgio.

No ano de 1860, conforme relata na Revista Espírita de Novembro, o Codificador estuda um caso de obsessão física onde percebe que o Espírito encarnado tomava a aparência de um Espírito desencarnado.

Em 1862, o relato daquele jornal de estudos psicológicos fala sobre a epidemia demoníaca em Saboya, onde uma população fica sob o efeito de um tipo de obsessão, aparentando sintomas de alienação mental.

Em abril de 1862 Allan Kardec vai registrar que os Espíritos não só agem sobre o pensamento, mas, também, sobre o corpo, com o qual se identificam e do qual se servem como se fosse seu.

Note-se aqui uma gradual e perceptível evolução da compreensão do fenômeno, pois, o registro é no sentido de que o Espírito encarnado se encontra afetado pela subjugação de um Espírito estranho que o domina.

Mas, é no ano de 1863, precisamente no mês de Dezembro, onde Allan Kardec fará uma correção de rumo e, portanto, reconsiderar seu pensamento sobre a possessão. Nesse caso ele escreve que seu pensamento, que fora posto quase que de forma absoluta, precisa ser reconsiderado, pois, lhe foi demonstrado que pode haver verdadeira possessão.

Trata-se do caso conhecido como de possessão da senhoria Júlia onde Kardec atende pessoalmente. Por se tratar de um assunto importante para o estudante do Espiritismo, não vamos apresenta-lo integralmente nesse espaço e remetemos os interessados à RE DEZ/1863, mas, deixar a informação de que o Codificador constatou que a possessão é um estado transitório de substituição parcial de um Espírito encarnado por um Espírito errante, onde o Espírito encarnado se afasta momentaneamente do corpo ao qual está permanentemente ligado enquanto vive.

Pela observação e prática do Espiritismo, atuando diretamente no caso, usando todo o seu conhecimento da Doutrina e o auxílio dos Espíritos que trataram do tema na Sociedade Espírita, Allan Kardec comprovou a existência de uma anomalia física, semelhante à alienação mental, somente explicada pelo Espiritismo. Falou da modalidade aguda de sofrimento da vítima, do processo de possessão e da cura, enfatizando que conhecimento não basta, mas, também, a força moral.

Após o minucioso estudo sobre o tema, por aproximadamente 15 (quinze) anos, a conclusão será feita no capítulo XIV, Os Fluídos, tema obsessões e possessões, na Obra A Gênese de 1868, ao qual remetemos o nosso atento leitor sedente pelo conhecimento completo da Doutrina Espírita.

Uberaba – MG, 09 de junho de 2020.

Beto Ramos

DESTAQUE DA SEMANA

A DOUTRINA DOS ESPÍRITOS NÃO É ASSUNTO QUE SE ESGOTA EM UMA PALESTRA

  EM SUAS VIAGENS KARDEC MINISTRAVA ENSINOS COMPLEMENTARES AOS QUE JÁ POSSUIAM CONHECIMENTO E ESTUDO PRÉVIO. Visitando a cidade Rochefort, n...