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sexta-feira, 16 de julho de 2021

APONTAMENTOS SOBRE O MONOTEÍSMO HEBRAICO

Fonte: Google Imagens internet.

O povo hebreu experimentou escravidão, dispersão e exílio. Entre os anos 586 a 538 a.C. foram, aproximadamente, 48 anos de cativeiro e exílio na Babilônia. Conta-se que no século 1 a.C., cerca de cinco milhões de judeus viviam longe da Palestina. Quatro milhões viviam sob a égide do Império Romano. 

Restabelecido no século 6 a.C., o Estado judeu durou mais de 600 anos, mas curiosamente sempre sob a tutela estrangeira. De acordo com a historiografia ele foi totalmente destruído pelos romanos entre os anos 135/136 de nossa era.

Dispersos pelo mundo, o povo judeu se reuniu novamente com a criação do Estado de Israel em 1948, ou seja, após, mais ou menos, 1812 anos. E nessa situação experimentou o que se pode chamar de dupla cidadania, pois viviam submetidos às normas da Torah e, também, ao direito não judeu, uma vez que se constituíam em minoria nos países que habitavam.

Tal situação reclamava se fizesse uma escolha: viver em isolamento e mantendo o nacionalismo sagrado ou ser assimilados abandonando sua identidade cultural. Ao longo do tempo o contato com outras culturas suprimiu, de fato, a dimensão jurídica dos preceitos religiosos sob os quais nasceu o chamado povo de Deus.

O sistema ético da Torah não apresentava diferença entre direito, ética e prática ritual. Para esse sistema legal havia um termo genérico que englobava todo o sistema de leis e observâncias no judaísmo: halakha.

A halakha, termo rabínico reduzido para TRADIÇÃO, não se discute, diferentemente dos argumentos (“din”). Para bem se compreender o significado da tradição para o povo hebreu, basta verificar qual a abrangência do termo halakha: orientação, hábito, costume, modo de agir e práticas (engloba o pessoal, o social, o nacional, relações exteriores e observâncias no judaísmo).

A ética dessa cultura de raízes profundamente religiosas apresenta uma relação, um pacto ou uma aliança com Deus. Mas não qualquer Deus. YHWH é um Rei, um legislador; um soberano de uma sociedade política. Não ‘somente’ o Criador do mundo, mas, o soberano absoluto do povo.

Essa ética absoluta e totalizante compara-se ao próprio Deus que impõe Sua imagem (perfeição e santidade) como modelo de vida. O ponto fundamental nessa relação é que não se trata de uma simples proposta de dogmas de fé reclamando a adesão dos fieis; Trata-se da proclamação de normas imperativas de conduta de observância escrupulosa na vida cotidiana.

A palavra TORAH, traduzida vulgarmente por LEI, em sua compreensão profunda significa ENSINAMENTO. Todavia, não é qualquer ensino, mas aquele que não admite contestação, cujo caráter é normativo.

No pacto, que possui caracteres de uma convenção constitucional, visto que dá nascimento um verdadeiro Estado (compreendendo povo, território e governo), o povo se constitui naqueles com os quais se estabeleceu a aliança. Através de Moisés, Deus propõe um conjunto de regras, que é aceito sob a forma ritual.

Trata-se de uma aliança desigual, o que caracteriza e representa bem os costumes da época onde eram comuns guerras, invasões, lutas e surgiam dominados e dominadores. O povo da aliança seria o vassalo, isto é, súditos do Rei (Deus), que fazia a promessa de proteção, a qual não poderia em nenhuma hipótese ser reclamada. O Soberano não podia ser instado no cumprimento do pacto.

A aliança entre Israel e Deus, representada por Moisés, possui todas as características do tratado desigual (característico daqueles tempos). Tudo era condicionado ao comportamento do súdito. Assim sendo, a circuncisão poderia ser considerada como sinal da promessa divina, mas não condição de sua existência. Essa dependia sempre da CONDUTA DO SÚDITO.

Uma última observação importante é que as expressões Reino dos Céus ou Reino de Deus não são encontradas naqueles antigos livros religiosos, porém, é muito fácil entender porque, ao falar com o seu povo, Jesus era compreendido quando mencionava tais expressões. É que elas se harmonizam completamente com a ideia de um 'Deus Soberano e Legislador de uma Sociedade Política'.

Uberaba-MG, 16 de julho de 2021.
Beto Ramos

Fonte Bibliográfica:
COMPARATO, Fábio Konder. Ética: direito, mora e religião no mundo moderno. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

sexta-feira, 25 de junho de 2021

REENCARNAÇÃO E ESPIRITISMO

Fonte da imagem: Google internet

A reflexão de hoje é a seguinte:

1. Crer na reencarnação me torna Espírita?

2. Todo aquele que se diz Espírita, crê na reencarnação?

Segundo o significado da palavra reencarnação nos dicionários podemos inferir que se trata de uma "crença de que, após a morte, a alma de um ser humano retorna à vida com outro corpo".

Para o Espiritismo a palavra reencarnação não é sinônimo de metempsicose (ou transmigração da alma), pois, esse termo abrange uma concepção de que seria possível ressurgir, isto é, renascer (ou retornar) sob a forma de outras espécies animais.

A expressão difere do que se compreende em certas doutrinas cristãs, porquanto não se trata de uma ressurreição de corpos no dia do juízo final.

Vários sistemas filosóficos e religiosos tem na reencarnação a sua ideia central, segundo a qual uma porção do SER é cpaz de subsistir à morte corporal. Nesse caso, essa mesma porção se liga, sucessivamente, A DIVERSOS CORPOS. O objetivo disso é a elevação, o progresso individual do Ser.

Encontramos o desenvolvimento dessa doutrina em vários expoentes da Filosofia, tais como Pitágoras, Heródoto, Sócrates e Platão. Aliás, esse último foi um dos seus principais defensores, desenvolvendo a doutrina nos seguintes diálogos: Mênon, Fédon, Fedro e A República.

A ideia que expressa a palavra reencarnação, derivada do latim, é entrar na carne novamente. Uma importante informação é que a ideia de reencarnação é encontrada, ao menos, no primeira milênio anterios à Cristo.

Nas várias culturas, cujo espaço aqui não permitiria aprofundar, apresenta o tema como a possibilidade de adquirir mérito e alcançar uma melhor reencarnação na próxima vida. O assunto, também, esteve ligado à questão do 'céu' e do 'inferno', do mérito e do demérito, de experimentar vidas morais e imorais, vícios e virtudes e, nesses últimos casos, passando por graus, abordando o tema justiça e injustiça divina.

Voltando à contemporaneidade, subsistem nossas dúvidas iniciais.

O que percebemos na atualidade é que muitos, por simplesmente crerem em vida após a morte, julgam-se Espíritas. Como se a autointitulação promove-se, por mágica, o indivíduo à essa categoria. Segundo a Filosofia Espírita, aquele que crê "haver em sí mesmo alguma coisa além da matéria é ESPIRITUALISTA".

Para superar essa situação é necessário crer na existência de Espíritos e em suas comunicações com o mundo visível. Todavia, não se pode parar nesse ponto, uma vez que Allan Kardec tratou de diversos pontos no Espiritismo, tais como: o verdadeiro.

Portanto, se aferrar na crença nas comunicações e se autodenominar espírita, não transforma ninguém no verdadeiro Espírita. Depreendemos isso da obra O Espiritismo em Sua Mais Simples Expressão, no item 36, onde Kardec afirma:

"36. O verdadeiro Espírito não é o que crê nas comunicações, mas o que procura aproveitar os ensinamentos dos Espíritos. De nada adianta crer, se sua crença não o faz dar sequer um passo na senda do progresso, e não o torna melhor PARA O PRÓXIMO". (grifo e destaque nosso).

Por isso, na atualidade em que estamos observando vários autointitulados "espíritas" vinculados à doutrinas contrárias ao Espiritismo, a posições políticas e religiosas contrárias à Doutrina dos Espíritos, nos indagmos se, POR QUE ELES DIZEM CRER NA REENCARNAÇÃO, NA VIDA APÓS A MORTE, NA COMUNICABILIDADE COM OS ESPÍRITOS, NA REENCARNAÇÃO E, ATÉ, EM DEUS, se são VERDADEIROS ESPÍRITAS.

Com a palavra, o leitor!


Uberaba-MG, 26 de junho de 2021.

Beto Ramos.


segunda-feira, 7 de junho de 2021

A BENEFICÊNCIA

O Evangelho Segundo o Espiritismo traz um belo texto que exige de nós bastante reflexão, tal a profundidade do mesmo. Trata-se das instruções dos Espíritos contidas no capítulo 13.

O texto, ditado pelo Espírito Adolfo, no ano de 1861, em Bordeaux, na França, o qual havia exercido o cargo de Bispo de Alger, fala da Beneficência.

Antes de tudo, importa definir o que seja Beneficência. É um ato de filantropia. Consiste em fazer o bem, ou melhor, beneficiar o próximo.

De acordo com o Espírito comunicante, a prática desses atos proporciona felicidade e alegria durante a vida na Terra. Isso porque, quem aproveita a oportunidade de fazer o bem não é atingido pelo remorso de ter perdido a oportunidade, nem a culpa que anda ao lado dos indiferentes.

Quem não possui a chaga da indiferença olha o outro como igual. O ato de compartilhar torna o indivíduo o próprio representante da divindade.

É preciso ter em mente que a alegria proporcionada pela beneficência é aquela do tipo que se rejubila, simplesmente, na alegria alheia, sem que o ato se torne penoso ou mero ato de dever autoimputado sem sentimento de amor ao próximo.

A caridade praticada desinteressadamente é porta de entrada para a felicidade no mundo dos Espíritos, isto é, uma espécie de antecipação daquela.

Deus criou os seres humanos para viverem em sociedade. Felizes os que compreendem, desde já, esse mister. Aqueles que compreendem, verdadeiramente, que é possível ser rico sabendo viver com o necessário.

Ao olhar ao redor é possível ver que, junto aos sofrimentos que estamos experimentando, existem muitas aflições de irmãos e irmãs, as quais é possível remediar.

A beneficência pode ser executada com pequenos atos de compartilhamentos, aliviando misérias, amparando os caídos, oferecendo simpatia, dinheiro e amor.

Nossa estadia na Terra pode ser mais suave, mais alegre. Sem sofrimento e sem solidão.

Uberaba - MG, 07 de junho de 2021.

Beto Ramos.

quarta-feira, 2 de junho de 2021

O CONHECIMENTO LIBERTA

Na apresentação da Revista Espírita de 1858, publicada sob a direção de Allan Kardec, encontramos a seguinte expressão: “Todo efeito tem uma causa. Todo efeito inteligente tem uma causa inteligente. O poder da causa inteligente está na razão do efeito”.

Sempre que se falar em inteligência, em causa e efeito, sem sombra de dúvidas estaremos tratando da aquisição do conhecimento. É importante se indagar: para que esse conhecimento é adquirido pelo ser humano?

Se, ao ser humano fosse perguntado: “que buscais?”, certamente, a resposta seria: a plena felicidade. Afinal de contas, não parece lógico pensar que alguém esteja escolhendo a INFELICIDADE como propósito de vida. E, falando nisso, a FELICIDADE é uma dádiva ou uma recompensa?

Se acaso a resposta fosse RECOMPENSA, seria a RETRIBUIÇÃO a um esforço constante e bem orientado. SE A FELICIDADE É O OBJETIVO, O QUE É PRECISO SABER PARA ALCANÇA-LA?

Platão ensinou na obra A República, usando a figura de Sócrates no discurso, que é necessário INVESTIGAR o que é bom e o que é mau. Parece que o filósofo está se referindo à aquisição do conhecimento. Recordando o mito bíblico, “o conhecimento é o fruto da árvore que, ao ser devorado, dará o saber, ou os elementos necessários para se distinguir o bem e o mal”.

E ao inserir o tema do bem e do mal, não é difícil imaginar que, em seguida, viriam as indagações: O que é o Bem? O que é o Mal? Segundo O Livro dos Espíritos, distingue-se o bem como tudo aquilo que está de acordo com a Lei de Deus e mal é tudo o que dela se afasta. O mal, portanto, é infringir as Leis de Deus.

Sem entrar no mérito e na complexidade dessas reflexões, o fato é que ao longo da história da humanidade, a fim de delimitar as ações das pessoas, surgiram 03 esferas de regulação do comportamento humano: a religião, a moral e o direito.

A obra O Livro dos Espíritos, tratando do bem e o mal, começa por definir A MORAL. E nesse sentido, a moral é a regra da boa conduta e, portanto, da distinção entre o bem e o mal. Seu fundamento é a observância das Leis de Deus. “O ser humano se conduz bem quando faz tudo tendo em vista o bem e para o bem de todos, porque então observa a Lei de Deus”.

E, falando em como o ser humano se conduz, como deve ou não se conduzir, ao longo da história surgiram escolas ou grupo de pensadores que se propuseram a interpretar a vida social, como por exemplo, a idealista, a realista e a materialista. Cada uma dessas escolas elegeu aquilo que compreendeu como o seu ELEMENTO GERADOR DA CONVICÊNCIA SOCIAL, ou seja, buscaram responder:

- o que provoca a reunião dos seres humanos e os conduz a uma vida em coletividade?

Para os idealistas seriam OS VALORES OU IDEIAIS COLETIVOS; Os realistas afirmaram que seriam AS INSTITUTIÇÕES DE PODER e os materialistas, as condições materiais de subsistência dos grupos humanos.

O que se constata é que, estamos no século 21 e há uma crise de identidade que afeta o SER HUMANO; Para muitos ainda paira a pergunta QUEM SOMOS NÓS?

Diante de todos os acontecimentos e fenômenos que atingem a vida humana na Terra, é comum observar os seguintes questionamentos:

- Os seres humanos possuem livre-arbítrio ou a liberdade não passa de um mito?

- O comportamento humano pode ser previsto pela genética?

- O caráter moral das pessoas pode ser identificado pelos genes responsáveis pelas características psicossomáticas ou pelas moléstias e malformações do organismo humano?

- A Ciência pode, a partir daí, prever os grandes rumos da vida social?

No campo da biotecnologia fala-se em clonagem, criação programada e tábua de valores, entre outras questões. Será que só o genótipo intervém na formação do indivíduo ou existem outros fatores?

A ciência é uma alavanca para a humanidade, uma das melhores coisas de que se serve a humanidade.

Apesar de uma lenta evolução, o ser humano primitivo desenvolveu a linguagem há, aproximadamente, 40 mil anos. A humanidade sempre teve, entre os povos, sua cultura e seus costumes. O fato é que cultura e costume são criações humanas. E não é uma falácia dizer que essas criações humanas são mais acentuadas nos seres do que os caracteres naturais.

De 40 mil anos para cá, observa-se uma evolução cultural crescente que superou os milhões de anos até que a linguagem surgisse como uma criação humana. O conhecimento é para ser adquirido, mas, é preciso separar as coisas, ter o que Descarte chamaria de MÉTODO. Em seu discurso, o filósofo mencionará 04 preceitos lógicos que dirigem a RETA RAZÃO, são eles:

1. Jamais receber por verdadeiro o que o sujeito não percebe evidentemente como tal;

2 Dividir cada uma das dificuldades a serem examinadas em tantas parcelas quantas forem possíveis e necessárias para melhor resolvê-las;

3. Conduzir ordenadamente os pensamentos, a começar pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, a fim de elevar-se pouco a pouco, por graus sucessivos, até os conhecimentos complexos.

4. Proceder a enumerações completas e revisões gerais, de modo a assegurar-se de que nada foi omitido na análise.

O saber tecnológico, sem dúvida, é o grande instrumento do desenvolvimento social, mas, também, do exercício de poder. No campo das invenções a geografia planetária tanto auxiliou na disseminação do conhecimento quanto atrapalhou. A forma do continente onde a geografia apresentava características semelhantes, sem barreiras naturais, proporcionava uma melhor e maior comunicação entre os diferentes povos. O continente não dotado dessas características impossibilitava a propagação do saber tecnológico.

É assim que no continente euroasiático encontramos as seguintes invenções: roda, escrita silábica, metalurgia, ordenha de gado, fabricação da cerveja e do vinho, cultivo de árvores frutíferas; No continente africano e americano: rodas, sistema de representação escrita de palavras, animais de tração.

Aas primeiras plantas alimentícias ou cereais surgem há 8.000 anos a.C na Mesopotâmia; há 6.500 anos a.C na Grécia, Chipre e subcontinente indiano; há 6.000 anos a.C no Egito; há 5.500 anos a.C na Europa Central; há 5.200 anos a.C no Sul da Espanha; e há 3.500 anos a.C na Grã-Bretanha. As Américas sofreram muitos impedimentos quanto à disseminação das grandes técnicas de produção de alimentos, de comunicação e transporte em razão da variedade climática, barreiras naturais, regiões desérticas, florestas e montanhas.

Durante um período de aproximadamente 10.000 anos, entre 8.500 a.C a 1.450 d.C., as regiões da China e da Índia foram as mais adiantadas tecnologicamente. Acreditem, os chineses inventaram a bússola, o leme de popa, o ferro fundido, as comportas de canal, as sondagens profundas, a pólvora, o papel, a porcelana, os arreios peitorais para animais de tração, tipos móveis de imprensa.

Invenções notáveis jamais utilizadas como instrumentos de transformação da sociedade, como também, não foram usadas como instrumentos de conquistas imperiais, pois, a filosofia chinesa os vocacionava para as tradições imemoriais. Não eram dominados por suas conquistas tecnológicas, mas, por sua cultura e tradições.

Não obstante tudo isto, a individualidade humana por vários motivos, apoderando-se desse conhecimento e transformando-o em ciência, tornou-se orgulhosa. Sabendo muito mais que muitos outros, julgaram saber tudo. Passaram a não admitir que coisa alguma pudesse ultrapassar o  seu entendimento. Por fim, julgaram-se acima da natureza, a qual não lhes poderia ocultar nada.

O que levou a esse estado de coisas? Sem dúvida, a religião e seus mistérios, violando as Leis Naturais e adaptando suas incoerências ao imaginário popular e suas fantasias. O gênero humano, não aceitando o misticismo e o sobrenatural, buscava respostas. Sem saber o que fazer e sem respostas, chegamos ao cúmulo de que muitos só pensam em si mesmos, colocam os prazeres materiais acima de tudo, rompendo com os laços sociais, não atribuindo nenhuma importância aos afetos.

Resultado: destruição das coisas e membros se destruindo como animais ferozes. Isto não é consequência do estudo dos cientistas, mas, do abuso cometido pelo próprio ser humano, que tira daqueles estudos uma falsa consequência.

Ligando religião e ciência, surge o Espiritismo para esclarecer quanto ao futuro por meio de fatos incontestáveis e, por meio da comunicabilidade com os Espíritos, respondem o que nos espera no seio de Deus e quais sofrimentos se experimenta no mundo dos Espíritos.

Uma filosofia poderosa que auxilia todas as religiões, o Espiritismo reanima as esperanças vacilantes e abre pespectivas de futuro.

Uberaba-MG, 02 de junho de 2021.
Beto Ramos

terça-feira, 25 de maio de 2021

YVERDON-LES-BAINS: RIVAIL E PESTALOZZI SE ENCONTRAM

 

Fonte: Internet (Google). Representação do exército de Napoleão no frio.

3ª PARTE

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No ano de 1812 os franceses invadem a Rússia com mais de seiscentos mil homens. O exército lutava contra um inverno rigoroso, um longo caminho de volta e o seu desabastecimento de provisões. Chegou a perder cerca de quatrocentos mil homens.

Com o enfraquecimento do exército, em 1814, seus inimigos ficaram animados a invadir a França. E é assim que Prússia, Rússia, Reino Unido e Áustria formam uma aliança e levam a guerra para o solo francês. Ain é um dos departamentos invadidos, pois, havia o objetivo inimigo de tomar a cidade de Lyon.

Mas, o bravo povo de Bresse forma uma resistência contra os austríacos, prendendo e matando alguns. Em retaliação o burgo é saqueado pelos austríacos. Logo que Paris foi tomada, Napoleão abdicou do poder. A família de Rivail, aflita, sofria com a guerra que tomou as ruas de sua cidade. Hippolyte contava, então, com a idade de 11 anos. Jeane-Louise, sua mãe, havia perdido um casal de filhos e experimentou uma gravidez de grande risco para ter o terceiro filho.


Temerosa, portanto, Jeane-Louise, junto a Rivail, que agora era tudo para sua mãe, tomam a estrada para a Suíça e na cidade de Yverdon, cantão de Vaud, chegam no Castelo onde funcionava o Instituto de Pestalozzi.

Ali estudavam cerca de cento e cinquenta alunos, cuja metade era constituída de estrangeiros, dentre os quais franceses, ingleses, brasileiros e estadunidenses. Verdadeira mistura de línguas e culturas.

No instituto havia o grupo de alunos que podiam pagar pelos estudos e o grupo que estudaria de graça. O pagamento dos primeiros permitia o estudo dos demais. Jeanne considerou que sua família tinha condição de pagar. Para tanto, no ano de 1815 colocou um imóvel à venda, o que custearia as despesas com a educação de Rivail.

A vida dos alunos em Yverdon era dotada de grande liberdade, portas do castelo abertas e o clima de uma verdadeira família. O período de aulas era de dez horas diárias e cada aula era ministrada no prazo de uma hora, seguida de intervalo.

As atividades, regadas de recreações, desenvolviam-se em práticas, como natação, ginástica, jardinagem e outros trabalhos manuais. No período noturno, entre dezenove e vinte horas, havia uma aula livre, onde os alunos correspondiam com os pais, desenhavam ou adiantavam seus deveres.

O estudo de geografia ocorria durante caminhas pelos campos e montanhas. A botânica consistia no estudo de plantas nos lugares onde nasciam. As datas festivas integravam os alunos à sociedade. Também havia aulas de canto, sempre presentes durantes os recreios e passeios.

A pedagogia de Pestalozzi nem de longe copiava Santo Agostinho. Não havia qualquer modalidade de castigo ou recompensas. Nada era obtido por meio de coação ou medo. A disciplina era conquista da afeição e do dever sincero. Fruto do amor com o qual todos eram recebidos. As crianças aprendiam e se desenvolviam pelo próprio interesse.

No castelo de Yverdon, sob a orientação de Pestalozzi, todos os jovens aprendiam por meio de suas próprias descobertas. Aprendiam a aprender, como também a ensinar. Os próprios alunos tornavam-se educadores. Como relata o próprio Pestalozzi: "obrigado a instruir sozinho, sem outros para ajudar naquela tarefa, aprendi a arte do ensino mútuo" (SOËTARD, 2010). Havia naquela escola, portanto, a verdadeira liberdade de pensar.

Compreender a pedagogia de Pestalozzi e sua influência no homem em que se transformaria Rivail não é tão difícil. Uma das citações presentes no meio espírita é que toda análise deve passar pelo crivo da razão, da lógica e do bom-senso. A base do ensino de Pestalozzi passava por essa ideia. Ante a gama de percepções que chegam ao aprendiz pelos sentidos, tudo de maneira caótica e desconexa, a conquista da informação e sua apreensão pela memória é uma conquista da lógica e da razão.

Não adianta obrigar ninguém a aprender nada. Decorar e memorizar sem que seja uma conquista do trabalho lógico da razão não é sinônimo de conhecimento. As informações permanecerão amontoadas na memória e a pergunta "qual a utilidade" ficará sem resposta.

Para Pestalozzi, o esforço, a observação e a meditação permitem que a descoberta seja fruto do trabalho pessoal do aluno de aprender a apreender. Esse processo considera a intuição como fundamento do conhecimento e da instrução. Seria uma espécie de visão mental; a faculdade de ver ou discernir mentalmente aquilo que não se pode perceber por meio dos sentidos.

Conforme FIGUEIREDO (Maat, 2016) "a educação de Pestalozzi certamente foi responsável por Rivail adquirir a prática da investigação aliada à liberdade de pensamento, recursos fundamentais para sua futura carreira como pedagogo que também o qualificavam adequadamente para a sua liderança frente ao espiritismo".

Sobre o castelo que abrigou o Instituto de Pestalozzi, vale a pena salientar que, depois do ano de 1838, passou a abrigar uma escola pública, com a criação de novas salas de aula, erguendo-se paredes e divisórias, janelas adicionais, que mudaram a fachada do castelo. 

Depois do ano de 1950, essas salas de aula foram gradualmente abandonadas. Em 1974 saíram as últimas classes. Restaurou-se a estrutura medieval do castelo, que hoje é um centro cultural que abriga um museu regional, um teatro e várias salas de conferências, bem como a mais antiga biblioteca pública da Suíça (1763).

A formação de Rivail continua, pois, são várias as influências que recebeu na sua formação. Mas, esta é outra história.

Uberaba-MG, 25 de maio de 2021.
Beto Ramos

Fontes: Além das citadas, também, Wikipédia.


DESTAQUE DA SEMANA

A DOUTRINA DOS ESPÍRITOS NÃO É ASSUNTO QUE SE ESGOTA EM UMA PALESTRA

  EM SUAS VIAGENS KARDEC MINISTRAVA ENSINOS COMPLEMENTARES AOS QUE JÁ POSSUIAM CONHECIMENTO E ESTUDO PRÉVIO. Visitando a cidade Rochefort, n...