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sexta-feira, 27 de abril de 2018

HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI



DIFERENTES ESTADOS DA ALMA NA ERRATICIDADE


"Allan Kardec e as Cidades Espirituais"

Para escrever sobre esse tema, uma visita a O Livro dos Espíritos torna-se importante.

No Livro 4º, capítulo II, tratando de PENAS E GOZOS FUTUROS, na questão 961, o Codificador questiona acerca do sentimento que domina a maioria dos homens, a dúvida, o medo ou a esperança. Sua referência diz respeito ao que é reservado a todos após a morte. A resposta é: "a dúvida para os céticos endurecidos; o medo para os culpados; a esperança para os homens de bem".

Allan Kardec, comentando a questão 962, disse: “A consequência da vida futura se traduz na responsabilidade dos nossos atos. A razão e a justiça nos dizem que, na distribuição da felicidade a que todos os homens aspiram, os bons e os maus não poderiam ser confundidos. Deus não pode querer que uns gozem dos bens sem trabalho e outros só alcancem com esforço e perseverança. A ideia que Deus nos dá de sua justiça e de sua bondade, pela sabedoria de suas leis, não nos permite crer que o justo e o mau estejam aos seus olhos no mesmo plano, nem duvidar de que não recebam, algum dia, uma recompensa e outro e o castigo, pelo bem e pelo mal que tiverem feito".

Alguns, para refutarem a notícia da existência de cidades espirituais socorrem-se a questões existentes neste capítulo e sua sequência. Todavia, exploram as respostas como o faziam aqueles que liam a Bíblia com o desejo de dominar seus semelhantes. Ou, o que é pior, para fazer valer a doença do ponto de vista, tão rebatido por Kardec como nos indica ao explicar o que seria a Revista Espírita criada no ano de 1958.

Contudo, é necessário "lutar no campo do adversário". E é assim que procedemos. Na questão 972, explica-se o procedimento dos maus espíritos para tentar outros espíritos. E a consequente resposta: "se as paixões não existem MATERIALMENTE, existem, entretanto, NO PENSAMENTO DOS ESPÍRITOS ATRASADOS. Os maus entretêm esses pensamentos, arrastando suas vítimas aos lugares onde deparam com essas paixões e com tudo o que as possam excitar". Concluiremos com Kardec e os Espíritos Superiores que O PENSAMENTO É TUDO!

O Professor de Lyon então pergunta (questão 972-a), mas para que servem essas paixões, se lhes falta objeto real- Assim é, precisamente, para o seu suplício: O AVARENTO VÊ O OURO QUE NÃO PODE POSSUIR; O DEVASSO, AS ORGIAS DE QUE NÃO PODE PARTICIPAR; O ORGULHOSO, AS HONRAS QUE INVEJA E DE QUE NÃO PODE GOZAR.

Para nós é uma visão mental, pois, o pensamento é tudo. Notemos que o tema alude a Espíritos desencarnados. Imaginemos! Se estão vendo, vêem onde?

O importante, todavia, é deixar a palavra para Allan Kardec que leciona: “[...] A razão mais esclarecida nos ensina que a alma é um ser inteiramente espiritual e por isso mesmo não pode ser afetada pelas impressões que não agem fora da matéria. Mas disso não se segue que esteja livre de sofrimentos, nem que não seja punida pelas suas faltas”.

Allan Kardec está dizendo que é preciso perder os laços que prendem à matéria para que o ser torne-se inteiramente espiritual, uma vez que nossas faltas decorrem das imperfeições ligadas à matéria.

Ora, se na questão 972 foi explicado que um Espírito desencarnado arrasta o encarnado para satisfazer desejos materiais, como acontece, então, o processo? Na questão 980 compreende-se que há um laço de simpatia que UNE os Espíritos da MESMA ORDEM. Espíritos formam no mundo INTEIRAMENTE ESPIRITUAL as famílias do mesmo sentimento. COMO OCORRE ENTRE OS SERES HUMANOS O AGRUPAMENTO EM CATEGORIAS. (famílias, no sentido de comunidades, coletividade de espíritos, etc.).

Porém, Allan Kardec, como sempre, lúcido, faz um comentário sobre a questão 997 onde diz: “Não se deve esquecer que após a morte do corpo O ESPÍRITO NÃO É SUBITAMENTE TRANSFORMADO. Se sua vida foi repreensível é que ele era imperfeito. ORA, A MORTE NÃO O TORNA IMEDIATAMENTE PERFEITO. Ele pode persistir nos seus erros, nas suas falsas opiniões, em seus preconceitos ATÉ QUE SEJA ESCLARECIDO PELO ESTUDO, PELA REFLEXÃO E PELO SOFRIMENTO".

Segundo o Codificador, temos os Espíritos que se reúnem em famílias espirituais e já estão mais adiantados, mas, existem outros que não estão adiantados. É nesse sentido que o Professor Rivail irá discorrer sobre a DURAÇÃO DAS PENAS FUTURAS, sofrimentos submetidos às LEIS QUE  REGEM O UNIVERSO E REVELAM  A SABEDORIA E A BONDADE DE DEUS.

Aprendemos com o Apóstolo Paulo em magnífico texto em O Livro dos Espíritos que: “gravitar para a unidade divina, esse é o objetivo da Humanidade”. Em nosso entendimento o Apóstolo afirma que evoluir é retornar ao Criador e gozar da dádiva de com Ele ser Um, não no sentido de desaparecimento, mas, no de INTEGRAÇÃO, compartilhar da mesma natureza em bondade e justiça.

No capítulo mencionado, não encontramos outro desejo do Codificador que não seja REFUTAR os dogmas e as crenças existentes sobre a existência de PARAÍSO, INFERNO, PURGATÓRIO. PARAÍSO PERDIDO E PECADO ORIGINAL. 

Quando o Codificador mencionar LUGAR DEFINIDO NO ESPAÇO será para ESSA FINALIDADE. Apesar de ser claro esse interesse, vamos explicar: o codificador está questionando os Espírito se há um paraíso de delícias ou uma prisão para os Espíritos.

Como afirmamos no início, aquele que tem ideia fixa, acrisolado num pensamento desprovido do arejamento necessário à pesquisa, DESVIA o tema tratado e usa a questão 1011 de O Livro dos Espíritos para refutar existência de cidades espirituais. Mas, esse era o assunto? Não parece ser "fuga de tema", como quando pedimos ao estudante para escrever sobre um assunto e ao discorrer sobre o mesmo ele simplesmente fala de outra coisa?

Refletindo com Kardec
O tema tratado não se refere a CIDADES ESPIRITUAIS, mas, nenhuma das respostas dos Espíritos refutam a existência das mesmas. A questão feita é: "um lugar circunscrito no Universo ESTÁ DESTINADO ÀS PENAS E AOS GOZOS DOS ESPÍRITOS, de acordo com os seus méritos?

Dizem os Espíritos Superiores: "já respondemos a essa pergunta. As penas e os gozos são inerentes ao grau de perfeição do Espírito. Cada um traz em si mesmo o princípio da sua própria felicidade ou infelicidade. E como eles estão por toda parte, NENHUM LUGAR CIRCUNSCRITO OU FECHADO SE DESTINA A UNS OU A OUTROS. Quanto aos Espíritos encarnados, são mais ou menos felizes ou infelizes segundo o grau de evolução do mundo que habitam".

Ora, se a resposta fosse outra teríamos que desconfiar desses espíritos, pois, repete-se o ensinamento do Cristo que diz: "o espírito sobre onde quer, você não sabe de onde vem e nem pra onde vai". Disso, todavia, não decorre a inexistência de Cidades Espirituais, pois, é o mesmo Jesus quem diz: "e seu Eu for e preparar um lugar para vós, venho novamente, e vos tomarei para mim mesmo, a fim de que onde eu estiver, vós estejais também" (Jo 14:3).

Voltando a Kardec e a O Livro dos Espíritos:
1. O assunto é: PENAS E GOZOS FUTUROS.
2. A pergunta é: LUGAR PARA CUMPRIR PENAS E PARA SATISFAZER-SE DE UMA ATIVIDADE FÍSICA, MORAL OU INTELECTUAL.
3. A resposta é: NÃO! Os Espíritos estão por TODA PARTE, portanto, AS PENAS E A FELICIDADE poderão ser cumpridas ou gozadas EM QUALQUER LUGAR.
4. Conclui-se que: NÃO HÁ LUGAR LIMITADO POR LINHA OU SUPERFÍCIE, CUJOS LIMITES MATERIAIS FORAM BEM TRAÇADOS para cumprir penas futuras ou gozar de felicidade.

A CONCLUSÃO DE KARDEC é que Inferno e Paraíso não existem COMO os homens os representam.

Os Espíritos Codificadores concordam e respondem: "não são mais do que figuras: OS ESPÍRITOS FELIZES E INFELIZES ESTÃO POR TODA PARTE. ENTRETANTO, COMO JÁ O DISSEMOS TAMBÉM, OS ESPÍRITOS DA MESMA ORDEM SE REÚNEM POR SIMPATIA. Mas podem se reunir-se onde quiserem quando perfeitos.

Parece que os Espíritos estão falando novamente sobre os Espíritos se reunirem em algum lugar não é mesmo? E mais, que isso ocorre por simpatia (tanto para os bons quanto para os maus).

Na questão 1012 Kardec pergunta sobre "o que se deve entender por Purgatório"? A resposta é: "dores físicas e morais: é o tempo da expiação". Uma parte bem interessante da resposta, REFUTANDO A EXISTÊNCIA DE PURGATÓRIO, QUE FOI CRIADO POR OUTRAS DOUTRINAS se segue: "é QUASE SEMPRE NA TERRA que fazeis vosso purgatório e que Deus vos faz expirar as vossas faltas".

Ora, se é "quase sempre na Terra", NEM SEMPRE É NA TERRA. Então, onde seria?

Para nós outros, está claro que o assunto tratado por Kardec refere-se aos dogmas criados e "vendidos" como verdades, adulterando o próprio Evangelho de Jesus. Não há referência a cidades espirituais, como também não há nenhuma refutação das mesmas (ao menos neste capítulo). As respostas dadas pelos Espíritos não deixam dúvidas quanto:
a) Espíritos felizes e infelizes estão por toda parte;
b) Os da mesma ordem se reúnem por simpatia;
c) Não há um lugar TRAÇADO POR DEUS para que eles ocupem (livre arbítrio para o ir e vir);
d) Os Espíritos podem ESCOLHER O LUGAR onde vão ocupar na erraticidade;

No entanto, essa ausência de circunscrição não é absoluta, pois, o inferior somente alcança o superior se for de interesse da Obra Divina.

Passemos, agora, a análise da VIDA ESPÍRITA. É na questão 191, que trata da simpatia geral determinada pelas semelhanças, onde se questiona sobre a existência de afeições particulares entre os EspíritosA resposta é positiva e o Espíritos Superiores a comparam com a mesma existente entre os encarnados. Esclarecem, por outro lado que entre os Espíritos O LIAME QUE OS UNE É MAIS FORTE NA AUSÊNCIA DO CORPO, PORQUE NÃO ESTÃO MAIS EXPOSTOS ÀS VICISSITUDES DAS PAIXÕES.

Esta resposta poderá suscitar dúvidas. De pronto buscamos subsídio na questão 260. Nela o Codificador pergunta como o Espírito pode querer nascer entre gente de má vida, e os Espíritos respondem "é necessário ser enviado ao meio em que possa sofrer a prova pedida. Pois bem: O SEMELHANTE ATRAI O SEMELHANTE, [...]".

Na questão 459 sobre a  influência dos Espíritos sobre os nossos pensamentos e ações, a resposta é que sua influência é maior do que supomos, porque muito frequentemente são eles que nos dirigem. Na questão 466 perquire-se o por que da permissão de Deus aos Espíritos nos incitarem ao mal. A resposta revela que "QUANDO MÁS INFLUÊNCIAS AGEM SOBRE TI, ÉS TU QUE AS CHAMAS PELO DESEJO DO MAL, PORQUE OS ESPÍRITOS INFERIORES VEM EM TEU AUXÍLIO NO MAL, QUANDO O TENS A VONTADE DE O COMETER; Eles não podem ajudar-te no mal, senão quando tu o desejas o mal".

Aqui, a comprovação do que já fora observado acima sobre SINTONIA E PREFERÊNCIA, da influência de nossos pensamentos e da Simpatia ou Antipatia que nutrimos uns pelos outros. Trata-se de uma relação de reciprocidade. Os assuntos todos referem-se a Espíritos na Erraticidade.

Recordemos o que é Espírito (questão 76). Revelam os Espíritos: "[...] são os seres inteligentes da criação. ELES POVOAM O UNIVERSO, ALÉM DO MUNDO MATERIAL". Não se esqueça que a Cidade é Espiritual, isto é, além do mundo material.

Buscando estudar a obra como um grande edifício, percebemos uma importante questão efetuada e que é muito importante para a questão investigada. Na questão 84 Allan Kardec perguntou: "os Espíritos constituem UM MUNDO À PARTE, ALÉM DAQUELE QUE VEMOS"Os Espíritos responderam: "SIM, O MUNDO DOS ESPÍRITOS OU DAS INTELIGÊNCIAS INCORPÓREAS". Estranho pensar que esse mundo mais importante, preexistente e que sobrevive a tudo não esteja em lugar nenhum como querem os confrades que refutam as cidades espirituais.

Voltemos à questão dos limites, da LOCALIDADE ocupada pelos Espíritos, pois, aqui também o Codificador questionou os Espíritos - Questão 86: "OS ESPÍRITOS OCUPAM UMA REGIÃO CIRCUNSCRITA E DETERMINADA NO ESPAÇO"? Resposta: OS ESPÍRITOS ESTÃO POR TODA PARTE; Povoam ao infinito os espaços infinitos, sendo que:
1. Há os que estão ao vosso lado, observando-vos e atuando sobre vós, sem o saberdes.
2. Os Espíritos são forças da Natureza e os INSTRUMENTOS de que Deus se serve para o cumprimento de seus desígnios providenciais.
3. MAS, NEM TODOS VÃO A TODA PARTE, PORQUE HÁ REGIÕES INTERDITADAS AOS MENOS AVANÇADOS.

Vemos que o ir e vir dos Espíritos é relativizado, porquanto há regiões interditadas aos menos avançados. Uma força moral os impedem de avançar até aqueles locais onde estão os Espíritos Puros, por exemplo, senão vejamos:

Sabemos que os Espíritos podem cruzar os espaços rápidos como o pensamento, observando a distância ou fazendo-a desaparecer por completo. ISSO, porém, DEPENDE DA SUA VONTADE, mas, também da SUA NATUREZA, SE MAIS OU MENOS DEPURADA. O mesmo ocorre com a possibilidade de penetrar o ar, a terra, as águas e o fogo. Tudo DEPENDE DO GRAU DE PUREZA DE CADA UM.

Não sendo os Espíritos todos iguais, conforme a questão 96, aprendemos que entre eles há hierarquia, pois, são de diferentes ordens, SEGUNDO O GRAU DE PERFEIÇÃO A QUE TENHAM CHEGADO. Não há um número determinado de ordens de Espíritos, porém, é possível os classificar em três ordens distintas, onde na primeira se encontram os que já chegaram à perfeição, na segunda os que estão desejosos do bem e com ele se preocupam e, na terceira, estão os imperfeitos, ignorantes, que desejam o mal e são arrastados pelas más paixões que lhes retardam o desenvolvimento.

Abaixo estão algumas questões de interesse à nossa reflexão (temos que estudá-las):

Questão 186 – Há mundos em que o Espírito, deixando de viver num corpo material, só tem por envoltório o perispírito? Sim, e esse envoltório torna-se de tal maneira etéreo, que para vós é como se não existisse; eis então o estado dos Espíritos puros.

Questão 223 – A alma se reencarna imediatamente após a separação do corpo? Às vezes, imediatamente, mas na maioria das vezes depois de intervalos mais ou menos longos.

Questão 224 – O que é a alma, NOS INTERVALOS DA ENCARNAÇÕES? ESPÍRITO ERRANTE (que aspira a um novo destino E O ESPERA). 

Pensamos que se fosse chamado de Espíritos Esperantes as pessoas ERRARIAM menos quando usam essa definição. Pois, na verdade, ERRANTES são, também, aqueles que não entenderam o que as expressão quer dizer.

Lembramos que esse intervalo poderá ser de horas ou alguns milhares de séculos. Não existe limite. Pode ser prolongado, mas, nunca perpétuo. Há oportunidade para o Espírito recomeçar uma existência que lhe sirva no progresso. O intervalo pode ser consequência do livre-arbítrio ou decorrer de uma expiação (determinada por Deus).

No estado de Espírito Errante, onde o desencarnado aguarda nova oportunidade para retornar à uma existência corpórea, esses mesmos Espíritos podem prolongar o tempo entre uma encarnação e outra para fins de PROSSEGUIR ESTUDOS QUE NÃO PODEM SER FEITOS COM PROVEITO A NÃO SER NO ESTADO DE ESPÍRITO.

Questão 227 – De que maneira se instruem os Espíritos errantes, pois certamente não o fazem da mesma maneira que nós? Estudam o seu passado e procuram o meio de se elevarem. Veem e observam o que se passa nos lugares que percorrem; escutam os discursos dos homens esclarecidos e os conselhos dos Espíritos mais elevados que eles, e isso lhes proporcionam ideias que não possuíam.

Questão 232 – No estado errante, os Espíritos podem ir a todos os mundos? [..] Quando o Espírito deixou o corpo, AINDA NÃO ESTÁ COMPLETAMENTE DESLIGADO DA MATÉRIA E PERTENCE AO MUNDO EM QUE VIVEU OU A UM MUNDO DO MESMO GRAU; [..].

Questão 234 – Existem [..] mundos que servem de estações ou de lugares de repouso aos Espíritos errantes? SIM, há mundos particularmente destinados aos seres errantes, mundos que eles podem habitar temporariamente, ESPÉCIE DE ACAMPAMENTOS, de lugares em que possam REPOUSAR DE ERRATICIDADE MUITO LONGAS, que são sempre um pouco penosas. São posições intermediárias entre os outros mundos, graduados de acordo com a NATUREZA DOS ESPÍRITOS QUE PODEM ATINGÍ-LOS, E QUE NELES GOZAM DE MAIOR OU MENOR BEM-ESTAR.

Ora, essa resposta faz alusão à possibilidade, segundo méritos próprios, de os Espíritos ainda na Erraticidade, visitarem locais para refazimento de longas esperas, onde, não havendo penas eternar, como não havendo felicidades eternas, devem estar em atividade. Aliás, Jesus ensinou que: "Meu Pai Trabalha, Eu também Trabalho". Nesses mundos transitórios os Espíritos podem deixa-los para seguir seu destino (evoluir – reencarnar). Durante tais estadias os Espíritos se reúnem com o propósito de se instruírem e CONSEGUIR mais facilmente obter a permissão de ir a lugares melhores.

Questão 237 – A alma, uma vez no mundo dos Espíritos, tem ainda as percepções que tinha nesta vidaSIM, E OUTRAS QUE NÃO POSSUÍA, PORQUE O SEU CORPO ERA COMO UM VÉU QUE A OBSCURECIA.

Quanto ao conhecimento os Espíritos inferiores não sabem mais do que os homens, mas, ainda sobre a questão da existência de cidades espirituais, vejamos o que dizer da resposta longa dada pelos Espíritos Superiores à questão 402 de O Livro dos Espíritos da qual extraímos a afirmativa a seguir:

“[...] O sono liberta parcialmente a alma do corpo. Quando o homem dorme, momentaneamente se encontra no estado em que estará de maneira permanente após a morte. Os Espíritos que logo se desprendem da matéria, ao morrerem, tiveram sonhos inteligentes. ESSES ESPÍRITOS, QUANDO DORMEM, PROCURAM A SOCIEDADE DOS QUE LHES SÃO SUPERIORES: VIAJAM, CONVERSAM E SE INSTRUEM COM ELES; TRABALHAM MESMO EM OBRAS QUE ENCONTRAM CONCLUÍDAS AO MORRER”.

Ora, além de buscar a sociedade dos que lhe são superiores, vemos, também, que os Espíritos encarnados, no período que se libertam da matéria, reúnem-se em assembleias, como respondido na questão 417, cuja resposta é a seguinte: "SEM NENHUMA DÚVIDA. OS LAÇOS DE AMIZADE, ANTIGOS OU NOVOS, REÚNEM ASSIM, FREQUENTEMENTE, DIVERSOS ESPÍRITOS QUE SE SENTEM FELIZES DE SE ENCONTRAR".

Mas, é importante NÃO ESQUECER QUE ACIMA FOI AFIRMADO PELOS ESPÍRITOS QUE TRABALHAMOS EM OBRAS (sejam elas, intelectuais ou não).

Finalmente, em O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, onde o Codificador cita o Evangelista João, há um título muito interessante que deve ser lido em consonância com o Livro dos Espíritos. Nele o Codificador explica sobre erraticidade. Sob o título: DIFERENTES ESTADOS DA ALMA NA ERRATICIDADE, vemos que, estando o ESPÍRITO DESENCARNADO E AGUARDANDO NOVA OPORTUNIDADE DE OCUPAR UM VASO FÍSICO, a Misericórdia Divina cumpre a promessa do Cristo, ofertando moradas pelo Universo sem fim, a Casa do Pai, como nos esclarece Allan Kardec.

Disse-nos Jesus: “Não se turbe o vosso coração. Crede em Deus, crede também em mim. – Há muitas moradas na casa de meu pai. Se assim não fosse, eu vo-lo teria dito; pois vou preparar-vos o lugar. E depois que eu me for, e vos aparelhar o lugar, virei outra vez e tomar-vos-ei para mim, para que lá onde estiver, estejais vós também”. (João, XIV, 1/3).

Há confrades chamando Jesus de mentiroso, ou, que é muito pior, não acreditam em Jesus, pois, DUVIDAM QUE O ESPIRITISMO É CRISTÃO. Afirmamos o contrário. A missão do Espiritismo é reavivar o sentimento que nutria os corações dos cristãos do primeiro século até que a doutrina fosse deturpada a partir do Concílio de Nicéia (ano 325, d.C) e o Imperador Constantino.

Não podemos nos comparar em sentimento e muito menos conhecimento (inteligência) daqueles cristãos. É importante lembrar que os 12 escolhidos conviveram com o Governador Espiritual do Orbe e entre os continuadores tivemos Lucas e Paulo (cujas culturas, inteligência, compreensão do divino e envergadura moral estamos longe de conhecer).

Voltemos sobre o tema do Evangelho devolvendo a palavra ao Professor Allan Kardec que explica: 

“Independentemente da diversidade de mundos, essas palavras também podem ser interpretadas pelo estado feliz ou infeliz dos Espíritos na erraticidade. CONFORME FOR ELE MAIS OU MENOS PURO E LIBERTO DAS ATRAÇÕES MATERIAIS, O MEIO EM QUE ESTIVER, O ASPECTO DAS COISAS, AS SENSAÇÕES QUE EXPERIMENTAR, AS PAERCEPÇÕES QUE POSSUIR, TUDO ISSO VARIA AO INFINITO”.

Prossegue o Codificador:


“Enquanto uns, por exemplo, NÃO PODEM AFASTAR-SE DO MEIO EM QUE VIERAM, outros se elevam e percorrem o espaço e os mundos. ENQUANTO CERTOS ESPÍRITOS CULPADOS ERRAM NAS TREVAS, os felizes gozam de uma luz resplandecente e do sublime espetáculo do infinito. ENQUANTO, ENFIM, O MALVADO, CHEIO DE REMORSOS E PESARES, FREQUENTEMENTE SÓ, SEM CONSOLAÇÕES, SEPARADOS DOS OBJETOS DE SUA AFEIÇÃO, GEME SOB A OPRESSÃO DOS SOFRIMENTOS MORAIS, o justo, junto aos que ama, goza de indizível felicidade. ESSAS TAMBÉM, SÃO PORTANTO, DIFERENTES MORADAS, EMBORA NÃO LOCALIZADAS NEM CIRCUNSCRITAS”.

Lembramos aos estudiosos sérios que todas essas localidades que circunscrevem muitos de nossos amados irmãos que se encontram na erraticidade são muito bem descritas e retratadas em obras sérias. Todavia, alguns preferem o véu da incredulidade. Como se isso fosse modificar alguma Lei Divina ou atenuar as faltas. Carecemos de REFORMA ÍNTIMA, isto é, DESTRUIR TODO O MAL QUE HÁ EM NÓS. Na reforma "a treva não retém a luz".

Conclusão:
Será que o Codificador estava falando de mundos transitórios, no sentido lato da expressão, pois, não estão localizados e nem circunscritos? Mas, avançando com a fé raciocinada pensamos que se trata de MUNDOS CRIADOS PELO PENSAMENTO COLETIVO ONDE VIGE A SINTONIA E A PREFERÊNCIA COMUM. 

É importante refletir sobre o que Allan Kardec, nesse texto de introdução ao Capítulo III – Há Muitas Moradas na Casa de Meu Pai, nos reportou. Por vezes um pouco de meditação séria é como caldo de galinha. O Espiritismo não é só para ser lido, é, também, para ser estudado, mas, todo conhecimento torna-se sabedoria quando MEDITADO SERIAMENTE.

Ficamos com Kardec, pois, há muitas moradas na casa de meu Pai e Ele não seria misericordioso se não permitisse aos Espíritos se reunirem em locais onde ainda experimentariam situações das quais não se desvencilharam (desmaterializaram). E, só para lembrar, como encarnados usamos cimento, como Espíritos, O PENSAMENTO, afinal para os Espíritos o pensamento é tudo.

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. São Paulo: LAKE, 2013.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. São Paulo: LAKE, 2013.

terça-feira, 17 de maio de 2016

ESTRUTURA DO EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO



O Evangelho Segundo o Espiritismo é uma obra que se dedica a explicar as máximas morais do Cristo em acordo com a Doutrina dos Espíritos, cujo objetivo é que sejam aplicadas ao cotidiano de cada ser humano. Um livro que demonstra o que é uma fé inabalável: “aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade”.

Por meio dos Espíritos do Senhor, “as grandes vozes do céu”, sob o comando sublime da Verdade, restabelecem todas as coisas mostrando-as no sentido verdadeiro cujo objetivo é “dissipar as trevas, confundir os orgulhosos e glorificar os justos”. Para participar deste concerto divino, tomando cada um o respectivo instrumento, são necessários união e amor, sem prescindir da necessária instrução.

Pretende-se, a seguir, apresentar uma proposta de análise da estrutura da obra, cujo objetivo é facilitar o uso e a compreensão desse manual de instruções do caminho para chegar ao Criador.

A MORAL DO CRISTO – UM CÓDIGO DIVINO
O ensinamento moral de Cristo é um código divino ao qual a própria incredulidade se inclina[1]. É uma regra de conduta abrangendo todas as circunstâncias da vida, privada ou pública, o princípio de todas as relações sociais fundadas sobre a mais rigorosa justiça e, acima de tudo, o caminho infalível da felicidade esperada. É um canto do véu levantado sobre a vida futura.

O ORGANIZADOR DO ESPIRITISMO
O escolhido pelo Espírito da Verdade, ouviu falar pela primeira vez em mesas girantes no ano de 1854[2]. Os fenômenos extraordinários não abalaram o seu raciocínio lógico, eis que mesas são desprovidas de cérebros para pensar e nervos para sentir. Eram fenômenos espíritas os quais estava longe de imaginar do que se tratavam. Testemunha pessoal dos fenômenos no ano de 1855, ao contrário dos demais, viu algo muito sério - talvez a revelação de uma nova lei – que se propôs a investigar. Em seus primeiros estudos sérios sobre o Espiritismo foi auxiliado pelo Espírito Zéfiro que, apesar de não ser muito adiantado, era assistido por Espíritos Superiores. À ciência espírita aplicou o método experimental, não aceitando teorias preconcebidas. Observação, comparação, dedução e encadeamento dos fatos foram úteis para compreender naqueles fenômenos a chave do problema obscuro e controvertido do passado e do futuro da humanidade que iam promover uma revolução completa nas ideias e nas crenças do mundo. Prudência, reserva, seriedade e racionalidade moveram o proceder de Kardec.

Nos primeiros resultados tornou-se provada a existência do mundo invisível. Com perguntas previamente preparadas e metodicamente arranjadas, obtinha respostas precisas, profundas e lógicas. Contudo, tivera feito uso somente de sessões na intimidade da casa da Sra. Baudin. De posse de um material rico para publicação, teve paciência. Propôs a revisão de todo o trabalho a outros espíritos através da médium Japhet. No entanto, não contente, utilizou-se de sua relação com outros dez médiuns para comparar, fundir, coordenar e classificar com muita mediação o que foi a primeira edição denominada: O Livro dos Espíritos. Allan Kardec contou com o auxílio de um Espírito familiar: o Espírito da Verdade. Apesar de se apresentar por meio de batidas, tratava-se de um Espírito cuja elevação Kardec estava longe de avaliar, e do qual nunca lhe faltou proteção. O Espírito da Verdade o chamou de missionário reformador, eis que sua missão foi a de revolver e reformar o mundo inteiro.

IMITAÇÃO DO EVANGELHO – A CONCEPÇÃO
O futuro Evangelho Segundo o Espiritismo nasceu sob outra denominação. Trabalho realizado em secreto, abordando questões capitais trouxe as máximas para o mundo religioso e excelentes instruções para a vida prática das nações. As questões de alta moral prática foram abordadas sob o ponto de vista do interesse geral, dos interesses sociais e dos religiosos. Tendo em vista que a civilização da Terra encontra-se preparada para sair da penumbra e do nevoeiro que obscurece as inteligências rumo à ordem das esferas radiantes, o Evangelho veio para destruir a dúvida contendo uma doutrina cuja moralidade brilha como raio solar, pois é a mesma ensinada pelo Cristo.

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
Muitos pontos do Evangelho, da Bíblia e dos autores sagrados em geral não são inteligíveis, muitos mesmos não parecem racionais, pela falta de uma chave para lhes compreender o verdadeiro sentido[3]. Todavia, há um código divino onde todos os cultos podem se encontrar. Trata-se de regra de conduta abrangendo todas as circunstâncias da vida privada ou pública e princípio para todas as relações sociais fundadas sobre a mais rigorosa justiça, caminho infalível da felicidade esperada.

Todos admiram a moral evangélica, mas, muitos confiam apenas no que ouviram dizer. Outros na fé originada de algumas máximas que se tornaram proverbiais. Não sabem, contudo, compreender ou deduzir suas consequências, uma vez que estão ausentes os acessórios e circunstâncias nas quais foram dadas, fruto do estudo isolado destas máximas.

PROPOSTA - ANÁLISE DA ESTRUTURA DO EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
O Evangelho Segundo o Espiritismo está dividido em 29 partes contendo introdução, desenvolvimento em 27 capítulos e conclusão no capítulo 28 com uma coletânea de preces. Seu desenvolvimento é completamente ordenado e didático, desde a introdução até sua conclusão, conforme se verá abaixo:

INTRODUÇÃO
Mostra o conteúdo da obra, sua natureza e universalidade, e a presença da doutrina espírita desde a antiguidade.

CAPÍTULO 1 – NÃO VIM DESTRUIR A LEI
(Kardec inicia sua obra mostrando que o Espiritismo é uma doutrina cristã e que, respeitando todas as demais confissões de fé, desenvolve a moral evangélico-cristã, completa-a e vai além unindo ciência e religião, sem perder o seu caráter científico-filosófico)

“Foi Moisés quem abriu o caminho; Jesus continuou a obra, e o Espiritismo a arrematará”.[4]

Com o objetivo de dissipar as trevas e restabelecer as coisas, o Espiritismo surgiu com a Missão de revelar à humanidade da Terra a existência e a natureza do mundo espiritual e suas relações com o mundo corporal. Se Moisés apresentou o Deus único aos Hebreus e aos pagãos trazendo o germe da mais ampla moral cristã, apropriada ao estado de adiantamento no qual se encontravam aqueles povos que ela foi chamada a regenerar, o Cristo foi o iniciador da moral mais pura e mais sublime: a evangélico-cristã. A autoridade do Cristo decorre de sua hierarquia espiritual e seu papel foi, também, cumprir as profecias que anunciaram sua vinda, ensinando aos homens que a verdadeira vida não está sobre a Terra, mas, no reino dos céus, mostrando o caminho que a ele conduz e os meios para reconciliação com Deus. Todavia, chegando o momento em que os ensinamentos do Cristo devem receber seu complemento, o Espiritismo levanta um canto do véu, eis que a humanidade encontra-se preparada para saber que o mundo espiritual não é coisa sobrenatural, mística ou maravilhosa, mas, força viva e incessantemente ativa da Natureza.

O Espiritismo anuncia a aliança da ciência com a religião, cada uma examinando as coisas sem contradições mútuas, uma vez que têm o mesmo princípio que é Deus. São as duas alavancas da inteligência humana, a primeira revelando as leis do mundo material e a segunda as leis do mundo moral. Unindo-as estão as leis tão imutáveis como as que regem o movimento dos astros e a existência dos seres – as leis que regem o mundo espiritual, desveladas pelo Espiritismo, que é de ordem divina e repousa sobre leis da Natureza.

CAPÍTULO 2 – MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO
Trata-se da apresentação do mundo espiritual, referindo-se à vida futura, dogma considerado ponto central do ensinamento do Cristo. Completando tal ensinamento, o Espiritismo prova a realidade material demonstrada pelos fatos, tendo em vista que são as testemunhas oculares que vieram descrevê-la em todas as suas fases. Os homens podem, de fato, vir a ser, um dia, anjos e partilhar de sua felicidade. Tudo depende do ponto de vista sob o qual o ser humano examina a vida terrestre, pois, a ideia clara e precisa que se faz da vida futura dá uma fé inabalável no futuro provocando consequências imensas sobre a moralização da humanidade.

CAPÍTULO 3 – HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI
O organizador do Espiritismo explica que o Universo é constituído de mundos que circulam no espaço infinito e oferece, aos Espíritos encarnados, moradas apropriadas ao seu adiantamento. Contudo, informa a existência dos diferentes estados da alma, as diferentes categorias de mundos habitados, qual é a categoria atual da Terra e dos seus habitantes, esclarecendo que há mundos superiores e mundos inferiores e que a Terra passará de mundo de expiações e de provas para mundo de transição e de regeneração.

CAPÍTULO 4 – NINGUÉM PODE VER O REINO DE DEUS SENÃO NASCER DE NOVO
Neste capítulo Kardec esclarece como a humanidade terrestre, sabendo que o reino não é deste mundo e crente na vida futura, poderá transitar pelas muitas moradas da casa do Pai. Conforme o princípio da reencarnação, o espírito poderá soprar onde quiser. “Nascer, morrer, renascer novamente, evoluir sempre”. Tomando como exemplo os mundos na condição de escolas, os estudantes vão alçando séries superiores depois de percorrerem as séries inferiores.

CAPÍTULO 5 – BEM–AVENTURADOS OS AFLITOS
Se o reino de Deus não é deste mundo, a felicidade também não. Tendo em vista que se deve nascer novamente e que os mundos são escolas, as aflições são as dores causadas pela nossa falta de aplicação nos estudos, pois o bom aluno abrevia sua caminhada. Mesmo esquecendo o passado, fruto da misericórdia divina, sofre-se a ação da lei de causa e efeito, as dores são dívidas de faltas passadas. Suportadas pacientemente, com resignação. Assegura-se tranquilidade para o futuro.

CAPÍTULO 6 – O CRISTO CONSOLADOR
Na jornada evolutiva, o ser humano infinitamente pequeno ante o tamanho do Universo, atravessa os ciclos do nascimento e renascimento, sofrendo a ação da lei de causa e efeito, passando por duras aflições. Contudo, cumprindo a promessa de outrora, o Divino Amigo, que ensinou que seu jugo é leve, envia o Consolador. O Espiritismo cumpre esse papel, mostrando a causa das aflições nas existências anteriores e na destinação da Terra, e que os sofrimentos, frutos de nossas ações, são como crises salutares que conduzem a existências futuras e ajudam no progresso da humanidade. Confere, pois, sob a perspectiva da felicidade que o espera, fé inabalável, paciência e resignação. O homem sabe de onde vem, para onde vai e porque está na Terra. O Espiritismo é o Consolador prometido, presidido pelo Espírito da Verdade – Jesus Cristo. OS AFLITOS NÃO ESTÃO SOZINHOS. COMO FIZERA ANTIGAMENTE, O CRISTO VEM TRAZER A VERDADE E DISSIPAR AS TREVAS, ENSINAR E CONSOLAR OS POBRES DESERDADOS, pois a dor foi sagrada no Jardim das Oliveiras e os que choram terão suas lágrimas enxugadas pelos anjos consoladores.

ROTEIRO PARA UMA EVOLUÇÃO BEM SUCEDIDA

CAPÍTULO 7 – BEM–AVENTURADOS OS POBRES DE ESPÍRITO (a)
CAPÍTULO 8 – BEM–AVENTURADOS AQUELES QUE SÃO PUROS DE CORAÇÃO (b)
CAPÍTULO 9 – BEM–AVENTURADOS AQUELES QUE SÃO BRANDOS E PACÍFICOS (c)
CAPÍTULO 10 – BEM–AVENTURADOS AQUELES QUE SÃO MISERICORDIOSOS (d)
A viagem cósmica, tendo como destino as diversas moradas da casa do Pai, requer a verticalização na virtude e não a horizontalização da inteligência. Caso o viajor queira, nascendo de novo, ver novas paisagens que lhe proporcionarão uma felicidade não atingida neste mundo em razão das aflições decorrentes da inferioridade do orbe, cumpre-lhe observar os seguintes pré-requisitos para ascensão escolar:
a) Humildade e afastamento do orgulho, pois, as coisas de Deus são reveladas aos mais simples e pequenos ou àqueles que conhecem a missão do homem inteligente na Terra;
b) Pureza de coração. Deus é visto com o coração. Deve-se superar a infância intelectual da criatura formada. Sendo fracos e viciosos, escravos das paixões materiais, criaturas presas nos círculos inferiores, a infelicidade ignora a esperança;
c) Afabilidade. Doçura, paciência, obediência e resignação se contrapõem à injúria, violência e cólera. O consentimento da razão e do coração são forças ativas que fazem luzir os triunfos do sacrifício e da renúncia carnal;
d) Perdão das ofensas, reconciliação com adversários, severidade consigo mesmo e indulgência com as faltas alheias.

CAPÍTULO XI – AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO
CAPITULO XII – AMAI OS VOSSOS INIMIGOS
CAPÍTULO XIII – QUE A VOSSA MÃO ESQUERDA NÃO SAIBA O QUE FAZ A DIREITA
(A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres e aniquila as misérias sociais)

Porque o bem que eu quero, não faço, mas o mal que não quero esse o faço.[5] O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria e não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.[6]

O organizador do Espiritismo resume as qualidades que o viajor necessita para atingir outros estágios na escala evolutiva. Quem ama não é egoísta, cumpre a lei e pratica inteiramente a doutrina de Jesus, pois, trata-se do sentimento por excelência. Está acima do instinto primitivo, da corrupção das sensações. Demanda instrução e purificação. No seu sentido mais puro, o amor é um sol interior, sentimento que condensa e reúne em seu foco ardente todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas.

Quem ama não é egoísta, tem fé e é caridoso, vê no criminoso o seu próximo, paga o mal com o bem, é indulgente com os inimigos desencarnados, não possui espírito de vingança, não odeia, faz o bem sem ostentação, socorre os infortúnios ocultos, sabe a diferença entre a caridade moral e caridade material, é piedoso e pratica a beneficência. Possui todas as características do homem de bem. Sem amor, é impossível tornar-se um bem-aventurado.

CAPÍTULO XIV – HONRAI A VOSSO PAI E A VOSSA MÃE
Como peça central do Evangelho Segundo o Espiritismo, eis que, excluindo-se a introdução e a conclusão pela coletânea de preces, a obra está divida em 13 capítulos iniciais, o capítulo 14 ao centro e outros 13 capítulos finais. Depois de trazer todas as explicações e ensinamentos, parece que Kardec quis dar uma mensagem. Procuramos extraí-la do diálogo abaixo a transcrito:

“-[...] Senhor, afinal de contas, que vem a ser a nossa vida no lar? Iniciamos a tarefa entre flores para encontrarmos depois pesada colheita de espinhos. No começo é promessa de paz e compreensão; entretanto, logo após, surgem pedras e dissabores... [...] deu-se pressa Jesus em responder: - O lar é escola das almas, o templo onde a sabedoria divina nos habilita, pouco a pouco, ao grande entendimento da humanidade. [...] O lar é um curso ligeiro para a fraternidade que desfrutaremos na vida eterna. Sofrimentos e conflitos naturais, em seu círculo, são lições. [...] Quando chega a morte, a grande selecionadora do alimento espiritual para os celeiros de nosso Pai, os corações que não cederam ao calor santificante, mantendo-se na mesma dureza, [...] serão lançados fora, a fim de permanecerem, por tempo indeterminado, na condição de adubo, entre os detritos da natureza.”[7]

Somos convocados à jornada evolutiva em conjunto com aqueles com os quais devemos seguir, seja por débitos ou por afinidades e simpatias. É no lar que aprendemos a colocar em prática todos os requisitos para vida em sociedade até que a lei de amor substitua a personalidade pela fusão dos seres na grande família universal. Honrar pai e mãe é cumprir a lei de amor na sua maior pureza, sejam eles pais biológicos ou não.

CAPÍTULO XV – FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO
A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres e aniquila as misérias sociais. Amar o Senhor Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o espírito é o maior mandamento. Cumpri-lo fazendo Sua vontade é amar ao próximo como a si mesmo, pois aí reside toda a Lei e os Profetas. A caridade, portanto é o único caminho da salvação juntamente com a humildade. A igreja, como qualquer templo, segundo Estevão, Paulo e Isaías, não é o local da habitação de Deus, eis que este habita em nosso coração. A caridade verdadeira é ação do bem-aventurado, aquele que ama sinceramente e honra a família.

CAPÍTULO XVI – NÃO SE PODE SERVIR A DEUS E A MAMON
Sabendo primeiro que o seu tesouro está onde estiver o seu coração, o apego aos bens materiais afasta o viajor de seguir, pois o prende ao mundo material. Guardar os mandamentos de Deus implica buscar um tesouro no céu, certo de que nenhuma riqueza da Terra o substitui. A fortuna é uma dura prova, deve ser empregada em benefício do coletivo e a avareza e o egoísmo não evitam a morte, mas tendem a prender o indivíduo no mundo inferior.

CAPÍTULO XVII – SEDE PERFEITOS
CAPÍTULO XVIII – MUITOS OS CHAMADOS E POUCOS OS ESCOLHIDOS
CAPÍTULO XIX – A FÉ TRANSPORTA MONTANHAS
O homem de bem que cumpre o seu dever e cultiva a virtude, cuida do corpo e do espírito, recebe a semente numa boa terra, escuta a palavra, lhe presta a atenção e dá fruto. Contudo, sabendo que está em evolução, muitos serão chamados, mas, poucos escolhidos, pois, cada um rende certo número de frutos. Não se comporta como a figueira seca cuja aparência é de pessoa de bem, mas, em realidade nada produz. Confia nas próprias forças, mas confia em Deus mais do que em si mesmo, pois, nada pode sem Ele. Sua fé é inabalável,  pois encara a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade. O homem de bem que, crendo em seu futuro celeste, quer encher sua vida de nobres e belas ações, haure em sua fé, na certeza da felicidade que o espera, a força necessária, e aí ainda se cumprem os milagres de caridade, de devotamento e de abnegação. Enfim, com a fé, não existem más tendências que não possam vencer.

CAPÍTULO XX – OS TRABALHADORES DA ÚLTIMA HORA
A misericórdia divina promove ao reino dos céus mesmo aqueles trabalhadores que chegaram por último, bastando empregar bem essa hora que resta, lembrando que uma existência, mesmo que pareça longa, não é senão um momento bem fugidio na imensidade dos tempos que formam a eternidade, pois, um dia para Deus são Mil anos e Mil anos para Deus é um dia.

CAPÍTULO XXI – HAVERÁ FALSOS CRISTOS E FALSOS PROFETAS
É preciso orar e vigiar, pois se reconhece a árvore pelo seu fruto. Deve-se instruir para não crer em sobrenatural, maravilhoso e miraculoso, eis que conhecida a causa reconhece-se que o fenômeno não passa da aplicação de uma lei natural. “Não acrediteis em todos os Espíritos, provai primeiro se são de Deus”; Melhor será afastar 10 verdades do que crer em 01 mentira.

CAPÍTULO XXII – NÃO SEPAREIS O QUE DEUS JUNTOU
CAPÍTULO XXIII – MORAL ESTRANHA
CAPÍTULO XXIV – NÃO COLOQUEIS A CANDEIA SOB O ALQUEIRE
CAPÍTULO XXV – BUSCAI E ACHAREIS
CAPÍTULO XXVI – DAÍ GRATUITAMENTE O QUE RECEBESTES GRATUITAMENTE
CAPÍTULO XXVII – PEDI E OBTEREIS
- Aquele que pratica a lei do amor e está apto  à evolução não aborrece a obra de Deus.
- Não promove o duelo ou esgrima mental, procurando sempre explicar e instruir, extraindo sempre o espírito que vivifica em detrimento da letra que mata.
- Reparte a luz da sabedoria adquirida para guiar sempre que possível, sem violar consciência, aqueles que dela necessitar.
- Pratica a caridade para ter sempre a Misericórdia Divina.
- Não se enriquece através daquilo que não lhe pertence, sabendo primeiro que todo Dom é uma dádiva de Deus, a qual pode ser retirada de um momento para outro.
- Mantém uma relação com o mundo espiritual e com Deus, pois, por meio da prece atrai para si o auxílio e o concurso dos bons Espíritos que vêm sustentá-lo nas suas boas resoluções e inspirar-lhe bons pensamentos. Sabe que o poder da prece está no pensamento e não nas palavras, no lugar ou  no momento em que é feita. 

RESUMINDO:
O Espiritismo não vem trazer nada que não exista na natureza, tendo a missão de completar esclarece que a lei é revelada misericordiosamente por Deus em porções; e que a revelação ocorre segundo o estado evolutivo da humanidade. Portanto, não vindo destruir a lei, esclarece:
1) O Reino de Deus não é deste mundo, tendo em vista a categoria evolutiva a que pertence o planeta. Sendo este um lugar de provas e expiações e a felicidade não estando presente, o Espiritismo prova a existência de um mundo material e outro espiritual que se relacionam;
2) Olhando para o Universo do ponto de vista que se trata de uma grande “casa do Pai” e promovendo uma aliança entre a ciência e a religião, esclarece que as “muitas moradas” referem-se ao número ilimitado de planetas onde o processo evolutivo é contínuo;
3) O mundo espiritual, como força viva e incessantemente ativa da natureza, é o meio pelo qual o ser humano viaja pela variedade planetária em busca da felicidade, produto da evolução individual, a qual ocorre pelas sucessivas reencarnações, pois, o Reino dos Céus só será visto por quem nascer de novo;
4) A viagem é demorada, o mundo é de expiação, a existência parece eterna, há muita dor nesta evolução, fruto da lei de causa e efeito, aplicada em razão da ação individual, mas, o Pai amoroso que nos oferece sua Casa e a variedade de moradas, não desampara e permite a reparação de erros por meio da dor. É que o mundo não sendo de felicidade, a felicidade individual somente ocorrerá quando alguém estiver sofrendo, resultando daí a obrigação de reparar as ofensas. A dor como educadora passageira torna os aflitos bem-aventurados;
5)  Mas, Deus, na sua infinita Misericórdia, enviou-nos um guia e modelo, um irmão – O Cristo Jesus; aquele que cuida, ama e consola. Este irmão, depois de ter dado o exemplo de como se faz para vencer o mundo material, cumprindo a promessa de outrora, envia para os aflitos o Consolador – O Espiritismo; Este que chega com a missão de unir ciência e religião e provar que todas as leis são divinas e são naturais, que a evolução ocorre em dois mundos;
6) Conforme nosso modelo e guia, a evolução é atingida por aqueles que reunirem as seguintes virtudes: humildade; pureza de coração; mansidão e espírito apaziguador; ser misericordioso (não julgar, ser benevolente, perdoar as ofensas e ser indulgente com as faltas alheias); fazer aos outros o que gostaria lhe fosse feito; mostrar amor a Deus amando os inimigos; ser caridoso sem ostentação;
7) Todos esses ensinamentos começam na abençoada escola chamada lar. A base, alicerce do processo evolutivo está no dever de honrar pai e mãe;
8) Entre quedas e vitórias um só caminho: caridade. Fora da caridade não há salvação. Fazer no plano menor o que Deus faz no plano maior;
9) Vencer as paixões, vencer o mundo material, pois, não se pode servir plenamente a Deus na prisão do materialismo e das riquezas;
10) Ir de encontro sempre rumo à perfeição, pois, muitos serão chamados, mas poucos os escolhidos;
11) Nunca perder a Fé, a Fé genuína, a Fé Espiritual, pois a Fé transporta montanhas;
12) Aproveitar todo o tempo em trabalho voltado para Deus sem olhar para trás, pois o Pai honrará até os trabalhadores da última hora;
13) Vigiar e orar sempre. Obter o máximo conhecimento para não ser enganado por falsos cristos e falsos profetas;
14) Não importa para Deus como será a expressão de Fé, o que não se deve é usar o sagrado para separar o que Deus juntou. A evolução é coletiva;
15) Mesmo que a moral às vezes pareça estranha, busque em Deus e sempre haverá de encontrar;
16) Sempre que der de graça o que de graça receber, peça a Deus com simplicidade, em qualquer hora e lugar e por meio de um simples pensamento, que ele sempre proverá.


[1] KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Trad. Salvador Gentile. Rev. Elias Barbosa. IDE: Araras-SP, 2008.
[2] KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Trad. João Teixeira de Paula. Rev. J. Herculano Pires. LAKE: São Paulo, 2007.  
[3] KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Trad. Salvador Gentile. Rev. Elias Barbosa. IDE: Araras-SP, 2008.
[4] Um Espírito Israelita, Mulhouse, 1861 – A era nova (KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Trad. Salvador Gentile. Rev. Elias Barbosa. IDE: Araras-SP, 2008.)
[5] Paulo Apóstolo – Romanos, Capítulo 7, Versículo 19.
[6] Paulo Apóstolo – 1Coríntios, Capítulo 13, Versículos 4-7.
[7] XAVIER, Francisco C. Jesus no Lar. Ditado pelo Espírito Neio Lúcio. Brasília: FEB, 2104.

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