Seguidores

Pesquisar este blog

domingo, 26 de dezembro de 2021

O PASSE MAGNÉTICO NA OBRA DE ANDRÉ LUIZ (ESPÍRITO)


É comum ouvir relatos no meio espírita acerca do passe magnético. Principalmente quanto à sensações de que algo parece sair das mãos do magnetizador. Alguns dizem que houve aquecimento em suas mãos, outros que há certo formigamento.

Certos médiuns relatam terem 'visto energia ou fluido vital' sendo transmitido para o paciente. Fala-se, inclusive, de cores, entre outros argumentos para fundamentar uma ideia de que haveria 'alguma coisa sendo transferida do magnetizador para o paciente'.

Existem relatos de que essas afirmações estariam em acordo com o conteúdo das obras de André Luiz. Trata-se de um Espírito que se comunicou pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier e que produziu uma obra de fôlego.

Primeiramente, é necessário esclarecer que há uma crítica importante às obras desse e de outros Espíritos, cujas mensagens não foram submetidas ao Controle Universal do Ensino dos Espíritos, método adotado por Allan Kardec a partir da ciência histórica que, ao seu turno, adotava o método dos testemunhos.

No Espiritismo, além dos testemunhos e relatos dos diversos Espíritos, por vários médiuns, desconhecidos entre si e em várias localidades espalhadas pelo planeta, Kardec, também, incluiu, conforme ensinou Paul Janet, a lógica, a razão e o bom-senso na análise das comunicações.

Feita essa ressalva, a intenção nesse texto não é criticar a obra do Espírito, mas, lado outro, aproximar os conceitos apresentados nos livros e demonstrar que há equívoco dos que defendem a ideia de 'alguma coisa sendo transmitida pelas mãos do magnetizador durante o passe', posto que esse não é, definitivamente, o que postulou André Luiz.

Para esse estudo pesquisamos em 02 (dois) livros de autoria de André Luiz, ditados pela via mediúnica à Francisco Cândido Xavier e 01 (hum) ditado a este e a outro: Waldo Vieira. Além de outra fonte bibliográfica principal que deixaremos ao final do texto.

Inicialmente, uma preciosa lição deve orientar o nosso trabalho e a sua leitura. Trata-se do que Kardec chamou de 'a perfeita compreensão'. O que deve permear toda investigação e etudo sério. Conforme ensinou o Codificador em O Evangelho Segundo o Espiritismo: 'não basta crer, é preciso antes compreender'.

Você sabia que André Luiz relata que um dos Espíritos instrutores a que teve acesso viveu na França, conheceu Mesmer e, após, em nova reencarnação apreciou os trabalhos realizados por Allan Kardec? Que o seu interesse era pela mediunidade e o magnetismo?

Verifique, ainda, que sobre os fenômenos mediúnicos de psicografia, 'incorporação e materialização', André Luiz afirma que estudou apenas 'de leve', o que, confessa, é muito pouco em razão da complexidade da mediunidade.

Partindo para o tema proposto, veja que André Luiz demonstra que há equívoco nas afirmações de quem adota a teoria de transferência de fluidos entre magnetizador (no Brasil denominado 'passista') e o paciente. Nas palavras de um dos instrutores há o esclarecimento de que todo fenômeno mediúnico tem por base a mente.

Além disto, usa a expressão 'arrojar a energia atuante do próprio pensamento', cujo resultado é criar em torno do indivíduo o ambiente psíquico que é particular a cada um. Perceba, ainda, o processo: a interação entre indivíduos ocorre pela 'energia mental'. E, o mais importante: é a mente do Espírito quem imprime vontade e direção ao pensamento.

 
André Luiz narra que as ideias, isto é, o produto dos pensamentos resultantes da vontade do Espírito, cuja direção é impressa, transmite-se por onda e em frequência própria. Não é outro o conceito de Mesmer quanto ao magnetismo animal. Veja que não há relato de nada sendo transferido de um indivíduo para outro. Fala-se tão somente em PENSAMENTO.

Na imagem a seguir temos uma inteligência emissora do pensamento e uma receptora deste:



Quanto à sintonia, questão trabalhada por Allan Kardec junto aos Espíritos Superiores, a fim de solucionar a maior ou menor facilidade de comunicação, ou mesmo sua impossibilidade, além de curas instantâneas ou dificuldades em apenas aliviar uma dor física, André Luiz não reporta nada diferente, mas, deixa claro que a sintonia ocorre por meio de ondas, as quais assimilamos, em razão das quais imprimimos a direção.

Alerta, inclusive, para a questão do conhecimento do tipo de onda mental que assimilamos. Portanto, uma magnetização deve ser precedida de uma anamnese do paciente.

Interessante que André Luiz traz "algo novo" para a questão do passe magnético e da cura, o que não se constituirá em 'novidade' no sentido pejorativo. Apenas introduz as descobertas científicas ao assunto. Kardec falou em contato molecular. André Luiz fala em contato celular, coforme veremos a seguir.

Antes de prosseguirmos, em razão de que há muitos adeptos da tese de 'transmissão de alguma coisa do passista para o paciente', é necessário verificarmos alguns conceitos importantes na obra de André Luiz, vejamos:

A matéria é energia tornada visível, que, ao seu turno, é força divina que utilizamos nos mundos onde a matéria se expressa em variados estados de vibração. Ficou meio confuso? É que os Espíritos utilizam os fluidos espirituais ou perispirituais. Como eles usam? Através da vontade que movimenta o pensamento gerando o turbilhão de forças por meio da indução.

Se você está pensando na aula de física, não é outra coisa. É física pura:


Veja que André Luiz utilizou a expressão matéria mental para referir-se a fluidos espirituais e perispirituais. Verifique, agora, o que diz Allan Kardec a respeito:


Lembra que falamos que Allan Kardec referiu-se ao contato entre perispírito e corpo físico por meio de moléculas? Pois bem, no século 19, entre os anos 1840 a 1870, estudava-se as células. André Luiz vai incorporar a ciência no conceito, mas, não modificará em hipótese alguma o que foi ensinado pelos Espíritos Superiores acerca do processo de cura.

E, é bom lembrar, Kardec sempre afirmou que no avanço da ciência, o Espiritismo estaria em conformidade com esta.

Vamos, agora, encaminhar a questão para o passe magnético e a cura. Observaremos que André Luiz compreende o processo conforme o que foi ensinado pelos Espíritos Superiores. Na obra A Gênese verifica-se  interação entre o perispírito e o corpo físico, bem como a causa de certas doenças ser a má natureza dos fluidos espirituais que o Espírito mantém contato e os transmite para o corpo físico:



Veja que André Luiz no livro Evolução em Dois Mundos observa a teoria celular, isto é, o contato do perispírito com o corpo físico ocorre por meio dos bilhões de células que compõem cada órgão e possuem funções exclusivas e trabalhos específicos.

O comando desses bilhões de células é do Espírito:

Importante esclarecer que os espíritas que defendem que o Espiritismo não preconiza a Teoria Moral Autônoma e que Francisco Xavier teria recebido mensagens contrárias a essa teoria, ficando silente e não denunciando, parece, a nosso sentir, estarem equivocados. Não há denúncia mais perfeita que publicar um livro onde há a seguinte mensagem:


Se ainda paira alguma dúvida, perceba que a dor física não passa de sofrimento meramente físico, o qual constitui-se em alarme para que se inicie o procedimento de socorro físico ou espiritual. Nesse caso temos: sofrimento moral no Espírito e sofrimento físico no encarnado.


Para encerrar esse trabalho vamos colacionar como ocorre o processo de autocura na obra de André Luiz. Se você é partidário da teoria do fluido vital, pela qual "alguma coisa é transferida pelo magnetizador ao paciente", certamente isso não deve ser creditado como culpa de André Luiz. Sua teoria é outra, veja:


Verifique que a questão da vontade e do pensamento, com o fim de restaurar a confiança do paciente para soerguer sua vontade e este, autonomamente, inicie o processo de cura comandando seus bilhões de células, é o mesmo da Teoria Espírita e da Teoria de Mesmer quanto à cura pelo passe magnético.


Deixamos aqui a nossa contribuição e esperamos ter deixado claro que NÃO HÁ NA TEORIA ESPÍRITA, NA TEORIA DE MESMER E NA TEORIA DE ANDRÉ LUIZ, transferência de fluido vital do magnetizador para paciente. Também não há transferência de energia. Não se opera transfusão de nada.

O que será "inoculado no paciente" é o pensamento do magnetizador, o qual precisa que esse pensamento seja assimilado (sintonia). O processo ocorre por meio da vontade que coloca esse pensamento em movimento, sendo transmitido por meio de ondas eletromagnéticas. Quem fica pensando em "transferir alguma coisa de si para o outro", certamente, não estará pensando na coisa correta que é:
"DESEJO QUE A VONTADE DO MEU (MINHA) IRMÃO (IRMÃ) SEJA FORTALECIDA NO BEM E QUE ELE QUEIRA DETERMINAR AO SEU CASULO CELULAR QUE INICIE O PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DA HARMONIA ORGÂNICA PERDIDA. QUE O PACIENTE, A PARTIR DE AGORA, SÓ MANTENHA ESSE FOCO NO PENSAMENTO".
Agora que você já sabe como é o processo, poderá fazer um trabalho eficaz junto aos pacientes que serão magnetizados. Faça uma entrevista antes, veja qual é o sofrimento físico do paciente e analise o sofrimento moral porventura existente. Com essas informações você poderá direcionar seu pensamento por meio de sua vontade permanente no bem para alívio ou cura do órgão ou órgãos afetados do paciente.

Isto não é tudo, mas é um caminho.

Uberaba-MG, 26/12/2021
Beto Ramos.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
FIGUEIREDO, Paulo Henrique. Antonomia - a história jamais contada do Espiritismo. São Paulo: FEAL, 2019.
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo.
________. A Gênese. São Paulo: FEAL, 1868 (2018).
________. O Livro dos Médiuns.
XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Valdo. Evolução em Dois Mundos. Brasília: FEB, 2013.
________. Nos Domínios da Mediunidade. Brasília: FEB, 2013.
________. Mecanismos da Mediunidade. Brasília: FEB, 2013.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

A CURA PELO PASSE MAGNÉTICO

 

Para a MEDICINA tradicional a doença e a cura vêm de causas externas. O ser humano é bombardeado pelo meio em que está situado e será o que lhe rodeia, coisas visíveis ou invisíveis a olho nu, que vão lhe causar os males físicos. Pelo mesmo raciocínio, a cura somente poderá advir de causas igualmente externas (remédios, chás, sangrias, amputações, radiações e outras tantas estratégias).

No século 19 acreditava-se que CURAR SERI EXPULSAR O MAL DO CORPO. E, somente por TRATAMENTOS feitos por MÉDICOS poderiam ‘expulsar’ esse mal. A lógica é a mesma de certas religiões para as quais havia a hipótese de que certos males seriam causados por demônios, os quais, também, precisavam ser expulsos do corpo do individuo. E, somente, religiosos habilitados poderiam EXORCIZAR o indivíduo.

Esse é o cenário do século 19 em que o Espiritismo moderno chegou à Terra:

Figura 1

Para bem se compreender melhor o assunto CURA PELO PASSE MAGNÉTICO é necessário voltar ao século 18 para conhecer a figura de FRANZ ANTON MESMER.

Mesmer nasceu em Constança, na Suábia, região que hoje pertence à Alemanha, no dia 23 de maio do ano de 1734. De família católica, em 1743, foi encaminhado pelos pais a um monastério em Constança onde, durante alguns anos, estudou línguas, literatura clássica e música.


Em 1750 ingressou na Universidade da Companhia de Jesus na Baviera onde estudou filosofia chegando ao doutorado. Ali encontrou as obras de Galileu, Descartes, Leibniz, Kepler, Newton e outros.

Em 1754 iniciou o curso de teologia na Universidade da Baviera e cinco anos depois, na Universidade de Viena da Áustria, dedicou seu 1º ano na instituição ao estudo das leis e se transferiu depois para o curso de medicina, considerado o melhor da Europa.

Depois de seis anos de estudo conquistou o Doutorado com a sua Dissertatio physico-medica de planetarum influxu (Dissertação físico-médica sobre a influência dos planetas), sob a égide de Newton e talvez de Paracelso. Em sua dissertação usa pela primeira vez o conceito de fluido universal.

Figura 2


O primeiro tratamento por meio do magnetismo animal feito por Franz Anton Mesmer teve início em 1773. A paciente foi uma parenta de sua esposa e amiga da família Mozart, Franziska Esterlina, uma senhorita de vinte e nove anos, bastante debilitada.

Com a pouca acolhida dada à sua descoberta, em 1775 Mesmer se determinou a nada mais realizar publicamente em Viena. Viajou para diversos países da Europa anunciando a sua descoberta (Suábia, Baviera, Suíça, Hungria e outros países). Publicou uma Carta ao povo de Frankfurt, que representa uma importante fase do desenvolvimento de sua teoria. Em 5 de janeiro, publicou em jornais e panfletos uma Carta a um médico estrangeiro esclarecendo a terapia do magnetismo animal.

Em 1776, Mesmer deixou de fazer uso do ímã como simples condutor do magnetismo animal, para evitar mal-entendidos por parte dos médicos e físicos. Continuou a usar água, garrafas e barras de ferro. Publicou Cartas sobre a cura magnética, esclarecendo a sua tese de doutorado, e as enviou, como divulgação, a alguns médicos. No ano seguinte, Mesmer aceitou como paciente a famosa pianista Maria Theresia Von Paradis, curando sua cegueira e gerando controvérsias.

PROCESSO DO MESMERISMO:

A teoria e a prática da cura proposta por Mesmer considerava o uso de um método com os seguintes recursos:

  •        Passes
  •        Água fluidificada
  •        Imposição de mãos

Mesmer propôs que “a vontade forte de uma pessoa bem intencionada sobre outra doente, pelo contato ou não, e até a certa distância, pode fazer agir uma força vital do “mesmerizador” sadio dotado deste poder sobre outra pessoa dinamicamente”.

Para esse processo são necessários sintonia e vontade para incitar o processo natural de cura próprio do paciente.

Em suas pesquisas Mesmer descobre que era possível provocar o sonambulismo em outra pessoa, cujos sentidos ganham uma profunda ampliação. Em uma das experiências feitas com o grão de pão demonstrou a ampliação da percepção por meio da constatação dos sabores: farinha, sal, fermento, etc. (tudo em separado).

As faculdades ampliadas detectadas no sonâmbulo foram:

  •    Visão à distância
  •    Previsão de fatos futuros
  •   Exames internos de doentes (o sonâmbulo via o interior do organismo)
  •    Descrição de doença
  •    Sugestão de tratamento
  •    Previsão a cura

Mesmer chamou isto de lucidez sonambúlica. O objeto de seus estudos era a alma, por meio do método científico, não havendo nada sobrenatural, nem espírito de sistema.

Constatou-se que a alma age por meio da VONTADE sobre o corpo, como FONTE DE FORÇA necessária para RESTABELECER A SAÚDE. Mesmer descobriu que o princípio da cura está no próprio indivíduo. O processo de cura é de dentro para fora. É no organismo do indivíduo doente que se inicia, intimamente, o processo de cura.

Conforme a Teoria Geral todos os fenômenos naturais (luz, som, eletricidade, calor, etc.) seriam propagados por meio de uma VIBRAÇÃO, nos diversos graus de fluidez do FLUIDO UNIVERSAL.

Em toda a teoria de Mesmer sobre o magnetismo animal, a ação da VONTADE e sua PROPAGAÇÃO por um meio material constitui o PONTO CENTRAL de toda a teoria. VONTADE E PENSAMENTO PROVOCAM VIBRAÇÕES DE AGENTE GERADOR, o que produz efeito à distância por meio de ondas do meio, que se espalham pelo espaço.

Mesmer partiu da teoria cogitada por Newton, onde o movimento animal (isto é, os movimentos musculares) é provocado por vibrações do meio, excitados pelo cérebro pelo poder da vontade, propagados pelo meio de fibras sólidas muito tênues, transparentes, uniformes dos nervos para os músculos, para contraí-los e dilatá-los.

E esse, também, é o conceito da Doutrina Espírita. Segundo Kardec, em A Gênese, de 1868, o fluido perispiritual é o traço de união entre Espírito e Matéria. Durante sua união com o corpo, é o veículo do pensamento do Espírito para transmitir MOVIMENTO ÀS DIFERENTES PARTES DO ORGANISMO, os quais atuam SOB O IMPULSO DE SUA VONTADE, e para REPERCUTIR NO ESPÍRITO AS SENAÇÕES PRODUZIDAS PELOS AGENTES EXTERNOS. Tem por fios condutores os nervos.

De acordo com a ciência do magnetismo animal A CURA não ocorre por ação de uma substância, mas pela SINTONIA, isto é, CONCORDÂNCIA ENTRE DUAS VONTADES, a do magnetizador e a do paciente, motivando a FORÇA NATURAL DO ORGANISMO para restabelecer a SAÚDE. Esse é o princípio essencial. Entre o Espiritismo e o Magnetismo o laço de união fundamental é a TEORIA DA VONTADE. Em 1861, Kardec afirmou que a vontade desempenha papel capital em todos os fenômenos do magnetismo. A vontade participa não como um ser, uma substância ou uma propriedade da matéria, mas, como um atributo do espírito, o ser pensante encarnado ou errante.

A faculdade de cura se explica pela ação do Espírito sobre a matéria elementar. Até certo limite, o Espírito pode lhe modificar as propriedades.

A compreensão do passe nos dias atuais não é condizente com a teoria, observação, experimento e práticas do magnetismo animal de Mesmer. Isso se explica em razão de que alguns magnetizadores se diziam seus discípulos. No entanto, defendiam posições diferentes.

Um deles, DELEUZE, não possuindo conhecimento de conceitos da Física, como o de potencial de força, não abordava o assunto no sentido dos debates entre movimento ondulatório e mecânico. Deleuze, afirmava que os efeitos produzidos são unicamente devidos à natureza, cuja ação é reforçada pela ação do magnetizador.


LAFONTAINE, um magnetizador que fazia oposição à união entre magnetismo e Espiritismo, apoiado pela Igreja, defendeu a teoria do fluindo vital. Esse e outros magnetizadores foram denominados FLUIDISTAS. Nunca viram ou experimentaram pela observação tal teoria, mas, combatiam a ideia de cura baseada na TEORIA DA VONTADE. Para estes, o fluido vital era a CAUSA dos EFEITOS MAGNÉTICOS.

O fato é que o caminho contrário ao proposto por Mesmer se dava em razão de que a comunidade científica das ciências naturais não aceitavam quaisquer questões psicológicas. Lafontaine preferiu negar a verdade para que o magnetismo fosse aceito pela comunidade científica. Algo parecido com o que ocorreu com Galileu sobre o fato de a Terra girar. Por outro lado, Mesmer faz parte do grupo dos que não abandonam a verdade, como é o caso de Giordano Bruno.

Em suma, Lafontaine negava o fenômeno mediúnico. Dizia que a natureza é a do sonambulismo e afirmava não existir comunicação com o mundo dos Espíritos, visto que essa era impossível. Na opinião dos magnetizadores fluidistas materialistas, afastando os conceitos de vontade, alma e pensamento, a ação mecânica e curativa de uma substância acumulada pelo magnetizador é transmitida ao paciente, que a absorve.

Esta é a TEORIA DA SUBSTÂNCIA MATERIAL baseada na Teoria do Fluido Vital de Claude Nicolos Le Cat, que estudou as sensações nos amputados. 

O seu método de pesquisa era a observação, a imaginação e a produção de hipóteses.


Importante ressaltar como e porque se usava a expressão FLUIDO. Essa ideia surgiu para explicar os fenômenos observados repetidamente, considerando a comunicação à distância. Essa comunicação ocorria por “algum meio”. E, a esse, deram o nome de FLUIDO. É daí que surgem os nomes fluido animal, vital, elétrico, etc.

A hipótese fundamental dessa teoria é que a natureza era composta por forças observáveis. Essas forças foram concebidas como SUBSTÂNCIAIS ESPECIAIS. Sua composição era de ÁTOMOS (esferas duras, invisíveis, que possuíam cada uma delas propriedades das diferentes forças).

Para explicar o CALOR pensavam que a sensação causada no indivíduo era provocada por essas esferas, as quais formavam a substância denominada FLUIDO CALÓRICO. Laplace e Lavoisier admitiam essa hipótese para explicar TODOS OS FENÔMENOS DA NATUREZA.

Trata-se de uma TEORIA MATERIALISTA. Perceba que o átomo, a substância, o fluído, tudo é matéria, sendo que a sua transmissão, isto é, ALGO FLUINDO, é toda material, nada psicológico. Flui porque é considerada SUBSTÂNCIA. Segundo EINSTEIN, o calor NÃO É substância, nem mesmo sem peso.

No magnetismo animal a natureza física do universo está relacionada com ESTADOS DE VIBRAÇÃO nos diversas fases de um PLENO, isto é, TODA MATÉRIA SEM QUE EXISTAM VAZIOS. Os sentidos humanos apreendem as vibrações dos meios. Para Mesmer o fluido cósmico é o conjunto de todas as séries da matéria, que é dividida pelo movimento interno, ou seja, o movimento das partículas entre si.

O universo, portanto, está fundido e reduzido a uma única massa. A essência do fluido cósmico é sua fluidez. Não possui nenhuma propriedade, não é elástico e não tem peso. É o meio apropriado para determinar as propriedades de todas as todas as ordens da matéria.

HIPÓTESE è FLUIDO VITAL / EXEMPLO: FLUIDO CALÓRICO

Figura 3


As propriedades são consideradas próprias dessa qualidade do átomo.

Figura 4


Para os partidários da teoria do fluido vital, as propriedades curativas estariam relacionadas com a própria natureza dos átomos dessa imaginária substância especial, sendo ela própria a cura. Nesse caso, o processo se dá por meio de uma quantidade de fluido acumulada no magnetizador que seria transferida por meio de EMISSÃO para o paciente carente dessa substância. A ação, nessa hipótese, estaria relacionada apenas com a quantidade que seria transferida. Os defensores da teoria concluem que, sendo algo físico, os atos mecânicos são possíveis, ou seja: acumular, guardar e transferir. ESSA HIPÓTESE É FALSA.

Figura 5



Aplicando a teoria do fluido cósmico (Mesmer) ao magnetismo animal (Mesmer):

HIPÓTESE è FLUIDO UNIVERSAL:

As propriedades dos fluidos estão relacionadas com a ação do magnetizador. O magnetizador GERA o MOVIMENTO. Esse movimento é uma ONDA, que terá a FREQUÊNCIA equivalente ao TIPO DE PENSAMENTO do magnetizador. Sua POTÊNCIA está relacionada com a FORÇA DA VONTADE empregada pelo magnetizador. É o movimento gerado pelo magnetizador que induz a VONTADE do PACIENTE. A causa da cura do paciente está no esforço do seu organismo em promover seu próprio reequilíbrio. 

Figura 6


Resumindo:

Figura 7


Os fatos envolvidos nesse processo são fisiológicos e psicológicos. Enquanto a teoria de Mesmer propõe uma união entre fenômenos do mundo físico e moral para um mesmo agente gerador, que corresponde aos fenômenos observados pelos Espíritos Superiores no mundo espiritual, os teóricos fluidistas derivaram várias práticas formais sem fundamento no fenômeno, tais como:

1. Limite de quantidade de fluido a ser transmitida.

2. Risco de o magnetizador ficar sem estoque, adoecer ou se esgotar.

3. Colocar as mãos do paciente para cima para o fluido penetrar mais facilmente.

4. Pensar no mau direcionamento do fluido, que passaria ao lado do paciente.

5. Cada magnetizador fluidista passa a criar um ‘sistema próprio’.


Percebemos que todas essas práticas formais não passam de rituais. E é nesse sentido que é preciso recordar a ciência filosófico-espírita que não adota NENHUM tipo de ritual ou formalidade.

No Brasil, compreende-se o passe como sendo um fluído vital se desprendendo do magnetizador, projetando-se para fora, sendo dirigido para o corpo do paciente que, o absorvendo, obterá o efeito curativo dessa substância. Essa é a teoria dos magnetizadores fluidistas do século 19. Mas, não é essa a teoria de Mesmer.

Os princípios do magnetismo animal são diferentes. Além disto, a compreensão do passe no Brasil é diferente do ensino dos Espíritos na obra de Kardec. É preciso lembrar, uma vez mais que a Doutrina dos Espíritos possui caráter progressivo. Não basta ler uma obra e pensar que já sabe o que é e como é alguma coisa. É necessário saber o que foi dito pelos Espíritos Superiores, o que foi objeto de experimento de Allan Kardec e o que está registrado nas obras Espíritas.

Figura 8

Os defensores da corrente fluidista (a mesma defendida no Brasil) deixam de lado o princípio espiritual, quando não o negam absolutamente. Para essa corrente tudo se relaciona com a ação do fluido material e, por isto, estão em oposição de princípios com os espíritas.

Na RE de 1867, Kardec explicou que os magnetizadores fluidistas imaginam os efeitos do magnetismo como uma ação de um fluido fisiológico material, sem relação nenhuma com a alma.

O magnetismo animal de Mesmer não promoveu a teoria do fluido nervoso vital ou magnético, que se desprende do nosso corpo, projeta-se para fora e transporta-se em caso de necessidade através do espaço.

Para saber mais sobre o fluído cósmico universal e como se passam os fenômenos no mundo espiritual, bem como conhecer o papel da vontade e do pensamento no processo de cura, de acordo com a prática espírita e com o ensino dos Espíritos Superiores, é preciso estudar a 2ªParte do Livro dos Médiuns, especialmente o capítulo 8, Laboratório do Mundo Invisível, além do capítulo 14, os fluídos, de A Gênese de 1868.

Uberaba-MG, 22/12/2021.
Beto Ramos

Fonte de pesquisa principal:
FIGUEIREDO, Paulo Henrique de. AUTONOMIA – A história jamais contada do Espiritismo. São Paulo: FEAL, 2019.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

A TEORIA DA QUEDA

 

O anacronismo consiste em atribuir a uma época ou a um personagem ideias e sentimentos que são de outra época, ou em representar em certas obras costumes e objetos de uma época a que não pertencem.

Isso acontece com bastante frequência entre os 'intérpretes' da Bíblia. As citações que constituem o conteúdo desse conjunto de livros foram, inicialmente, transmitidas oralmente. Quando de sua reunião, já foi devidamente comprovado, que os textos pertenciam a épocas diversas, não havendo uma cronologia entre os mesmos. Importante notar que o conteúdo de cada livro apresenta registros distintos. Existem narrativas, novelas, parábolas, contos, história, estória, poesias, cantos, entre outros.

Uma questão que bem comprova a nossa tese refere-se à QUEDA. Existem 'intérpretes' que afirmam estar o tema relacionado com as personagens Adão e Eva, cujo cenário seria a 'expulsão do paraíso', por cometerem o pecado da desobediência (o caso aqui é de expulsão do paraíso - Gn 3:1-24; o problema 'grave' é o fato de comer uma fruta do jardim).

A pergunta é: quando se fala em queda, a personagem que 'cai' é anjo ou é homem? Não é incomum verificar que, a partir dessas contradições, certo 'Lúcifer' surge como um líder  de uma rebelião dotado de forças semelhantes a Deus, constituindo seu reino na Terra.

O fato é que a questão QUEDA é tratada novamente no capítulo 6 do Livro Gênesis. No entanto, a expressões usadas serão: filhos de Deus e filhas dos homens. Conectando a ideia de QUEDA relativa á personagem Adão, o apressado já logo interpreta que esses tais filhos de Deus são, na verdade, descendentes de Sete em oposição àqueles do fratricida Caim.

Ora, Adão e seus descendentes são homens, portanto, todos filhos do homem. Qual a incoerência interna encontrada naquela solução apresentada? Está na compreensão do significado da expressão filhos de Deus. Quem vai dizer o que significa essa expressão no texto é o seu autor.

Primeiro, é importante destacar que o objetivo dos intérpretes é explicar todo o mal que há no mundo. Considerando que o relato do texto corresponde a uma verdade divina, o intérprete busca respostas nas narrativas bíblicas. Sem considerar o contexto, fica adstrito apenas ao texto.

A questão, agora, é responder: de onde vem essa teoria da QUEDA? Primeiro, é importante ficar claro que Adão foi 'expulso' (lançado fora) de um certo lugar na própria Terra (Eden, o jardim), ocasião em que para ele e sua família um porta se fechou para sí, sendo vigiada por um guardião e uma espada. Todas essas figuras são alegóricas e noutra ocasião veremos o que significam.

Se não se refere a Adão, vejamos as questões referentes aos filhos de Deus em Gn 6:1-8. Alguns intérpretes, como já mencionado, identificam esses com os filhos de Sete. Mas, esse significado fere o sentido linguístico da expressão idiomática daqueles que redigiram essa narrativa. O autor usa uma palavra pretendendo dizer algo, passar uma ideia. Qual é essa ideia?

Distante do judaísmo do Segundo Templo, não conseguimos promover uma interpretação sobrenatural das palavras filhos de Deus. Aliás, esse significado não é popular tanto no judaísmo quanto no cristianismo de hoje. No entanto, o autor do texto compreendia claramente que filhos de Deus eram seres angelicais e não humanos.

A partir destas informações começamos a perceber inconsistências na teoria de QUEDA. Não se refere a paraíso, pois Adão foi expulso e não houve QUEDA. Nem do ponto de vista moral. A expressão idiomática não pode ser apontada para os filhos de Sete, uma vez que seus filhos são humanos.

Não fica de pé a teoria de QUEDA, mesmo quando sabemos que o autor transmitiu uma mensagem que foi interpretada pelo judaísmo do Segundo Templo como uma referência a 'anjos'. Isto é, o texto de Gênesis que traz a expressão filhos de Deus está se referindo a seres angelicaisCorroboram com o significado 'anjo': 1 Pedro 3:19,20 e 2 Pedro 2:4-6 (Novo Testamento).

O anacronismo, a falta de conhecimento do verdadeiro significado das palavras, uma equivocada interpreteção que nada mais faz que juntar textos do livro Gênesis (Capítulos 3 e 6), bem como framentos de Cartas e Espístolas (v.g., Pedro e Judas) vão, a nosso ver, auxiliar que se suponha uma ideia QUEDA de.... 'anjos'.

Segundo nossos estudos Gn 6:1-8 faz referência ao conceito ou ideia sobrenatural da expressão idiomática 'os filhos de Deus', apesar de sua impopularidade nos dias atuais.

Finalmente, onde está a incoerência da interpretação equivocada da suposta existência de uma QUEDA DE ANJOS? 

1 Pedro 3:19,20: "No qual também foi e pregou aos espíritos em prisão; Os quais noutro tempo foram rebeldes [...]".

Judas 1:6: "E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até o juízo daquele grande dia".

2 Pedro 2:4-6: "Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo [...]. E condenou à destruição as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinza, e pondo-as para exemplo aos que vivessem impiamente".

Não houve QUEDA. Por meio do uso de seu livre-arbítrio, os "anjos' que se rebelaram contra Deus deixaram sua própria habitação. Não houve QUEDA. Os "anjos" pecaram. Vejamos o significado de PECADO:

Em hebraico, a palavra לְהַחטִיא (lehachti) significa errar um alvo, isto é, cometer um erroReferindo-se aos guerreiros de Benjamin, em Juízes 20:16 vamos encontra a expressão לֹא_יַחֲטִא (lo yachti). Esses guerreiros nunca erraram um alvo. Além do mais, essa expressão está conectada com a ideia, também, de purificação da casa.

Isto posto, recordando que essa interpretação é condizente com a parábola dos dois filhos contada por Jesus (parábola do filho pródigo ou parábola do filho egoísta) é possível afirmar que não houve QUEDA, pois ao cometerem um equívoco, esses Espíritos abandonaram sua habitação e foram em busca de experiências. Trata-se do uso da autonomia do Espírito em processo de evolução.

Em lugar de anjos, pensamos que são Espíritos apenas. Se vieram para a Terra e se juntaram às mulheres para formarem novos povos e nações é que precisavam reencarnar. Tudo em conformidade com as Leis Naturais.

Uberaba-MG, 08/12/2021
Beto Ramos

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

O MINISTÉRIO DE JESUS EM JERUSALÉM À LUZ DO ESPIRITISMO


No capítulo 5 do Evangelho de João, pela tradução de Haraldo Dutra Dias, vamos encontrar o seguinte título da perícope composta pelos versículos 19 a 47: Discurso sobre a obra do filho. No comentário de F. F. Bruce, da série Cultura Bíblica, editora Vida Nova, o título é O Ministério em Jerusalém.

O versículo 19 começa relatando que Jesus respondeu. Mas, respondeu a quem? É importante saber que nos versículos anteriores, 17 e 18, fora efetuada a conclusão do relato referente ao tema A Cura do Enfermo no Tanque Bethzatha (ou Betsaida).

O fato é que um homem, doente há mais de 30 anos, jazia num catre, uma espécie de cama de viagem, dobrável, rustica e pobre. Ele era paralítico. Jesus, vendo-o, questiona se ele queria ficar curado. Ao contrário de responder à pergunta, o homem começa choramingar e reporta sua dificuldade de se jogar no tanque (considerado 'milagroso'), pois não havia quem pudesse atirá-lo no mesmo e, na sua condição, não haveria como competir com os demais.

Jesus, então, ordena que ele se levante e ande. Foi o que aconteceu. Sem tanque, sem água milagrosa, somente pelo verbo.

Pois bem, o ser humano é muito estranho. Veja o desenrolar da história. Essa ocasião era um dia de sábado. Segundo a Lei Mosaica, vigente à época, o trabalho era proibido. Nesse caso, considerando trabalho qualquer atividade humana. Assim sendo, para os "fiscais da lei", pouco importava se era ou não paralítico, o caso é que naquele dia ele não poderia ser visto carregando seu catre. Os judeus, vendo-o, acusaram-no de cometer um ato ilícito.

E não é que o ingrato tenta se safar e aponta alguém da multidão como sendo quem o mandou fazer isso! Em meio a tanta gente ele não sabia identificar quem era.

No entanto, um novo encontro acontece. Agora, ele se depara com Jesus no Templo, o qual o adverte de que após ter se tornado são, não deveria pecar novamente para que algo pior não ocorresse.

Parece que esse homem não ouviu bem a advertência e foi até os judeus e 'dedurou' Jesus, afirmando que fora ele quem o curou. Era, talvez, um sábado atípico, pois, os judeus se depararam agora com dois casos de "trabalho ilícito" no sábado: o ex-paralítico carregando a cama e esse tal Jesus 'curando'.

Pois bem. Os judeus foram até Jesus confrontá-lo sobre o motivo pelo qual fazia essas coisas no sábado (por que não na sexta, ou no domingo?). Jesus dá uma resposta curiosa: "Meu Pai Trabalha, eu também trabalho".

Foi o estopim para acusá-lo de cometer blasfêmia, pois, para eles Jesus se tratava como filho de Deus e se comparava a Ele. Segundo eles, Jesus deveria submeter-se à Lei humana (no caso, a de Moisés).

É nesse contexto que tem início a próxima perícope do versículo 19. Então, Jesus vai responder a essa acusão de blasfemar e desobedecer à Lei mosaica referente ao sábado.

Vamos, agora, examinar o conjunto de razões apresentadas por Jesus, bem como o fato narrado e suas circunstâncias, suas implicações, o ensino de Jesus e como poderíamos sugerir uma proposta de interpretação à Luz do Espiritismo. Pedimos que o (a) leitor (a) tenha em mãos o texto dos versículos 19 a 47 do capítulo 5 do Evangelho de João.

Primeiramente, parece que Jesus explica o mecanismo da cura:

1. Não faz nada de si mesmo e só faz o que viu Deus fazendo;

2. Faz as coisas de forma semelhante ao fazer divino, ou seja, inspirado pelo AMOR DIVINO;

Há um processo evolutivo. Espíritos da hierarquia de Jesus estão em comunhão com Deus. Possuem um conhecimento amplo das Leis Naturais. Compreendem tanto as leis que regem o mundo físico como as leis que regem o mundo espiritual. São Espíritos puros que veem e compreendem Deus.

3. Jesus compreende e aplica os conceitos do magnetismo animal, ou seja, soergue a vontade do enfermo e lhe potencializa as propriedades biológicas de regeneração e cura do corpo físico. Manipula com clareza e compreensão os fluidos espirituais por meio do seu pensamento e sua vontade. Para tanto, usa o seu perispírito que possui densidade equivalente ao seu grau de adiantamento moral e promove o magnetismo espiritual (sugerimos o estudo do capítulo 14, Os Fluidos, da obra A Gênese de Allan Kardec).

4. Jesus afirma que Deus opotunizará a todos ali presentes conhecerem e realizarem coisas ainda maiores do que a cura do paralítico.

5. Porque o Pai levanta e vivifica os mortos, Jesus, sendo Espírito Puro, vivifica quem quiser. Ou seja, ele conquistou a plenitude de suas faculdades espirituais.

Trata-se do magnetismo de cura, onde o Espírito que conhece e compreende a manipulação dos fluidos, usa seu pensamento e sua vontade para soerguer a vontade de um doente.

No caso, quem são esses mortos? São as pessoas que desconhecem as Leis Naturais, praticam a moral do interesse. São aqueles que não se ocupam do autoesclarecimento. Vejamos o paralítico. O que ele representa? Um morto, isto é, alguém inerte, insensível consigo mesmo, sem ânimo para QUERER alguma coisa. Questionado por Jesus se quer ser curado, o que ele responde? ABSOLUTAMENTE NADA. Sua resposta não vem com um: EU QUERO!

O paralítico tinha alguma vontade, mas não a vontade necessária. Jesus, devido à sua posição espiritual na escala espírita, soergueu a pífia vontade do paralítico (afinal ele estava próximo ao tanque com algum propósito, mesmo inconscientemente).

6. O texto dá uma lição importante. Nem castigo, nem recompensa. À exceção de Jesus, todos os demais envolvidos na narrativa possuem as falhas humanas naturais do processo evolutivo. A lição é de autonomia, pois"o Pai não julga a ninguém, mas deu todo o juízo ao filho".

Claro que Jesus falou de si mesmo, mas falou para toda a humanidade, senão vejamos:

a. Quem avalia as próprias ações são os próprios Espíritos. Jesus afirma que Deus não julga os seus atos, mas lhe facultou a razão, a inteligência para tanto.

b. Ensina que a responsabilidade provém das escolhas que fizer. A razão de cada um dirá se são boas ou más ações. Esse é o julgamento que cada um faz individualmente.

c. Deus mostra como agir, Jesus age de acordo com o exemplo divino. Todos recebem o dom da vida de Deus. Jesus escolhe agir com o mesmo amor que aprende com o amor de Deus.

d. Trata-se da moral autônoma. Enquanto os judeus escolhem agir julgando a vida alheia, isto é, o que pode e o que não pode, o dia que pode e aquele que não, Jesus julga a si mesmo e escolhe ser útil.

e. Ao curar o paralítico, agiu movido pelo dever de ser útil. Diante da Lei mosaica da época quanto ao sábado, ESCOLHEU O ATO DO DEVER MORAL e PRATICOU A CARIDADE DESINTERESSADA.

Diante da lei humana, isto é, da justiça dos homens, escolheu a caridade: benevolência, indulgência e perdão.

Até aqui, conforme o Espiritismo, vimos os seguintes temas manifestos:

  • Lei de reencarnação;
  • Livre-arbítrio;
  • Autonomia;
  • Magnetismo animal;
  • Uso racional da vontade e do pensamento;
  • Ato do dever moral;
  • Caridade desinteressada; e
  • Magnetismo espiritual.

Aprendemos que todos tem direito à escolha. Há açoes humanas que se assemelham ao AMOR DE DEUS e há, também, aquelas que dele se distanciam. Vejamos que tudo que há na criação aproveita aos justos e aos injustos. Deus age desinteressado na contrapartida humana. Cada um é senhor de si para imitar a Deus ou não.

7. Jesus assume a condição de missionário, isto é, vem à Terra com um propósito. Trata-se do ESCLARECIMENTO sobre o mundo espiritual, sobre a dupla natureza do ser humano: corpo e Espírito. Portanto, podemos tirar lições desta narrativa.

LIÇÃO DA VIDA ETERNA (1): Jesus anuncia que o processo de reencarnação, em dado momento, encerra-se, pois, todos vão ascender na escala evolutiva. Para tanto, é necessário:

- Ter Jesus como modelo na ação cotidiana;

- Ter uma Fé Racional em Deus, que é Pai, não castiga, não recompensa e propõe "a cada um segundo suas obras", em conformidade sempre com as Leis Naturais.

- Só há céu/inferno ou julgamento para quem desconhece o mundo espiritual, as leis que o regem e a dupla natureza humana (trata-se aqui de esclarecimento).

LIÇÃO DA RESSURREIÇÃO: Jesus fala sobre passar da morte para a vida. No seu ministério fica claro que se trata de compreender o propósito da existência humana:

  • Igualdade;
  • Fraterniadade;
  • Solidariedade.

Há os mortos que vão ouvir o ensino de Jesus desde o seu ministério; Há aqueles que vão demorar um pouco mais. Mas, todos vão ouvir. Os que já conseguem ouvir são os que incluem os outros, se preocupam com eles, não agem como máquinas. Aqueles que ainda não conseguem ouvir agem pelas formas exteriores e TEMEM a DEUS. Quem ouve Jesus AMA A DEUS.

LIÇÃO DA CURA (a vida em si mesmos): Deus é, tem todos os atributos e perfeições. É vida em si mesmo (Deus não adoece). Jesus testemunha que todos possuem vida em si mesmos. A autocura, tema inicial da narrativa, reclama pensamento e vontade esclarecida.

Mas, essa condição é uma conquista progressiva do Espírito, como foi a de Jesus que, sendo filho de Deus, e afirmando Deus Pai, declara que TODOS SOMOS IRMÃOS.

LIÇÃO PARA VIGIAR A SOBERBA: Quem ouve e pratica o ensino de Jesus agora, progride. Avança. Mas, o progresso é uma Lei divina. Não haverá seleção, castigo, recompensa, céu ou inferno, pois, chegará a hora para que cada um desperte-se para ouvir essa voz (são as leis gravadas na consciência do Espírito humano).

Que voz é essa? É voz que te inspira a praticar o ATO DO DEVER MORAL, da CARIDADE DESINTERESSADA. É a voz que lhe conduz para as ESCOLHAS DIFÍCEIS EM BENEFÍCIO DO PRÓXIMO. É a voz da sensação de amor profundo e da felicidade alcançada nessas ocasiões.

LIÇÃO DA MIGRAÇÃO E DA EMIGRAÇÃO DOS ESPÍRITOS: A lei de progresso é inexorável. O planeta progride. Os bons ficam no planeta regenerado ou vão a outros acaso tenham atingido patamar mais alto. Aqueles que ainda lutam contra o processo evolutivo, vão ajudar no progresso de planetas semelhantes aos seus desejos e às suas paixões (sobre os mortos que ouvirão a voz do filho agora e a hora de ouvir que chegará para aqueles que estão nos sepúlcros - relação com o progresso intelecto-moral das gerações).

LIÇÃO DA VERDADE: Cada um só pode afirmar e fazer juízo de qualquer coisa a partir do esclarecimento que já atingiu acerca das coisas. O nível espiritual de Jesus é do Espírito que não luta contra as leis naturais. A vontade soberana de Deus estabeleceu essas leis, e à isso ele se conforma.

LIÇÃO DA MATURIDADE DO ESPÍRITO: Por que Jesus não aceita testemunho humano acerca de si mesmo? Pelo fato de não sofrer qualquer influência da matéria. Sabe que o ser humano é falível. Veja como agiu o paralítico que, mesmo curado de sua doença de 30 anos, não exitou em acusar a Jesus para se eximir da culpa que lhe seria atribuída ao ser surpreendido carregando a cama. Foi movido pelo medo.

LIÇÃO DA SALVAÇÃO: O conhecimento liberta. As lições de Jesus visam demonstrar um meio eficaz de acelerar o processo evolutivo. Seguindo seu exemplo os erros e os equívocos não são cometidos. Quem havia se desviado do caminho (pecou), agora, retorna em direção ao alvo (salvação).

LIÇÃO DA COMUNHÃO COM O PAI: Muitos afirmam manter relação direta com Deus. Jesus afirma que essa possibilidade só é possível para Espíritos que já atingiram sua hierarquia espiritual.

Os humanos NUNCA ouviram a VOZ DE DEUS. NUNCA VIRAM SUA APARÊNCIA. Para eles nem a palavra de Deus é permanente, pois, são inferiores e falíveis, agem pela moral do interesse e, de um lado, não possuem fé, ou, de outro, se ela existe não é racional.

LIÇÃO DO JULGAMENTO: A humanidade busca a glória humana e não glória em Deus. Seu nome é usado em vão na Terra.

Não há, no mundo espiritual, acusadores; o acusador de cada um é a própria consciência. Os judeus passaram a vida acusando os outros com base na Lei mosaica; Jesus afirma que serão por ela acusados. É que, cada um cria para si mesmo o mundo que procura (criações fludicas).

Jesus ensinou que as escrituras não possuem vida eterna, mas há informação a esse respeito nelas e não foram investigadas; disse que Moisés escreveu a seu respeito, mas eles não pesquisaram o assunto.

Segundo Jesus, o problema humano é de esclarecimento, mas acima de tudo... MORAL.

LIÇÃO DA VIDA ETERNA (2): Não há vida eterna nas coisas exteriores, como no caso das escrituras. Elas não constituem a palavra de Deus. Sua palavra se expressa na Sua Criação. A vida eterna é atingida ao se buscar imitar os atos de Jesus, o qual imita Deus, isto é, agir movido pela moral do dever e praticar a caridade desinteressada.

É assim que se nutre do AMOR DE DEUS em si mesmo. É assim que se encontra vida em si mesmo.

A vida eterna virá quando o olhar humano não mirar as coisas materiais, exteriores, e nem exortar o poder da riqueza, poder material. A vida eterna virá quando o ser humano se conscientizar que é ESPÍRITO.


Uberaba-MG, 06/12/2021
Beto Ramos.

DESTAQUE DA SEMANA

A DOUTRINA DOS ESPÍRITOS NÃO É ASSUNTO QUE SE ESGOTA EM UMA PALESTRA

  EM SUAS VIAGENS KARDEC MINISTRAVA ENSINOS COMPLEMENTARES AOS QUE JÁ POSSUIAM CONHECIMENTO E ESTUDO PRÉVIO. Visitando a cidade Rochefort, n...