Seguidores

Pesquisar este blog

segunda-feira, 20 de junho de 2022

O AGENTE MORAL, SUAS PAIXÕES E VÍCIOS.

 

Retomando a ideia a partir do nosso último artigo, é importante ter sempre em mente que os caracteres humanos não são imutáveis. Todos estão sujeitos a inclinações boas ou más. LIBERDADE é FORÇA MORAL. Há uma NATUREZA EXTERIOR AO CORPO que provoca ou desperta PAIXÕES. As paixões se tornam HÁBITOS e influenciam no CARÁTER. Deste, advém os IMPULSOS, que tudo move sem ser movido.

A liberdade está em ceder ou não aos desejos e controlar ou não os impulsos. Todo AGENTE MORAL é LIVRE e, por isso, RESPONSÁVEL POR SUAS AÇÕES. Todavia, há condições para a responsabilização moral. Trata-se do conhecimento do bem e do mal e da liberdade de ação.

Nesse caso, seria lícito questionar quem é o agente moral. Seria apenas aquele que escolhe fazer o bem? Aquele que não dá vasão aos seus impulsos? Compreendemos que a condição que se deve observar no agente moral é: trata-se de uma alma encarnada livre? Isto é, uma alma encarnada que pode fazer escolhas?

O verdadeiro agente moral é aquele que está sujeito às inclinações boas ou más, que possui liberdade para escolher e que, finalmente, poderá ser responsabilizado pelos seus atos. Destarte, ninguém será punido em razão de ter agido coercitivamente (alguém o obriga a fazer ou deixar de fazer alguma coisa), tampouco aquele que agiu ou não por ignorância (faz ou deixa de fazer alguma coisa desconhecendo quaisquer resultados).

Assim sendo, o agente moral é todo aquele passível de ser responsabilizado moralmente. O julgamento/juízo é interno/íntimo e supõe exame de consciência, a qual carece estar desperta e o indivíduo não poderá estar no estado de inocência. A sanção (penalização) para o agente moral depende, então, de o mesmo possuir conhecimento do bem e do mal e ter liberdade de ação entre um e outro (fazer/não fazer o bem; fazer/não fazer o mal).

Corrigir maus hábitos e dominar suas paixões são empreendimentos do agente moral. Demanda esforço e vontade bem dirigida. Não há nenhum arrastamento que seja irresistível; é necessário que se tenha vontade de resistir. Essa resistência supõe o conhecimento de si mesmo. Então, como essas paixões se desenvolvem?

Segundo a Filosofia Espiritualista Racional, o processo dá-se da seguinte forma:

a. Afetos naturais e inevitáveis da alma:

  • inclinações;
  • tendências.

b. Movimentos violentos e desordenados:

  • paixões propriamente ditas.

c. Hábitos incorporados ao caráter:

  • vícios.

Vejamos o processo em que, partindo de afeto natural, passando pela paixão, chega-se ao hábito. O indivíduo tende, naturalmente, à conservação; trata-se do instinto de conservação. Por essa tendência desenvolve o amor à vida (natural).

Eis que, influenciado pelas circunstâncias, idade, doenças ou temperamento, o indivíduo exacerba o amor à vida. Por isso, desenvolve uma paixão: é o MEDO DA MORTE.

Finalmente, passa a não enfrentar nenhuma situação em face do medo que desenvolveu. Chegamos, portanto, ao hábito, isto é, o indivíduo desenvolveu a COVARDIA; O hábito se tornou um vício.

Outro exemplo que facilita a compreensão do processo é com relação à conservação natural. Para viver o indivíduo sente FOME e SEDE (são os apetites). Tudo deve ser saciado na justa medida. Se o indivíduo passa a comer e beber além da conta (abusa dos apetites) desenvolve paixões; Estas, por sua vez se transformam nos vícios da GULA e da EMBRIAGUÊS.

Os afetos naturais e inevitáveis são princípios importantes, que devem ser objeto de análise constante do indivíduo. A Filosofia Espiritualista Racional oferece o seguinte quadro: 

PRINCÍPIOS

VÍCIOS

Amor a si

Egoísmo

Estima p/ si mesmo

Orgulho e vaidade

Amor à liberdade

Espírito de revolta

Amor ao poder

Ambição

Instinto de propriedade

Avidez, cupidez, paixão pelo ganho

Paixão pelo jogo ou desejo de ganhar por meio do azar

Desejo de ganhar + temor de perder = avareza

Existem, também, as inclinações relativas a outros indivíduos, que precisam ser observadas para que NÃO caminhem para o campo dos vícios: 

PRINCÍPIOS

VÍCIOS

Desejo de agradar ou benevolência   

Complacência

Desejo de elogiar

Adulação

Desejo de estima

Hipocrisia

As paixões e os vícios são doenças da alma. A cura é apenas o querer. A dificuldade reside na ocupação da alma com a paixão. Nesse caso, é preciso desviar o espírito para outros objetos. Bossuet, citado por Paul Janet, ensina que "não se detém o curso do raio, mas, dele é possível desviar". É preciso que o indivíduo desvie sua atenção. Aquele que se nutre desde cedo com afeições honestas tem maior chance de vencer uma paixão.

Há, segundo a Filosofia Espiritualista Racional, meios de substituir um mal hábito por um bom hábito:

1. Se jogar na extremidade oposta do defeito; Encontrar o equilíbrio na elasticidade razoável e natural do objeto; Ficar atento para não recair no vício;

2. Evitar começar tarefas muito difíceis. Proceder gradualmente e segundo as próprias forças para vencer no empreendimento de substituição; É sabido que a preguiça não se cura com trabalho excessivo, mas sim um pouco a cada dia, até adquirir o hábito do trabalho;

3. Escolher a ocasião para adquirir a virtude nova, buscando a disposição íntima e exercitar a energia da vontade.

4. Não confiar que o mau pendor foi vencido em definitivo; Fazer exame de consciência, se ocupar com boas leituras, meditar, estar em boas companhias, escutar bons conselhos e escolher um grande modelo.

No próximo encontro vamos conversar sobre os deveres e suas classes. Até lá.

Uberaba-MG, 20/06/2022
Beto Ramos

FONTE BIBLIOGRÁFICA: JANET, Paul. Pequenos Elementos da Moral. Edição do Kindle (Amazon).

segunda-feira, 13 de junho de 2022

A AUTONOMIA É VERDADEIRA SE O INTERESSE NÃO É PESSOAL

 

Superado o estado de inocência ou desperto do sono da consciência, o indivíduo enfrenta o combate moral por excelência: a luta entre o DEVER e a PAIXÃO. Possuindo o necessário discernimento entre o que é bom ou mal chega o período em que as ações humanas vão repercutir na condição de sentimento moral. São as emoções ou afeições diversas. Trata-se dos prazeres ou dores que nascem na ALMA.

Sempre considerando o hábito ou a violência do desejo é preciso compreender que o ser humano age para fazer e, nesse sentido, possui, na consciência, a atração para o bem e a aversão para o mal. Portanto, após uma ação realizada, haverá um prazer, isto é, uma satisfação moral, desde que a ação seja boa. Por outro lado, o indivíduo experimentará o remorso e o arrependimento quando agiu mal. É um sofrimento.

O sofrimento moral é uma espécie de castigo em razão do crime. Nesse sentido, todo vício (resultado das más ações que se tornaram hábito a que o indivíduo se condicionou) cria um arrependimento na alma. O arrependimento é um sofrimento que nasce de uma má ação, como já afirmado, pois, arrepender-se é quase uma virtude. O arrependimento é compreendido como uma tristeza da alma. O remorso, por sua vez, também nasce de uma má ação, mas, configura-se como castigo, pois, acorre todo o tempo no pensamento do indivíduo, de forma que o tortura. Trata-se de uma angústia.

Isto posto, é importante salientar:  aquele que não tem remorso, não pode se arrepender. Quem comete uma ação boa sente uma satisfação moral, ou seja, é paz e alegria, viva e deliciosa emoção. É como uma recompensa, ela nasce do sentimento de se ter cumprido o dever.

Diante disto, temos:

1. O agente moral é a alma encarnada.

2. Um agente LIVRE; Que pode ESCOLHER POR SUA VONTADE.

3. A escolha se dará entre fazer ou não fazer o bem, fazer ou não fazer o mal.

Para se compreender perfeitamente o que é uma escolha livre, é preciso julgar a INTENÇÃO. É que não se pune o que é feito por coerção ou por ignorância. Por isto, o indivíduo não pode estar nem no estado de inocência, nem no sono da consciência. A LIVRE ESCOLHA sempre supõe a RESPONSABILIDADE.

Os caracteres humanos não são imutáveis. Todos estão sujeitos a inclinações boas ou más. LIBERDADE é FORÇA MORAL. Há uma NATUREZA EXTERIOR AO CORPO que provoca ou desperta PAIXÕES. As paixões se tornam HÁBITOS e influenciam no CARÁTER. Deste, advém os IMPULSOS, que tudo move sem ser movido. A liberdade está em ceder ou não aos desejos e controlar ou não os impulsos.

Todo AGENTE MORAL é LIVRE e, por isso, RESPONSÁVEL POR SUAS AÇÕES. Todavia, há condições para a responsabilização moral. São elas:

a. Conhecimento do bem e do mal;

b. Liberdade de ação.

Ora, variando as condições, a responsabilidade varia na mesma proporção. Chega-se, então, no campo da sanção moral, isto é, o conjunto de penas ou recompensas vinculadas à execução ou à violação de uma lei. Mas, que se deve entender por recompensas e punições?

Quando se afirma que obras que trazem hipóteses de castigo e recompensa baseadas na concepção de religiões ancestrais, buscando as aproximar do espiritismo, estão equivocadas, é porque a base de compreensão destas expressões, encontradas nas obras de Allan Kardec, possuem conceitos diferentes.

Kardec não as conceituou nas obras Espíritas em razão de que já havia obras que fizeram esse trabalho. Essas obras foram produzidas pela Filosofia Espiritualista Racional. A seguir detalharemos com clareza a ideia, sendo perceptível que a interpretação da Obra O Céu e o Inferno, por exemplo, requer o conhecimento desse conteúdo. Vejamos:

1. Recompensa: prazer obtido após uma ação boa (ou virtuosa). É diferente de favor ou salário;

2. Castigo/punição: sofrimento infligido a um agente por uma má ação. É possível ser atingido sem ser punido.

Recompensas e castigos no campo da moral requer uma justa meditação sobre para e porque. Vejamos a seguir.

  • A recompensa e o castigo NÃO EXISTEM para que a LEI MORAL seja cumprida (até poderia ser um meio de conduzir ao bem e desviar do mal, mas, esta NÃO É SUA FUNÇÃO ESSENCIAL e nem a verdadeira ideia de castigo ou recompensa);
  • O castigo e a recompensa existem PORQUE a LEI MORAL foi cumprida ou violada. Trata-se de JUSTIÇA e não de UTILIDADE. O castigo requer reparação ou expiação.

Assim, o que assegura a execução da LEI MORAL é o ato ou a abstenção que CORRIGE sua VIOLAÇÃO. Essa correção acontece através da REPARAÇÃO OU DA EXPIAÇÃO.

Lembre-se que a ordem ou harmonia é perturbada pela VONTADE REBELDE. O sofrimento, por ter causado a desarmonia, é CONSEQUÊNCIA DA FALTA COMETIDA. Estamos tratando de vícios, atos injustos, portanto de doenças da alma.

É preciso compreender bem que não estamos no campo das sanções naturais, legais ou de opinião, mas da sanção interior, íntima. As sanções naturais são, por exemplo, as consequências naturais das ações (quem joga a água de um copo para cima e permanece em baixo, vai se molhar); As sanções legais são as estabelecidas nos códigos de leis penais, por exemplo (a sociedade tipifica o que é um crime e estabelece uma punição para seu cometimento); As sanções de opinião são aquelas que as pessoas praticam em detrimento dos que julgam ter cometido um mau ato (trata-se da censura, do desprezo, da aversão, etc.). No campo da moral, a sanção que importa é aquela que resulta da consciência (sentimento moral).

É desta maneira que podemos notar, a partir das lições do Espiritualismo Racional, que o ser humano PODE e DEVE aperfeiçoar o seu CARÁTER. Trata-se do aperfeiçoamento de si mesmo, isto é, corrigir os maus hábitos e dominar suas paixões. Isto demanda ESFORÇO e VONTADE bem DIRIGIDA. Nada seria obrigatório se não fosse possível. Deus não obriga ao IMPOSSÍVEL. Portanto, a autonomia só é verdadeira quando o interesse não é pessoal.

No próximo encontro vamos falar sobre as paixões. Convidamos para o estudo sério da Filosofia Espiritualista Racional, da qual o Espiritismo é uma das fases.

Uberaba-MG, 13/06/2022
Beto Ramos


FONTE BIBLIOGRÁFICA: JANET, Paul. Pequenos Elementos da Moral. Edição do Kindle (Amazon).

quarta-feira, 8 de junho de 2022

VIDA ANIMAL E VIDA MORAL

Diante da tensão entre o fanatismo religioso e o materialismo, no século 19, surge o espiritualismo racional. Conforme Allan Kardec o Espiritismo é uma das fases da Filosofia Espiritualista. Essa informação está contida no item I da Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita em O Livro dos Espíritos.

Ora, é imprescindível que o estudante do Espiritismo domine o conteúdo da Filosofia Espiritualista. Quais os temas e assuntos e qual o objeto de estudo desse gênero, do qual o Espiritismo é espécie, deve ser motivo da preocupação daquele que, definitivamente, quer tornar o Espiritismo com sua filosofia de vida, como o seu estilo de vida.

Uma das obras importantes que podem ser consultadas para que o estudioso se aproprie desse manancial é, sem dúvida, Pequenos Elementos de Moral, de Paul Janet, um dos grandes filósofos do movimento espiritualista racional. Os deveres entre os seres humanos em geral é o conteúdo dessa obra. Os preceitos em razão dos quais a obra é desenvolvida são dois, a saber:

1. Fazer o bem aos seres humanos;

2. Não fazer o mal aos seres humanos.

Trata-se do resumo das virtudes que dependem da moral social. No sentido comum, compreende-se que fazer o bem é o ato de dar prazer a alguém, enquanto que fazer o mal é o ato de fazer alguém sofrer. Nesse sentido, Paul Janet convida para a seguinte reflexão.

"Fazer o bem é entregar os objetos do desejo a alguém? Por exemplo, ao preguiçoso entregar o travesseiro macio, ao ébrio o vinho, ao velhaco as maneiras e rosto afável e ao violento o bom pulso? Seriam essas ações, verdadeiramente, o que pode ser denominado fazer o bem?"

Certamente, segundo Paul Janet, isso satisfaria as paixões daqueles que receberam os objetos de seus desejos, porém, não é isso que se compreende por fazer o bem. Por outro lado, o que seria fazer o mal? Seria causar dor a alguém? Por exemplo, o cirurgião que corta a gangrena, o dentista que extrai um dente, o pai que corrige o filho, estarão fazendo o mal?

A questão, afirma Paul Janet, é muito mais profunda. Nesse sentido ensina que o sofrimento causado pode proporcionar o bem, isto é, a dor pode causar prazer. Por outro lado, o prazer que satisfaz paixões proporciona o mal, isto é, o prazer pode causar dor.

Assim sendo, a máxima evangélica precisa ser interpretada devidamente:

"Não faças ao outrem aquilo que não quererias que te fizessem; Faze a outrem aquilo que quererias que te fizessem".

Em geral, ninguém quer ser punido ou corrigido, mas quer que lhe satisfaçam os vícios e as paixões. Ocorre que, quando ao ser humano não lhe falta a lei do dever, é outro o sentimento. O fato é que o Evangelho não convida ninguém à tibieza e à complacência; a ideia é outra. Trata-se de uma VERDADE MORAL, a verdadeira boa vontade.

Antes porém, é preciso esclarecer qual a condição humana no período primitivo, ou de infância espiritual, quando ainda há ignorância e nenhum conhecimento. Trata-se da vida meramente animal. Neste caso, o ser apresenta paixões, arrastamentos, instintos e procura somente a satisfação das necessidades primárias. Destarte, não há o que se pode denominar consciência moral. Por enquanto, o indivíduo não busca imitar Deus, se fazendo a sua imagem.

Apesar de a Lei do Dever ser obrigatória, uma vez que deriva de Deus, corolário da Sua Justiça e Bondade, o indivíduo na sua infância espiritual, experimentando apenas a vida animal, ainda não possui uma consciência desperta, portanto, não possui uma consciência moral.

A consciência é a faculdade do Espírito reconhecer a LEI MORAL e aplicá-la a todas as circunstâncias. A consciência é, ao mesmo tempo, um poder que ordena (dita o que é preciso fazer ou evitar) e um juízo que julga o que foi feito (decidindo entre o bem e o mal).

No processo de evolução e do despertar da consciência é preciso que o indivíduo compreenda quais são os verdadeiros bens, isto é, aqueles que não são apenas bens aparentes, quando há ocasião de FAZER O BEM. Por outro lado, é preciso saber quais são os males verdadeiros quando se recomenda a NÃO FAZER O MAL, afastando, da mesma forma, aqueles que são apenas males aparentes.

Há bens aparentes, como há males aparentes. No campo do DEVER MORAL é preciso compreender quais são os verdadeiros bens e quais são os falsos bens. Aqueles que consistem exclusivamente no prazer, exceto a utilidade e o valor moral, são os falsos bens; Aqueles que independem do prazer e se recomendam pela utilidade e pelo valor moral, são os verdadeiros bens (por exemplo: saúde e educação).

Os verdadeiros males ferem o interesse (bem entendido) e a moral dos demais (Exemplo: miséria e corrupção). Os males aparentes são momentaneamente sofridos, mas compensados por vantagens posteriores (Exemplo: medicamentos e castigos).

O bem aos outros deve ser compreendido como o bem entendido interesse deles, isto é, o BEM MORAL. Em relação a si mesmo, não se deve ter como FIM das ações praticadas, o interesse próprio. Observa-se que esse raciocínio não pode ser exercido quando se tratar dos outros. Apenas quando o indivíduo julga a si mesmo (examina a si mesmo).

A felicidade própria buscada, perseguida, procurada, não tem qualquer valor moral. Buscar a felicidade alheia, ao contrário, pode ter valor moral, DESDE QUE NÃO SE ENGANE QUANTO AO VERDADEIRO SENTIDO DA PALAVRA FELICIDADE. Isto é, não se deve confundir felicidade como uma sensualidade falaz e transitória. Portanto, a máxima cristã, antes citada, deve ser compreendida como:

- Uma vontade esclarecida que só queira para si o que estiver conforme o interesse bem entendido e a virtude.

Isto, portanto, resume perfeitamente a MORAL SOCIAL. Os termos fazer o bem e fazer o mal, se apresentam em casos diversos, desde o mais baixo até o mais alto grau do DEVER.

Assim, é preciso enfatizar que a consciência moral, que ao despertar supera a vida animal, trata-se de conhecer a lei do dever, aceitar como verdadeira e reconhecer a necessidade de sua aplicação. Esse processo não é externo e nem é fruto de coação (violência física) ou coerção (imposição de lei; força do Estado para fazer valer o direito).

Cada um deve agir de acordo com sua consciência, a qual apresenta decisões nítidas e distintas. O indivíduo sem consciência é aquele que se habituou a não consultar ou a desprezar seus ditames. Mas, só se pode ser bom ou mal quando se possui discernimento entre um e outro, fora disto considera-se aquilo que Paul Janet denomina de estado de inocência ou de sono da consciência.

O combate moral por excelência é a luta entre o DEVER e a PAIXÃO.

Ainda temos muito a aprender com o Espiritualismo Racional, com a Filosofia Espiritualista e com esse grande filósofo Paul Janet. Até o próximo encontro.

Uberaba-MG, 08/06/2022
Beto Ramos.

quarta-feira, 1 de junho de 2022

SINAIS DOS TEMPOS

 


Grandes eventos serão realizados com o propósito de regenerar a humanidade. Sendo vigente no universo a lei de harmonia, é preciso compreender que Deus não é um arbitrário interventor, pois que isso confronta a ideia de uma suprema sabedoria divina.

O planeta, sujeito à Lei do Progresso, transforma-se fisica e moralmente. No primeiro caso, pelos seus componentes e, no segundo, pela depuração dos Espíritos. No entanto, no campo da ciência e no campo da moral, o progresso não caminha lado-a-lado.

O que o nosso século reclama é que o movimento progressivo atinja o ápice de fazer reinar entre a humanidade a caridade, a fraternidade e a solidariedade que vão assegurar o bem-estar moral. Muitas instituições, ultrapassadas, não atendem mais às necessidades do gênero humano, que reclama ultrapassar esses obstáculos.

Estamos diante do estabelecimento de uma nova ordem de coisas, uma nova ordem mundial. A contradição que se opera é que aqueles que são os maiores opositores à essa nova ordem, sem saber, contribuem para que o progresso moral seja atingido de modo mais célere.

De um lado temos o que se pode denominar de geração futura, desembaraçada das escórias do velho mundo, formada por elementos mais depurados, animada por ideias e sentimentos distintos daqueles que se apresentam na geração velha e ultrapassada. Destarte, o velho mundo estará morto e viverá apenas na história. Aliás, como ocorreu com os tempos da Idade Média com seus costumes bárbaros e suas crenças supersticiosas.

Estamos diante do ocaso e do esgotamento do tão almejado bem-estar material que a inteligência pode produzir. É hora de se compreender e se produzir o complemento: o desenvolvimento moral. Todos estão sentindo no íntimo essa necessidade, ou melhor, essa falta. Tudo somente podendo ser atingido através do trabalho íntimo, o qual se opera somente pela regeneração. Todos desejam, aspiram e pressentem que é possível atingir um estado melhor.

Há, sem dúvida, uma inevitável luta de ideias. Desse processo resulta, com toda certeza, perturbações. Essas perturbações, dolorosas por sinal, são temporárias. Vão persistir até que o terreno esteja limpo, equilibrado, restabelecido. Dessas lutas de ideias surgirão os graves acontecimentos anunciados.

Aqueles que esperam cataclismos ou catástrofes serão surpreendidos por um cataclismo moral, o qual vai devorar em poucos instantes as instituições do passado. Assim, de imediato, haverá a inesperada sucessão da velha ordem pela NOVA ORDEM QUE SE ESTABELECE AOS POUCOS, na medida em que a calma se restabelece e se torna definitiva.

Para os que puderem viver e observar bastante as duas versões da nova fase, parecerá que um mundo novo saiu das ruinas do velho. O caráter, os costumes, os hábitos, tudo mudado. Seres humanos melhores e regenerados. Ideias velhas que serão levadas pela geração que se extingue dando lugar para as ideias novas da geração que surge.

A nossa humanidade chegou a um desses períodos de transformação. Sugiro que você se prepare. Essa transformação te convida à participar ativamente. Trata-se do crescimento moral da humanidade. SEJA BEM VINDO AO FUTURO ou... desapareça com o passado.


Uberaba-MG, 01/06/2022
Beto Ramos

Fonte:
KARDEC, Allan. A Gênese - 1868. Cap. 18 - Os tempos são chegados. São Paulo: FEAL, 2018.

DESTAQUE DA SEMANA

A DOUTRINA DOS ESPÍRITOS NÃO É ASSUNTO QUE SE ESGOTA EM UMA PALESTRA

  EM SUAS VIAGENS KARDEC MINISTRAVA ENSINOS COMPLEMENTARES AOS QUE JÁ POSSUIAM CONHECIMENTO E ESTUDO PRÉVIO. Visitando a cidade Rochefort, n...