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terça-feira, 19 de janeiro de 2021

A BÍBLIA E O ESPIRITISMO


Quando estudamos os capítulos 1 e 2 do Livro de Gênesis da Bíblia, partindo do texto contido naquela porção inicial denominada Torá, ou o conjunto de 05 livros da Bíblia Hebraica, vamos encontrar duas menções distintas a respeito de Adão ou Adam, pronúncia transliterada do hebraico (a seguir somente p.t.h), que significa ser humano, homem, cuja raiz da palavra advém de adama (p.t.h.), que significa terra, país.

Antes de seguir em frente vamos compartilhar algumas informações. No hebraico bíblico, no texto original, são usadas algumas palavras que fazem todo o sentido para uma interpretação mais condizente com uma fé racional, enquanto que a ausência desse conhecimento induz o intérprete a permanecer preso a dogmas que afastam a liberdade de pensar. A ação de interpretar  livremente é uma condição que conduz o indivíduo no caminho da aquisição do conhecimento verdadeiro.

De sorte que temos, portanto, a palavra bara (p.t.h.), que signfica Ele criou, cujo sentido dado pelo hebreu é: um criar tirando do nada, tendo Deus como sujeito. Porém, o texto original não traz uma palavra designando DEUS no singular (sujeito) nos capítulos ora mencionados, mas, outra: a palavra Elohim (p.t.h), que significa deuses (plural)

Temos, ainda, a palavra qara (p.t.h), que significa Ele chamou, descrevendo o ato de atribuir nomes. Outra palavra é tzélem (p.t.h), que significa imagem, mas, por sua raiz, pode designar sombra. Surgirá, também, outra expressão com a ideia de moldar, formar, manufaturar, produzir, usada para a segunda menção feita ao Adam (Adão), que é a palavra ytser (p.t.h).

Após gravar bem as informações, voltemos ao caso. Temos a porção inicial, isto é, o capítulo primeiro que irá narrar: 

"1:26 - E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra;

1:27 E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou".

E no capítulo segundo:

"2:7 E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente".

Recorde que, como mencionamos, a palavra traduzida por DEUS não está no singular, mas, no plural (esqueça a ideia de plural majestático, isso não tem lógica). Portanto, Gênesis usa a palavra deuses. Faz sentido que os deuses, a quem chamaremos Espíritos Puros, criem condições para que o homem possa se assemelhar a essas potências para, cumprindo o propósito da criação, dominar sobre os demais princípios inteligentes que evoluirão no planeta. A isso chamaremos: sua aptidão para aprender, para adquirir conhecimento.

Isso irá fazer toda a diferença entre o homem e o resto da criação. Não sendo perfeito, nem imperfeito, o ser humano é perfectível, pois, a Suprema Inteligência não criaria nada que não fosse bom. Aliás, tudo que Deus criou, Ele viu que era bom.

Se estivermos no caminho correto da interpretação, conforme a doutrina espírita, faz sentido, também, a segunda menção quanto à formação do homem, sendo possível compreender a alusão feita. Todos os seres que evoluem na terra possuem um corpo material cujas substâncias também encontram-se no meio ambiente. Há nos seres humanos mineral, vegetal e animal. Essa é a ideia representada pela expressão "veio do pó da terra".

O fôlego da vida é o princípio vital. A matéria inerte se transformou em matéria orgânica por meio dessa união com o princípio vital e possibilitou o espírito, mais, tarde, o Espírito, habitar naqueles corpos. O fôlego da vida, ainda, mesmo que de modo resumido, mas, pelo conjunto das expressões, mostra que o Espírito habitará o corpo físico do ser humano. Veja a expressão néfesh (p.t.h), que significa alma vivente. A alma é a essência (Espírito) vivendo na matéria (corpo físico).

Note-se que o texto não se reporta em momento nenhum que o Espírito que se une ao corpo físico, transformando-o em uma alma vivente ou, ainda, alma encarnada, fora criado. Não podemos nos espantar, a água, também, em nenhum momento é demonstrada como alguma coisa criada naquela narrativa. Fica claro que a matéria prima de trabalho dos Elohim era a água (matéria cósmica universal) e o espírito (princípio inteligente do universo). Eles formaram tudo o mais, à exceção desses. Vamos lembrar o que disse Jesus? "Aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus".

Não se deve perder de vista que ao referir-se aos Elohim o texto vai esclarecer que o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas (Gn 1:2). A palavra que se traduz por Espírito é rúar (p.t.h). A semelhança, por nossa interpretação, é com a natureza: o ser Espíritual. Recordamos que semelhante não é a mesma coisa, não é igual; semelhante é aquele que possui elementos conformes, independentemente daqueles que são comuns à espécie; é uma analogia.

O Elohim é imortal, não um mero corpo formado do "pó da terra", ou seja, perecível. O corpo sozinho não é uma alma vivente, é preciso ter sua união com o fôlego da vida. O corpo físico perece, mas, sabemos que os Elohim são imortais. Eles são Espíritos. A primeira narrativa mostra que são criadas condições para que o Espírito evolua na Terra e, por iniciativa própria, se assemelhe aos Elohim, isto é, se torne Puro Espírito. A segunda narrativa demonstra a união do Espírito com o corpo físico.

Vimos, portanto, que não são dois indivíduos criados, nem há contradição entre os dois capítulos do Livro de Gênesis. Na prática, trata-se da demonstração que a Bíblia e todo o seu conteúdo, se constitui numa ciência do povo hebreu, um monumento que muito pouco ainda nos foi dado conhecer.

Suas alusões fantásticas, sempre por meio de alegorias, expressões idiomáticas, parábolas, narrativas, fábulas, contos, músicas, poesias, entre outros tipos de textos, nos conduzem a reflexões profundas, tanto no campo da ciência, como no campo filosófico.

Fica o nosso ensaio para as críticas e sugestões.

Uberaba - MG, 19 de janeiro de 2021.
Beto Ramos.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

HABEMUS VACCINUM

Depois de um ano terrível em todos os campos, afinal o Brasil faz as pazes com a ciência. Agora, o amor precisa vencer o ódio. A paz precisa vencer a guerra. Solidariedade e fraternidade devem imperar. Que venham ações visando o interesse coletivo.

Variadas informações erradas foram (e continuam) sendo transmitidas pelos diversos meios de comunicação sobre o momento atual. Vimos no meio espírita disseminarem-se ‘fake news’ sobre o caráter de ação deliberada e planejada das potências divinas contra a humanidade.

Por esse raciocínio, eivado da ausência de lógica, razão e bom-senso, “a pandemia faria parte de um planejamento estratégico do mundo dos Espíritos, pois, já estaria nos desígnios de Deus para a humanidade”, o que colide com a teoria espírita da autonomia do Espírito, criado simples e ignorante, nulo de moral e conhecimento, apto a adquirir consciência, tornando-se árbitro do próprio destino.

Muitos divulgam a ideia de que existe carma, projetando-a no Espiritismo. Vamos recordar o capítulo 16 da Obra Chico Xavier Pede Licença, de sua autoria em parceria com o Filósofo Espírita José Herculano Pires, o qual esclarece a origem desse termo budista, de origem sânscrita.

Faz-se dessa palavra um uso prático para colocar consequências de vidas anteriores ou reações de atos nelas praticados como verdadeiros CASTIGOS DIVINOS, transformando um Deus soberanamente Justo e Bom, Providente e Misericordioso naquele DEUS DOS EXÉRCITOS, IRADO E VINGATIVO.

Nesse ponto, em verdade, o erro está no uso da régua. Não devemos medir o TODO-PODEROSO, PERFEITO E SUPREMO SÁBIO pelos todos-desajeitados, perfectíveis e ignorantes supremos que somos.

Respondendo sobre que definição se pode dar à moral, os Espíritos Superiores responderam que moral é a regra da boa conduta, o que faz toda diferença entre o bem e o mal. Vão além e esclarecem que a Moral, isto é, a Boa Conduta, tem fundamento na observação pelos Espíritos, encarnados ou não, da Lei de Deus. Arrematam dizendo: “o ser humano se conduz bem quando faz tudo tendo em vista o bem e PARA O BEM DE TODOS, porque então observa a Lei de Deus”.

Seguindo essa ideia do bem estar geral, o propósito é que cada ser humano aproveite toda ocasião de ser útil, sendo esse objetivo muito mais que a caridade. O Espiritismo ensina o básico: a regra do bem e do mal é o da reciprocidade ou de solidariedade.

A lei natural traça para o ser humano o limite de suas necessidades. Quando esse limite é ultrapassado sofre a consequência. Essa lei é tão básica que temos o seu exemplo na capacidade do nosso próprio estômago que nos diz até que ponto se deve ocupa-lo com nutrientes. O mesmo serve para a apropriação dos recursos naturais do planeta em benefício dos seus habitantes. Isso explica a pandemia e demonstra que não há castigo divino.

A humanidade é atingida, muitas vezes, por flagelos destruidores. Pergunta-se: quem foram os seus causadores? Não se deve culpar o Criador em razão de permitir a livre escolha. Cada ser inteligente, dotado da capacidade de fazer escolhas conscientes, é livre para observar a regra da boa conduta ou não. Nunca será demais lembrar que colhemos o que plantamos ou, ainda, a cada um segundo suas obras.

Aqueles que acompanharam a divulgação do trabalho da ANVISA na liberação de duas vacinas no Brasil, constataram que para o vírus que nos ataca não há tratamento precoce, como não existem qualquer medicamente que possa combatê-lo.

Os representantes da ciência afirmaram também que, mesmo com a primeira etapa da vacinação, o distanciamento social, uso de álcool-gel e máscara, como o confinamento NÃO DEVEM SER  PRÁTICAS ABANDONADAS.

Não está de acordo com a regra moral da boa conduta terceirizar nossa segurança pessoal, o cuidado com a própria vida e do semelhante para Deus, afinal, temos ou não INTELIGÊNCIA? Se temos o convite é para  usá-la.

Viva a ciência, Habemus Vaccinum. Deus deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal. É necessário aproveitar a oportunidade para não sofrer a consequência de nossos próprios atos egoístas e orgulhosos, que, longe de mostrar força, não passa de uma enorme fraqueza humana, digna de piedade.

Uberaba – MG, 18 de janeiro de 2021.

Beto Ramos.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

A IDADE DE JESUS

"Conforme a tradição, Jesus morreu aos 33 (trinta e três) anos de idade, porém..."


As pesquisas mais confiáveis apontam para a seguinte variável: Jesus teria nascido entre os anos 4 e 5 anteriores à era registrada como cristã e morrido por volta do ano 33 dessa era. Neste caso, sua provável idade de morte seria aproximadamente aos 37 anos de idade.

A tradição aponta, também, para uma narrativa ocorrida entre Abraão e seu filho Isaac. Sabe-se que esse último fora levado por seu pai para um lugar onde seria entregue em holocausto, mas, sem saber o que iria ocorrer. Conta-se que tratava-se de uma determinação de Deus, a qual seria cumprida à risca por Abraão. No entanto, consta que a Misericórdia de Deus permitiu que se fizesse a troca de Isaac por um cordeiro.

Essa narrativa, considerada messiânica, é também equiparada ao sacrifício do Cordeiro de Deus, Jesus Cristo. E, o que é mais curioso, é que Isaac é sempre retratado com uma criança que é levada por seu pai. Todavia, verificando as informações mais detidamente, percebe-se que Gênesis 22 conta que quando Sara - mãe de Isaac - toma conhecimento do evento, isto é, que seu filho seria entregue em holocausto, ela, de fato, morre.

Sabemos que Isaac é concebido quando sua mãe contava 90 (noventa) anos e que ela morre aos 127 anos. É possível pensar, então, que não seria o infante Isaac a ser sacrificado, mas, um adulto com idade de... 37 (trinta e sete) anos.

Naquela narrativa verifica-se, ainda, que Isaac acompanha Abraão sem questionar. Não se tratava, portanto, de um jovem que caminhou junto ao seu pai (expressão idiomática), mas que se tratou de um ato deliberado de um homem adulto que obedeceu ao seu pai já velho sem protestar contra sua autoridade.

Esse fato, além dos demais, corrobora a tese de que, realmente, trata-se de uma narrativa messiânica.

De posse dessas informações é inegável o fato de que há necessidade de se estudar, com profundidade, qualquer informação que se queira transmitir (ao menos, é necessário tentar).

Uberaba-MG, 13 de Janeiro de 2021
Beto Ramos.

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

COMPREENDENDO O ESPIRITISMO

 

No mes de janeiro, precisamente no dia primeiro do ano de 1846, nascia em Foug, distrito de Toul, na França, um dos maiores nomes conhecidos no Espiritismo depois de Allan Kardec. Reconhecido orador e escritor espírita atuou na Europa, ganhando notoriedade pelo mundo, tornando-se um grande e destacado líder do Espiritismo no seu tempo. Desencarnou em Tours, no dia dia 12 de abril de 1927.

Na atualidade há uma grande discrepância entre o conteúdo doutrinário do Espiritismo e muitos daqueles que se pretendem espíritas. Quem busca estudar sériamente o ensino dos Espíritos aprenderá, certamente, que a filosofia espírita é, em profundidade, uma filosofia de vida.

Não basta repetir "fora da caridade não há salvação" e agir por automatismo frente a obras puramente materiais quando distantes do verdadeiro significado da expressão caridade (como a compreendia Jesus): benevolência para com TODOS; Perdão das OFENSAS; e indulgência para com as IMPERFEIÇÕES ALHEIAS.

Por essa linha de raciocínio, o Espiritismo, bem compreendido, NÃO COADUNA com qualquer forma e regime de governo. Primeiro, é necessário considerar que entre as Leis Morais (Leis Divinas ou Naturais) temos a LEI DE IGUALDADE, demonstrando TODAS as nossas diferenças enquanto individualidades e os pontos onde somos, de fato, iguais. Segundo, recordamos a LEI DE SOCIEDADE, certos de que é no âmbito social onde nos tornamos indivíduos fraternos e solidários.

Se estudamos sociedade, igualdade, solidariedade e fraternidade no espiritismo, importa-nos refletir acerca da lição ditada pelo aniversariante deste mês:

"Após as doutrinas do passado, que só nos trouxeram obscuridade, incertezas, o Espiritismo projeta uma enorme claridade sobre o caminho a percorrer; no encadeamento de nossas vidas sucessivas, ele nos mostra a ordem, a justiça, a harmonia que reinam no Universo. Que o socialista sensato adote essa grande Doutrina, essa ciência vasta e profunda que esclarece todos os problemas e nos fornece provas experimentais da sobrevivência; que os seus seguidores se impregnem dela, que a ela adptem seus atos e então poderá tornar-se um dos meios que levarão a Humanidade na direção de melhores destinos[1]".
Algumas outras letras de Denis demonstram que, ou se adquire experiência ou o destino é a infância espiritual, senão vejamos:

"Após a guerra de 1870, entendi que seria necessário trabalhar com ardor na educação do povo. [...] Agora que a idade embranqueceu os meus cabelos e a experiência chegou, [...] compreendo melhor porque a lei da evolução obriga a imensa maioria dos seres renascer no seio das classes trabalhadoras, para nelas desenvolver sãs energias, moldar o caráter, tornar o homem verdadeiramente digno desse título[2]".

[1] DENIS, Léon. Socialismo e Espiritismo. CELD: Rio de Janeiro, 2012. Pg. 20.
[2] Idem, pg. 21.

Uberaba - MG, 12 de janeiro de 2021.
Beto Ramos.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

VOLTAIRE


"Posso não concordar..." ;


"Discordo do..." ;


"Não concordo com..."



(AVISO: A REFLEXÃO RECUSA PREGUIÇA)

Ah, sim! Vamos lá: posso não concordar com o que Trump diz nas redes sociais, mas, defendo sempre que seja o judiciário o detentor da prerrogativa de retirar de circulação suas "fake news" ou a incitação a crimes.

Se você pensou que estou parafraseando Voltaire, ERROU! A fomosa frase que lhe é atribuída - "Eu discordo do que você diz, mas vou defender até a morte seu direito de o continuar dizendo" - não é de sua autoria. ELE NUNCA DISSE ISSO.

Na verdade, voltando no tempo, François-Marie Arouet, conhecido pelo pseudônimo Voltaire, se posicionou contra o banimento de um livro de autoria de Claude-Adrien Helvétius, com o qual ele teve um, digamos, "desacordo". Helvétius escreveu DE L'ESPIRIT e teve sua obra condenada e queimada (Sorbonne, Parlamento de Paris e Igreja). Voltaire não acreditava que fosse certo ou justo queimar aquela obra.

MAS, E A FRASE? Foi em uma "biografia", publicada em 1906, que aparece a frase NUNCA DITA POR VOLTAIRE. Na verdade, tratava-se de uma forma literária de RESUMIR O PENSAMENTO E A POSIÇÃO DE VOLTAIRE QUANTO À QUEIMA DO LIVRO DO SEU ADVERSÁRIO NO CAMPO DAS IDEIAS.

Mais tarde, outra publicação (1919) aparece tal ideia como se fosse um "princípio voltairiano" ENTRE ASPAS. No fim e ao cabo, compreendemos que o filósofo, realmente, defendeu a liberdade de expressão e a sua irredutibilidade.

Ah! é importante saber que a autora da "biografia" reconheceu em carta que o filósofo NUNCA havia dito a famosa frase (Evelyn Hall), onde pede desculpas, pois, não fora sua intenção causar tamanha confusão. Um estudo ajuda a nos situarmos bem sempre.

O já longevo bolsonarista Alexandre Garcia, que parecia ser intelectual quando estava na Globo, deveria saber disto e não usar a frase com erro de atribuição.

De todo modo, quando se comemora o banimento de Trump de uma rede social, o que se faz é entregar A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O GOVERNO para instituições privadas, cujo tribunal não contempla o devido processo legal; a decisão ocorre entre quatro paredes; e os objetivos sãos os mais particulares, individuais e escusos possíveis (a Vice-Presidente dos E.U.A. é uma representante dessas mesmas empresas que controlam as redes sociais no mundo).

Posso não concordar com o Trump, mas... deixar grupos substituirem a justiça e o governo é um caminho perigoso. É um 'SELAR O PRÓPRIO DESTINO.

O PRÓXIMO DIREITO DE EXPRESSÃO A SER REPRIMIDO SERÁ O SEU. E isso não ocorrerá muito longe, será na próxima esquina e alguém NEM estará usando uma farda, pois, até isso está se terceirizando nessa "COMEMORAÇÃO".

Concluimos recordando: Voltaire nunca disse a sua (NÃO) mais famosa 'frase'.

Uberaba-MG, 10 de janeiro de 2021
Beto Ramos





quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

O ENSINO DOS ESPIRÍTOS E O PENSAMENTO FILOSÓFICO

Hoje, neste artigo, quero compartilhar com vocês leitores (as) algumas referências encontradas no estudo da filosofia que, ao nosso sentir, estão presentes na Obra produzida pelo insigne Professor Rivail, usando o pseudônimo Allan Kardec. O objetivo é que, juntos, possamos nos apropriar da influência científico-filosófica em todo o trabalho que, mais tarde, seria conhecido como Codificação do Espiritismo.

Todas as proposições a seguir possuem um caráter de estudo, partindo das premissas encontradas nas pesquisas bibliográficas, deduzindo o resultado, uma vez que não há referência direta feita por Rivail para cada uma dessas influências. Todavia, está patente no seu trabalho uma divisão em conformidade com a estrutura didático-pedagógica do currículo dos cursos de filosofia contemporâneas à sua produção científica.

Não iremos esgotar tudo o que poderá ser encontrado pelo estudante, pois, a sugestão de fundo é que cada interessado, também, busque certificar-se de que tais influências estão diretamente ligadas às perguntas e respostas consolidadas em todas as Obras da Codificação.

Sem dúvida, podemos pensar que a Lei do Progresso possui, em sua base, o pensamento de Heráclito: “Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio”. O mesmo pode-se dizer quanto ao Livre Arbítrio: “Os caminhos para cima ou para baixo são um só e a mesma coisa, depende do ponto de partida”. Quando se pensa em Espírito simples e ignorante com o potencial para evoluir, esse filósofo, acerca do conhecimento, ponderou: “De onde vem o conhecimento? da nossa mente, do nosso pensar e não da nossa conservação das coisas”.

Parmênides, concordando com Heráclito, vai ponderar que o conhecimento empírico é subjetivo, pois, o ser humano para descobrir o mundo, deve confiar somente na lógica e no pensamento: “ser é a mesma coisa que pensar”.

Quando nos deparamos com as reflexões de Anaxágoras de que tudo está em tudo, imediatamente, recordamos da resposta dos Espíritos na questão 540 de O Livro dos Espíritos. Isto é corroborado pelo fato de que a ideia da existência dos “não cortáveis” - dos ÁTOMOS -, os quais, segundo esse pensador, “formam as coisas quando colidem entre si, formando novos compostos”.

Não seria o sofista Protágoras, se dando conta das implicações das crenças e dos comportamentos humanos, questionando se uma crença é natural ou cultural, o precursor da fé raciocinada como concebida por Rousseau e Kant?

Não há dúvidas sobre questões envolvendo a imortalidade da alma tratadas pelo precursor Sócrates, inclusive suas defesas, naquele tempo, do livre-pensamento e da liberdade de consciência, da ética humana e política. Sobre os conhecimentos inatos, aos quais os Espíritos respondem a Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, Platão afirmou que todos já nascemos programados com certos tipos de conhecimento. Sua explicação fundamenta-se no fato de que “todos temos uma alma imortal, pois, já passamos por existências anteriores”. Na sua formulação “tudo o que aprendemos não passa de um (re) conhecimento ou anamnese (memória)”.

Esse filósofo também formulou que existem dois mundos, o das coisas óbvias do cotidiano e o das eternas e perfeitas formas. Seria a base para se compreender a constatação da inédita informação dada no Livro Segundo de O Livro dos Espíritos onde o tema central é: MUNDO ESPIRITUAL OU DOS ESPÍRITOS? Onde os Espíritos transmitem o conhecimento que experimentaram do seu mundo, percebido pelas sensações do perispírito.

Parece que Platão captou a ideia de mundo espiritual, mas, não soube explica-la. Considerou o mundo das formas, mas, não Espíritos e mundo espiritual. Mas, não há dúvida de que no fundo há a ideia de superação dos meros fenômenos sensíveis da matéria, confirmada, mais tarde, em O Livro dos Espíritos.

Finalizando a contribuição de Platão, quando o estudamos e encontramos sua ideia de que “para conhecer realmente alguma coisa é preciso experimentá-la, vivenciando sua experiência de modo direto”, ao menos nesta reflexão, recorda-se a proposição contida na questão 132 de O Livro dos Espíritos, onde se verifica a necessidade da encarnação dos Espíritos para vivenciar experiências variadas em cada mundo e por cada ponto de vista, sendo necessária a reencarnação no processo evolutivo.

A lógica dedutiva ou silogística está presente na Obra de Kardec. Aristóteles foi o seu precursor, estabelecendo os critérios das premissas maior e menor e da conclusão, componentes dessa construção. A ideia central desse tipo de raciocínio é que a conclusão não admita mais que as premissas.  Também é o criador do método da indução. Essa matriz parece estar na base da ciência espírita.

Aristóteles começa a fazer ciência quando passa a generalizar do observável especificamente para espécies. Usando generalizações indutivas sobre as espécies para fazer uma dedução sobre indivíduos, o que permite à ciência fazer uma previsão. A construção científica da “causa final” das coisas individuais e que cada uma delas possui uma função potencial é sua construção.

Quanto à "causa final" afirmou que tudo e cada acontecimento tem uma causa; recuando até o começo dos tempos chegaremos à conclusão de que deve ter havido uma CAUSA PRIMEIRA, o PRIMEIRO MOTOR. Algo como um CRIADOR DIVINO. Parece-nos ser essa construção a base racional do ensino contido no Livro Primeiro de O Livro dos Espíritos.

Aristóteles também tratará de almas e substâncias falando de essência e acidente. Intrigante é a sua reflexão acerca de vegetais, animais e humanos, sendo que os primeiros possuem uma alma vegetativa porque crescem, os segundos possuem alma animal em razão das sensações, e os terceiros possuem as duas, bem como a razão. Pareceu não garantir a imortalidade da alma. Assim, é possível ponderar que não falava de alma como se compreende. Sua base reflexiva estaria de acordo com o que contém O Livro dos Espíritos quanto ao princípio vital, o instinto, a inteligência e a razão.

Por fim, esse filósofo tratou da ética da moderação (uma realização própria) e da capacidade humana de se adquirir competências por meio do conhecimento, o qual pode ser transmitido, além dos hábitos condicionados elaborados ao longo do tempo e as escolhas necessárias do cotidiano, sendo a Moral compreendida como um Código de Conduta. Em O Livro dos Espíritos há a afirmação dos Espíritos de que realmente a Moral é a conduta humana na prática do bem.

Foram esses os apontamentos que ousamos fazer e que ficaremos felizes em receber todas as críticas necessárias, solicitando sempre que o prévio estudo das informações contidas em O Livro dos Espíritos preceda o debate.


Fonte Bibliográfica:

ROBINSON, Dave. Entendo a filosofia: um guia gráfico da história do pensamento / Dave Robinson, Judy Groves; Tradução Marly N. Peres. São Paulo: Leya, 2012.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

FILOSOFIA ESPÍRITA

Para responder essa pergunta seria necessário um estudo aprofundado da Doutrina Espírita, bem como conhecer a história do Espiritismo e como se concebia ciência no século 19, pois, o Espiritismo não só é FILOSOFIA como classifica-se entre as CIÊNCIAS FILOSÓFICAS. 

Um fato que não é divulgado pelos Espíritas precisa ter o devido registro, face sua importância diante desse tipo de indagação feita no título deste artigo. A primeira obra da Codificação, O Livro dos Espíritos, está estruturada de acordo com os temas e desafios investigados nas demais ciências filosóficas contemporâneas a Kardec. Seu grande mérito está na profundidade e unidade sistêmica das respostas dos Espíritos Superiores sobre as questões fundamentais da humanidade, o que os autores humanos não alcançaram.

Seguindo a “grade curricular” do ensino de filosofia do século 19, O Livro dos Espíritos oferece um conjunto de conteúdos e assuntos equivalentes. Sua divisão observa no Livro Primeiro causas primárias (Deus, alma e matéria), abordando as faculdades da alma (razão e senso moral) separando-as das orgânicas (instinto e paixões). É o mesmo currículo da metafísica geral ou ontologia e da metafísica especial. Os assuntos dos capítulos se referem à teodiceia, a cosmologia e a psicologia racional.

O Livro Segundo, inédito no campo da filosofia, reporta-se ao mundo espiritual, esmiuçado em detalhes pelos Espíritos Superiores, fruto de seu conhecimento: uma verdadeira ciência dos espíritos. Os Livros Terceiro e Quarto vão discorrer sobre a moral conforme as Leis Naturais ou Divinas, cujo desenvolvimento é racional, mas, com a inédita análise experimental pelos ensinamentos dos espíritos. Note bem que:

“[...] o espiritismo, proposto por Kardec como sendo uma nova ciência filosófica, respeita, em sua obra fundadora, a estrutura temática e os desafios a serem vencidos nas demais ciências filosóficas de seu tempo[1]”.



[1] FIGUEIREDO, Paulo Henrique de. Revolução Espírita: a teoria esquecida de Allan Kardec. São Paulo: MAAT, 2016. Pg. 199.


Uberaba - MG, 06 de Janeiro de 2021
Beto Ramos

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

ESPIRITISMO: CIÊNCIA DA OBSERVAÇÃO COM MÉTODO EXPERIMENTAL

Fonte: banco de imagns google/internet (experiências de laboratório)

Talvez uma das grandes dificuldades enfrentadas pelos Espíritas é afirmar o Espiritismo como ciência. Nos dias atuais não encontramos o mesmo “clima acadêmico” da época de Kardec. Além disto, poucos sabem, verdadeiramente, situar o Espiritismo como ciência no próprio tempo em que viveu o Codificador da Doutrina Espírita.

Nesse sentido, os que buscam afirmar o Espiritismo como ciência, nos dias de hoje, ficam com certas dificuldades quando indagados acerca do caráter materialista da ciência tradicional que exige a prova experimental. Quem poderá responder que o Espiritismo é, rigorosamente, do ponto de vista científico, quanto à sua elaboração, uma ciência experimental?

O estudante, ao pesquisar, irá se deparar com o dilema enfrentado pelos precursores da ideia espírita cujo objeto de investigação é o mesmo da ciência metafísica, um subgrupo das ciências filosóficas que, de acordo com a classificação aceita no período contemporâneo a Kardec, pertencia ao grande grupo das Ciências Morais. Na atualidade não se verifica essa divisão que se perdeu no caminho da “evolução” científica.

Possuir essa informação faz toda a diferença. A dificuldade gira em torno do objeto de pesquisa: Deus, alma, matéria, psicologia racional, cosmologia racional e teologia racional. O Filósofo Paul Janet perguntará: como poderia o absoluto ser estudado de maneira experimental?

A princípio, considera-se ciência as que partem por construção do que “deve ser” e não daquilo que “é na realidade”. O ponto de partida, após a experiência, se conclui em determinado resultado, o que permite conhecer fatos e fenômenos. Ou, ainda, o processo pelo qual há uma ocorrência fortuita e casual quando considerada isoladamente, mas, necessária e inevitável ao ser relacionada às causas que lhe deram origem.

Sendo a metafísica abstrata e ideal, cujo objeto de pesquisa ultrapassa o objeto de investigação da ciência concreta, a priori, não poderia ser o resultado da experiência. Para muitos, é possível que não seja nem mesmo ciência, vez que “não seria possível nem pela razão, nem pela experiência”.

A solução desse problema, primeiramente, ocorreu por meio da aplicação do método reflexivo, isto é, o resultado da pesquisa não seria produto da imaginação, mas, da observação, onde, para além da ideia de concepção das coisas, há verdadeira sensação e percepção.

Mas, Allan Kardec, superou essa teoria e comprovou que os fenômenos espíritas eram passíveis de experimentações materiais. E, o que é mais notável, tais experiências demonstrariam resultados positivos. Até o advento do Espiritismo acreditava-se que o método experimental, aplicado às ciências e responsável pelos seus progressos, era somente aplicado à matéria. Kardec provará que esse método, também, pode ser aplicado às coisas metafísicas.

A grande revolução do conhecimento está no fato de que as ideias metafísicas podem ser observadas e experimentadas. O processo é simples. Os Espíritos comunicam-se por meio dos médiuns e transmitem conhecimento. Esses conhecimentos referem-se ao mundo espiritual. Os Espíritos tratam do ambiente físico em que vivem, das leis naturais que regem esse ambiente e de suas experiências dos fenômenos que lhes ocorrem, os quais são percebidos por meio dos sentidos de seu corpo espiritual.

Estamos diante de dois novos ramos do conhecimento humano:

a) Epistemologia espírita: método fundamentado de Kardec usado para pesquisar e compreender nas manifestações os ensinamentos dos Espíritos;

b) Epistemologia dos Espíritos: teoria do conhecimento do mundo dos espíritos (como os Espíritos descobrem coisas e aprendem).

Temos a experiência na Ciência dos Espíritos e a observação na Ciência Espírita. A partir do surgimento da Doutrina dos Espíritos é possível o ser humano superar a limitação de estudar a natureza somente pelos sentidos e de abordar as questões espirituais somente por meio da reflexão. 

É válido argumentar que o Espiritismo não é produto da imaginação, pois, ultrapassa o problema do método enfrentado pela metafísica como compreendida antes do seu advento. O método reflexivo foi superado. Como todas as demais ciências positivas, ao Espiritismo aplica-se o método experimental.


Uberaba-MG, 04 de Janeiro de 2021.

Beto Ramos


Fonte Bibliográfica:

FIGUEIREDO, Paulo Henrique de. Revolução Espírita – a teoria esquecida de Allan Kardec. São Paulo – SP: Maat, 2016.


DESTAQUE DA SEMANA

A DOUTRINA DOS ESPÍRITOS NÃO É ASSUNTO QUE SE ESGOTA EM UMA PALESTRA

  EM SUAS VIAGENS KARDEC MINISTRAVA ENSINOS COMPLEMENTARES AOS QUE JÁ POSSUIAM CONHECIMENTO E ESTUDO PRÉVIO. Visitando a cidade Rochefort, n...