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quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

O ENSINO DOS ESPIRÍTOS E O PENSAMENTO FILOSÓFICO

Hoje, neste artigo, quero compartilhar com vocês leitores (as) algumas referências encontradas no estudo da filosofia que, ao nosso sentir, estão presentes na Obra produzida pelo insigne Professor Rivail, usando o pseudônimo Allan Kardec. O objetivo é que, juntos, possamos nos apropriar da influência científico-filosófica em todo o trabalho que, mais tarde, seria conhecido como Codificação do Espiritismo.

Todas as proposições a seguir possuem um caráter de estudo, partindo das premissas encontradas nas pesquisas bibliográficas, deduzindo o resultado, uma vez que não há referência direta feita por Rivail para cada uma dessas influências. Todavia, está patente no seu trabalho uma divisão em conformidade com a estrutura didático-pedagógica do currículo dos cursos de filosofia contemporâneas à sua produção científica.

Não iremos esgotar tudo o que poderá ser encontrado pelo estudante, pois, a sugestão de fundo é que cada interessado, também, busque certificar-se de que tais influências estão diretamente ligadas às perguntas e respostas consolidadas em todas as Obras da Codificação.

Sem dúvida, podemos pensar que a Lei do Progresso possui, em sua base, o pensamento de Heráclito: “Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio”. O mesmo pode-se dizer quanto ao Livre Arbítrio: “Os caminhos para cima ou para baixo são um só e a mesma coisa, depende do ponto de partida”. Quando se pensa em Espírito simples e ignorante com o potencial para evoluir, esse filósofo, acerca do conhecimento, ponderou: “De onde vem o conhecimento? da nossa mente, do nosso pensar e não da nossa conservação das coisas”.

Parmênides, concordando com Heráclito, vai ponderar que o conhecimento empírico é subjetivo, pois, o ser humano para descobrir o mundo, deve confiar somente na lógica e no pensamento: “ser é a mesma coisa que pensar”.

Quando nos deparamos com as reflexões de Anaxágoras de que tudo está em tudo, imediatamente, recordamos da resposta dos Espíritos na questão 540 de O Livro dos Espíritos. Isto é corroborado pelo fato de que a ideia da existência dos “não cortáveis” - dos ÁTOMOS -, os quais, segundo esse pensador, “formam as coisas quando colidem entre si, formando novos compostos”.

Não seria o sofista Protágoras, se dando conta das implicações das crenças e dos comportamentos humanos, questionando se uma crença é natural ou cultural, o precursor da fé raciocinada como concebida por Rousseau e Kant?

Não há dúvidas sobre questões envolvendo a imortalidade da alma tratadas pelo precursor Sócrates, inclusive suas defesas, naquele tempo, do livre-pensamento e da liberdade de consciência, da ética humana e política. Sobre os conhecimentos inatos, aos quais os Espíritos respondem a Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, Platão afirmou que todos já nascemos programados com certos tipos de conhecimento. Sua explicação fundamenta-se no fato de que “todos temos uma alma imortal, pois, já passamos por existências anteriores”. Na sua formulação “tudo o que aprendemos não passa de um (re) conhecimento ou anamnese (memória)”.

Esse filósofo também formulou que existem dois mundos, o das coisas óbvias do cotidiano e o das eternas e perfeitas formas. Seria a base para se compreender a constatação da inédita informação dada no Livro Segundo de O Livro dos Espíritos onde o tema central é: MUNDO ESPIRITUAL OU DOS ESPÍRITOS? Onde os Espíritos transmitem o conhecimento que experimentaram do seu mundo, percebido pelas sensações do perispírito.

Parece que Platão captou a ideia de mundo espiritual, mas, não soube explica-la. Considerou o mundo das formas, mas, não Espíritos e mundo espiritual. Mas, não há dúvida de que no fundo há a ideia de superação dos meros fenômenos sensíveis da matéria, confirmada, mais tarde, em O Livro dos Espíritos.

Finalizando a contribuição de Platão, quando o estudamos e encontramos sua ideia de que “para conhecer realmente alguma coisa é preciso experimentá-la, vivenciando sua experiência de modo direto”, ao menos nesta reflexão, recorda-se a proposição contida na questão 132 de O Livro dos Espíritos, onde se verifica a necessidade da encarnação dos Espíritos para vivenciar experiências variadas em cada mundo e por cada ponto de vista, sendo necessária a reencarnação no processo evolutivo.

A lógica dedutiva ou silogística está presente na Obra de Kardec. Aristóteles foi o seu precursor, estabelecendo os critérios das premissas maior e menor e da conclusão, componentes dessa construção. A ideia central desse tipo de raciocínio é que a conclusão não admita mais que as premissas.  Também é o criador do método da indução. Essa matriz parece estar na base da ciência espírita.

Aristóteles começa a fazer ciência quando passa a generalizar do observável especificamente para espécies. Usando generalizações indutivas sobre as espécies para fazer uma dedução sobre indivíduos, o que permite à ciência fazer uma previsão. A construção científica da “causa final” das coisas individuais e que cada uma delas possui uma função potencial é sua construção.

Quanto à "causa final" afirmou que tudo e cada acontecimento tem uma causa; recuando até o começo dos tempos chegaremos à conclusão de que deve ter havido uma CAUSA PRIMEIRA, o PRIMEIRO MOTOR. Algo como um CRIADOR DIVINO. Parece-nos ser essa construção a base racional do ensino contido no Livro Primeiro de O Livro dos Espíritos.

Aristóteles também tratará de almas e substâncias falando de essência e acidente. Intrigante é a sua reflexão acerca de vegetais, animais e humanos, sendo que os primeiros possuem uma alma vegetativa porque crescem, os segundos possuem alma animal em razão das sensações, e os terceiros possuem as duas, bem como a razão. Pareceu não garantir a imortalidade da alma. Assim, é possível ponderar que não falava de alma como se compreende. Sua base reflexiva estaria de acordo com o que contém O Livro dos Espíritos quanto ao princípio vital, o instinto, a inteligência e a razão.

Por fim, esse filósofo tratou da ética da moderação (uma realização própria) e da capacidade humana de se adquirir competências por meio do conhecimento, o qual pode ser transmitido, além dos hábitos condicionados elaborados ao longo do tempo e as escolhas necessárias do cotidiano, sendo a Moral compreendida como um Código de Conduta. Em O Livro dos Espíritos há a afirmação dos Espíritos de que realmente a Moral é a conduta humana na prática do bem.

Foram esses os apontamentos que ousamos fazer e que ficaremos felizes em receber todas as críticas necessárias, solicitando sempre que o prévio estudo das informações contidas em O Livro dos Espíritos preceda o debate.


Fonte Bibliográfica:

ROBINSON, Dave. Entendo a filosofia: um guia gráfico da história do pensamento / Dave Robinson, Judy Groves; Tradução Marly N. Peres. São Paulo: Leya, 2012.

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