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segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

HÁ RELAÇÃO ENTRE A SOCIOLOGIA E O ESPIRITISMO?

O nosso propósito nesta publicação é saber se o Espiritismo, como ciência da observação e filosofia com consequências morais ‘absorve’ de certa maneira, ou melhor dizendo, atrai para si a preocupação com os objetos de estudos de outras ciências.

Vamos refletir sobre a sociologia.

Sabemos que é uma parte das ciências humanas que estuda o comportamento humano em função do meio e os processos que interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições.

Aprendemos no Espiritismo que o meio vai influenciar sobremaneira no gênero de provas a que o Espírito se submete, isto é, suas escolhas consideram, entre outras coisas, o meio a que está inserido.

É lícito perguntar como esse comportamento dos encarnados irá influenciar na vida do Espírito? Indivíduos que se reuniram em associações, grupos e instituições vão, novamente, se reunir no mundo espiritual?

A sociologia tem uma base teórico-metodológica voltada para o estudo dos fenômenos sociais, tentando explicá-los e analisando os seres humanos em suas relações de interdependência. Portanto, um dos objetivos da sociologia será compreender as diferentes sociedades e culturas.

A pergunta que fazemos é: como essa compreensão influenciará na vida espiritual? Há uma relação de interdependência entre os Espíritos nas suas diversidades de classes?

Acreditamos que é possível encontrar respostas concretas para essas e outras reflexões que podemos fazer na relação entre a Sociologia e o Espiritismo. Deixamos aqui consignado para que você, leitor ou leitora, traga a sua contribuição para esse ensaio.

Uberaba-MG, 02/01/2023

Beto Ramos

terça-feira, 23 de novembro de 2021

O ATO DO DEVER MORAL E A CARIDADE DESINTERESSADA

Quem não tem dúvidas, certamente, é porque não estuda. E, por falar nisto, vejamos quantas perguntas estão presentes apenas em uma proposta de reflexão. Por aqui, falando de ato do dever moral e a caridade desinteressada, podemos começar indagando:

  • O que é ato?
  • O que é moral?
  • O que é dever?
  • Onde podemos encontrar tais temas?

Partindo do final, esses temas pertencem à filosofia, à psicologia, ao espiritualismo racional e ao espiritismo, entre outras áreas do conhecimento e do saber.

Daí, outra pergunta: o que propõe o espiritualismo racional quanto ao ato, à moral e ao dever? Por que propõe? Qual a compreensão de moral anterior à proposta feita pelo espiritualismo racional?

Perceba que nossa jornada não será fácil. Vamos começar definindo e delimitando.

Ato, do latim actus, tem sentido de movimento; impulso. Ator é aquele que age, isto é, quem produz o ato. Esse, por sua vez, é o exercício da faculdade de agir. Ato, também considerado, pode ser o que se faz ou o que se deixa de fazer.

A ética definiu o ato como uma ação guiada por uma consciência livre e consciente. Outros campos, como filosofia e direito, também buscaram suas definições (se o leitor tiver interesse, busque o significado).

Quanto à moral, a filosofia ensina que se trata de cada um dos sistemas variáveis de leis e valores estudados pela ética. Tais leis e valores são diferentes conforme cada sociedade e seus comportamentos. Nessa categoria temos o que é proibido, permitido, desaconselhado, ideal e etc.

Segundo Kant, dever é o guia da AÇÃO MORAL do indivíduo. Nesse caso o indivíduo possui no dever o imperativo categórico. Fundado na raiz racional, o dever moral é um código de conduta auto imposto pelo indivíduo como um verdadeiro dever ser.

O dever moral, como sistema, é constituído basicamente pela VONTADE. Seu fundamento é a AUTONOMIA DA VONTADE, isto é, a liberdade.

Quando o estudante espírita se aprofundar na teoria espírita, cujo fundamento é o livre-arbítrio, vontade, autonomia, dever, moral, ato e ato do dever moral, não ficarão obscurecidos e serão facilmente compreendidos. Assim esperamos.

Importante destacar a evolução do pensamento recuperando a história. Igreja e religiões ancestrais pregavam, diversamente do espiritualismo racional e do espiritismo, uma MORAL DA SUBMISSÃO. O materialismo, como modelo de pensamento, defendia a MORAL DO UTILITARISMO. Em ambos os casos, como concepção, a MORAL era compreendida pelo prisma do INTERESSE. Nesse caso, o ser humano é passivo. Não há um ATO LIVRE, nem CONSCIENTE, isto é, todo ato visa a um interesse de quem age. Esse interesse se resume em angariar recompensa ou se livrar de um castigo.

O materialismo surgiu em face de uma tensão provocada pelo radicalismo fanático da igreja. E o motivo é bem simples: a igreja lutava contra a razão. Mas, ao seu turno, o materialismo vem como princípio da negação de tudo. Inaugura a incredulidade absoluta e com muita energia. É essa incredulidade que irá causar um vazio angustiante na sociedade (no caso da França, o período dessa tensão será caracterizado pela Revolução Francesa).

Nesse cenário de vazio e angústia o Espiritualismo Racional retomará o estudo das ciências morais a partir de uma psicologia experimental espiritualista (inédita e singular na história da ciência). O título Espiritualismo Racional foi usado para se diferenciar da tradição ancestral religiosa.

Esse movimento se caracterizou por:

  • Adotar a metodologia científica;
  • Buscar fazer com que o sucesso científico no estudo da matéria se repetisse no estudo do ser humano;
  • Compreender as leis naturais que fundamentam esse estudo.

Resumindo: substituir a fé cega por uma racional.

Importante ressaltar três momentos importantes para o movimento espiritualista racional, a saber:

a. O Espiritualismo Racional toma as ciências morais na universidade;

b. Passou a ser matéria fundamental da Escola Normal na formação de professores;

c. Segue como objeto de estudo, também, nos liceus e colégios franceses.

A partir daí, o movimento espiritualista racional seguiu pelo mundo, com destaque para Portugal, Espanha, países da América Latina e Brasil.

É preciso conhecer um pouco mais da história para fazer a correta conexão desse movimento com o Espiritismo, visto que a mesma é afirmada por Allan Kardec.

Falemos, então, sobre a moral da liberdade. Nem a submissão da igreja, nem o utilitarismo do materialismo. De um ser humano passivo, a moral racional busca um ser humano ativo e, portanto, propõe: 

"O ato moral é caracterizado por ser livre e consciente e é definido como o ATO DO DEVER, sem lugar para castigo ou recompensa".

Os pensadores do Espiritualismo Racional definem que o DEVER é o FUNDAMENTO da CARIDADE. É que, enquanto a JUSTIÇA é o cumprimento do dever (estabelecido pelo grupo social), a CARIDADE está LIVRE para AGIR sem vínculo a qualquer INTERESSE.

O bem moral supõe o bem natural que lhe é anterior e lhe serve de fundamento. Funciona assim: agir em prol de um bem moral é uma escolha racional, pois:

  • Não há busca de obediência a Deus, nem é resultado do medo ou do castigo;
  • Nada de imposição, seja por Deus ou pela sociedade.

O bem moral consistirá, conforme ensina Paul Janet (1886), em preferir:

  • O que há de melhor em nós em detrimento do que há de inferior;
  • Os bens da alma em detrimento aos bens do corpo;
  • A dignidade humana em detrimento da servidão das paixões animais;
  • As nobres afeições do coração em detrimento das inclinações de um vil egoísmo.
Indaga-se, nesse sentido: Onde está presente a LEI MORAL, uma vez que essa é o GUIA DO ATO DO DEVER MORAL?

Segundo se observará, está presente na natureza do ser, isto é, em sua consciência. Portanto, o pressuposto para o AGIR do indivíduo pelo BEM MORAL é que aceite a lei moral presente em sua consciência como verdadeira e lhe reconhecer a aplicação necessária em cada caso particular.

A consciência, lugar onde a lei moral está presente, é definida como a faculdade de reconhecer a lei moral e aplicá-la a TODAS as circunstâncias que se apresentem. Consciência é o ATO DO ESPÍRITO pelo qual aplicamos a um caso particular, a uma AÇÃO a se praticar ou já praticada, AS REGRAS GERAIS DADAS PELA MORAL.

O despertar dessas leis morais, presentes na consciência não surge como por mágica. As regras gerais da moral vão permear um conceito criado pelo Espiritualismo Racional: a regeneração da humanidade. Por ele se postula o direito primordial à educação ativa, que compreende:

  • A conquista de oportunidade para todos;
  • Criar um novo mundo, pelo ato solidário e pela nova educação transformadora.

São postulações por LIBERDADE, onde há direito de:

  • Pensamento (ensino livre);
  • Consciência (liberdade de crença); e,
  • Moral (dever).

É preciso recordar que o termo LIBERDADE é uma construção do pensamento liberal, o qual possui significado especial para o Espiritualismo Racional e para o Espiritismo.

O movimento liberal francês pretendia estabelecer no ambiente social uma RELIGIÃO NATURAL e um DEUS FILOSÓFICO, todo AMOR E JUSTIÇA, sem o exclusivismo das seitas que causa divisão. Trata-se, portanto, do LIBERALISMO ÉTICO. Aqui se compreende a ideia anterior, isto é, liberdades individuais da alma: de pensamento, de crença e de escolha do ato moral.

Em 1868, na Revista Espírita, Kardec afirmou que o Espiritismo é uma Doutrina Liberal. Essa doutrina preconiza:

  • Emancipar a inteligência pela liberdade de consciência;
  • Combater a fé cega por meio do livre exame como base essencial de toda crença séria.
É assim que a compreensão da expressão fora da caridade não há salvação, em Espiritismo, será compreendida como um princípio de união e fraternidade universais, único que pode por um termo aos antagonismos dos povos e das crenças.

Atualmente, a caridade é compreendida como sinônimo de assistencialismo. Para Kardec, o termo tinha outro significado. Baseado no Espiritualismo Racional representa o AGIR PELO DEVER. Uma ação livre, mas consciente, totalmente intencional, com plena compreensão da lei moral.

A caridade é um princípio orientador do AGIR INTEGRAL DO SER. Em Kardec não é atividade complementar, não é comportamento acessório. 

Como afirmado, a humanidade, para regenerar-se, sofrerá um despertar dessas leis morais presentes em cada consciência por meio da educação. O ato do dever, que é o fenômeno moral, é analisado pela MORAL TEÓRICA, uma das disciplinas estudadas nas universidades do século 19 na França em uma ciência filosófica: o Espiritualismo Racional.

Em 1864, na Revista Espírita, Allan Kardec afirmou que a MORAL DOS ESPÍRITOS superiores é a mesma dos espiritualistas racionais, isto é, A MORAL AUTÔNOMA, baseada no ATO DO DEVER, que é livre, consciente e VOLUNTÁRIO.

Indivíduos que escolhem novos hábitos, agindo por sua livre escolha de modo solidário, exercem o ATO DO DEVER e estabelecem a CARIDADE ao lado da JUSTIÇA.

Apesar da definição inicial é importante deixar claro: o que é o ato do dever ensinado para jovens, a partir de uma educação que o torna ativo e consciente do seu papel no mundo onde se busca a REGENERAÇÃO DA HUMANIDADE?

É o próprio AGIR do ser humano pelo ATO DO DEVER, que além de respeitar a justiça, PRATICA A CARIDADE, ou seja:

"proporcionar aos outros aquilo que desejaria pra si mesmo (a moral social)".

A MORAL PRÁTICA, nas ciências filosóficas admite a segunda divisão para os deveres:

  1. Deveres para com os animais;
  2. Para consigo mesmo;
  3. Para com os indivíduos; e
  4. Para com Deus.

Vamos encontrar correspondência entre essa proposta espiritualista racional em espiritismo. Essa classificação dos deveres, a divisão de temas e a abordagem conceitual da moral prática do Espiritualismo Racional estão presente na Doutrina Espírita. Na parte terceira de O Livro dos Espíritos, que trata das leis morais, encontraremos:

  • DEVERES PARA CONSIGO:
    - Lei do Trabalho

    - Lei de Conservação

    - Lei de Liberdade

  • DEVERES PARA COM OS OUTROS:
    - Deveres da família;

    - Casamento;

    - Pais, filhos, e sociais;

  • DEVERES PARA COM DEUS:
  - Imitação de Deus (buscar se aproximar de Deus indefinidamente);

    - Aperfeiçoamento do seu ser.


Para todos que conseguiram chegar até aqui, parabéns e obrigado.


NOSSA FONTE PRINCIPAL DE PESQUISA:

FIGUEIREDO. Paulo Henrique de. Autonomia - a história jamais contada do Espiritismo. São Paulo: FEAL, 2019 (exemplar digital Amazon).


Uberaba-MG, 23/11/2021.
Beto Ramos

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

O ENSINO DOS ESPIRÍTOS E O PENSAMENTO FILOSÓFICO

Hoje, neste artigo, quero compartilhar com vocês leitores (as) algumas referências encontradas no estudo da filosofia que, ao nosso sentir, estão presentes na Obra produzida pelo insigne Professor Rivail, usando o pseudônimo Allan Kardec. O objetivo é que, juntos, possamos nos apropriar da influência científico-filosófica em todo o trabalho que, mais tarde, seria conhecido como Codificação do Espiritismo.

Todas as proposições a seguir possuem um caráter de estudo, partindo das premissas encontradas nas pesquisas bibliográficas, deduzindo o resultado, uma vez que não há referência direta feita por Rivail para cada uma dessas influências. Todavia, está patente no seu trabalho uma divisão em conformidade com a estrutura didático-pedagógica do currículo dos cursos de filosofia contemporâneas à sua produção científica.

Não iremos esgotar tudo o que poderá ser encontrado pelo estudante, pois, a sugestão de fundo é que cada interessado, também, busque certificar-se de que tais influências estão diretamente ligadas às perguntas e respostas consolidadas em todas as Obras da Codificação.

Sem dúvida, podemos pensar que a Lei do Progresso possui, em sua base, o pensamento de Heráclito: “Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio”. O mesmo pode-se dizer quanto ao Livre Arbítrio: “Os caminhos para cima ou para baixo são um só e a mesma coisa, depende do ponto de partida”. Quando se pensa em Espírito simples e ignorante com o potencial para evoluir, esse filósofo, acerca do conhecimento, ponderou: “De onde vem o conhecimento? da nossa mente, do nosso pensar e não da nossa conservação das coisas”.

Parmênides, concordando com Heráclito, vai ponderar que o conhecimento empírico é subjetivo, pois, o ser humano para descobrir o mundo, deve confiar somente na lógica e no pensamento: “ser é a mesma coisa que pensar”.

Quando nos deparamos com as reflexões de Anaxágoras de que tudo está em tudo, imediatamente, recordamos da resposta dos Espíritos na questão 540 de O Livro dos Espíritos. Isto é corroborado pelo fato de que a ideia da existência dos “não cortáveis” - dos ÁTOMOS -, os quais, segundo esse pensador, “formam as coisas quando colidem entre si, formando novos compostos”.

Não seria o sofista Protágoras, se dando conta das implicações das crenças e dos comportamentos humanos, questionando se uma crença é natural ou cultural, o precursor da fé raciocinada como concebida por Rousseau e Kant?

Não há dúvidas sobre questões envolvendo a imortalidade da alma tratadas pelo precursor Sócrates, inclusive suas defesas, naquele tempo, do livre-pensamento e da liberdade de consciência, da ética humana e política. Sobre os conhecimentos inatos, aos quais os Espíritos respondem a Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, Platão afirmou que todos já nascemos programados com certos tipos de conhecimento. Sua explicação fundamenta-se no fato de que “todos temos uma alma imortal, pois, já passamos por existências anteriores”. Na sua formulação “tudo o que aprendemos não passa de um (re) conhecimento ou anamnese (memória)”.

Esse filósofo também formulou que existem dois mundos, o das coisas óbvias do cotidiano e o das eternas e perfeitas formas. Seria a base para se compreender a constatação da inédita informação dada no Livro Segundo de O Livro dos Espíritos onde o tema central é: MUNDO ESPIRITUAL OU DOS ESPÍRITOS? Onde os Espíritos transmitem o conhecimento que experimentaram do seu mundo, percebido pelas sensações do perispírito.

Parece que Platão captou a ideia de mundo espiritual, mas, não soube explica-la. Considerou o mundo das formas, mas, não Espíritos e mundo espiritual. Mas, não há dúvida de que no fundo há a ideia de superação dos meros fenômenos sensíveis da matéria, confirmada, mais tarde, em O Livro dos Espíritos.

Finalizando a contribuição de Platão, quando o estudamos e encontramos sua ideia de que “para conhecer realmente alguma coisa é preciso experimentá-la, vivenciando sua experiência de modo direto”, ao menos nesta reflexão, recorda-se a proposição contida na questão 132 de O Livro dos Espíritos, onde se verifica a necessidade da encarnação dos Espíritos para vivenciar experiências variadas em cada mundo e por cada ponto de vista, sendo necessária a reencarnação no processo evolutivo.

A lógica dedutiva ou silogística está presente na Obra de Kardec. Aristóteles foi o seu precursor, estabelecendo os critérios das premissas maior e menor e da conclusão, componentes dessa construção. A ideia central desse tipo de raciocínio é que a conclusão não admita mais que as premissas.  Também é o criador do método da indução. Essa matriz parece estar na base da ciência espírita.

Aristóteles começa a fazer ciência quando passa a generalizar do observável especificamente para espécies. Usando generalizações indutivas sobre as espécies para fazer uma dedução sobre indivíduos, o que permite à ciência fazer uma previsão. A construção científica da “causa final” das coisas individuais e que cada uma delas possui uma função potencial é sua construção.

Quanto à "causa final" afirmou que tudo e cada acontecimento tem uma causa; recuando até o começo dos tempos chegaremos à conclusão de que deve ter havido uma CAUSA PRIMEIRA, o PRIMEIRO MOTOR. Algo como um CRIADOR DIVINO. Parece-nos ser essa construção a base racional do ensino contido no Livro Primeiro de O Livro dos Espíritos.

Aristóteles também tratará de almas e substâncias falando de essência e acidente. Intrigante é a sua reflexão acerca de vegetais, animais e humanos, sendo que os primeiros possuem uma alma vegetativa porque crescem, os segundos possuem alma animal em razão das sensações, e os terceiros possuem as duas, bem como a razão. Pareceu não garantir a imortalidade da alma. Assim, é possível ponderar que não falava de alma como se compreende. Sua base reflexiva estaria de acordo com o que contém O Livro dos Espíritos quanto ao princípio vital, o instinto, a inteligência e a razão.

Por fim, esse filósofo tratou da ética da moderação (uma realização própria) e da capacidade humana de se adquirir competências por meio do conhecimento, o qual pode ser transmitido, além dos hábitos condicionados elaborados ao longo do tempo e as escolhas necessárias do cotidiano, sendo a Moral compreendida como um Código de Conduta. Em O Livro dos Espíritos há a afirmação dos Espíritos de que realmente a Moral é a conduta humana na prática do bem.

Foram esses os apontamentos que ousamos fazer e que ficaremos felizes em receber todas as críticas necessárias, solicitando sempre que o prévio estudo das informações contidas em O Livro dos Espíritos preceda o debate.


Fonte Bibliográfica:

ROBINSON, Dave. Entendo a filosofia: um guia gráfico da história do pensamento / Dave Robinson, Judy Groves; Tradução Marly N. Peres. São Paulo: Leya, 2012.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

FILOSOFIA ESPÍRITA

Para responder essa pergunta seria necessário um estudo aprofundado da Doutrina Espírita, bem como conhecer a história do Espiritismo e como se concebia ciência no século 19, pois, o Espiritismo não só é FILOSOFIA como classifica-se entre as CIÊNCIAS FILOSÓFICAS. 

Um fato que não é divulgado pelos Espíritas precisa ter o devido registro, face sua importância diante desse tipo de indagação feita no título deste artigo. A primeira obra da Codificação, O Livro dos Espíritos, está estruturada de acordo com os temas e desafios investigados nas demais ciências filosóficas contemporâneas a Kardec. Seu grande mérito está na profundidade e unidade sistêmica das respostas dos Espíritos Superiores sobre as questões fundamentais da humanidade, o que os autores humanos não alcançaram.

Seguindo a “grade curricular” do ensino de filosofia do século 19, O Livro dos Espíritos oferece um conjunto de conteúdos e assuntos equivalentes. Sua divisão observa no Livro Primeiro causas primárias (Deus, alma e matéria), abordando as faculdades da alma (razão e senso moral) separando-as das orgânicas (instinto e paixões). É o mesmo currículo da metafísica geral ou ontologia e da metafísica especial. Os assuntos dos capítulos se referem à teodiceia, a cosmologia e a psicologia racional.

O Livro Segundo, inédito no campo da filosofia, reporta-se ao mundo espiritual, esmiuçado em detalhes pelos Espíritos Superiores, fruto de seu conhecimento: uma verdadeira ciência dos espíritos. Os Livros Terceiro e Quarto vão discorrer sobre a moral conforme as Leis Naturais ou Divinas, cujo desenvolvimento é racional, mas, com a inédita análise experimental pelos ensinamentos dos espíritos. Note bem que:

“[...] o espiritismo, proposto por Kardec como sendo uma nova ciência filosófica, respeita, em sua obra fundadora, a estrutura temática e os desafios a serem vencidos nas demais ciências filosóficas de seu tempo[1]”.



[1] FIGUEIREDO, Paulo Henrique de. Revolução Espírita: a teoria esquecida de Allan Kardec. São Paulo: MAAT, 2016. Pg. 199.


Uberaba - MG, 06 de Janeiro de 2021
Beto Ramos

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

ESPIRITISMO: CIÊNCIA DA OBSERVAÇÃO COM MÉTODO EXPERIMENTAL

Fonte: banco de imagns google/internet (experiências de laboratório)

Talvez uma das grandes dificuldades enfrentadas pelos Espíritas é afirmar o Espiritismo como ciência. Nos dias atuais não encontramos o mesmo “clima acadêmico” da época de Kardec. Além disto, poucos sabem, verdadeiramente, situar o Espiritismo como ciência no próprio tempo em que viveu o Codificador da Doutrina Espírita.

Nesse sentido, os que buscam afirmar o Espiritismo como ciência, nos dias de hoje, ficam com certas dificuldades quando indagados acerca do caráter materialista da ciência tradicional que exige a prova experimental. Quem poderá responder que o Espiritismo é, rigorosamente, do ponto de vista científico, quanto à sua elaboração, uma ciência experimental?

O estudante, ao pesquisar, irá se deparar com o dilema enfrentado pelos precursores da ideia espírita cujo objeto de investigação é o mesmo da ciência metafísica, um subgrupo das ciências filosóficas que, de acordo com a classificação aceita no período contemporâneo a Kardec, pertencia ao grande grupo das Ciências Morais. Na atualidade não se verifica essa divisão que se perdeu no caminho da “evolução” científica.

Possuir essa informação faz toda a diferença. A dificuldade gira em torno do objeto de pesquisa: Deus, alma, matéria, psicologia racional, cosmologia racional e teologia racional. O Filósofo Paul Janet perguntará: como poderia o absoluto ser estudado de maneira experimental?

A princípio, considera-se ciência as que partem por construção do que “deve ser” e não daquilo que “é na realidade”. O ponto de partida, após a experiência, se conclui em determinado resultado, o que permite conhecer fatos e fenômenos. Ou, ainda, o processo pelo qual há uma ocorrência fortuita e casual quando considerada isoladamente, mas, necessária e inevitável ao ser relacionada às causas que lhe deram origem.

Sendo a metafísica abstrata e ideal, cujo objeto de pesquisa ultrapassa o objeto de investigação da ciência concreta, a priori, não poderia ser o resultado da experiência. Para muitos, é possível que não seja nem mesmo ciência, vez que “não seria possível nem pela razão, nem pela experiência”.

A solução desse problema, primeiramente, ocorreu por meio da aplicação do método reflexivo, isto é, o resultado da pesquisa não seria produto da imaginação, mas, da observação, onde, para além da ideia de concepção das coisas, há verdadeira sensação e percepção.

Mas, Allan Kardec, superou essa teoria e comprovou que os fenômenos espíritas eram passíveis de experimentações materiais. E, o que é mais notável, tais experiências demonstrariam resultados positivos. Até o advento do Espiritismo acreditava-se que o método experimental, aplicado às ciências e responsável pelos seus progressos, era somente aplicado à matéria. Kardec provará que esse método, também, pode ser aplicado às coisas metafísicas.

A grande revolução do conhecimento está no fato de que as ideias metafísicas podem ser observadas e experimentadas. O processo é simples. Os Espíritos comunicam-se por meio dos médiuns e transmitem conhecimento. Esses conhecimentos referem-se ao mundo espiritual. Os Espíritos tratam do ambiente físico em que vivem, das leis naturais que regem esse ambiente e de suas experiências dos fenômenos que lhes ocorrem, os quais são percebidos por meio dos sentidos de seu corpo espiritual.

Estamos diante de dois novos ramos do conhecimento humano:

a) Epistemologia espírita: método fundamentado de Kardec usado para pesquisar e compreender nas manifestações os ensinamentos dos Espíritos;

b) Epistemologia dos Espíritos: teoria do conhecimento do mundo dos espíritos (como os Espíritos descobrem coisas e aprendem).

Temos a experiência na Ciência dos Espíritos e a observação na Ciência Espírita. A partir do surgimento da Doutrina dos Espíritos é possível o ser humano superar a limitação de estudar a natureza somente pelos sentidos e de abordar as questões espirituais somente por meio da reflexão. 

É válido argumentar que o Espiritismo não é produto da imaginação, pois, ultrapassa o problema do método enfrentado pela metafísica como compreendida antes do seu advento. O método reflexivo foi superado. Como todas as demais ciências positivas, ao Espiritismo aplica-se o método experimental.


Uberaba-MG, 04 de Janeiro de 2021.

Beto Ramos


Fonte Bibliográfica:

FIGUEIREDO, Paulo Henrique de. Revolução Espírita – a teoria esquecida de Allan Kardec. São Paulo – SP: Maat, 2016.


DESTAQUE DA SEMANA

A DOUTRINA DOS ESPÍRITOS NÃO É ASSUNTO QUE SE ESGOTA EM UMA PALESTRA

  EM SUAS VIAGENS KARDEC MINISTRAVA ENSINOS COMPLEMENTARES AOS QUE JÁ POSSUIAM CONHECIMENTO E ESTUDO PRÉVIO. Visitando a cidade Rochefort, n...