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terça-feira, 23 de novembro de 2021

O ATO DO DEVER MORAL E A CARIDADE DESINTERESSADA

Quem não tem dúvidas, certamente, é porque não estuda. E, por falar nisto, vejamos quantas perguntas estão presentes apenas em uma proposta de reflexão. Por aqui, falando de ato do dever moral e a caridade desinteressada, podemos começar indagando:

  • O que é ato?
  • O que é moral?
  • O que é dever?
  • Onde podemos encontrar tais temas?

Partindo do final, esses temas pertencem à filosofia, à psicologia, ao espiritualismo racional e ao espiritismo, entre outras áreas do conhecimento e do saber.

Daí, outra pergunta: o que propõe o espiritualismo racional quanto ao ato, à moral e ao dever? Por que propõe? Qual a compreensão de moral anterior à proposta feita pelo espiritualismo racional?

Perceba que nossa jornada não será fácil. Vamos começar definindo e delimitando.

Ato, do latim actus, tem sentido de movimento; impulso. Ator é aquele que age, isto é, quem produz o ato. Esse, por sua vez, é o exercício da faculdade de agir. Ato, também considerado, pode ser o que se faz ou o que se deixa de fazer.

A ética definiu o ato como uma ação guiada por uma consciência livre e consciente. Outros campos, como filosofia e direito, também buscaram suas definições (se o leitor tiver interesse, busque o significado).

Quanto à moral, a filosofia ensina que se trata de cada um dos sistemas variáveis de leis e valores estudados pela ética. Tais leis e valores são diferentes conforme cada sociedade e seus comportamentos. Nessa categoria temos o que é proibido, permitido, desaconselhado, ideal e etc.

Segundo Kant, dever é o guia da AÇÃO MORAL do indivíduo. Nesse caso o indivíduo possui no dever o imperativo categórico. Fundado na raiz racional, o dever moral é um código de conduta auto imposto pelo indivíduo como um verdadeiro dever ser.

O dever moral, como sistema, é constituído basicamente pela VONTADE. Seu fundamento é a AUTONOMIA DA VONTADE, isto é, a liberdade.

Quando o estudante espírita se aprofundar na teoria espírita, cujo fundamento é o livre-arbítrio, vontade, autonomia, dever, moral, ato e ato do dever moral, não ficarão obscurecidos e serão facilmente compreendidos. Assim esperamos.

Importante destacar a evolução do pensamento recuperando a história. Igreja e religiões ancestrais pregavam, diversamente do espiritualismo racional e do espiritismo, uma MORAL DA SUBMISSÃO. O materialismo, como modelo de pensamento, defendia a MORAL DO UTILITARISMO. Em ambos os casos, como concepção, a MORAL era compreendida pelo prisma do INTERESSE. Nesse caso, o ser humano é passivo. Não há um ATO LIVRE, nem CONSCIENTE, isto é, todo ato visa a um interesse de quem age. Esse interesse se resume em angariar recompensa ou se livrar de um castigo.

O materialismo surgiu em face de uma tensão provocada pelo radicalismo fanático da igreja. E o motivo é bem simples: a igreja lutava contra a razão. Mas, ao seu turno, o materialismo vem como princípio da negação de tudo. Inaugura a incredulidade absoluta e com muita energia. É essa incredulidade que irá causar um vazio angustiante na sociedade (no caso da França, o período dessa tensão será caracterizado pela Revolução Francesa).

Nesse cenário de vazio e angústia o Espiritualismo Racional retomará o estudo das ciências morais a partir de uma psicologia experimental espiritualista (inédita e singular na história da ciência). O título Espiritualismo Racional foi usado para se diferenciar da tradição ancestral religiosa.

Esse movimento se caracterizou por:

  • Adotar a metodologia científica;
  • Buscar fazer com que o sucesso científico no estudo da matéria se repetisse no estudo do ser humano;
  • Compreender as leis naturais que fundamentam esse estudo.

Resumindo: substituir a fé cega por uma racional.

Importante ressaltar três momentos importantes para o movimento espiritualista racional, a saber:

a. O Espiritualismo Racional toma as ciências morais na universidade;

b. Passou a ser matéria fundamental da Escola Normal na formação de professores;

c. Segue como objeto de estudo, também, nos liceus e colégios franceses.

A partir daí, o movimento espiritualista racional seguiu pelo mundo, com destaque para Portugal, Espanha, países da América Latina e Brasil.

É preciso conhecer um pouco mais da história para fazer a correta conexão desse movimento com o Espiritismo, visto que a mesma é afirmada por Allan Kardec.

Falemos, então, sobre a moral da liberdade. Nem a submissão da igreja, nem o utilitarismo do materialismo. De um ser humano passivo, a moral racional busca um ser humano ativo e, portanto, propõe: 

"O ato moral é caracterizado por ser livre e consciente e é definido como o ATO DO DEVER, sem lugar para castigo ou recompensa".

Os pensadores do Espiritualismo Racional definem que o DEVER é o FUNDAMENTO da CARIDADE. É que, enquanto a JUSTIÇA é o cumprimento do dever (estabelecido pelo grupo social), a CARIDADE está LIVRE para AGIR sem vínculo a qualquer INTERESSE.

O bem moral supõe o bem natural que lhe é anterior e lhe serve de fundamento. Funciona assim: agir em prol de um bem moral é uma escolha racional, pois:

  • Não há busca de obediência a Deus, nem é resultado do medo ou do castigo;
  • Nada de imposição, seja por Deus ou pela sociedade.

O bem moral consistirá, conforme ensina Paul Janet (1886), em preferir:

  • O que há de melhor em nós em detrimento do que há de inferior;
  • Os bens da alma em detrimento aos bens do corpo;
  • A dignidade humana em detrimento da servidão das paixões animais;
  • As nobres afeições do coração em detrimento das inclinações de um vil egoísmo.
Indaga-se, nesse sentido: Onde está presente a LEI MORAL, uma vez que essa é o GUIA DO ATO DO DEVER MORAL?

Segundo se observará, está presente na natureza do ser, isto é, em sua consciência. Portanto, o pressuposto para o AGIR do indivíduo pelo BEM MORAL é que aceite a lei moral presente em sua consciência como verdadeira e lhe reconhecer a aplicação necessária em cada caso particular.

A consciência, lugar onde a lei moral está presente, é definida como a faculdade de reconhecer a lei moral e aplicá-la a TODAS as circunstâncias que se apresentem. Consciência é o ATO DO ESPÍRITO pelo qual aplicamos a um caso particular, a uma AÇÃO a se praticar ou já praticada, AS REGRAS GERAIS DADAS PELA MORAL.

O despertar dessas leis morais, presentes na consciência não surge como por mágica. As regras gerais da moral vão permear um conceito criado pelo Espiritualismo Racional: a regeneração da humanidade. Por ele se postula o direito primordial à educação ativa, que compreende:

  • A conquista de oportunidade para todos;
  • Criar um novo mundo, pelo ato solidário e pela nova educação transformadora.

São postulações por LIBERDADE, onde há direito de:

  • Pensamento (ensino livre);
  • Consciência (liberdade de crença); e,
  • Moral (dever).

É preciso recordar que o termo LIBERDADE é uma construção do pensamento liberal, o qual possui significado especial para o Espiritualismo Racional e para o Espiritismo.

O movimento liberal francês pretendia estabelecer no ambiente social uma RELIGIÃO NATURAL e um DEUS FILOSÓFICO, todo AMOR E JUSTIÇA, sem o exclusivismo das seitas que causa divisão. Trata-se, portanto, do LIBERALISMO ÉTICO. Aqui se compreende a ideia anterior, isto é, liberdades individuais da alma: de pensamento, de crença e de escolha do ato moral.

Em 1868, na Revista Espírita, Kardec afirmou que o Espiritismo é uma Doutrina Liberal. Essa doutrina preconiza:

  • Emancipar a inteligência pela liberdade de consciência;
  • Combater a fé cega por meio do livre exame como base essencial de toda crença séria.
É assim que a compreensão da expressão fora da caridade não há salvação, em Espiritismo, será compreendida como um princípio de união e fraternidade universais, único que pode por um termo aos antagonismos dos povos e das crenças.

Atualmente, a caridade é compreendida como sinônimo de assistencialismo. Para Kardec, o termo tinha outro significado. Baseado no Espiritualismo Racional representa o AGIR PELO DEVER. Uma ação livre, mas consciente, totalmente intencional, com plena compreensão da lei moral.

A caridade é um princípio orientador do AGIR INTEGRAL DO SER. Em Kardec não é atividade complementar, não é comportamento acessório. 

Como afirmado, a humanidade, para regenerar-se, sofrerá um despertar dessas leis morais presentes em cada consciência por meio da educação. O ato do dever, que é o fenômeno moral, é analisado pela MORAL TEÓRICA, uma das disciplinas estudadas nas universidades do século 19 na França em uma ciência filosófica: o Espiritualismo Racional.

Em 1864, na Revista Espírita, Allan Kardec afirmou que a MORAL DOS ESPÍRITOS superiores é a mesma dos espiritualistas racionais, isto é, A MORAL AUTÔNOMA, baseada no ATO DO DEVER, que é livre, consciente e VOLUNTÁRIO.

Indivíduos que escolhem novos hábitos, agindo por sua livre escolha de modo solidário, exercem o ATO DO DEVER e estabelecem a CARIDADE ao lado da JUSTIÇA.

Apesar da definição inicial é importante deixar claro: o que é o ato do dever ensinado para jovens, a partir de uma educação que o torna ativo e consciente do seu papel no mundo onde se busca a REGENERAÇÃO DA HUMANIDADE?

É o próprio AGIR do ser humano pelo ATO DO DEVER, que além de respeitar a justiça, PRATICA A CARIDADE, ou seja:

"proporcionar aos outros aquilo que desejaria pra si mesmo (a moral social)".

A MORAL PRÁTICA, nas ciências filosóficas admite a segunda divisão para os deveres:

  1. Deveres para com os animais;
  2. Para consigo mesmo;
  3. Para com os indivíduos; e
  4. Para com Deus.

Vamos encontrar correspondência entre essa proposta espiritualista racional em espiritismo. Essa classificação dos deveres, a divisão de temas e a abordagem conceitual da moral prática do Espiritualismo Racional estão presente na Doutrina Espírita. Na parte terceira de O Livro dos Espíritos, que trata das leis morais, encontraremos:

  • DEVERES PARA CONSIGO:
    - Lei do Trabalho

    - Lei de Conservação

    - Lei de Liberdade

  • DEVERES PARA COM OS OUTROS:
    - Deveres da família;

    - Casamento;

    - Pais, filhos, e sociais;

  • DEVERES PARA COM DEUS:
  - Imitação de Deus (buscar se aproximar de Deus indefinidamente);

    - Aperfeiçoamento do seu ser.


Para todos que conseguiram chegar até aqui, parabéns e obrigado.


NOSSA FONTE PRINCIPAL DE PESQUISA:

FIGUEIREDO. Paulo Henrique de. Autonomia - a história jamais contada do Espiritismo. São Paulo: FEAL, 2019 (exemplar digital Amazon).


Uberaba-MG, 23/11/2021.
Beto Ramos

segunda-feira, 7 de junho de 2021

A BENEFICÊNCIA

O Evangelho Segundo o Espiritismo traz um belo texto que exige de nós bastante reflexão, tal a profundidade do mesmo. Trata-se das instruções dos Espíritos contidas no capítulo 13.

O texto, ditado pelo Espírito Adolfo, no ano de 1861, em Bordeaux, na França, o qual havia exercido o cargo de Bispo de Alger, fala da Beneficência.

Antes de tudo, importa definir o que seja Beneficência. É um ato de filantropia. Consiste em fazer o bem, ou melhor, beneficiar o próximo.

De acordo com o Espírito comunicante, a prática desses atos proporciona felicidade e alegria durante a vida na Terra. Isso porque, quem aproveita a oportunidade de fazer o bem não é atingido pelo remorso de ter perdido a oportunidade, nem a culpa que anda ao lado dos indiferentes.

Quem não possui a chaga da indiferença olha o outro como igual. O ato de compartilhar torna o indivíduo o próprio representante da divindade.

É preciso ter em mente que a alegria proporcionada pela beneficência é aquela do tipo que se rejubila, simplesmente, na alegria alheia, sem que o ato se torne penoso ou mero ato de dever autoimputado sem sentimento de amor ao próximo.

A caridade praticada desinteressadamente é porta de entrada para a felicidade no mundo dos Espíritos, isto é, uma espécie de antecipação daquela.

Deus criou os seres humanos para viverem em sociedade. Felizes os que compreendem, desde já, esse mister. Aqueles que compreendem, verdadeiramente, que é possível ser rico sabendo viver com o necessário.

Ao olhar ao redor é possível ver que, junto aos sofrimentos que estamos experimentando, existem muitas aflições de irmãos e irmãs, as quais é possível remediar.

A beneficência pode ser executada com pequenos atos de compartilhamentos, aliviando misérias, amparando os caídos, oferecendo simpatia, dinheiro e amor.

Nossa estadia na Terra pode ser mais suave, mais alegre. Sem sofrimento e sem solidão.

Uberaba - MG, 07 de junho de 2021.

Beto Ramos.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

A OPINIÃO PESSOAL

Convite à reflexão.

MARAVILHOSAMENTE, a sociedade contemporânea vive uma era em que a informação é alcançada das maneiras mais rápidas e eficazes. Chega uma informação, várias pessoas se dispõem a divulgá-la e defendê-la de forma, por vezes, educada, outras nem tanta. Uma informação aparentemente comprovada, não mais que imediatamente, é derrubada ou, ao menos, colocada em dúvida.

Sobre tantos temas, o que se percebe é a busca de "comprovações" que defendam os próprios pontos de vista. Sob o manto de uma pretensa caridade ou numa demonstração de completa ausência de urbanidade, o estudo verdadeiro e profundo é deixado de lado. Cada um, ao seu modo, busca ser "seguido" e não filiar-se a uma ideia. Alguém se propõe a um trabalho e logo surgem inimigos/adversários que esvaziam a latrina mental e gritam: "quer aparecer"; "quer desunir"; "quer destruir".

Ora, vejamos: SUA OPINIÃO É SUA OPINIÃO. EU RESPEITO, MAS, ELA NÃO PASSA DISSO: A SUA OPINIÃO. Conviva com isso. Aceite e viva bem, melhor e mais feliz. O conhecimento é construído, passa por um processo de elaboração mental. Para Espíritos imortais, isso não acontece numa única encarnação. O processo passa por sucessivas encarnações.

Allan Kardec afirmou, ao criar a Revista Espírita, "debateremos, não disputaremos". Será útil introjectar e agir, verdadeiramente, conforme o fundo do pensamento que está no âmago dessa mensagem, lida e propagada por muitos (talvez, nem tanto), mas, que até aqui não tornou-se uma badeira para os Espíritas.

Uberaba - MG, 24 de fevereiro de 2021.

Beto Ramos.

DESTAQUE DA SEMANA

A DOUTRINA DOS ESPÍRITOS NÃO É ASSUNTO QUE SE ESGOTA EM UMA PALESTRA

  EM SUAS VIAGENS KARDEC MINISTRAVA ENSINOS COMPLEMENTARES AOS QUE JÁ POSSUIAM CONHECIMENTO E ESTUDO PRÉVIO. Visitando a cidade Rochefort, n...