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quarta-feira, 25 de maio de 2022

GUERRAS, CHACINAS, ÓDIO, ELEIÇÕES... E O ESPIRITISMO?

Segundo o Espiritismo, dos hábitos viciosos do ser humano, o egoísmo é o mais radical. Dele deriva todo o mal que assola a humanidade. Não há sequer um defeito no caráter individual que não seja proveniente do egoísmo. Muitos lutam contra o egoísmo, mas só o vencerá aquele que, realmente, atacar esse mal pela raiz.

Fala-se tanto em família, pessoa de bem, pátria, costume, tradição, etc., mas tudo não passa de falácia. A perfeição moral só se alcança quando o coração humano tenha EXTIRPADO todo o sentimento de egoísmo. E, para saber se você é ou não egoísta, basta saber que: o egoísmo é INCOMPATÍVEL com a JUSTIÇA, O AMOR E A CARIDADE. Nenhuma qualidade é verdadeira quando o indivíduo é egoísta, uma vez que esse sentimento pernicioso NEUTRALIZA todas as outras qualidades.

O egoísta visa tão só o INTERESSE PESSOAL. Vive uma vida TODA MATERIAL. Portanto, qualquer discurso que envolva Deus, espiritualidade ou questões metafísicas e transcendentais não passam de DISCURSO VAZIO. A sociedade aberta, realmente, tem inimigo: trata-se da excessiva valorização das coisas materiais. As instituições humanas entretêm e excitam o sentimento do egoísmo. E é tudo fruto da má educação.

Os seres humanos somente se entenderão quando praticarem a Lei de Justiça. Todos podem alcançar o bem-estar em suas vidas. E é desse entendimento que falamos. O verdadeiro bem-estar consiste no emprego do tempo de acordo com a vontade, usando as aptidões próprias em trabalhos úteis, cada um fazendo o bem, pelo bem e para o bem de todos. A natureza é harmonia e equilíbrio; quem perturba o equilíbrio é o ser humano.

A sociedade é a causa primeira da miséria humana. Toda falta individual acontece em razão da educação moral deficiente de seus membros. A má educação falseia o critério das pessoas, em lugar de lhes aniquilar as tendências perniciosas. Todos os seres humanos não estão obrigados a nada além da proporção de suas forças. No entanto, a sociedade, como organizada nos dias atuais, não proporciona bem-estar a todos os seus componentes, uma vez que não cuida, como objetivo primordial, da educação moral que desperte no indivíduo o desejo de agir bem em relação aos semelhantes.

Não se trata de uma lei externa ao indivíduo, mas, de uma regra que, naturalmente, pode ser percebida no funcionamento do corpo físico. O bem-estar físico decorre da harmonia. Comer é uma necessidade e faz bem, proporciona saúde e vida para o ser humano; mas comer em demasia atrai, de imediato, uma punição, pois que foi ultrapassado o limite traçado por uma lei natural. Assim, nas relações entre indivíduos, o egoísta sofre porque ultrapassou o limite do necessário para si e sua punição é o sofrimento.

Deste modo, não há lugar para alegar ignorância entre certo e errado, justo e injusto, uma vez que é atributo do Espírito a inteligência, faculdade que permite discernir uma coisa da outra. Todos sabem o que querem que os outros lhes façam; essa é a medida para agir nas relações sociais: fazer para os outros o que se quer que os outros nos façam. As leis divinas ou naturais estão gravadas na consciência; trata-se de uma voz interna. Parece que a doença crônica nos dias atuais é a surdez íntima das criaturas. Essa voz interior grita quando há ligeiro pensamento em se conduzir fazendo o mal.

Há destruição necessária e destruição abusiva. Existem flagelos destruidores naturais e aqueles que provocamos. A predominância da natureza animal sobre a espiritual e o desejo da satisfação das paixões é a causa das guerras entre os seres humanos. O assassínio é crime perante Deus e todos são responsáveis pelas crueldades que comete. Deus julga sempre a intenção. A destruição pode ser necessária, mas a crueldade nunca; essa advém sempre de uma natureza má. A humanidade só demonstrará verdadeiro progresso ao abolir a pena de morte (e há muitas maneiras de condenar alguém à pena de morte para além dos códigos penais).

Não é nada difícil relacionar o título deste artigo com o seu conteúdo. Ou você não entendeu?

Uberaba-MG, 25/05/2022
Beto Ramos.

Fonte:
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. (Trad. José Herculano Pires). São Paulo: Lake, 2013.

segunda-feira, 16 de maio de 2022

O FUNDAMENTALISMO RELIGIOSO TEM COMO BASE A IGNORÂNCIA

 

Supreendentemente, para alguns, o século 21 parece retroceder à idade média. No entanto, o espírita estuda nas obras de Allan Kardec que o progresso do Espírito, em seu processo evolutivo, decorre de suas sucessivas reencarnações, nas quais se instrui na experiência (O Livro dos Espíritos; A Gênese de 1868).

As gerações que se sucedem na história das civilizações são fruto dessas reencarnações de Espíritos. Portanto, é preciso compreender que os avanços e retrocessos decorrem desse processo de migração e emigração de Espíritos. Pode-se comparar à um grande educandário onde todos estão estudando para enfrentar as provas, os testes, a mudança de grau, a formatura, por assim dizer. Há os aprovados e, também, os reprovados.

O pensamento retrógrado é fruto desse processo (por má-fé ou por ignorância). O Espiritismo preconiza uma teoria tanto moral quanto social. E nesse aspecto, é preciso pensar sobre questões políticas e religiosas. Surge, nesse cenário, o que foi denominado fundamentalismo religioso. Há muitos fatores que contribuem para a existência e sustentação desse fundamentalismo. Vamos defender que sua base está em um deles, o qual reputamos de importância capital: a ignorância (tratada aqui como desconhecimento).

A princípio é oportuno esclarecer que o fundamentalista acredita que a sua causa tem importância grave e cósmica. Eles se veem como protetores de uma doutrina única e diferente, principalmente no que respeita ao modo de vida e de salvação. O objetivo dos fundamentalistas é procurar proteger uma identidade religiosa da sua absorção por uma cultura moderna que torne esse processo irreversível.

Feitas essas considerações, pedimos atenção para uma questão importante: o fato de que o fundamentalismo religioso pode ocorrer em várias vertentes ou, se quiser, nas diversas religiões. Cada uma buscando se impor como única e diferente - o 'verdadeiro caminho'. Consideramos que na vida em sociedade, não passa de um dos instrumentos usados para ascensão e manutenção de poder, bem como submeter a massa sob jugo.

Muitas religiões consideram, para fundamentar suas razões e dogmas religiosos como únicos e diferentes, um conjunto de livros reunidos denominados Bíblia Sagrada (aqui, nos referimos apenas ao Antigo Testamento). Para uma compreensão adequada do tema, sugerimos que o (a) leitor (a) verifique a definição do termo sagrado.

Traremos alguns exemplos para que os livres pensadores possam analisar se, realmente, aquela obra se trata de um livro sagrado. Advertimos que existem diversos pesquisadores que publicaram obras levantando a questão. Portanto, a presente contribuição é chamar a atenção para um tema que precisa ser debatido, em razão da sua atualidade e do estado de coisas observado neste século.

Você sabia que os exemplares que possuímos da Bíblia não são originais? Que são fruto de traduções das mais variadas e o que se faz é republicar edições sem pesquisa de fonte originária? Que NÃO existem as fontes originárias, uma vez que TODAS são fruto do trabalho de copistas? QUE HOUVE ADULTERAÇÃO DO CONTEÚDO DAQUELAS NARRATIVAS?

No campo da investigação é preciso perguntar também: a Bíblia trata de uma divindade, do ponto de vista espiritual? O Antigo testamento apresenta algum culto destinado a Deus? Suas respostas a essas indagações decorre do que ouviu dizer ou de algum estudo aprofundado do conteúdo dessa obra?

Parece que o nosso texto traz mais perguntas do que respostas. Mas, isso não nos deixa vermelhos de vergonha. Se você estuda com o desejo de obter conhecimento, responda:

1. Qual era a língua original que falavam os personagens bíblicos até que, de fato, surgisse o povo hebreu?

2. A Bíblia fala de Deus ou de Elohim? Qual seria o significado dessa palavra em hebraico bíblico:

3. Yahweh e Elohim são um e mesmo nome com um e mesmo significado?

4. Por que, apesar da confusão que procuram implementar acerca desses dois nomes, o nome de Yahweh somente passa a ser invocado após o nascimento da personagem bíblica Enos?

5. Por que o nome do chefe dos Elohim, Elyon, simplesmente não é mencionado pelos diversos seguidores e adoradores do texto bíblico, dito sagrado?

Essas e outras são algumas discrepâncias que podemos apontar com relação aos textos bíblicos que o vulgo, na ampla maioria, acessa e que não guardam relação direta com o texto daquela que poderia ser uma das bíblias possíveis.

Uma evidência de que não estamos diante de um livro cujo conteúdo é espiritual ou metafísico é que no conhecido livro Eclesiastes (3:19-20), denominado pela Bíblia Hebraica de Kohelet, diz textualmente que o ser humano não possui nada mais que os animais e que, após a morte, vão para o mesmo lugar. Nesse caso, parece que a obra não defende a existência de algo mais no ser humano, isto é, alma ou Espírito.

O que nos parece é que a Bíblia conta uma história, mas desconhecida das mesmas pessoas que julgam-na a base para sua fé e sua religião. Segundo o texto bíblico, Yahweh amava a humanidade ou, por outro lado, ordenou um massacre de mulheres, idosos e crianças? A primeira alternativa é amplamente difundida, mas não está presente nos textos bíblicos; no entanto, a segunda é bastante repetida nos mesmos.

O que ocorre, e é preciso ser denunciado, é que há um dogmatismo religioso que não admite dúvidas ou reflexões que tenham conclusões potencialmente diferentes daquelas já preestabelecidas. No entanto, o Espiritismo preconiza como fundamental para o aprendizado: "A fé necessita de uma base, base que é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. E, para crer, não basta ver; é preciso, sobretudo, compreender" (Evangelho Segundo o Espiritismo - A Fé Que Transporta Montanhas - item 7).

Tenho uma dúvida, toda pessoal, que compartilho. Se o texto bíblico é sagrado ou inspirado, por que motivos os católicos acreditam ser verdadeiros os 46 livros do Antigo Testamento e o cânone hebraico aceita 39? As bíblias conhecidas são baseadas na Bíblia Stuttgartensia (Códice massorético de Leninegrado), outras na Bíblia dos Setenta (Septuaginta); uma em relação à outra contém inúmeras variações com diferenças consideráveis (quando analisadas, é possível detectar ajustes feitos no texto, isto é, falsidades textuais). É importante salientar que a septuaginta foi usada pelos cristãos dos primeiros séculos até que a igreja decidiu usar a versão baseada no cânone hebraico.

Há, também, a Torah samaritana que apresenta milhares de variações em relação à massorética. A Peshitta, Bíblia síria é diferente da massorética, também. É necessário deixar claro que o problema não está fincado só nas traduções, mas nas Bíblias possíveis e que são conhecidas dos pesquisadores e estudiosos. Todas são declaradas como verdadeiras e indiscutíveis pelos seus adeptos, os quais as aceitam em razão de viverem dentro das tradições que as aceitam.

Observamos que sempre tem alguém, algum indivíduo que as indicam de maneira dogmática, incontestável, ou seja, que todo o seu conteúdo DEVE ser aceito como VERDADE, proibindo-se quaisquer discussões a respeito.

Note-se que entre os manuscritos encontrados nas grutas de Qumran (alguns rolos do século II a.C.) mostram numerosas variações diferentes do texto de Isaías redigido pelos massoretas. Por outro lado, existem divergências e discrepâncias dentro dos próprios cânones católico, hebraico, protestante, copta, etc.

Daniel é reconhecido como profeta por uns, mas não por outros. Uns tem seus livros como escritos importantes (Roma), outros não (Jerusalém). Estudiosos acusam tais textos de terem sido manipulados para que pudessem emendar escritos anteriores que se revelaram falsos, como é o caso dos de Jeremias.

Existem informações contidas no Livro de Daniel que mostram ser inverídicas ou equivocadas. É o caso da loucura de Nabucodonosor (Dn 4:30), enquanto o louco fora seu filho Nabonido (cujo acontecimento é narrado em um documento das grutas de Qumram). Em Daniel vamos encontrar informações erradas sobre Baldassare, Nabucodonosor, Nabonido, Dario, Ciro, rio Tigre e rio Eufrates, etc. (Dn 5:2; 5:30; 6:1; 10:4).

Tratando-se de um autor de um livro considerado inspirado e sagrado, não seria, de modo algum, possível um ERRO do próprio DEUS. Como os erros são fatos comprovados, observa-se que não se trata de um livro sagrado, nem inspirado. Coisa parecida ocorre com o livro de Tobias. Equívocos concernentes a períodos históricos e a qual rei sucedeu o outro, incongruências com os livros de 1Reis e 2Reis, etc.

Outro coisa estranha ocorre quanto à conhecida história bíblica sobre Davi e Golias. Quem, na verdade, matou o gigante filisteu?:

Chama a nossa atenção, também, as preocupações nada espirituais demonstradas nos textos ditos sagrados, como é o caso da determinação inusitada reproduzida a seguir, uma vez que Deus andava pelo acampamento (será que ele não queria pisar em alguma coisa desagradável?):

Semelhantes informações nos conduzem à uma reflexão bastante simples. Os fundamentalistas religiosos são apenas fundamentalistas. Não possuem legitimidade para determinar NENHUMA conduta moral para o semelhante, principalmente, quando a sua arguição de legitimidade se baseia em obras cujos erros, equívocos e contradições são flagrantes.

No entanto, o que fica mais claro é que o fundamentalismo religioso é fruto da ignorância. Os supostos religiosos não conhecem, não estudaram e nunca se preocuparam com o conteúdo das obras que afirmam ser fruto de um Deus. Caso tivessem feito um mínimo estudo, veriam que são apenas... fundamentalistas, ou seja, radicais que não progridem e não querem permitir o progresso. Recordamos o que aprendemos em Espiritismo: PROGRESSO É UMA LEI MORAL.

Ainda voltaremos ao tema.

Uberaba-MG, 16 de maio de 2022.
Beto Ramos.

FONTE BIBLIOGRÁFICA:
BIGLINO, Mauro. A Bíblia não é um livro Sagrado: O grande engano (Vol. I). Edição do Kindle. 

sexta-feira, 13 de maio de 2022

O ESPIRITISMO SE LIGA AO ESPIRITUALISMO RACIONAL?

 

É preciso indagar, por quais motivos os incautos levantam falsas bandeiras? O que motiva o ser humano a escolher o caminho da fraude? As respostas saltam aos olhos: orgulho, vaidade, prepotência, egoísmo, etc.

Para a surpresa de zero pessoa, os desqualificados sempre decidem desqualificar o outro, desqualificar o trabalho do outro. Pior do que isto é o fato de que ao tratar de assuntos e temas, buscando negar o que é inegável, demonstram o quanto raso é o seu pensamento, o quanto esdrúxulas são suas 'teses', o quanto de conhecimento não possuem (e nem querem possuir, é preciso afirmar).

A pergunta, título da postagem, realmente NÃO precisaria ser efetuada. Repetimos: PARA QUEM ESTUDA SÉRIA E PROFUNDAMENTE O ESPIRITISMO, A PERGUNTA NÃO PRECISARIA SER EFETUADA.

Provas? Sim. Vamos direto à fonte. Primeiramente, o que diz Allan Kardec sobre o assunto:


Allan Kardec não só trouxe tais informações na folha de rosto em O Livro dos Espíritos, usando do seu direito de autor (o qual a ninguém é dado o direito de questionar), como deixou bem clara a indicação de que para se conhecer a parte é necessário estudar o todo, explico após a informação:

"Como especialidade "O Livro dos Espíritos" contém a Doutrina Espírita; como generalidade liga-se ao Espiritualismo, do qual apresenta uma das fases. Essa a razão porque traz sobre o título as palavras: Filosofia Espiritualista". (Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, item I - Espiritismo e Espiritualismo, O Livro dos Espíritos).

Aprioristicamente, quem estuda a teoria do conhecimento DEVE saber que a frase de Kardec quanto à especialidade e à generalidade se resume em: "O Espiritismo é espécie do gênero Espiritualismo". Depois, a LÓGICA nos permite inferir que para compreender a PARTE é necessário estudar o TODO, sob pena de fazer a negação penitente do desconhecimento.

Ah, bom, diria o Pinóquio, mas Kardec não escreveu Espiritualismo Racional. Pergunta-se: era necessário? Ele também não consignou muito mais sobre o Magnetismo Animal, além de deixar clara a sua afirmação que o Espiritismo e o Magnetismo são ciências gêmeas, carecendo o estudo de ambas, sem o que o edifício fica sem alicerce (quem desejar ir à fonte indicamos o estudo das Revistas Espíritas).

Finalmente, a estrutura estabelecida em O Livro dos Espíritos, comprova (aquele que frauda sempre exige mais uma prova e mais uma prova, numa cadeia interminável de exigências) que Kardec indicava o estudo do Espiritualismo Racional, uma vez que no século 19 era a base da educação na França: Liceus, Universidades, Escola Normal, etc. Vejamos:


Antes de compartilhar o último documento, remetemos o leitor para O Evangelho Segundo o Espiritismo, e, na sua introdução, examine o Controle Universal do Ensino dos Espíritos. Lá encontrará a indicação do uso de Lógica, Razão, Bom-senso. A moral - conforme a introdução - é o objeto da obra (no quadro acima - ciências psicológicas; tema, também, estudado nas Revistas Espíritas).

Quanto a O Livro dos Espíritos, verifique a estrutura a partir da primeira questão (no quadro acima, Ciências Metafísicas):

a. Teodiceia: Deus, seus atributos e sua providência (temas, também, estudados em A Gênese - 1868);

b. Cosmologia racional: matéria e vida (temas, também, estudados em A Gênese - 1868);

c. Psicologia racional: alma e corpo (temas, também, estudados em A Gênese - 1868).


Talvez os incautos sintam falta de Kardec tratar de Matemática e ciências físicas. Por último, e concluindo que o Espiritismo se liga ao Espiritualismo Racional, como de fato foi esclarecido pelo organizador da Doutrina dos Espíritos, devendo o estudante sério do Espiritismo atentar para o fato e buscar compreender a Doutrina dentro de suas bases e fundamentos, trazemos à colação um programa de ensino desenvolvido no Brasil do 2º Império, onde provamos que a educação no mundo, no século 19, estava estruturada sobre as bases do Espiritualismo Racional. Vejamos:


Ao contrário das discussões inúteis, publicações que visam apenas o deleite do próprio orgulho, o menosprezo sem a caridade como a entendia Jesus (Q. 886, LE), vamos nos unir em prol da REGENERAÇÃO DA HUMANIDADE. Por que motivos ainda persiste o desejo de deixar os demais na ignorância? Que tal todos entrarem no 'céu' e não se constituírem em obstáculos?

Finalmente, se você não encontrou na Doutrina Espírita remissões a Rousseau, Kant, Platão, Aristóteles e outros tantos expoentes, se você acredita que a Doutrina Espírita foi uma REVELAÇÃO que "desceu dos céus" por inspiração, se você acredita que tudo foi um trabalho de Espíritos e Kardec sem qualquer outra participação, é preciso responder:

1. Não conhece absolutamente nada sobre os filósofos mencionados;

2. Não estudou a obra A Gênese de 1868, onde Kardec explica a Natureza da Revelação Espírita;

3. Desconhece a Lei Moral do Progresso, tal como ensinada pelo Espiritismo;

4. Se já leu, possivelmente, não compreendeu o que Emmanuel disse sobre o Livro e o Conhecimento no capítulo 4, Educação, da Obra Pensamento e Vida (FEB, Francisco C. Xavier);

5. Mas, se conhece tudo, o problema é a falta de estudo do conteúdo moral preconizado pelo Espiritismo (A Teoria Moral Autônoma de Jesus, que se funda no "A cada um segundo suas obras").

Uberaba-MG, 13/05/2022.
Beto Ramos.

sábado, 7 de maio de 2022

POR QUE ESTUDAR O ESPIRITUALISMO RACIONAL?

 

Sem dúvida, o ano de 1848 foi palco de uma onda de revoluções em toda a Europa. Especialmente na França e região monarquias são varridas, repúblicas são criadas, proibições várias, trabalhadores e estudantes tomam as ruas. Afinal, verificava-se uma tensão nesse período entre a República Social Democrática e a forma Liberal de Republicanismo.

No entanto, é imperioso recordar que esse período foi precedido pelo movimento que se convencionou chamar de iluminismo. Houve, é um fato, a Revolução Francesa, cujas bandeiras foram igualdade, fraternidade e solidariedade. Muitos ideólogos daquela revolução afirmavam que uma regeneração da humanidade só ocorreria a partir de uma revolução na educação (um desses, sem dúvida, foi Mesmer).

Mas, não se tratava de qualquer projeto educacional, e sim, um em específico: que alterasse a metodologia fincada na heteronomia calcada na ideia de que a mudança moral ocorre no indivíduo quando o mesmo é castigado ou recompensado. Essa ideia considera o ser humano apenas do ponto de vista de sua natureza animal, que pode ser adestrada por meio de dor ou prazer.

A partir do ano de 1830, século 19, vamos testemunhar um grande movimento caminhar noutra direção, isto é, de que o ser humano é uma alma encarnada (portanto, possui natureza divina, além da corporal ou física). A ideia central é de que o indivíduo deve possuir uma consciência moral, sem a qual não há regeneração da humanidade possível. Nesse sentido, é necessário que o indivíduo desenvolva essa consciência, processo em que é necessário:

  • Conhecimento da Lei;
  • Aceitar essa Lei como verdadeira;
  • Reconhecer a necessidade de sua aplicação.

Além das tensões políticas, outras estavam bem presentes. De um lado tínhamos os representantes das ideologias religiosas fundamentadas nos seus dogmas, os quais apesar de superados pelas ciências, não sinalizavam aceitar a Lei do Progresso. Abre-se caminho para o seu oposto: o materialismo.

No entanto, se de um lado o fanatismo religioso apresentava uma subserviência à divindade, mesmo que sem lógica e irracional, do outro lado, o desejo era extirpar o sentimento inato do ser humano quanto à existência de Deus, bem como à imortalidade da alma. As duas propostas são falidas. Nesse ambiente, surgiu o Espiritualismo Racional.

A Filosofia Espiritualista Racional conceitua consciência como uma faculdade de reconhecer a LEI MORAL e aplicá-la a todas as circunstâncias. Nesse sentido, consciência é, a um só tempo:

  1. Poder que ordena (dita o que é preciso fazer ou evitar);
  2. Juízo que julga o que foi feito, decidindo entre o bem e o mal.

Nesse sentido, cada um deve agir de acordo com sua consciência, uma vez que essa apresenta decisões nítidas e distintas.

Uma estrutura educacional bem construída deve proporcionar ao indivíduo adquirir o conhecimento necessário que lhe permita o uso de sua inteligência. Um indivíduo só pode ser considerado bom ou mal quando possui discernimento entre um e outro. Fora disto, ele está no estado de inocência ou no chamado sono da consciência. Até que a consciência desperte há um combate moral por excelência. Trata-se da luta entre o dever e a paixão.

Portanto, a Filosofia Espiritualista Racional propôs o estudo aprofundado de um conjunto de conhecimentos que proporcionem ao estudante investigar sobre hábitos que mostram um indivíduo sem consciência, isto é, que se habituou a não consultar ou a desprezar os ditames da consciência, espécie de voz interior que diz o que fazer ou não fazer.

Assim, é necessário estudar as emoções ou afeições diversas, isto é, os prazeres ou dores que nascem na alma. É imperativo estudar, na ação para fazer, a atração pelo o bem e a aversão pelo mal. O hábito é considerado uma violência do desejo. Ao julgar a ação realizada, o indivíduo verifica se houve prazer, isto é, uma satisfação moral e nesse caso, a ação é boa. Lado outro, se houve remorso e arrependimento, portanto, uma má ação, o resultado será o sofrimento. Esse sofrimento não é físico, mas, de ordem moral, uma espécie de castigo em razão do crime. São os vícios, estágio mais avançado dos hábitos, que criam o arrependimento da alma.

O Espiritualismo Racional, propõe que o indivíduo adquira a liberdade, isto é, a posse de si mesmo. Sendo uma alma encarnada, é denominado agente moral. Esse agente, livre, pode escolher por sua própria vontade. Fazer o bem, fazer o mal, não fazer o bem ou não fazer o mal. Para essa filosofia a livre escolha supõe a responsabilidade. Contudo, há uma lei de progresso natural, pois, os caracteres humanos não são imutáveis, todos estão sujeitos às boas ou más inclinações. Cabe a cada um adquirir virtudes e se livrar dos maus hábitos ou dos vícios.

Não se pune, portanto, o que é feito por coerção ou por ignorância. No caso da coerção ou da ignorância, não esteve presente a intenção do indivíduo para que essa, isso sim, possa ser julgada. A vontade que escolhe livremente reclama o conhecimento da lei moral, sua aceitação pelo agente moral como verdadeira e o reconhecimento deste de que há necessidade de sua aplicação em quaisquer circunstâncias da vida. Somente o agente moral livre poderá ser responsabilizado por suas ações.

Neste caso, a educação moral proposta pela Filosofia Espiritualista Racional cria um 'programa de estudos' onde o estudante tenha as condições necessárias de, por si, construir o conhecimento do que é o bem e do que é o mal, possuindo toda a liberdade de agir. Em razão de que o conhecimento de cada um é variável, as condições de responsabilidade varia na mesma proporção.

Para o Espiritualismo Racional, no entanto, as recompensas e castigos tomam formas distintas daquelas propostas pelo educação moral heterônoma, onde a recompensa é o prazer material, assim como o castigo ou punição é um sofrimento corporal infligido ao agente.

No campo da moral autônoma a recompensa e o castigo não existem PARA que a lei moral seja cumprida. Castigo e recompensa podem, até, ser meio de conduzir ao bem e desviar do mal, mas, essa não é sua função essencial. Aliás, essa não é, de forma alguma, a verdadeira ideia de castigo ou recompensa.

O castigo e a recompensa existem PORQUE a lei moral foi cumprida ou violada. Trata-se de justiça, não de utilidade. No campo da moral, o castigo é a reparação ou a expiação. O que assegura a execução da lei moral é o ato ou sua abstenção, no sentido de corrigir sua violação (reparação ou expiação). Se, de um lado, a ordem ou harmonia foi perturbada por uma vontade rebelde, a consequência do falta cometida será o sofrimento moral por tal perturbação.

Em sociedade, os tipos de sanções são: natural, legal, da opinião e interior. A pena natural é a própria consequência imediata da ação; a legal é aquela constante do código penal; a de opinião é a censura, o desprezo, a aversão dos outros; e, por último, a interior é a que resulta da consciência (sentimento moral). Para o Espiritualismo Racional, o ser humano DEVE e PODE aperfeiçoar seu CARÁTER.

O Brasil já experimentou essa oportunidade de conhecer a Filosofia Espiritualista Racional, conforme percebemos no programa abaixo, o qual compartilhamos para conhecimento:

PROGRAMA DO ENSINO DE FILOSOFIA
(IMPERIAL COLÉGIO DE PEDRO SEGUNDO)

1.

INTRODUÇÃO

Definições, objeto, divisão, importância e relações da filosofia com outras ciências.

2.

ONTOLOGIA ELEMENTAR

Do ser; da essência.

3.

Do infinito e do finito, do absoluto e do relativo, da substância, do atributo e do modo.

4.

Da causa em geral

Causa eficiente, ocasional, material, instrumental e final.

5.

Do verdadeiro, do bem e do belo (noções de estética).

6.

Do espaço; do tempo.

7.

DA PSICOLOGIA

O composto humano; passagem da fisiologia à psicologia; dos fatos psicológicos; faculdades da alma.

8.

Da sensibilidade em geral; da sensibilidade física; Das sensações.

9.

Da sensibilidade intelectual e moral; Sentimentos e afeições.

10.

Da inteligência em geral; Da consciência ou percepção íntima.

11.

Da percepção externa; Elementos da percepção; Os sentidos e seus erros.

12.

Das ideias em geral

Definições, diferenças, características, origem e formação.

13.

Da atenção; Da reflexão; Da comparação.

14.

Da razão pura; Noções e verdades primárias.

15.

Do juízo; Do raciocínio.

16.

Da memória; Da associação das ideias.

17.

Da abstração; Da generalização; Da imaginação.

18.

Da linguagem:

Definição, diferenças, classificação, origem e utilidade.

19.

Da vontade:

Do instinto e do hábito; da atividade livre.

20.

Da liberdade e suas provas; Dificuldades e teorias.

21.

Da unidade, identidade e espiritualidade da alma.

22.

LÓGICA:

Objeto da lógica; Método em geral; Análise e síntese.

23.

Métodos particulares; Classificação das ciências.

24.

Do método indutivo:

Observação, experimentação e classificação.

25.

Da analogia; indução e hipótese.

26.

Do método demonstrativo:

Axiomas, definições e demonstração.

27.

Do silogismo:

Matéria e forma, termos e proposições, figuras e regras.

28.

Graus de assentimento:

Probabilidade, evidência e certeza.

30.

Dos erros:

Causas e remédios.


1.

TEODICÉA

Noções preliminares; Da ideia de um Ente Supremo; Argumentos físicos da existência de Deus.

2.

Argumentos morais e metafísicos da existência de Deus; Crítica de todos os argumentos.

3.

Principais atributos de Deus.

4.

Da Providência e seus atos:

Argumentos à priori, à posteriori e indiretamente.

5.

Erros acerca de Deus:

Ateísmo, dualismo, politeísmo, panteísmo.

6.

MORAL:

Princípios das ações humanas; O prazer e o bem; O útil e o honesto; Sistema de Stuart Mill.

7.

Da consciência moral:

Distinção do bem e do mal.

8.

Da lei moral e suas partes componentes.

9.

Destino do homem e imortalidade da alma:

Argumentos principais e complementares.

10.

Moral Prática:

Deveres do homem para consigo mesmo.

11.

A moral perante a humanidade, a família e o estado.

12.

Moral religiosa ou deveres do homem para com Deus.

13.

HISTÓRIA DA FILOSOFIA:

Objeto, utilidade, métodos, sistemas e divisão da história da filosofia.

14.

Filosofia antiga; Origens orientais; Filosofia grega antes de Sócrates.

15.

Filosofia socrática; Platão e a Academia.

16.

Filosofia depois de Sócrates:

Aristóteles, Pyrrho, Epicuro e Zeno.

17.

Filosofia romana; Escola de Alexandria; Os Padres da Igreja.

18.

Filosofia medieva:

Fases da escolástica.

19.

Filosofia moderna:

Bacon e Descartes.

20.

Filosofia do século XVII

Sectários de Bacon e de Descartes.

21.

Filosofia do século XVIII na França.

22.

Filosofia Inglesa no século XVIII.

23.

Filosofia do século XVIII na Alemanha.

24.

Filosofia do século XIX na Inglaterra, na França, na Itália, na Alemanha e na Bélgica.

25.

Resumo de todos os sistemas de Filosofia contemporânea e sua influência no Brasil.


Finalizando esse convite à reflexão, bem como de uma página de defesa à Filosofia Espiritualista Racional e a necessidade de sua recuperação nos dias atuais, principalmente para se compreender, verdadeiramente, o Espiritismo, deixamos algumas informações que podemos extrair e que nos serve de base para meditar sobre a ligação estreita entre Espiritualismo e Espiritismo, esse último como uma fase/parte do primeiro.

A Filosofia Espiritualista Racional preconiza que não há bem verdadeiro quando exista qualquer interesse pessoal. O Bem Moral é o verdadeiro bem, o soberano bem. Esse bem precisa ser conhecido ou reconhecido como o objetivo da humanidade. Na luta interna de cada indivíduo a razão mostra o bem e a paixão arrasta ao prazer.

Há uma LEI NATURAL que toma a forma de constrangimento, uma ordem, uma necessidade, que se apresenta de modo:

a. Imperativo: faça o bem;

b. Proibitivo: não faça o mal

A isso chamamos DEVER. No Espírito em desenvolvimento trata-se de um constrangimento moral, mas, não há nenhuma coerção física. O constrangimento imposto pelo dever é suportado pela razão, sem violar a liberdade. Aquilo que por necessidade só se impõe à razão, sem constrangimento da vontade, é a obrigação moral.

Dizer que o bem é obrigatório significa que "nós nos consideramos como obrigados a realizá-lo, sem sermos forçados a isso".

O que é feito à força deixa de ser o bem. O bem deve ser livremente realizado. Trata-se de uma necessidade consentida. Do contrário, tudo que é feito quando se obedece voluntariamente a todas as paixões, transforma o ser humano num animal; compara-se ao idiota, ao louco, ao que caiu no delírio.

O dever se caracteriza por ser absoluto e universal. O objetivo da lei do dever é o próprio dever, cuja lei se obedece por si mesma, não alguma razão. Aconteça o que acontecer, faça-se o que deve ser feito. Por isto, é absoluto.

A universalidade é um caráter do dever, uma vez que sua lei deve ser aplicada a todos os indivíduos, da mesma maneira e nas mesmas condições. Cada um deve reconhecer essa lei impondo-se a si mesmo, tanto quanto aos outros.

A conclusão dessa reflexão é da própria Filosofia Espiritualista Racional: "Faça ao outro o que gostaria que ele lhe fizesse e não faça ao outro o que não gostaria que ele lhe fizesse".

Essas considerações, extraídas da Filosofia Espiritualista encontram ecos muito bem fixados em O Livro dos Espíritos, especialmente nas seguintes questões: 621, 625, 627, 629, 631, 658, 672, 670, 747, 886, 895 (entre outras). Caso, após a leitura, você perceba outras questões que estão em consonância com as colocações feitas no texto, por favor, coloque nos comentários.

Fonte:
JANET, PAUL. Pequenos Elementos da Moral. Edições Kindle. Tradução de Maria Leonor Loureiro.

Uberaba - MG, 07/05/2022
Beto Ramos

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