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segunda-feira, 22 de junho de 2020
CASAMENTO, CELIBATO E POLIGAMIA – PARTE 101
OBRAS DA CODIFICAÇÃO - dissertação sobre a autoria
No prefácio da Obra O Céu e o Inferno ou “A Justiça Divina Segundo o Espiritismo” temos importantes esclarecimentos do senhor Allan Kardec.
Porém, em todo estudo sério, principalmente o estudo espírita, é sempre bom ter em mente a advertência esposada pelo Codificador na Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita para não infirmar comentários com ideias preconcebidas, verbis:
“Para as coisas novas necessitamos de palavras novas, pois, assim o exige a clareza de linguagem, para evitarmos a confusão inerente aos múltiplos sentidos dos próprios vocábulos”.
E assim fez o Codificador do Espiritismo. Vários foram os neologismos criados cujo propósito era não multiplicar as causas já tão numerosas de anfibologia. Mas, a maioria dos Espíritas dá pouca ou nenhuma importância quanto à advertência dos Espíritos Superiores: “Entendei-vos quanto as palavras...”.
Vários são os que afirmam que a “Doutrina Espírita”, incluindo todas as obras da Codificação, foi produto do “ditado” dos Espíritos. Analisando os prolegômenos de O Livro dos Espíritos encontramos a seguinte afirmação:
“Este livro é o compêndio dos seus ensinamentos [dos Espíritos]. Foi escrito por ordem e sob ditado dos Espíritos Superiores para estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional, livre dos prejuízos de sistema. Nada contém que não seja a expressão de seu pensamento e não tenha sofrido o seu controle”.
Além disto, Kardec esclarece quais Espíritos concorreram para a realização de tal obra. Interessante notar as expressões “este livro” e “esta obra”, bem como o objetivo declinado: “estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional”.
O que dizem estas expressões? Que os Espíritos são autores da Doutrina Espírita ou de uma Filosofia Racional? Eis as questões. Há mais! A mensagem dos Espíritos dirigida a Allan Kardec trata de todo o acervo de livros escritos por Kardec, de todas as obras que compõem o número das fundamentais ou somente daquele livro específico?
Uma advertência nessa mensagem chama a atenção: “A vaidade de certos homens, que creem saber tudo e tudo querem explicar à sua maneira, dará origem a opiniões dissidentes”.
De volta à obra O Céu e o Inferno, quanto ao tema, “autoria”, o que encontramos? O Codificador fala sobre autoria e conteúdo das Obras Fundamentais do Espiritismo.
O LIVRO DOS ESPÍRITOS: a pedra angular do edifício que contém as bases fundamentais do Espiritismo, todos os princípios da doutrina e os que devem constituir o seu coroamento.
Mas, há uma observação que nos aponta uma reflexão: “mas era necessário dar-lhes os desenvolvimentos, deduzir-lhe todas as consequências e todas as aplicações, à medida que se desenrolavam pelo ensino complementar dos Espíritos e por novas observações”.
Por desenvolvimento compreendemos o estudo dos temas de modo peculiar e específico. Dedução é a inferência lógica de um raciocínio, trabalho intelectual de Allan Kardec por meio do qual buscava a verdade sobre certas proposições. A observação é o trabalho do cientista pesquisador (Allan Kardec).
Perceba que diferem os trabalhos desenvolvidos em O Livro dos Espíritos, em O Livro dos Médiuns e em O Evangelho Segundo o Espiritismo. O Codificador afirma que os “pontos de vista” foram distintos. Mas, a pergunta é objetiva: a autoria é de...
Vejamos o que escreve Allan Kardec no prefácio da Obra o Céu e o Inferno:
“A primeira parte desta obra, intitulada Doutrina, contém o exame comparado de diversas crenças sobre o céu e o inferno, os anjos e os demônios, as penas e recompensas futuras; o dogma das penas eternas aí é encarado de maneira especial e refutado por argumentos tirados das mesmas leis da natureza e que lhes demonstram não só o lado ilógico, já centenas de vezes assinalado, mas a sua impossibilidade material. [...] A segunda parte encerra os exemplos em apoio da teoria, ou melhor que serviram ao estabelecimento da teoria. [...] Cada um desses exemplos é um estudo em que todas as palavras tem o seu alcance para quem quer que as medite com atenção [...]. Nesses exemplos, em maioria tomados de fatos contemporâneos, dissimulamos os nomes próprios, sempre que julgamos útil, por motivos de conveniência fáceis de apreciar”.
É preciso atentar para o que diz o senhor Allan Kardec sobre O Evangelho Segundo o Espiritismo:
“Para evitar esses inconvenientes, reunimos nesta obra os trechos que podem constituir, propriamente falando, um código de moral universal, sem distinção de cultos. Nas citações, conservamos tudo o que era de utilidade ao desenvolvimento do pensamento, suprimindo apenas as coisas estranhas ao assunto. Além disso, respeitamos escrupulosamente a tradução de Sacy, assim como a divisão por versículos. Mas, em vez de nos prendermos a uma ordem cronológica impossível, e sem vantagem real em semelhante assunto, as máximas foram agrupadas e distribuídas metodicamente segundo a sua natureza, de maneira a que umas se deduzam das outras, tanto quanto possível”.
Pensamos ser útil refletir acerca das expressões reunimos, conservamos, respeitamos, nos prendermos, as máximas foram agrupadas e distribuídas. Kardec está falando do trabalho de quem? Dele próprio, ainda que remetendo a ideia na terceira pessoa do plural (presente e passado) com a ocultação do "sujeito".
Não menos importante é a afirmação seguinte:
“Esse seria apenas um trabalho material, que por si só não teria mais do que uma utilidade secundária. O essencial era pô-lo ao alcance de todos, pela explicação das passagens obscuras e o desenvolvimento de todas s suas consequências, com vistas à aplicação às diferentes situações da vida. Foi o que procuramos fazer, com a ajuda dos bons Espíritos que nos assistem”.
Allan Kardec, com humildade, fala do próprio trabalho (apenas um trabalho material). Não seria respeitoso o fazer referindo-se ao trabalho dos Espíritos. E mais, afirma que o mais importante no trabalho de pesquisa é publicá-lo, isto é, colocá-lo para apreciação geral, a fim de sofrer críticas, análises e estudos.
Não há a menor dúvida, ao nosso sentir, que o autor das obras posteriores ao Livro dos Espíritos, exceto o Livro dos Médiuns, é de Allan Kardec . Para os que usarão a última frase como justificativa do contrário lembre-se que a maioria de nós pede tal assistência em tudo que empreende, e, foi esse o sentido da afirmação do Codificador: com a assistência dos bons Espíritos.
Terminamos, portanto, aduzindo nossa opinião segundo nossos estudos:
1. O Livro dos Espíritos – autoria
(ditado) dos Espíritos Superiores com trabalho de organização metodológica de
Kardec;
2. O Livro dos Médiuns – autoria (ditado)
“em grande parte” dos Espíritos que a reviram e corrigiram com especial
cuidado, acrescentando instruções de alto interesse (Introdução ao Livro dos
Médiuns).
3. O Evangelho Segundo O
Espiritismo – autoria de Allan Kardec.
4. O Céu e o Inferno – autoria de
Allan Kardec.
5. A Gênese – autoria compartilhada (verifique, por exemplo, o capítulo "Os Tempos São Chegados") contendo o complemento das anteriores (trazendo um ponto de vista especial),
exceto algumas teorias hipotéticas,
indicadas como tais, que devem ser consideradas como opiniões pessoais, até que
sejam confirmadas ou contraditadas, a fim de que não pese essa responsabilidade
sobre a doutrina.
Observação: quanto à obra A Gênese, o Codificador pede muita atenção ao capítulo Caracteres da Revelação Espírita, onde está o nó da questão, isto é, onde explica o Codificador, claramente, qual o papel respectivo dos Espíritos e dos homens na elaboração da nova doutrina.
Entendemos essa afirmação do Codificador um ponto capital para a questão “autoria” da Doutrina Espírita, uma vez que muitos afirmam ser um trabalho eminentemente de origem espiritual, e, em última instância, “obra mediúnica” (quem meditar sobre isto entenderá nossa afirmação).
Se o ser humano concorreu junto aos Espíritos para a elaboração da nova doutrina é preciso mais cuidado ao se fazer tábula rasa das ideias preconcebidas quanto à autoria. Indicamos que antes de fazer afirmações categóricas é preciso estudo profundo de todas as questões, examiná-las sem o espírito de sistema, permitindo-se errar.
É por isso que começamos o texto dizendo que “a nosso sentir” a autoria é de... Talvez alguém possua melhores argumentos, aos quais sempre estaremos abertos, pois, por aqui...
quarta-feira, 17 de junho de 2020
SINAGOGA – uma instituição greco-romana
terça-feira, 9 de junho de 2020
Progressão do Aprendizado do Ensino dos Espíritos
Espiritismo:
ciência da observação
Vários são os temas presentes na Codificação da Doutrina Espírita que podem ser estudados a fim de que o pesquisador possa atestar que Allan Kardec não fazia sobre nenhum tema o que chamamos vulgarmente de “tábula rasa”.
Como ele próprio afirma somente após obter todas as respostas acerca dos assuntos, considerando-os globalmente, estudando-os por todos os ângulos, refutando ou aceitando estudos anteriores, não admitindo de imediato todas as respostas dos Espíritos, é que Kardec elaborava conceitos, dissertações, teorias. Vários são os temas que continuam no campo do ensaio.
De outro lado, mesmo após o uso do
método da observação, quando o tema havia se consolidado e a matéria já
amadurecida, o Codificador não se comprometia a manter ad eternum uma opinião formada sobre tudo. Deixava, sempre, espaço
para corrigir eventuais enganos, equívocos e erros. Foi o que ocorreu com o
fenômeno da possessão.
Na Revista Espírita de 1858, Allan irá conceituar os fenômenos da obsessão, da subjugação e da fascinação (nessa ordem). Já, em O Livro dos médiuns, manterá algumas opiniões, apresentará outras que, e mudará a ordem estabelecida na RE/1858 para obsessão, fascinação e subjugação.
Tudo isto ocorria à medida que progredia a Ciência Espírita e Kardec ia fazendo constatações por meio da Observação.
N’O Livro dos Médiuns falou sobre o domínio de alguns Espíritos inferiores sobre certas pessoas, além de apresentar conceitos para as principais variedades de obsessão, desde a simples, passando pela fascinação, até a subjugação.
Interessante
ressaltar que nesta obra, traz-se o pensamento de que na subjugação há constrangimento
moral, como uma fascinação, e casos mais agudos onde o
constrangimento é físico.
Percebemos que de uma obra a outra,
de ano a outro, à medida que observa, interroga e analisa, o Codificador vai
enriquecendo as conceituações, às vezes modulando para cima ou para baixo, por
assim dizer, a teoria que está sendo construída.
Tanto na Revista Espírita como em O Livro dos Médiuns Kardec irá afirmar que possessão, um nome vulgarmente conhecido, não seria senão sinônimo de subjugação. Explicou, inclusive, por quais motivos a expressão não poderia ser usada.
A
mais interessante é onde afirma que a expressão dá ideia de apoderamento de um
corpo por um Espírito estranho, uma espécie de coabitação, quando havia somente
constrangimento. Até 1858 pensava que o fenômeno denominado possessão, onde a
vontade é afetada e a razão obliterada, tratava-se fascinação aguda.
Todavia, como ensina o Codificador o indivíduo frio e impassível vê as coisas
sem se deixar enganar: combina, pesa, amadurece e não é seduzido por nenhum
subterfúgio; o que lhe dá força. Veremos, portanto, que o pensamento de
Kardec sobre o tema irá evoluir, uma vez que o mesmo não se encontrava seduzido
por nenhum subterfúgio.
No ano de 1860, conforme relata na Revista Espírita de Novembro, o Codificador estuda um caso de obsessão física onde percebe que o Espírito encarnado tomava a aparência de um Espírito desencarnado.
Em 1862, o relato daquele jornal de estudos psicológicos fala
sobre a epidemia demoníaca em Saboya,
onde uma população fica sob o efeito de um tipo de obsessão, aparentando
sintomas de alienação mental.
Em abril de 1862 Allan Kardec vai registrar que os Espíritos não só agem sobre o pensamento, mas, também, sobre o corpo, com o qual se identificam e do qual se servem como se fosse seu.
Note-se
aqui uma gradual e perceptível evolução da compreensão do fenômeno, pois, o
registro é no sentido de que o Espírito encarnado se encontra afetado pela
subjugação de um Espírito estranho que o domina.
Mas, é no ano de 1863, precisamente
no mês de Dezembro, onde Allan Kardec fará uma correção de rumo e, portanto, reconsiderar
seu pensamento sobre a possessão. Nesse caso ele escreve que seu pensamento,
que fora posto quase que de forma absoluta, precisa ser reconsiderado, pois, lhe
foi demonstrado que pode haver verdadeira possessão.
Trata-se do caso conhecido como de possessão da senhoria Júlia onde Kardec
atende pessoalmente. Por se tratar de um assunto importante para o estudante do
Espiritismo, não vamos apresenta-lo integralmente nesse espaço e remetemos os
interessados à RE DEZ/1863, mas, deixar a informação de que o Codificador
constatou que a possessão é um estado transitório de substituição parcial de um
Espírito encarnado por um Espírito errante, onde o Espírito encarnado se afasta
momentaneamente do corpo ao qual está permanentemente ligado enquanto vive.
Pela observação e prática do
Espiritismo, atuando diretamente no caso, usando todo o seu conhecimento da
Doutrina e o auxílio dos Espíritos que trataram do tema na Sociedade Espírita,
Allan Kardec comprovou a existência de uma anomalia física, semelhante à
alienação mental, somente explicada pelo Espiritismo. Falou da modalidade aguda
de sofrimento da vítima, do processo de possessão e da cura, enfatizando que
conhecimento não basta, mas, também, a força moral.
Após o minucioso estudo sobre o
tema, por aproximadamente 15 (quinze) anos, a conclusão será feita no capítulo
XIV, Os Fluídos, tema obsessões e possessões, na Obra A Gênese de 1868, ao qual
remetemos o nosso atento leitor sedente pelo conhecimento completo da Doutrina
Espírita.
Uberaba – MG, 09 de junho de 2020.
Beto Ramos
terça-feira, 2 de junho de 2020
SUCESSÃO E APERFEIÇOAMENTO DAS RAÇAS - PARTE 100
DESTAQUE DA SEMANA
ENTENDA OS SINAIS DOS TEMPOS E O PROCESSO DE MIGRAÇÃO E EMIGRAÇÃO DOS ESPÍRITOS EM CURSO
INTRODUÇÃO 1. Qual o objetivo do processo de migração e emigração dos Espíritos? 2. Quais são os sinais de que esse tempo é chegado? 3. Co...

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Sem qualquer sombra de dúvidas os assuntos PROGRESSO DOS PLANETAS, REGENERAÇÃO e TRANSIÇÃO PLANETÁRIA estão atualíssimos e, mesmo que você...
