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segunda-feira, 21 de novembro de 2022

O CONHECIMENTO ESPÍRITA PERMITE MUDAR DE OPINIÃO?

De maneira simples, a mudança de opinião consiste em deixar um pensamento, até então tido como certo, para assumir uma ideia nova. Trata-se, na verdade, da capacidade humana de adaptação ao novo. Para tanto, é necessário ter a mente aberta para novos conhecimentos, o que implica, também, ver-se na situação de constante aprendizado.

Partindo dessa premissa, indagamos: o conhecimento espírita permite mudar de opinião? A resposta, por mais simples que possa parecer, requer antes de tudo, saber se:

a) O Espiritismo é dogmático ou permite a reflexão?

b) A teoria espírita é de autonomia e liberdade ou é de heteronomia e obediência?

c) O ensino pelos Espíritos de sua ciência, que permitiu organizar uma verdadeira Doutrina, foi ministrado a um só tempo ou de maneira progressiva?

d) A revelação espírita é centralizada em uma só entidade ou é produto do trabalho coletivo com participação humana? É de origem apenas divina ou, também, humana?

e) Compreender o espiritismo exige fé cega ou raciocinada? Como se conduz o indivíduo em um e em outro caso?

Poderíamos, evidentemente, trazer um longo questionário antes de buscar responder se o espírita pode ou não mudar sua opinião à medida que conhece, estuda e busca compreender a Doutrina dos Espíritos e sua ciência.

No entanto, um exemplo poderá arrastar muito mais que as complexas respostas dadas pelos sofistas que procuram macular a Doutrina dos Espíritos, com suas ideias mirabolantes, que induzem ao campo da religião positiva e dogmática ancestral.

Desse modo, é o próprio organizador do Espiritismo quem vai nos dar um belo exemplo. Em um de seus artigos na Revista Espírita de Outubro de 1858, Allan Kardec discorreu sobre sua compreensão acerca do tema 'possessão'. No caso, apresentou sua teoria e hipóteses para não aceitá-la, uma vez que implicaria na ideia de seres especializados e votados ao mal para a eternidade, os chamados demônios, bem como por induzir à ideia de uma 'coabitação' em um mesmo corpo físico por dois Espíritos, como se pode observar:

"Para nós, a possessão seria um sinônimo de subjugação. Se não adotamos esse termo, foi por dois motivos: primeiro, porque implica a crença em seres criados e votados perpetuamente ao mal, mas apenas existem seres mais ou menos imperfeitos e todos podem melhorar; segundo, porque pressupõe igualmente a ideia de tomada de posse do corpo por um Espírito estranho, uma espécie de coabitação, quando só há constrangimento. A palavra subjugação traduz perfeitamente esse pensamento. Dessa forma, para nós, não existem possessos no sentido vulgar do termo, mas tão somente obsidiados, subjugados e fascinados". (Kardec, Allan. Revista espírita: ano primeiro: 1858 pp. 372-373, FEB. Edição do Kindle).

No entanto, adquirindo conhecimento doutrinário espírita, estudando com afinco, investigando a ciência dos Espíritos e formulando os princípios e postulados espíritas, Kardec escreve sobre Um Caso de Possessão - Senhorita Júlia, onde esclarece:

"Dissemos que não havia possessos no sentido vulgar do termo, mas subjugados. Queremos reconsiderar esta asserção, posta de maneira um tanto absoluta, já que agora nos é demonstrado que pode haver verdadeira possessão, isto é, substituição, embora parcial, de um Espírito encarnado por um Espírito errante". (Revista Espírita, Dezembro/1863). 

E, de modo definitivo, Kardec discorre sobre obsessão e possessão na obra A Gênese, de 1868, especialmente nos itens 45, 46, 47, 48 e 49 do Capítulo XIV, Os Fluidos, em que deixa clara e cristalina sua compreensão acerca do fenômeno.

Com tal exemplo, o propósito desse artigo parece ter sido alcançado no sentido de responder:

- Sim, o conhecimento espírita permite mudar de opinião, pois, se Allan Kardec não se envergonhou de corrigir e mudar sua opinião, predispondo-se a não impor qualquer restrição por orgulho, vaidade ou prepotência ao seu processo de raciocinar e aprender, nenhum obstáculo há para o espírita sincero e sequioso do conhecimento doutrinário que se depara com informações novas, lógicas e razoáveis, fruto do estudo sério e da observação.

Você sabia que o conhecimento espírita é progressivo e que Kardec recalculou a rota em várias oportunidades sem, por isso, se envergonhar?

E você, está pronto para mudar de opinião?

Uberaba-MG, 21/11/2022
Beto Ramos

terça-feira, 9 de junho de 2020

Progressão do Aprendizado do Ensino dos Espíritos

Espiritismo: ciência da observação

Vários são os temas presentes na Codificação da Doutrina Espírita que podem ser estudados a fim de que o pesquisador possa atestar que Allan Kardec não fazia sobre nenhum tema o que chamamos vulgarmente de “tábula rasa”.

Como ele próprio afirma somente após obter todas as respostas acerca dos assuntos, considerando-os globalmente, estudando-os por todos os ângulos, refutando ou aceitando estudos anteriores, não admitindo de imediato todas as respostas dos Espíritos, é que Kardec elaborava conceitos, dissertações, teorias. Vários são os temas que continuam no campo do ensaio.

De outro lado, mesmo após o uso do método da observação, quando o tema havia se consolidado e a matéria já amadurecida, o Codificador não se comprometia a manter ad eternum uma opinião formada sobre tudo. Deixava, sempre, espaço para corrigir eventuais enganos, equívocos e erros. Foi o que ocorreu com o fenômeno da possessão.

Na Revista Espírita de 1858, Allan irá conceituar os fenômenos da obsessão, da subjugação e da fascinação (nessa ordem). Já, em O Livro dos médiuns, manterá algumas opiniões, apresentará outras que, e mudará a ordem estabelecida na RE/1858 para obsessão, fascinação e subjugação. 

Tudo isto ocorria à medida que progredia a Ciência Espírita e Kardec ia fazendo constatações por meio da Observação.

N’O Livro dos Médiuns falou sobre o domínio de alguns Espíritos inferiores sobre certas pessoas, além de apresentar conceitos para as principais variedades de obsessão, desde a simples, passando pela fascinação, até a subjugação.

Interessante ressaltar que nesta obra, traz-se o pensamento de que na subjugação há constrangimento moral, como uma fascinação, e casos mais agudos onde o constrangimento é físico.

Percebemos que de uma obra a outra, de ano a outro, à medida que observa, interroga e analisa, o Codificador vai enriquecendo as conceituações, às vezes modulando para cima ou para baixo, por assim dizer, a teoria que está sendo construída.

Tanto na Revista Espírita como em O Livro dos Médiuns Kardec irá afirmar que possessão, um nome vulgarmente conhecido, não seria senão sinônimo de subjugação. Explicou, inclusive, por quais motivos a expressão não poderia ser usada. 

A mais interessante é onde afirma que a expressão dá ideia de apoderamento de um corpo por um Espírito estranho, uma espécie de coabitação, quando havia somente constrangimento. Até 1858 pensava que o fenômeno denominado possessão, onde a vontade é afetada e a razão obliterada, tratava-se fascinação aguda.

Todavia, como ensina o Codificador o indivíduo frio e impassível vê as coisas sem se deixar enganar: combina, pesa, amadurece e não é seduzido por nenhum subterfúgio; o que lhe dá força. Veremos, portanto, que o pensamento de Kardec sobre o tema irá evoluir, uma vez que o mesmo não se encontrava seduzido por nenhum subterfúgio.

No ano de 1860, conforme relata na Revista Espírita de Novembro, o Codificador estuda um caso de obsessão física onde percebe que o Espírito encarnado tomava a aparência de um Espírito desencarnado.

Em 1862, o relato daquele jornal de estudos psicológicos fala sobre a epidemia demoníaca em Saboya, onde uma população fica sob o efeito de um tipo de obsessão, aparentando sintomas de alienação mental.

Em abril de 1862 Allan Kardec vai registrar que os Espíritos não só agem sobre o pensamento, mas, também, sobre o corpo, com o qual se identificam e do qual se servem como se fosse seu.

Note-se aqui uma gradual e perceptível evolução da compreensão do fenômeno, pois, o registro é no sentido de que o Espírito encarnado se encontra afetado pela subjugação de um Espírito estranho que o domina.

Mas, é no ano de 1863, precisamente no mês de Dezembro, onde Allan Kardec fará uma correção de rumo e, portanto, reconsiderar seu pensamento sobre a possessão. Nesse caso ele escreve que seu pensamento, que fora posto quase que de forma absoluta, precisa ser reconsiderado, pois, lhe foi demonstrado que pode haver verdadeira possessão.

Trata-se do caso conhecido como de possessão da senhoria Júlia onde Kardec atende pessoalmente. Por se tratar de um assunto importante para o estudante do Espiritismo, não vamos apresenta-lo integralmente nesse espaço e remetemos os interessados à RE DEZ/1863, mas, deixar a informação de que o Codificador constatou que a possessão é um estado transitório de substituição parcial de um Espírito encarnado por um Espírito errante, onde o Espírito encarnado se afasta momentaneamente do corpo ao qual está permanentemente ligado enquanto vive.

Pela observação e prática do Espiritismo, atuando diretamente no caso, usando todo o seu conhecimento da Doutrina e o auxílio dos Espíritos que trataram do tema na Sociedade Espírita, Allan Kardec comprovou a existência de uma anomalia física, semelhante à alienação mental, somente explicada pelo Espiritismo. Falou da modalidade aguda de sofrimento da vítima, do processo de possessão e da cura, enfatizando que conhecimento não basta, mas, também, a força moral.

Após o minucioso estudo sobre o tema, por aproximadamente 15 (quinze) anos, a conclusão será feita no capítulo XIV, Os Fluídos, tema obsessões e possessões, na Obra A Gênese de 1868, ao qual remetemos o nosso atento leitor sedente pelo conhecimento completo da Doutrina Espírita.

Uberaba – MG, 09 de junho de 2020.

Beto Ramos

DESTAQUE DA SEMANA

A DOUTRINA DOS ESPÍRITOS NÃO É ASSUNTO QUE SE ESGOTA EM UMA PALESTRA

  EM SUAS VIAGENS KARDEC MINISTRAVA ENSINOS COMPLEMENTARES AOS QUE JÁ POSSUIAM CONHECIMENTO E ESTUDO PRÉVIO. Visitando a cidade Rochefort, n...