O desejo é uma necessidade instintiva do corpo. A vontade é uma decisão deliberada que representa uma ação vigorosa e determinante da mente sobre o corpo. Essa decisão é baseada na consciência, na sabedoria e na razão. A VONTADE, como fruto do CONHECIMENTO ESCLARECIDO, compreende a ocasição em que afloram os desejos e os instintos e os dirige.
O Espiritismo tem como base o princípio da evolução perpétua e continua do Espírito. Esse, foi criado por Deus simples e ignorante. A evolução do Espírito na fase humana começa, portanto, com a nulidade moral, mas perfectível e dotado de atributos.
Essas faculdades, ou potencialidades do Espírito são: instinto, pensamento, inteligência, livre-arbítrio e vontade. Todos esses atributos tornam o Espírito apto a intuir, imaginar, conhecer, entender, julgar, saber e compreender.
A Doutrina Espírita supera a questão meramente corporal e ensina que o Espírito imortal é o titular de todos esses atributos que parte da ciência conferia somente à matéria. Nesse sentido, o processo de aquisição do conhecimento e a própria evolução ocorre por meio das sucessivas reencarnações.
Nenhum dos atributos do Espírito são utilizados com todo o seu potencial e plenamente. À medida que a evolução do Espírito ocorre, eles são desenvolvidos.
Para refletir sobre isso vamos trazer algumas afirmações de Allan Kardec sobre as Diferentes Ordens de Espíritos, quanto à categoria dos Espíritos segundo suas três grandes divisões ou Escala Espírita, quando trata do tema "Dos Espíritos", na Segunda Parte, Capítulo 1 (O Livro dos Espíritos, Questão 100):
"Os Espíritos, em geral, admitem três categorias principais, ou três grandes divisões:
a) Na última, a que fica na parte inferior da escala, estão os Espíritos imperfeitos, caracterizados pela predominância da matéria sobre o espírito e pela propensão para o mal;
b) Os da segunda se caracterizam pela predominância do espírito sobre a matéria e pelo desejo do bem: são os bons Espíritos.
c) A primeira, finalmente, compreende os Espíritos puros, os que atingiram o grau supremo da perfeição.
Mais à frente, na Questão 101, veremos que os Espíritos da Terceira Ordem ou Imperfeitos se caracterizam por todas as paixões, que são consequências das imperfeições (ignorância, orgulho e egoísmo), os quais possuem a INTUIÇÃO, mas não possuem COMPREENSÃO e a sua INTELIGÊNCIA pode ou não se aliar à maldade e à malícia. Em alguns deles há, inclusive, mais falta de reflexão sobre as coisas do que a própria maldade. A matéria predomina sobre o Espírito, o qual está mais próximo do INSTINTO e, ainda, muito longe da razão.
A Segunda Ordem ou Bons Espíritos, são caracterizados por qualidades para o bem segundo o que tenham adquirido nas áreas da ciência, da sabedoria e da bondade. Saber e qualidades morais já aparecem naqueles que se adiantaram mais nessa classe. Mas, como mostram os Espíritos, DESEJAM O BEM, pois, ainda apresentam hábitos, manias e lingugem, etc., próprias de Espíritos em evolução.
Finalmente, na Primeira Ordem ou Espíritos Puros vamos encontrar aqueles sobre os quais a matéria NÃO EXERCE NENHUMA INFLUÊNCIA. São aqueles que já atingiram SUPERIORIDADE INTELECTUAL E MORAL ABSOLUTA em relação aos demais Espíritos das outras ordens. São portadores da mensagem de Deus, comandam os Espíritos que lhes são inferiores e são gratos e felizes com suas tarefas e missões. Parece-nos que superaram o DESEJO DO BEM, pois, REALIZAM O BEM PELO BEM por atos de sua própria VONTADE, guiada pelo ato do dever.
Não é difícil, agora, compreender a diferença entre DESEJO E VONTADE.
Uberaba - MG, 09 de Agosto de 2021 (modificado em 11/08/2021 - 16h00).
Beto Ramos.
4 comentários:
Bela reflexões.
Parabéns!
Conforme o Espírito desenvolve o intelecto-moral, vai adquirindo capacidade de controle sobre si mesmo. Com a moral e inteligência sempre crescente, o Espírito, vai superando a influência que a matéria lhe envolve, usando a inteligência (razão), assim, vai aprendendo a controlar seus instintos (desejos), se colocando acima das influências materiais. Atingindo ao estado de Puro Espírito, este tem total controle da vontade, mesmo estando encarnado, não está mais sujeito a influências do mundo físico, pois que tem posse plena da Vontade Esclarecida.
Obrigado Lauro, seu elogio é muito importante e nos traz, acima de tudo, responsabilidade. Gratidão imensa.
Permita-me comentar o seguinte: A moral, para o Espírito, é o ATO DO DEVER. Portanto, a ampliação do alcance dos ATRIBUTOS DO ESPÍRITO é contínua e perpétua na sua evolução. Criado simples e ignorante, o Espírito está com NULIDADE MORAL. Por meio da encarnação, usando os sentidos físicos, o Espírito se relaciona com o meio. O atributo INSTINTO juntamente com o atributo INTELIGÊNCIA permite conhecer e PENSAR (outro atributo). Nesse período, regido pelo instinto, o Espírito faz uso do atributo LIVRE-ARBÍTRIO. Mesmo impulsionado pelo instinto, o Espírito faz escolhas entre as necessidades básicas. Nesse período ele possui DESEJO, pois está adquirindo conhecimento sobre tudo (ele vai desejar o que LHE PARECE ser uma coisa boa, ainda que não seja). À medida que supera o plano da INTUIÇÃO e começa a ENTENDER o próprio CONHECIMENTO ADQUIRIDO é que estará se iniciando na RAZÃO. Sua MORAL, portanto, não mais NULA, mas já surge timidamente. A partir do momento em que guia o seu livre-arbítrio pelo ato do dever, é que está esclarecendo a RAZÃO (agora ele não escolhe algo porque lHE PARECE BOM, ele escolhe algo PORQUE SABE QUE É BOM). É a razão pura, esclarecida, isto é, aquela que não se permite atingir pelo instinto e nem pelos desejos é que se transforma em VONTADE. Esta compreendida como decisões firmes, baseadas no uso de todos os potenciais do Espírito, que vaio escolher o melhor para o bem de todos. São as ideias que estamos construindo. Obrigado pelo comentário. Abraços.
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