LIVRO DOS ESPÍRITOS
LIVRO TERCEIRO - CAPÍTULO II
LIVRO TERCEIRO - CAPÍTULO II
LEI DE ADORAÇÃO
IV - DA PRECE
(Questões 658 a 666)
No estudo de hoje abordaremos um tema muito relevante: A PRECE. Allan Kardec, Codificador do Espiritismo, dedicou na Obra Evangelho Segundo o Espiritismo dois importantes capítulos que tratam desse tema, a saber: "Pedi e Obtereis", Capítulo XXVII e, "Coletânea de Preces Espíritas", Capítulo XXVIII. Esse último é iniciado pela prece dominical.
Antes dos comentários acerca das questões de O Livro dos Espíritos, é preciso recordar que os Espíritos sempre diesseram: "A forma não é nada, o pensamento é tudo. Faça cada qual a sua prece de acordo com as suas convicções, e de maneira que mais lhe agrade, poir um bom pensamento vale mais do que numerosas palavras que não tocam o coração" (item 1, Cap. XXVIII, E.S.E). Isto é: não há formulário absoluto, o que importa nesse capítulo em especial é compreedê-lo como uma variante das instruções dos Espíritos, de forma a aplicar os princípios da moral evangélica do Cristo, estudada na Obra Evangelho Segundo o Espiritismo.
Portanto, as preces apresentadas pelo Espiritismo complementam os ditados dos Espíritos sobre os nossos deveres para com Deus e o próximo, conforme os princípíos da Doutrina Espírita que estão contidos naquela coletânea de preces do capítulo ora referido.
Diante disto e voltando a'O Livro dos Espíritos (Q. 658) percebemos que, ao orar a Deus, o que importa é a intenção daquele que faz a prece. Prefere-se o sentimento e não as palavras. Aquele que usa o nome de Deus, mas, é vão, orgulhoso e egoísta, sem apresentar um ato sincero de arrependimento e humildade verdadeira, não consiguirá tocar Deus. A prece deve ser proferida com FÉ, FERVOR E SINCERIDADE.
Fervor é uma expressão que indica a intensidade do sentimento daquele que faz a prece, a emoção. Sinceridade significa ser franco, ter lisura de caráter (moral). A fé é a absoluta confiança em Deus. Sem esses requisitos, como esclarecido, a prece não será mais do que um formulário, um amontoado de palavras (que muitos nem sabem o que significam) sem qualquer efeito.
Como aprendemos na Q. 649, a adoração é a elevação do pensamento a Deus, aproximar a alma ao Criador. A prece é um ato de adoração. Portanto, é uma maneira de elevar a alma a Deus, de aproximar-se Dele. Elevando o pensamento a Deus com franqueza (reconhecendo a si mesmo e o grau evolutivo em que se encontra com todas as imperfeições e o que já conseguiu reformar), com absoluta confiança, deixando fluir os mais puros sentimentos (tristezas, angústias, alegrias, felicidade, amor, etc.), aquele que ora poderá louvar, pedir e agradecer a Deus (Q. 659).
Novamente, retornamos na ideia de mérito e de mereceimento. Todos fazem prece, inclusive o mau caráter, o ciumento, o invejoso, o implicante, o desprovido de benevolência e o que não tem indulgência (não reconhece que compartilha os mesmos defeitos que enxerga no próximo).
Para todo aquele que ora, a prece é modo de promover uma introspecção, isto é, voltar-se para o seu íntimo, mergulhar profundamente no "Eu" e fazer um estudo de si mesmo (Q. 660-a). Quem faz a prece com os requisitos acima explicados se torna mais forte contra as tentações do mal, se aproxima dos Bons Espíritos que Deus envia para o assistir. A pessoa, portanto, torna-se melhor e o socorro é jamais recusado (Q. 660). Quem confia, é sincero e reconhece as próprias emoções, certamente sabe o que pedir para obter.
A prece não oculta a falta de ninguém e muito menos as perdoa. É necessário compreender a Lei de Repercussão. Perdoe para ser perdoado. É preciso mudar de conduta. É necessário agir no bem, pois, os atos valem mais do que as palavras (Q. 661).
A oração é útil para os outros, pois, o Espírito que assim procede o faz pela vontade de fazer o bem. Para os Espíritos o pensamento é tudo. O pensamento e a vontade provoca um poder de ação que se estende além dos limites da esfera corpórea. Com sinceridade de sentimentos é possível chamar os bons Espíritos em auxílio do próximo necessitado. Esses bons Espíritos não substituem a vontade e o desejo daquele que pretendemos auxiliar, mas, sugerem bons pensamentos e dão a força necessária para o corpo e alma (Q. 662).
A prece não é mecanismo ou instrumento para modificar a natureza das provas ou lhes mudar o curso. A prece, por outro lado, confere o bom ânimo, pois, os bons Espíritos são atraídos e esses auxiliam dando força e coragem para suportar. Daí vem a resignação. As provas, as expiações, são resultados de nossas escolhas (certas ou erradas), da imprevidência. Mas, pedidos justos são sempre escutados por Deus. A assistência divina ocorre de modo sutil, de modo natural, chegam até a parecer o acaso ou a força das circunstâncias. Mas, é nessa hora que é preciso reconhecer a Providência de Deus. Muitas vezes somos compelidos a pensar no meio adequado para sair, por esforços próprios, dos embaraços que, muitas vezes, são criados por nossa invigilância. (Q. 663).
O poder de uma oração sincera, talvez, não é conhecido pela maioria dos Espíritos. Mas, há utilidade em toda prece honesta. Não é possível mudar os desígnios Deus (que é levar os Espíritos à perfeição), mas, a prece alivia, consola e traz felicidade, além de unir corações. A prece é útil para os mortos, pois, como já afirmado, atrai os bons Espíritos e esses são consoladores e difundem a esperança. O Cristo ensinou o amor mútuo. Outra Lei que rege o Universo é de Intercessão. Todos chegaremos ao estágio de ter interesse e piedade por todos os demais Espíritos. Essa é a Lei imutável de Deus: a do AMOR. A união dos seres e a unidade é o objetivo e o fim do Espírito (Q. 664/665).
Deus é a Suprema Inteligência. Os bons Espíritos são seus mensageiros, executam suas determinações. Cada Espírito ocupa um degrau na escala evolutiva. Na se faz nada sem a permissão do Criador. Orar aos bons Espíritos somente será importante e eficaz se forem preces agradáveis a Deus, ou seja, com FÉ, COM FERVOR e COM SINCERIDADE (Q. 666).
Uberaba, MG, 28 de Março de 2020.
Beto Ramos