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domingo, 11 de setembro de 2022

A NOVA GERAÇÃO E AS IDEIAS HUMANITÁRIAS

"Quanto mais uma ideia é grandiosa, mais encontra adversários, e pode-se medir sua importância pela violência dos ataques dos quais seja objeto". (A Gênese)

Exemplos não faltam para que sejamos céticos quanto à regeneração da humanidade. Mas, o Espiritismo anuncia que 'a nova geração marchará para a realização de todas as ideias humanitárias compatíveis com o grau de adiantamento ao qual tenha chegado' (A Gênese, 1868 [FEAL, 2018], pg. 406).

Ocorre que o Espiritismo não criou a denominada 'renovação social'. Na verdade, se trata de uma necessidade humana. Todavia, a Doutrina Espírita traz em si um poder moralizador, em razão da suas tendências progressivas, sua elevação de propósitos, bem como pela generalidade das questões que abraça.

Nesse sentido, o papel do Espiritismo será secundar o movimento regenerador. Isto não quer dizer que todos deverão professar a Doutrina Espírita. Pelo contrário. O propósito da nova geração, isto é, realizar todas as ideias humanitárias, demonstra que avançam para o mesmo alvo.

Espíritas e não espíritas da nova geração, buscando realizar seus objetivos, vão se [re]encontrar no mesmo terreno. Destarte, a parcela da humanidade favorável ao progresso, encontrará nas ideias espíritas um poderoso recurso. O Espiritismo, ao seu turno, encontrará pessoas renovadas e dispostas a aceitar suas ideias.

Na verdade, trata-se de um terreno devidamente preparado e fecundo para receber as ideias que se encontram no Espiritismo. Cada vez mais, em todos os campos e em todas as áreas,  mais se falará de autonomia, liberdade e moral. Não a moral ditada por certos grupos, cujo objetivo é a manutenção de poder e dos próprios interesses, mas a boa conduta externada no agir no bem e para o bem do outro em detrimento do próprio (L.E., Q. 629).

Sem dúvida, atualmente, os refratários parecem constituir número maior do que realmente representam. A verdade é que são, realmente, mais barulhentos. Gritam que são detentores de qualidades que estão longe de adquirir; berram que não possuem péssimos hábitos, os quais insistem em  se mostrar provando quem realmente são; Atacam exclamando que as ideias progressistas são, de seu ponto de vista, subversivas e, como escreveu Kardec, 'por isso dedicam a elas um ódio implacável e lhe fazem uma guerra obstinada' (idem, pg. 407).

Essa turba, em verdade, constitui o grande número dos retardatários. No entanto, nada podem contra essa 'onda que sobe, [..] que se ergue, ao passo que eles desaparecem com a geração que se vai a cada dia a largos passos' (idem, pg. 407).

Que fará essa turba? Lançar algumas pedras, defender seu pequeno terreno, lutar...

Mas, a luta que travam é desigual, esses retardatários representam um 'passado decrépito que cai em trapos contra o futuro jovem'. (idem, pg. 408). Trata-se, por fim, a luta da estagnação contra o progresso. Em espiritismo o progresso é uma lei imutável. Dele não há quem escape. Eis que os tempos assinalados são chegados.

Uberaba-MG, 11/09/2022.
Beto Ramos.

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

DEVERES DE FAMÍLIA: ESPIRITUALISMO RACIONAL E ESPIRITISMO.

Certamente o espírita irá se recordar que há uma dissertação interessante ditada pelo Espírito Santo Agostinho na obra O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo XIV - Honra a Teu Pai e a Tua Mãe, cujo tema A Ingratidão dos Filhos e os Laços de Família, entre outros assuntos, solicita a compreensão do grande papel da humanidade quando um corpo é gerado.

O Espírito recorda que o objetivo da alma que vem do mundo espiritual e reencarna em um corpo é o progresso. Nesse passo, adverte-se que é preciso que cada um tome conhecimento dos próprios deveres, pois, trata-se de uma missão auxiliar aquela alma.

Quais são esses deveres? São os deveres relativos à educação que deve ser dada ao Espírito que reencarna, tendo como meta o aperfeiçoamento do mesmo, bem como sua felicidade futura.

Eis, então, o ponto que nos interessa. Mas, antes, vamos, rapidamente, recordar que na Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, no item I de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec explica que "como especialidade 'O Livro dos Espíritos' contém a Doutrina Espírita; como generalidade liga-se ao Espiritualismo, do qual apresenta uma das fases. Essa razão porque traz sobre o título as palavras: Filosofia Espiritualista".

Dito isto, voltemos ao tema proposto nesse artigo, vejamos se, de fato, a questão referente aos deveres dos pais foi tratada em obras e dissertações dos filósofos espiritualistas. Nesse sentido, trazemos à colação o desenvolvimento desse tema pelo filósofo e escritor francês Paul Alexandre René Janet na obra Pequenos Elementos da Moral. Nela o autor trata dos deveres da família e disserta sobre as seguintes relações: do marido e da mulher; dos pais com os filhos; dos filhos com os pais; e, dos filhos entre si. Lembrando que essa obra veio a lume no século 19.

São destacados na obra os seguintes deveres que decorrem dessas relações: conjugal; paternal/maternal; filial; fraternal. Ainda, segundo Paul Janet, nessa relação familiar, há uma quinta classe de deveres: a domesticidade (patrões e empregados e vice-versa).

Indo direto ao ponto, quais são os deveres dos pais? Diz Paul Janet: ao educar os filhos, os pais devem tudo fazer para que não haja duas espécies de comandos contraditórios, mas apenas um único e mesmo poder manifestado na sua essência. Na sua investigação Paul Janet afirma que os pais conduzem os filhos em razão das seguintes necessidades deles: fraqueza da criança; impotência física; incapacidade intelectual; incapacidade moral.

O filósofo ainda afirma algo maravilhoso: não há direito de vida e morte sobre os filhos, pois o poder paterno tem origem no interesse da criança. Destarte, todos os deveres dos pais, segundo ensina Paul Janet, voltam-se para uma FORMAÇÃO DO CARÁTER, ou seja, para EDUCAÇÃO MORAL.

Vamos perceber que esse autor não aquiesce com a heteronomia, isto é, a educação moral heterônoma que prevê castigos físicos no processo de educação para os pais.

Por fim, demonstrando a ligação entre espiritismo e espiritualismo racional, vamos encontrar nessa obra de Paul Janet, as seguintes informações sobre a educação moral das crianças: a instrução é para o Espírito e a educação é para o caráter.

A instrução tem como efeito útil aumentar os recursos do indivíduo tornando-o apto à diversas coisas; trata-se de um capital. Além disto, eleva e enobrece a natureza humana. É a razão que diferencia o ser humano do animal; o esclarecimento estende e realça a razão. Em Paul Janet, a instrução não se confunde com a educação moral ao iluminar a razão e, por isso, é parte dela.

A formação do caráter não se faz só pela ciência, mas pela persuasão, autoridade, exemplo e pela ação moral em todos os instantes. Assim sendo, educação combina energia, doçura, constrangimento e liberdade.

Concluindo. Para Paul Janet, criar uma criança pelo temor é compará-la a um animal, mas não se deve ter fraqueza excessiva. Portanto, nem autoridade despótica e nem fraqueza em excesso.

Estas são as considerações que apresentamos para a meditação do leitor quanto aos deveres da família, as proposições do espiritismo e as proposições da filosofia espiritualista. Queremos saber a sua opinião. Deixe um comentário e acrescente informações, sugestões e críticas.

Até o próximo artigo.

Uberaba-MG, 12/08/2022.
Beto Ramos.

quarta-feira, 6 de julho de 2022

VONTADE, SENTIMENTO E DEVERES: A FORÇA DA ALMA


É natural pensar que vontade seria o mero querer, hipótese da satisfação do desejo. No entanto, esse é o pensamento vulgar. A análise mais profunda sobre o tema nos proporciona responder a essa indagação: o que é a vontade? A vontade é o poder de decidir a ação, sem constrangimento de uma força externa ou da força das paixões.

Nesse sentido, quando há um arrastamento em decorrência da paixão, designamos como desejo. Se for o caso de uma influência externa, chamamos de coação. Portanto, somente no caso em que a vontade é exercida sem interferência de nenhuma ordem é que a escolha é livre.

Mas, os indivíduos não possuem autonomia da vontade por meio de uma graça divina. Há uma verdadeira luta contra os obstáculos internos (os arrastamentos das paixões) e contra os obstáculos externos (leis que regulam as relações sociais e determinam o fazer e o não fazer em razão das próprias leis, costumes e tradições, entre outros fatores). Essa luta resulta na força da alma.

Essa força que a vontade adquire em um longo processo se apresenta na forma de coragem, que nada mais é que uma espécie de virtude que faz o indivíduo enfrentar os perigos para cumprir um dever. Ora, para exercitar essa virtude (coragem), o indivíduo precisa escolher enfrentar os perigos necessários e evitar os perigos inúteis.

Age com coragem o indivíduo que suporta as adversidades. Nesse caso, entende-se que o mesmo agiu com paciência. É preciso esclarecer que a racionalidade e a meditação proporcionam ao indivíduo não confundir a força da alma (paciência e coragem) com a ridícula obstinação.

Algumas características físicas ajudam a compreender se o indivíduo agiu com paciência na adversidade e com moderação na prosperidade. Em qualquer dos casos, a força da alma mantém o indivíduo sempre igual: sua alma é igual, a sua fronte permanece a mesma e o seu rosto sempre sereno.

No entanto, o indivíduo que se enfurece rápido e se apazígua em seguida (caráter irascível), ou aquele que conserva por muito tempo o seu ressentimento (caráter vingativo), não atingiu a força da alma, portanto, não adquiriu as virtudes necessárias que permitem fazer uma escolha livre.

A liberdade humana é o fundamento das ações, uma parte essencial na prática da moral, que junto à faculdade da razão, colocam o ser humano em condição superior aos demais seres da criação. Essa condição se apresenta na figura da dignidade humana, a qual se traduz no dever de respeito em si mesmo, como no fazer respeitar em si pelos outros.

O justo sentimento da dignidade humana, segundo Paul Janet na obra Pequenos elementos da moral, pode ser compreendido na forma a seguir, onde o autor elabora a diferença entre orgulho e soberba para melhor compreensão:

ORGULHO

SOBERBA

- Proíbe humilhar

- Proíbe deixar humilhar

- Sentimento exagerado que se tem das próprias vantagens e da superioridade sobre os outros.

- Relação com o sagrado e o divino no ser humano.

- Relação com o próprio indivíduo; cresce e aumenta a partir das próprias misérias.

- Não quer ser oprimido.

- Quer oprimir o outro.

- Nobre.

- Brutal; Insolente.

A virtude que se opõe à soberba é a modéstia. Trata-se do justo sentimento sobre o que se vale e do que não vale. Aquele que é modesto, também é humilde. Humildade não é  rebaixamento, mas um sentimento de reconhecimento da própria fraqueza.

Quem é humilde não se humilha, não se rebaixa e não se deprecia, respeita a si mesmo e reconhece o próprio tamanho e importância, é digno de si mesmo e respeita nos outros a própria dignidade. O humilde lembra que é apenas um ser humano, assim como todos os demais.

Estes fragmentos são apenas alguns fundamentos que se podem encontrar na Filosofia Espiritualista Racional. Se chegou até aqui, por favor, deixe seu comentário e até o próximo encontro.

Uberaba-MG, 06/07/2022.
Beto Ramos.

quinta-feira, 7 de abril de 2022

VIGIAR E PUNIR X ORAR E VIGIAR

 


Desde tempos imemoriais, as sociedades buscaram desenvolver sistemas judiciários e coercitivos para a defesa de direitos privados e públicos. Foi assim que, julgando tais sistemas adequados e necessários, puniam aqueles que consideravam injustos agressores por meios vários.


Processos punitivos variados, desde a violência física, onde o corpo do indivíduo era supliciado de maneiras cruéis e terríveis até que se chegou nos sistemas penitenciários dos tempos modernos.

Os injustos agressores, conforme o sistema legal primitivo, eram agredidos como medida de justiça. Na prática, era a replicação da lei de talião, expressão que é, na verdade, a corruptela da lei do 'tal e qual': 'olho por olho, dente por dente'.

Até Deus era usado para fundamentar esse sistema de castigos. Alegava-se que o motivo dos suplícios físicos era a salvação da alma do infrator. Perceba a presença da moral heterônoma. O castigo ou a recompensa é externa. O comportamento individual é determinado por 'vontades' externas ao indivíduo. Alguma coisa como 'vontade da maioria' em detrimento da 'vontade individual'.

Chegados ao século 21 permitimo-nos refletir:

- A humanidade está regenerada? Os indivíduos compreenderam como devem agir em relação uns com os outros? Há fraternidade e solidariedade imperando entre povos e nações do mundo? O sistema de castigo e recompensa impediu que os indivíduos desenvolvessem vícios e fossem arrastados por suas paixões? A educação individual se traduz na inclusão do outro?


A CURA PELA EDUCAÇÃO

Parece que a sociedade ainda não se libertou das amarras à tensão entre heteronomia e autonomia, ou moral exterior e moral da liberdade, que em última síntese é o mesmo que: vigiar e punir (leis humanas) x orar e vigiar (leis divinas).

Em que pese, no campo do direito penal, mudar expressões como 'castigo de delinquentes' para 'recuperação de infratores', ou 'punir criminosos' para 'readaptar delinquentes', fazendo crer que o objetivo, nos dias atuais, é tratar esses indivíduos obedecendo os princípios de dignidade e liberdade humanas, a sociedade não logrou êxito nas suas medidas correcionais contra criminosos.

Como base para nossa meditação, pedimos vênia para transcrever parte do texto desenvolvido por Kardec e os Espíritos Superiores na questão 685 de O Livro dos Espíritos, verbis

"[...] há um elemento, que se não costuma fazer pesar na balança e sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria. Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridosConsiderando-se a aluvião de indivíduos que todos os dias são lançados na torrente da população, sem princípios, sem freio e entregues a seus próprios instintos, serão de espantar as consequências desastrosas que daí decorrem? Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem terá no mundo hábitos de ordem e de previdência para consigo mesmo e para com os seus, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar menos penosamente os maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar. Esse o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da segurança de todos".

Que possamos preparar mentes e corações para o conhecimento dessa arte; que, verdadeiramente, seja objeto de nossas investigações a compreensão e a prática da mesma. O mundo não mudará por meio de milagre, coisas místicas ou sobrenaturais. Também não vai mudar com base em regras e estratégias humanas, onde alguns se arvoram em autoproclamarem-se divindades.

A verdadeira mudança inicia-se a partir de uma educação bem entendida. A humanidade está doente.

A educação é a cura.

Uberaba-MG, 07/04/2022.
Beto Ramos.

sexta-feira, 1 de abril de 2022

POR QUE AS OBRAS DE PAULO HENRIQUE DE FIGUEIREDO SÃO ESSENCIAIS PARA ENTENDER O ESPIRITISMO?

 

Neste artigo pretendemos contribuir para enriquecer o debate que, por vezes, tem se conduzido de maneira vil, torpe e leviana. Deixamos claro, desde já, que o articulista propõe a reflexão sem se julgar procurador de um ou acusador de outro.  Alguém disse algo mais ou menos assim: 'Caridade para com as pessoas; para as ideias a lógica' (desconhecemos a fonte).

A proposta temática se dirige ao clima acadêmico do debate de ideias, o mesmo que era vigente no tempo de Rivail, o Educador, depois Kardec, pseudônimo adotado pelo organizador da Doutrina dos Espíritos. Afinal, é da lavra deste filósofo a seguinte frase: "Debateremos, mas não disputaremos".

Com esse sentimento, portanto, passamos às reflexões.

1. Qual é a teoria moral defendida pelos Espíritos Superiores na transmissão da Doutrina Espírita?

2. Conhecer parte do conteúdo doutrinário espírita permite ao estudante responder a questão número 1?

3. Existem indicações precisas que remete o estudioso para o conhecimento integral do Espiritismo, cujo conteúdo está distribuído nas obras de autoria de Allan Kardec?

4. Temos condições de compreender o Espiritismo, na sua essência, sem conhecimento da Filosofia à qual é uma das partes?

5. O Espiritismo praticado hoje é o mesmo que os Espíritos Superiores transmitiram para Allan Kardec?

6. Se a resposta à questão número 5 for negativa, o Espiritismo praticado cumprirá seu desígnio de tornar-se o instrumento regenerador da humanidade?

7. Conhecer a história do Espiritismo, os métodos científicos usados por Kardec e o conteúdo da Filosofia Espiritualista Racional destrói ou engrandece o trabalho realizado por Kardec sob orientação dos Espíritos Superiores?

Poderíamos trazer várias outras indagações, mas, vamos nos ater nestas. Começando pela última. A obra Revolução Espírita, a teoria esquecida de Allan Kardec, traz um conteúdo profundo que, até então, não havia sido estudado ou discutido nas casas espíritas.

Suas informações, devidamente meditadas, levam o estudante a recordar muitos pontos trabalhados por Kardec em várias de suas obras espíritas (claro que é preciso conhecer todo o conteúdo escrito por Allan Kardec, o que só ocorre com estudos sérios e continuados).

Até o advento da obra AUTONOMIA, a história jamais contada do Espiritismo, pouco ou nada se falou sobre a teoria moral espírita, aliás, muito bem desenvolvida, também, na obra REVOLUÇÃO. Ousamos afirmar que a existência ou não de uma teoria espírita sobre a moral nem era objeto de meditação até o advento dessas obras. O critério de análise, quando havia alguma, era o mesmo usado pelas religiões ancestrais, aliás, declaradamente combatido pelo Espiritismo nas várias obras de autoria de Kardec (Vide O Céu e o Inferno, 1865).

O trabalho de resgate do conteúdo das Revistas Espíritas, amplamente distribuído nas obras do autor PAULO HENRIQUE DE FIGUEIREDO, propõe a cada estudante sério uma reflexão, dentre outras, sobre:

a. A progressividade do ensino dos Espíritos Superiores;

b. O amplo debate conduzido por Kardec sobre os diversos temas;

c. A reflexão madura, inclusive mudança de opinião sobre determinados pontos lançados pelos Espíritos, cujo objetivo é que fossem paulatinamente compreendidos;

d. A clara teoria moral espírita adotada pelos Espíritos Superiores, no que tange à liberdade, livre-arbítrio, livre-escolha, livre-pensamento, autonomia para agir/escolher com a consequente responsabilidade, sempre atrelada ao grau evolutivo e de conhecimento;

e. A conexão entre o conteúdo dos artigos das Revistas Espíritas, a obra O Céu e o Inferno (1865), a obra A Gênese (1868), a obra O Livro dos Espíritos, a obra O Que é o Espiritismo, a obra O Livro dos Médiuns, com obras de filósofos como Sócrates e Platão, Rousseau, Kant e a Filosofia Espiritualista Racional.

Quando estudamos o conteúdo das obras MESMER - a ciência negada do magnetismo animal e NEM CÉU, NEM INFERNO - as leis da alma segundo o espiritismo (essa em coautoria com LUCAS SAMPAIO) é possível ampliar o campo de compreensão acerca do conteúdo doutrinário espírita, principalmente no que tange ao PASSE MAGNÉTICO e à  ESCOLHA DE PROVAS, por exemplo.

Há, sem dúvida, uma polêmica criada em torno das pesquisas promovidas pela autora SIMONI PRIVATO GOIDANICH, cuja obra O LEGADO DE ALLAN KARDEC é um marco para a História do Espiritismo. No entanto, advertimos: pesquisador e estudioso não se envolve em polêmicas vazias. Isto quer dizer que, ao discordar sobre qualquer ponto, o melhor é repetir Kardec que examinava tudo, dialogava com todas as obras. Todo o estudo de Kardec passava pelo crivo da razão, do bom-senso e da mais absoluta lógica.

É assim que, ao investigar as denúncias da existência de adulterações sórdidas (produzidas com objetivo claro de abalar o edifício espírita), cabe ao estudioso escudar-se no mesmo critério de Kardec.

Dessa maneira, o pesquisador encontrará nas obras de PAULO HENRIQUE DE FIGUEIREDO as fontes fundamentais para compreender o Espiritismo, tal e qual organizado por Allan Kardec e ensinado pelos Espíritos Superiores, um edifício construído sob o mais sólido alicerce da teoria da moral autônoma.

Adquirindo esse conhecimento, o leitor poderá responder, por si mesmo as demais perguntas feitas no preâmbulo desse artigo.

Nos dias atuais estamos distantes do Espiritismo de Kardec e dos Espíritos Superiores. Mas, não é tarde pra recomeçar.

Uberaba-MG, 01/04/2022.
Beto Ramos

domingo, 26 de dezembro de 2021

O PASSE MAGNÉTICO NA OBRA DE ANDRÉ LUIZ (ESPÍRITO)


É comum ouvir relatos no meio espírita acerca do passe magnético. Principalmente quanto à sensações de que algo parece sair das mãos do magnetizador. Alguns dizem que houve aquecimento em suas mãos, outros que há certo formigamento.

Certos médiuns relatam terem 'visto energia ou fluido vital' sendo transmitido para o paciente. Fala-se, inclusive, de cores, entre outros argumentos para fundamentar uma ideia de que haveria 'alguma coisa sendo transferida do magnetizador para o paciente'.

Existem relatos de que essas afirmações estariam em acordo com o conteúdo das obras de André Luiz. Trata-se de um Espírito que se comunicou pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier e que produziu uma obra de fôlego.

Primeiramente, é necessário esclarecer que há uma crítica importante às obras desse e de outros Espíritos, cujas mensagens não foram submetidas ao Controle Universal do Ensino dos Espíritos, método adotado por Allan Kardec a partir da ciência histórica que, ao seu turno, adotava o método dos testemunhos.

No Espiritismo, além dos testemunhos e relatos dos diversos Espíritos, por vários médiuns, desconhecidos entre si e em várias localidades espalhadas pelo planeta, Kardec, também, incluiu, conforme ensinou Paul Janet, a lógica, a razão e o bom-senso na análise das comunicações.

Feita essa ressalva, a intenção nesse texto não é criticar a obra do Espírito, mas, lado outro, aproximar os conceitos apresentados nos livros e demonstrar que há equívoco dos que defendem a ideia de 'alguma coisa sendo transmitida pelas mãos do magnetizador durante o passe', posto que esse não é, definitivamente, o que postulou André Luiz.

Para esse estudo pesquisamos em 02 (dois) livros de autoria de André Luiz, ditados pela via mediúnica à Francisco Cândido Xavier e 01 (hum) ditado a este e a outro: Waldo Vieira. Além de outra fonte bibliográfica principal que deixaremos ao final do texto.

Inicialmente, uma preciosa lição deve orientar o nosso trabalho e a sua leitura. Trata-se do que Kardec chamou de 'a perfeita compreensão'. O que deve permear toda investigação e etudo sério. Conforme ensinou o Codificador em O Evangelho Segundo o Espiritismo: 'não basta crer, é preciso antes compreender'.

Você sabia que André Luiz relata que um dos Espíritos instrutores a que teve acesso viveu na França, conheceu Mesmer e, após, em nova reencarnação apreciou os trabalhos realizados por Allan Kardec? Que o seu interesse era pela mediunidade e o magnetismo?

Verifique, ainda, que sobre os fenômenos mediúnicos de psicografia, 'incorporação e materialização', André Luiz afirma que estudou apenas 'de leve', o que, confessa, é muito pouco em razão da complexidade da mediunidade.

Partindo para o tema proposto, veja que André Luiz demonstra que há equívoco nas afirmações de quem adota a teoria de transferência de fluidos entre magnetizador (no Brasil denominado 'passista') e o paciente. Nas palavras de um dos instrutores há o esclarecimento de que todo fenômeno mediúnico tem por base a mente.

Além disto, usa a expressão 'arrojar a energia atuante do próprio pensamento', cujo resultado é criar em torno do indivíduo o ambiente psíquico que é particular a cada um. Perceba, ainda, o processo: a interação entre indivíduos ocorre pela 'energia mental'. E, o mais importante: é a mente do Espírito quem imprime vontade e direção ao pensamento.

 
André Luiz narra que as ideias, isto é, o produto dos pensamentos resultantes da vontade do Espírito, cuja direção é impressa, transmite-se por onda e em frequência própria. Não é outro o conceito de Mesmer quanto ao magnetismo animal. Veja que não há relato de nada sendo transferido de um indivíduo para outro. Fala-se tão somente em PENSAMENTO.

Na imagem a seguir temos uma inteligência emissora do pensamento e uma receptora deste:



Quanto à sintonia, questão trabalhada por Allan Kardec junto aos Espíritos Superiores, a fim de solucionar a maior ou menor facilidade de comunicação, ou mesmo sua impossibilidade, além de curas instantâneas ou dificuldades em apenas aliviar uma dor física, André Luiz não reporta nada diferente, mas, deixa claro que a sintonia ocorre por meio de ondas, as quais assimilamos, em razão das quais imprimimos a direção.

Alerta, inclusive, para a questão do conhecimento do tipo de onda mental que assimilamos. Portanto, uma magnetização deve ser precedida de uma anamnese do paciente.

Interessante que André Luiz traz "algo novo" para a questão do passe magnético e da cura, o que não se constituirá em 'novidade' no sentido pejorativo. Apenas introduz as descobertas científicas ao assunto. Kardec falou em contato molecular. André Luiz fala em contato celular, coforme veremos a seguir.

Antes de prosseguirmos, em razão de que há muitos adeptos da tese de 'transmissão de alguma coisa do passista para o paciente', é necessário verificarmos alguns conceitos importantes na obra de André Luiz, vejamos:

A matéria é energia tornada visível, que, ao seu turno, é força divina que utilizamos nos mundos onde a matéria se expressa em variados estados de vibração. Ficou meio confuso? É que os Espíritos utilizam os fluidos espirituais ou perispirituais. Como eles usam? Através da vontade que movimenta o pensamento gerando o turbilhão de forças por meio da indução.

Se você está pensando na aula de física, não é outra coisa. É física pura:


Veja que André Luiz utilizou a expressão matéria mental para referir-se a fluidos espirituais e perispirituais. Verifique, agora, o que diz Allan Kardec a respeito:


Lembra que falamos que Allan Kardec referiu-se ao contato entre perispírito e corpo físico por meio de moléculas? Pois bem, no século 19, entre os anos 1840 a 1870, estudava-se as células. André Luiz vai incorporar a ciência no conceito, mas, não modificará em hipótese alguma o que foi ensinado pelos Espíritos Superiores acerca do processo de cura.

E, é bom lembrar, Kardec sempre afirmou que no avanço da ciência, o Espiritismo estaria em conformidade com esta.

Vamos, agora, encaminhar a questão para o passe magnético e a cura. Observaremos que André Luiz compreende o processo conforme o que foi ensinado pelos Espíritos Superiores. Na obra A Gênese verifica-se  interação entre o perispírito e o corpo físico, bem como a causa de certas doenças ser a má natureza dos fluidos espirituais que o Espírito mantém contato e os transmite para o corpo físico:



Veja que André Luiz no livro Evolução em Dois Mundos observa a teoria celular, isto é, o contato do perispírito com o corpo físico ocorre por meio dos bilhões de células que compõem cada órgão e possuem funções exclusivas e trabalhos específicos.

O comando desses bilhões de células é do Espírito:

Importante esclarecer que os espíritas que defendem que o Espiritismo não preconiza a Teoria Moral Autônoma e que Francisco Xavier teria recebido mensagens contrárias a essa teoria, ficando silente e não denunciando, parece, a nosso sentir, estarem equivocados. Não há denúncia mais perfeita que publicar um livro onde há a seguinte mensagem:


Se ainda paira alguma dúvida, perceba que a dor física não passa de sofrimento meramente físico, o qual constitui-se em alarme para que se inicie o procedimento de socorro físico ou espiritual. Nesse caso temos: sofrimento moral no Espírito e sofrimento físico no encarnado.


Para encerrar esse trabalho vamos colacionar como ocorre o processo de autocura na obra de André Luiz. Se você é partidário da teoria do fluido vital, pela qual "alguma coisa é transferida pelo magnetizador ao paciente", certamente isso não deve ser creditado como culpa de André Luiz. Sua teoria é outra, veja:


Verifique que a questão da vontade e do pensamento, com o fim de restaurar a confiança do paciente para soerguer sua vontade e este, autonomamente, inicie o processo de cura comandando seus bilhões de células, é o mesmo da Teoria Espírita e da Teoria de Mesmer quanto à cura pelo passe magnético.


Deixamos aqui a nossa contribuição e esperamos ter deixado claro que NÃO HÁ NA TEORIA ESPÍRITA, NA TEORIA DE MESMER E NA TEORIA DE ANDRÉ LUIZ, transferência de fluido vital do magnetizador para paciente. Também não há transferência de energia. Não se opera transfusão de nada.

O que será "inoculado no paciente" é o pensamento do magnetizador, o qual precisa que esse pensamento seja assimilado (sintonia). O processo ocorre por meio da vontade que coloca esse pensamento em movimento, sendo transmitido por meio de ondas eletromagnéticas. Quem fica pensando em "transferir alguma coisa de si para o outro", certamente, não estará pensando na coisa correta que é:
"DESEJO QUE A VONTADE DO MEU (MINHA) IRMÃO (IRMÃ) SEJA FORTALECIDA NO BEM E QUE ELE QUEIRA DETERMINAR AO SEU CASULO CELULAR QUE INICIE O PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DA HARMONIA ORGÂNICA PERDIDA. QUE O PACIENTE, A PARTIR DE AGORA, SÓ MANTENHA ESSE FOCO NO PENSAMENTO".
Agora que você já sabe como é o processo, poderá fazer um trabalho eficaz junto aos pacientes que serão magnetizados. Faça uma entrevista antes, veja qual é o sofrimento físico do paciente e analise o sofrimento moral porventura existente. Com essas informações você poderá direcionar seu pensamento por meio de sua vontade permanente no bem para alívio ou cura do órgão ou órgãos afetados do paciente.

Isto não é tudo, mas é um caminho.

Uberaba-MG, 26/12/2021
Beto Ramos.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
FIGUEIREDO, Paulo Henrique. Antonomia - a história jamais contada do Espiritismo. São Paulo: FEAL, 2019.
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo.
________. A Gênese. São Paulo: FEAL, 1868 (2018).
________. O Livro dos Médiuns.
XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Valdo. Evolução em Dois Mundos. Brasília: FEB, 2013.
________. Nos Domínios da Mediunidade. Brasília: FEB, 2013.
________. Mecanismos da Mediunidade. Brasília: FEB, 2013.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

A CURA PELO PASSE MAGNÉTICO

 

Para a MEDICINA tradicional a doença e a cura vêm de causas externas. O ser humano é bombardeado pelo meio em que está situado e será o que lhe rodeia, coisas visíveis ou invisíveis a olho nu, que vão lhe causar os males físicos. Pelo mesmo raciocínio, a cura somente poderá advir de causas igualmente externas (remédios, chás, sangrias, amputações, radiações e outras tantas estratégias).

No século 19 acreditava-se que CURAR SERI EXPULSAR O MAL DO CORPO. E, somente por TRATAMENTOS feitos por MÉDICOS poderiam ‘expulsar’ esse mal. A lógica é a mesma de certas religiões para as quais havia a hipótese de que certos males seriam causados por demônios, os quais, também, precisavam ser expulsos do corpo do individuo. E, somente, religiosos habilitados poderiam EXORCIZAR o indivíduo.

Esse é o cenário do século 19 em que o Espiritismo moderno chegou à Terra:

Figura 1

Para bem se compreender melhor o assunto CURA PELO PASSE MAGNÉTICO é necessário voltar ao século 18 para conhecer a figura de FRANZ ANTON MESMER.

Mesmer nasceu em Constança, na Suábia, região que hoje pertence à Alemanha, no dia 23 de maio do ano de 1734. De família católica, em 1743, foi encaminhado pelos pais a um monastério em Constança onde, durante alguns anos, estudou línguas, literatura clássica e música.


Em 1750 ingressou na Universidade da Companhia de Jesus na Baviera onde estudou filosofia chegando ao doutorado. Ali encontrou as obras de Galileu, Descartes, Leibniz, Kepler, Newton e outros.

Em 1754 iniciou o curso de teologia na Universidade da Baviera e cinco anos depois, na Universidade de Viena da Áustria, dedicou seu 1º ano na instituição ao estudo das leis e se transferiu depois para o curso de medicina, considerado o melhor da Europa.

Depois de seis anos de estudo conquistou o Doutorado com a sua Dissertatio physico-medica de planetarum influxu (Dissertação físico-médica sobre a influência dos planetas), sob a égide de Newton e talvez de Paracelso. Em sua dissertação usa pela primeira vez o conceito de fluido universal.

Figura 2


O primeiro tratamento por meio do magnetismo animal feito por Franz Anton Mesmer teve início em 1773. A paciente foi uma parenta de sua esposa e amiga da família Mozart, Franziska Esterlina, uma senhorita de vinte e nove anos, bastante debilitada.

Com a pouca acolhida dada à sua descoberta, em 1775 Mesmer se determinou a nada mais realizar publicamente em Viena. Viajou para diversos países da Europa anunciando a sua descoberta (Suábia, Baviera, Suíça, Hungria e outros países). Publicou uma Carta ao povo de Frankfurt, que representa uma importante fase do desenvolvimento de sua teoria. Em 5 de janeiro, publicou em jornais e panfletos uma Carta a um médico estrangeiro esclarecendo a terapia do magnetismo animal.

Em 1776, Mesmer deixou de fazer uso do ímã como simples condutor do magnetismo animal, para evitar mal-entendidos por parte dos médicos e físicos. Continuou a usar água, garrafas e barras de ferro. Publicou Cartas sobre a cura magnética, esclarecendo a sua tese de doutorado, e as enviou, como divulgação, a alguns médicos. No ano seguinte, Mesmer aceitou como paciente a famosa pianista Maria Theresia Von Paradis, curando sua cegueira e gerando controvérsias.

PROCESSO DO MESMERISMO:

A teoria e a prática da cura proposta por Mesmer considerava o uso de um método com os seguintes recursos:

  •        Passes
  •        Água fluidificada
  •        Imposição de mãos

Mesmer propôs que “a vontade forte de uma pessoa bem intencionada sobre outra doente, pelo contato ou não, e até a certa distância, pode fazer agir uma força vital do “mesmerizador” sadio dotado deste poder sobre outra pessoa dinamicamente”.

Para esse processo são necessários sintonia e vontade para incitar o processo natural de cura próprio do paciente.

Em suas pesquisas Mesmer descobre que era possível provocar o sonambulismo em outra pessoa, cujos sentidos ganham uma profunda ampliação. Em uma das experiências feitas com o grão de pão demonstrou a ampliação da percepção por meio da constatação dos sabores: farinha, sal, fermento, etc. (tudo em separado).

As faculdades ampliadas detectadas no sonâmbulo foram:

  •    Visão à distância
  •    Previsão de fatos futuros
  •   Exames internos de doentes (o sonâmbulo via o interior do organismo)
  •    Descrição de doença
  •    Sugestão de tratamento
  •    Previsão a cura

Mesmer chamou isto de lucidez sonambúlica. O objeto de seus estudos era a alma, por meio do método científico, não havendo nada sobrenatural, nem espírito de sistema.

Constatou-se que a alma age por meio da VONTADE sobre o corpo, como FONTE DE FORÇA necessária para RESTABELECER A SAÚDE. Mesmer descobriu que o princípio da cura está no próprio indivíduo. O processo de cura é de dentro para fora. É no organismo do indivíduo doente que se inicia, intimamente, o processo de cura.

Conforme a Teoria Geral todos os fenômenos naturais (luz, som, eletricidade, calor, etc.) seriam propagados por meio de uma VIBRAÇÃO, nos diversos graus de fluidez do FLUIDO UNIVERSAL.

Em toda a teoria de Mesmer sobre o magnetismo animal, a ação da VONTADE e sua PROPAGAÇÃO por um meio material constitui o PONTO CENTRAL de toda a teoria. VONTADE E PENSAMENTO PROVOCAM VIBRAÇÕES DE AGENTE GERADOR, o que produz efeito à distância por meio de ondas do meio, que se espalham pelo espaço.

Mesmer partiu da teoria cogitada por Newton, onde o movimento animal (isto é, os movimentos musculares) é provocado por vibrações do meio, excitados pelo cérebro pelo poder da vontade, propagados pelo meio de fibras sólidas muito tênues, transparentes, uniformes dos nervos para os músculos, para contraí-los e dilatá-los.

E esse, também, é o conceito da Doutrina Espírita. Segundo Kardec, em A Gênese, de 1868, o fluido perispiritual é o traço de união entre Espírito e Matéria. Durante sua união com o corpo, é o veículo do pensamento do Espírito para transmitir MOVIMENTO ÀS DIFERENTES PARTES DO ORGANISMO, os quais atuam SOB O IMPULSO DE SUA VONTADE, e para REPERCUTIR NO ESPÍRITO AS SENAÇÕES PRODUZIDAS PELOS AGENTES EXTERNOS. Tem por fios condutores os nervos.

De acordo com a ciência do magnetismo animal A CURA não ocorre por ação de uma substância, mas pela SINTONIA, isto é, CONCORDÂNCIA ENTRE DUAS VONTADES, a do magnetizador e a do paciente, motivando a FORÇA NATURAL DO ORGANISMO para restabelecer a SAÚDE. Esse é o princípio essencial. Entre o Espiritismo e o Magnetismo o laço de união fundamental é a TEORIA DA VONTADE. Em 1861, Kardec afirmou que a vontade desempenha papel capital em todos os fenômenos do magnetismo. A vontade participa não como um ser, uma substância ou uma propriedade da matéria, mas, como um atributo do espírito, o ser pensante encarnado ou errante.

A faculdade de cura se explica pela ação do Espírito sobre a matéria elementar. Até certo limite, o Espírito pode lhe modificar as propriedades.

A compreensão do passe nos dias atuais não é condizente com a teoria, observação, experimento e práticas do magnetismo animal de Mesmer. Isso se explica em razão de que alguns magnetizadores se diziam seus discípulos. No entanto, defendiam posições diferentes.

Um deles, DELEUZE, não possuindo conhecimento de conceitos da Física, como o de potencial de força, não abordava o assunto no sentido dos debates entre movimento ondulatório e mecânico. Deleuze, afirmava que os efeitos produzidos são unicamente devidos à natureza, cuja ação é reforçada pela ação do magnetizador.


LAFONTAINE, um magnetizador que fazia oposição à união entre magnetismo e Espiritismo, apoiado pela Igreja, defendeu a teoria do fluindo vital. Esse e outros magnetizadores foram denominados FLUIDISTAS. Nunca viram ou experimentaram pela observação tal teoria, mas, combatiam a ideia de cura baseada na TEORIA DA VONTADE. Para estes, o fluido vital era a CAUSA dos EFEITOS MAGNÉTICOS.

O fato é que o caminho contrário ao proposto por Mesmer se dava em razão de que a comunidade científica das ciências naturais não aceitavam quaisquer questões psicológicas. Lafontaine preferiu negar a verdade para que o magnetismo fosse aceito pela comunidade científica. Algo parecido com o que ocorreu com Galileu sobre o fato de a Terra girar. Por outro lado, Mesmer faz parte do grupo dos que não abandonam a verdade, como é o caso de Giordano Bruno.

Em suma, Lafontaine negava o fenômeno mediúnico. Dizia que a natureza é a do sonambulismo e afirmava não existir comunicação com o mundo dos Espíritos, visto que essa era impossível. Na opinião dos magnetizadores fluidistas materialistas, afastando os conceitos de vontade, alma e pensamento, a ação mecânica e curativa de uma substância acumulada pelo magnetizador é transmitida ao paciente, que a absorve.

Esta é a TEORIA DA SUBSTÂNCIA MATERIAL baseada na Teoria do Fluido Vital de Claude Nicolos Le Cat, que estudou as sensações nos amputados. 

O seu método de pesquisa era a observação, a imaginação e a produção de hipóteses.


Importante ressaltar como e porque se usava a expressão FLUIDO. Essa ideia surgiu para explicar os fenômenos observados repetidamente, considerando a comunicação à distância. Essa comunicação ocorria por “algum meio”. E, a esse, deram o nome de FLUIDO. É daí que surgem os nomes fluido animal, vital, elétrico, etc.

A hipótese fundamental dessa teoria é que a natureza era composta por forças observáveis. Essas forças foram concebidas como SUBSTÂNCIAIS ESPECIAIS. Sua composição era de ÁTOMOS (esferas duras, invisíveis, que possuíam cada uma delas propriedades das diferentes forças).

Para explicar o CALOR pensavam que a sensação causada no indivíduo era provocada por essas esferas, as quais formavam a substância denominada FLUIDO CALÓRICO. Laplace e Lavoisier admitiam essa hipótese para explicar TODOS OS FENÔMENOS DA NATUREZA.

Trata-se de uma TEORIA MATERIALISTA. Perceba que o átomo, a substância, o fluído, tudo é matéria, sendo que a sua transmissão, isto é, ALGO FLUINDO, é toda material, nada psicológico. Flui porque é considerada SUBSTÂNCIA. Segundo EINSTEIN, o calor NÃO É substância, nem mesmo sem peso.

No magnetismo animal a natureza física do universo está relacionada com ESTADOS DE VIBRAÇÃO nos diversas fases de um PLENO, isto é, TODA MATÉRIA SEM QUE EXISTAM VAZIOS. Os sentidos humanos apreendem as vibrações dos meios. Para Mesmer o fluido cósmico é o conjunto de todas as séries da matéria, que é dividida pelo movimento interno, ou seja, o movimento das partículas entre si.

O universo, portanto, está fundido e reduzido a uma única massa. A essência do fluido cósmico é sua fluidez. Não possui nenhuma propriedade, não é elástico e não tem peso. É o meio apropriado para determinar as propriedades de todas as todas as ordens da matéria.

HIPÓTESE è FLUIDO VITAL / EXEMPLO: FLUIDO CALÓRICO

Figura 3


As propriedades são consideradas próprias dessa qualidade do átomo.

Figura 4


Para os partidários da teoria do fluido vital, as propriedades curativas estariam relacionadas com a própria natureza dos átomos dessa imaginária substância especial, sendo ela própria a cura. Nesse caso, o processo se dá por meio de uma quantidade de fluido acumulada no magnetizador que seria transferida por meio de EMISSÃO para o paciente carente dessa substância. A ação, nessa hipótese, estaria relacionada apenas com a quantidade que seria transferida. Os defensores da teoria concluem que, sendo algo físico, os atos mecânicos são possíveis, ou seja: acumular, guardar e transferir. ESSA HIPÓTESE É FALSA.

Figura 5



Aplicando a teoria do fluido cósmico (Mesmer) ao magnetismo animal (Mesmer):

HIPÓTESE è FLUIDO UNIVERSAL:

As propriedades dos fluidos estão relacionadas com a ação do magnetizador. O magnetizador GERA o MOVIMENTO. Esse movimento é uma ONDA, que terá a FREQUÊNCIA equivalente ao TIPO DE PENSAMENTO do magnetizador. Sua POTÊNCIA está relacionada com a FORÇA DA VONTADE empregada pelo magnetizador. É o movimento gerado pelo magnetizador que induz a VONTADE do PACIENTE. A causa da cura do paciente está no esforço do seu organismo em promover seu próprio reequilíbrio. 

Figura 6


Resumindo:

Figura 7


Os fatos envolvidos nesse processo são fisiológicos e psicológicos. Enquanto a teoria de Mesmer propõe uma união entre fenômenos do mundo físico e moral para um mesmo agente gerador, que corresponde aos fenômenos observados pelos Espíritos Superiores no mundo espiritual, os teóricos fluidistas derivaram várias práticas formais sem fundamento no fenômeno, tais como:

1. Limite de quantidade de fluido a ser transmitida.

2. Risco de o magnetizador ficar sem estoque, adoecer ou se esgotar.

3. Colocar as mãos do paciente para cima para o fluido penetrar mais facilmente.

4. Pensar no mau direcionamento do fluido, que passaria ao lado do paciente.

5. Cada magnetizador fluidista passa a criar um ‘sistema próprio’.


Percebemos que todas essas práticas formais não passam de rituais. E é nesse sentido que é preciso recordar a ciência filosófico-espírita que não adota NENHUM tipo de ritual ou formalidade.

No Brasil, compreende-se o passe como sendo um fluído vital se desprendendo do magnetizador, projetando-se para fora, sendo dirigido para o corpo do paciente que, o absorvendo, obterá o efeito curativo dessa substância. Essa é a teoria dos magnetizadores fluidistas do século 19. Mas, não é essa a teoria de Mesmer.

Os princípios do magnetismo animal são diferentes. Além disto, a compreensão do passe no Brasil é diferente do ensino dos Espíritos na obra de Kardec. É preciso lembrar, uma vez mais que a Doutrina dos Espíritos possui caráter progressivo. Não basta ler uma obra e pensar que já sabe o que é e como é alguma coisa. É necessário saber o que foi dito pelos Espíritos Superiores, o que foi objeto de experimento de Allan Kardec e o que está registrado nas obras Espíritas.

Figura 8

Os defensores da corrente fluidista (a mesma defendida no Brasil) deixam de lado o princípio espiritual, quando não o negam absolutamente. Para essa corrente tudo se relaciona com a ação do fluido material e, por isto, estão em oposição de princípios com os espíritas.

Na RE de 1867, Kardec explicou que os magnetizadores fluidistas imaginam os efeitos do magnetismo como uma ação de um fluido fisiológico material, sem relação nenhuma com a alma.

O magnetismo animal de Mesmer não promoveu a teoria do fluido nervoso vital ou magnético, que se desprende do nosso corpo, projeta-se para fora e transporta-se em caso de necessidade através do espaço.

Para saber mais sobre o fluído cósmico universal e como se passam os fenômenos no mundo espiritual, bem como conhecer o papel da vontade e do pensamento no processo de cura, de acordo com a prática espírita e com o ensino dos Espíritos Superiores, é preciso estudar a 2ªParte do Livro dos Médiuns, especialmente o capítulo 8, Laboratório do Mundo Invisível, além do capítulo 14, os fluídos, de A Gênese de 1868.

Uberaba-MG, 22/12/2021.
Beto Ramos

Fonte de pesquisa principal:
FIGUEIREDO, Paulo Henrique de. AUTONOMIA – A história jamais contada do Espiritismo. São Paulo: FEAL, 2019.

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