“Naquele tempo, respondendo, disse Jesus: Graças te dou a ti, Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e prudentes, e as revelaste aos simples e pequeninos.” (Mt, 11:25).
Os simples e pequeninos de algumas traduções bíblicas como os pobres de Espírito de outras possuem o sentido de humildes. Ao seu turno, sábios e prudentes, que seriam aqueles mais aptos a “entender” mais facilmente, pois, possuiam a ciência.
Todavia, foram os primeiros e não os segundos que compreenderam o propósito do ensino de Jesus, isto é, o seu conteúdo e a sua mensagem (E. S. E., cap. 7, itens 7.8).
O Espiritismo, baseado no ensino dos Espíritos Superiores, indica Jesus como modelo e guia da humanidade terrestre (L.E., Q. 625). Todavia, ter Jesus como modelo e guia importa não envaidecer com o próprio conhecimento, o saber mundano, nem se orgulhar de negar o poder supremo do Criador.
O seguidor de Jesus não trata Deus como igual e nem o rejeita. Recordamos que Allan Kardec ensina: “[...] na antiguidade, sábio era sinônimo de sabichão. Assim, Deus lhes deixa a busca dos segredos da Terra, e revela os do Céu aos humildes que se inclinam perante Ele” (E. S. E., cap. 7, itens 7.8).
O estudioso das escrituras perceberá, no caso do Novo Testamento, ao examinar os Evangelhos, que os sábios que procuraram Jesus, o fizeram à noite. Indagamos por qual motivo e buscaremos tecer considerações a respeito. Nesse sentido, a nossa hipótese: Muitos procuraram a Jesus à noite! Por que não o fizeram de dia?
O dia, no mundo, pensamos, é comparável a ideia de uma claridade que, ao contrário de ser realmente a Luz, na verdade, é o reflexo do egoísmo, vaidade e orgulho humanos. Criamos a aparência de claridade, mas, que não se sustenta, pois, logo essas pretensas luzes se apagam. São efêmeras. Ainda estamos adquirindo conhecimento, que só ocorre no contato com a experiência. Fazemos escolhas ante ao que pensamos ser certo ou errado, justo ou injusto.
Mas, quem é capaz de afirmar que tomou as decisões corretas ante as Leis
Divinas? Tornando cada um ao seu tamanho verdadeiro, vendo-se
inferiores em razão da pretensa luz que se apagou, veem-se diante da verdade: ao seu redor há uma completa escuridão. É então que procuram Jesus. Durante o
dia não o viram em razão do seu orgulho e egoísmo (que cega, ofusca a visão),
pois, julgaram-se maiores, imaginaram seu conhecimento maior que o do Criador.
Buscaram aplausos humanos.
Por que agora o veem em meio a essa noite tão escura? É que a obscuridade do conhecimento humano é
vencida pela Sabedoria do Mestre, cuja Luz brilha intensamente dia e noite.
O conhecimento de Jesus não é efêmero.
Não é Supremo,
mas, sua Sabedoria permite-lhe estar nos segredos de Deus, pois, o vê e o
compreende.
Um filósofo da antiguidade disse: “só sei que nada sei”. Sem a soberba humana, certamente, enxergava tão bem de dia quanto de noite.