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sexta-feira, 21 de maio de 2021

A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO, DA FRANÇA E DE KARDEC, EM CERTA MEDIDA, SE CONFUDEM

   
3ª PARTE

Retomando a história da família do codificador, encontraremos sua mãe dedicando-se ao lar e seu pai assumindo funções militares como promotor militar e Juiz de Paz. Nas suas funções Jean Rivail tinha que acompanhar os destacamentos militares. Quando necessário, deveria convocar um Tribunal, onde se estabelecia formalmente a acusação aos réus no campo de guerra.

A Revolução prosseguia e acirrava-se a rivalidade entre Girondinos e Jacobinos. Nesta disputa, vencem os Jacobinos. Covardemente, começam a matar os adversários implantando a ditadura.

O pai de Jeanne, avô de Hippolyte Rivail, é preso e depois executado no dia 16/03/1794. Contava , então, com 53 anos. Seu marido, Jean-Baptiste Rivail, também é preso. Assim como o Sr. Duhamel, Rivail pai foi acusado de conspiração.

Foi condenado à morte. No entanto, evocou o decreto de 28 de Pluviôse. Por essa lei deveria ser julgado em sua terra natal. Foi mandado preso de volta a Burge-en-Bresse e solto dois meses depois (em 29/04/1794) junto aos demais inocentes.

Nessa ocasião contou-se 16 (dezesseis) mil mortes pela guilhotina em toda a França; As prisões, 500 (quinhentas) mil; Mas, após um ano de matança, o pesçoco de Robespierre é reclamado. Foi guilhotinado em 28/07/1794.

Charlotte Bochard, a Sra. Duhamel, foi autorizada pelo Estado a receber do espólio sequestrado de seu marido a soma de 600 (seiscentas) mil libras por ano; Assim, ela foi morar com seu irmão, o tio-avô de Hippolyte, François Duhamel. A casa, que também abrigava seus parentes, ficava numa pequena aldeia rural denominada Saint-Denis-les-Bourg, contígua à Bourg-en-Bresse. O lugar era lindo, havia lagos, florestas e extensas plantações.

Passado o terror, chega o inverno rigoroso trazendo junto a fome, desemprego, aumento de preços, indigência e falta de alimentos. Nessa época ascendia o jovem Napoleone Di Buonaparte, que guerreava pela França e conquistou a Itália. Luxo e cargos públicos para as ricas casas. No entanto, faltava pão ao povo.

A família Rivail recebia no ano de 1796 o primogênito Auguste Claude Joseph François; em agosto de 1799 chegava uma menina, Marie-Françoise Charlotte Eloise; irmãos do Codificador.

Nesse ano de 1799 Napoleão passou a governar por uma ditadura e foi nomeado primeiro-cônsul; A revolução era, então, encerrada. Todavia, os problemas dos subúrbios não foram solucionados.

O ano de 1804 será marcante. Jean Rivail, pai do codificador do espiritismo, é requisitado em suas funções militares. Jeanne-Louise, grávida pela terceira vez, contando com seus 30 anos de idade e precisando de cuidados médicos especiais, estava em um estabelecimento de águas minerais artificiais na cidade de Lyon, na Rua Sala, 74, à margem do rio Ródano. Era um local que atendia casos de saúde.

Aos 03/10/1804, Jeanne-Louise trazia ao mundo Hippolyte Léon Denizard Rivail, ao qual se dedicaria de corpo e alma nas próximas décadas. O batismo do menino aconteceu na cidade de Lyon.

Em 1807 Napoleão estava próximo de tornar os povos da Europa um só povo e Paris a capital do mundo. Mas, o ditador queria mais. Com um exército de 25 mil homens estacionados na Espanha, Napoleão queria invadir Lisboa e determinou que o exército continuasse a marcha. Os mapas de Napoleão estavam desatualizados. Faltavam as indicações das montanhas e de obstáculos quase instransponíveis. O pai do pequeno Rivail estava entre os homens que integravam esse exército.

Frio e chuva pioram, os equipamentos ficam presos e faltam provisões. Os soldados iam morrendo um a um. Sem qualquer resistência de Portugal, chegaram apenas 10 (dez) mil homens. Contudo, testemunharam a estratégia da Corte Portuguesa: os navios partiram levando a família real para o Brasil.

Ningúem soube o destino do pai do pequeno Rivail. Desaparecido, foi dado como morto em 1807. Seu filho contava com apenas 03 (três) anos de idade.

A brava Jeanne, sem esquecer os filhos que perdeu, dedicaria sua vida ao pequenino Rivail e investiria todo o seu amor, força e posses para educá-lo. E é assim que a história da França e do Espiritismo se entrelaçam. Sem dúvida, a mãe daquele que viria a ser o Kardec foi fundamental para edificar solidamente sua personalidade. Mas, esta é outra história.


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Uberaba-MG, 25 de maio de 2021.

Beto Ramos.

segunda-feira, 17 de maio de 2021

A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO, DA FRANÇA E DE KARDEC, EM CERTA MEDIDA, SE CONFUDEM

2ª PARTE

A origem da cidade de Bourg-en-Bresse é Celta. Foi uma das cidadelas mais fortes da Idade Média, tanto pelo relevo quanto militar.

A família Duhamel residia no prédio onde Benôit exercia a função de "préfet". Era uma mansão de fachada alta, arquitetura simples, grande sala de estar, escritórios e amplos jardins. Lá também ficavam os arquivos municipais.

Jean Rivail, esposo de Jeanne, e Benôit, seu pai, eram federalistas e Girondinos, os quais votavam em Paris. Vamos percebendo que os pais e os avós maternos do futuro codificador do Espiritismo eram personalidades importantes na política francesa, como também, tinham posses. Pode-se afirmar que seus familires faziam parte da nobreza da época.

O pai de Jeanne, mãe de Rivail, teve importante papel na Revolução Francesa, pois defendia os valores democráticos, a difusão dos princípios constitucionais e o esclarecimento da população.

Para os Girondinos a Revolução era a oportunidade de regenerar a sociedade pela educação. Suas propostas eram de longo prazo. Teorias muito bem estabelecidas, sendo Mesmer, inclusive, um dos seus pensadores, propunham cidadãos autônomos com a capacidade de avaliar e corrigir as leis. Todo esse processo se daria pela educação e a melhora gradativa: a cada geração; no fim seria uma sociedade mais justa.

É possível antever na França revolucionária os precursores do pensamento Espírita, isto é, da Teoria Espírista da Moral autônoma e do livre-arbítrio, tendo a aquisição do conhecimento como sua pedra angular.

Entre os Giorondinos havia vários discípulos de Mesmer, os quais divulgavam sua ciência por toda a França. Para seus adeptos, contrários à Medicina oficial da época (com procedimentos da idade média), as doenças eram provenientes de um desequilíbrio do organismo por causas físicas e morais.

Mesmer considerava saúde a completa ordem de todas as funções do organismo; a doença, portanto, era a desarmonia. Para combate-la e devolver a harmonia ao corpo deveria-se usar todos os recursos, tais como: alimentação, hábitos, estado emocional e o esforço da ação do médico pelos passes. Desta forma, quem retoma a harmonia é o próprio organismo do paciente com seus mecanismos naturais de recuperação.

A ideia central é que o Universo é responsável pelo equilíbrio das Leis Naturais, pela saúde e pelo mundo moral; O que o pensamento de Mesmer tem a ver com a política? Veja:

"A excessiva desigualdade (de riquezas, força e poder) contribui para a desarmonia coletiva". Ele estava falando das desigualdades sociais. Dai, o fato de ser um dos importantes teóricos do processo de mudança preconizado pelos Girondinos. É que no centro de sua teoria está que toda desigualdade somente pode ser modificada por meio da educação.

Contudo, nenhuma dessas ideias interessavam aos tiranos liderados por Robespierre, o qual implantou o terror por menos de uma ano; sua "lógica" e esforço resumia-se em eliminar os inimigos.

(Continua...)

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Uberaba-MG, 17 de maio de 2021.

Beto Ramos.

sábado, 15 de maio de 2021

A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO, DA FRANÇA E DE KARDEC, EM CERTA MEDIDA, SE CONFUDEM

  

1ª PARTE

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Allan Kardec é um pseudônimo, isto é, um nome escolhido pelo codificador do Espiritismo para assinar as obras que foram editadas a partir do ensino dos Espíritos. Rivail, seu verdadeiro nome, teve na educação a obra de sua vida; todos os instantes dela foram empregados a meditar sobre isto; sua felicidade estava em encontrar novos métodos ou descobrir novas verdades, meios, portanto, para edificar sua obra.

Desde o primeiro Luís, na França, até o o décimo-sexto, foram mil anos de reinado (FIGUEIREDO, MAAT, 2016). A revolução francesa, iniciada em 1789, proclama a república em 1792. Robespierre, com sua sanha sanguinária, junto dos Jacobinos, pediram a cabeça do rei sem julgamento.

Os Girondinos, outro grupo, formado por notáveis e legalistas que fizeram a revolução, acreditavam nas ideias de liberdade. Seu lema era lutar para mudar a lei e não fazer justiça fora dela e, assim, respeitar as boas leis. Além disso, esse partido francês acreditava na educação e na igualdade de oportunidades para todos como instrumento de reforma social.

Em meio à sede de sangue pela cabeça do rei, Thomas Paine (VINCENT, 1989) afirmou que o rei não merecia a morte. O seu argumento era que a monarquia, como sistema, devia ser o foco do julgamento. Acaso o rei tivesse nascido fora dela, recebesse educação advinda de pessoas estimáveis e vivesse ao redor de vizinhança amável, não teria sido um homem mau.

Jacobinos e Girondinos se enfrentavam. O ódio crescia e a febre revolucionária contagiava a todos. A guilhotina, por sua vez, ceifava dezenas de milhares de vidas. Bem próximo, a vida continuava como se nada estivesse ocorrendo.


A população francesa, preocupada em não morrer de fome, pouco entendia acerca das novais leis vindas de Paris. O casamento, por exemplo, que precisava da bênção da igreja, por um decreto tinha essa realidade modificada. Bastava um aviso no edifício da Câmara com o anúncio do enlace matrimonial e a apresentação do casal perante a autoridade municipal que tudo estava resolvido.

Chegamos, então, ao dia 05.02.1793. Aos 19 anos, a senhorita Jeanne-Louise Duhamel experimentava a alegria do dia de seu casamento. O Pai da noiva, senhor Benôit Marie Duhamel, um advogado e revolucionário exercia um encargo público, comparável hoje a um governador.

O Estado francês, no ano de 1790, possuia 89 unidades administrativas, as denominadas comunas, que eram administradas por conselhos municipais (ou geral), eleitos a cada seis anos. O Departamento governado por Benôit era Ain, cuja capital era Bourg-en-Bresse. As atividades do governador, entre outras, era promover reuniões com militares e políticos, além de discursar ao povo. O pai de Jeanne, portanto, viajava muito.

Charlotte Bochard era a mãe da noiva e quem organizava o casamento que receberia convidados importantes, entre os quais generais de brigada e dirigentes revolucionários. A família da noiva vivia em Ain, no Ródano - Alpes e chegaram ali fugindo dos ataques católicos em 1717, vindos da baixa Normandia. Eram os chamados huguenotes.

O feliz noivo era um senhor de 34 anos, Jean-Baptiste Antoine Rivail. Trabalhava em causas judiciárias. No ano de 1793 foi nomeado pelo conselho executivo do comitê de salvação pública como Promotor Militar e Juiz de Paz. Seus pais eram falecidos.

Após o casamento, o casal passaria a residir a 180 quilômetros distantes de Ain, em Belley.

(Continua...)

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Uberaba-MG, 15 de maio de 2021.

Beto Ramos.

DESTAQUE DA SEMANA

A DOUTRINA DOS ESPÍRITOS NÃO É ASSUNTO QUE SE ESGOTA EM UMA PALESTRA

  EM SUAS VIAGENS KARDEC MINISTRAVA ENSINOS COMPLEMENTARES AOS QUE JÁ POSSUIAM CONHECIMENTO E ESTUDO PRÉVIO. Visitando a cidade Rochefort, n...