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quinta-feira, 21 de abril de 2022

A EXATA COMPREENSÃO DO QUE É: FAZER O BEM E FAZER O MAL

Segundo o Livro Terceiro, capítulo 1, A lei Divina ou Natural, especialmente no item 3, subtítulo O Bem e o Mal, na questão 629, Allan Kardec indagou aos Espíritos Superiores: que definição se pode dar à moral?

Os Espíritos então responderam que a moral é a regra da boa conduta e portanto da distinção entre o bem e o mal. E, explicando, afirmaram que "O homem se conduz bem quando faz tudo tendo em vista o bem e para o bem de todos, porque então observa a lei de Deus".

Para compreender a distinção do bem e do mal por si mesmo, segundo os Espíritos, a humanidade foi dotada da faculdade denominada inteligência, o que lhe permite discernir um do outro.

A ideia central esposada nesse campo do estudo filosófico, sem dúvida, está insculpida na máxima evangélica: "Não faças a outrem aquilo que não quererias que te fizessem; faze a outrem aquilo que quererias que te fizessem".

Portanto, o campo de investigação está naquilo que foi designado por Paul Alexandre Rene Janet (1823-1899), em seu Tratado Elementar de Filosofia (1885), como MORAL SOCIAL, isto é, os deveres que a humanidade tem reciprocamente, que em resumo é: fazer o bem, não fazer o mal.

Todavia, não é tão simples quanto parece, sendo necessária uma profunda reflexão, da qual tentaremos nos desincumbir. A priori, tem se compreendido que, de modo geral:

a. O bem vincula-se a 'dar prazer a alguém';

b. O mal vincula-se a 'fazer alguém sofrer';

Nesse sentido, Janet constrói o seu pensamento sobre o tema questionando: fazer o bem é entregar os objetos do desejo a alguém? Por exemplo: dar travesseiro macio ao preguiçoso, vinhos ao ébrio, maneiras e rosto afável ao velhaco mentiroso, um bom pulso ao sujeito violento?

Tudo isto satisfaria as paixões desses indivíduos. Mas, seria isto, então, fazer o bem? E, lado outro, fazer o mal é constranger as paixões alheias ou causar dor? Por exemplo, o cirurgião que corta a gangrena, o dentista que extrai o dente e o pai que educa o filho?

Nesse sentido, compreender o que é fazer o bem e fazer o mal é questão mais profunda. Um sofrimento causado pode proporcionar o bem (dor que causa prazer), enquanto o prazer que satisfaz paixões pode proporcionar o mal (prazer que causa dor).

Voltemos, assim, à máxima evangélica. Como compreender que não devemos fazer ao outro aquilo que não queremos que nos faça e fazer ao outro aquilo que desejamos que nos seja feito? Ora, em geral, ninguém quer ser punido ou corrigido, mas quer que seus vícios e suas paixões sejam satisfeitos.

É uma realidade. Contudo, Paul Janet, esclarece que esta interpretação rasa não provém dos indivíduos que já possuem a LEI DO DEVER. Neles, o sentimento é outro. É que o Evangelho não nos convida à tibieza e complacência. A ideia é outra: trata-se de uma VERDADE MORAL. Ou seja, a verdadeira e BOA VONTADE. E, nesse caso, não se trata da vontade das paixões, isto é, da MÁ VONTADE.

Carecemos, para bem compreender o assunto, fazer diferença entre os verdadeiros bens e os bens aparentes (falsos), os verdadeiros males e os males aparentes (falsos).

Vale questionar: quais são os males verdadeiros e os males aparentes quando se recomenda a NÃO FAZER O MAL?

Em Paul Janet vamos compreender que:

1. VERDADEIROS BENS: independem do prazer e se recomendam pela utilidade e pelo valor moral (Exemplo: saúde e educação).

2. FALSOS BENS: consistem exclusivamente no prazer (exceto no que diz respeito à utilidade e ao valor moral).

3. VERDADEIROS MALES: ferem o interesse (bem entendido) e a moral dos demais (Exemplo: miséria e corrupção).

4. MALES APARENTES: são momentaneamente sofridos, mas compensados por vantagens posteriores (Exemplo: medicamentos e repreensão da conduta).

Entramos, pois, no campo do DEVER MORAL. O bem aos outros deve ser compreendido como o bem entendido interesse deles, isto é, o BEM MORAL.

Em relação a si mesmo, o indivíduo não deve ter como FIM das ações praticadas, o interesse próprio. E, nesse ponto, Janet adverte para que esse raciocínio não seja estendido para os outros.

A FELICIDADE própria buscada, ensina o filósofo, NÃO TEM QUALQUER VALOR MORAL. Buscar a FELICIDADE ALHEIA, ao contrário, pode ter VALOR MORAL, desde que não se engane quanto ao VERDADEIRO sentido da palavra FELICIDADE.

Em Paul Janet, FELICIDADE não é confundida como uma SENSUALIDADE falaz e transitória. Finalmente, a máxima cristã deve ser compreendida como: uma VONTADE ESCLARECIDA que só queira para si o que estiver conforme o INTERESSE bem entendido e a virtude.

"Fazer aos outros quanto quereríamos que se nos fizesse, não lhes fazer aquilo que não quereríamos que se nos fizesse", resume perfeitamente a MORAL SOCIAL.

Uberaba-MG, 21/04/2022.
Beto Ramos.


FONTE:

JANET, Paul. Tratado Elementar de Filosofia. Domínio público. Pode ser encontrado na internet em PDF.

sexta-feira, 5 de março de 2021

O RESPEITO

O tema de hoje nos convida à reflexão  profunda, pois considera o conjunto de experiência e cultura individual.

Em definição comum, o que é respeitar? Refere-se à deferência por alguém ou algo, ter consideração ou demonstrar acatamento, obediência. E, penso, está nessa definição o cerne do problema que envolve a conduta humana em sociedade.

Vamos, então, pensar a respeito disso. Veremos se é possível fazer algo a respeito.

Partindo da definição, isto é, com base no verbo respeitar, temos que trata-se de uma ação. Respeitar é um ato, está na esfera do agir em relação a.

O comportamento humano, de modo geral [e aqui falo pela experiência da convivência no grupo social] demonstra que os indivíduos, antes de se posicionarem diante do outro, analisam esse "outro" por meio de outro verbo: merecimento.

A reflexão antes do posicionamento é: fulano ou cicrano "merece" o "meu respeito"?

Nesse caso, enfrentamos um paradoxo: respeitar o outro é um favor que empresto a uns e outros segundo meus conceitos prévios sobre os mesmos?

E eis que, então, surge novo verbo no meio disso tudo: o dever. Esse verbo nos encaminha a pensar sobre MORAL. Unindo as duas expressões teremos o dever moral. A convivência em sociedade demonstra que dever moral não se trata de moralismo (ver significado ao final do texto), mas, de moralidade.

É preciso compreender, mais do que entender essa diferença. A moral define-se como a regra da BOA conduta. Portanto, da distinção entre o bem e o mal. E a boa conduta resume-se no fazer o bem e para o bem de todos.

Sendo assim o dever é a obrigação moral, para consigo mesmo e para com os outros. A luta pelo bem viver se encontra internamente no ser onde o antagonismo ocorre entre as seduções dos interesses e do sentimento. São aqueles "dois cães" que lutam no íntimo de cada ser. Vence o que é mais alimentado ou acalentado.

Finalmente, não vemos solução possível senão a que é apreendida por meio do hábito. Respeitar é uma obrigação, é um dever moral. Essa é a única conduta do bem viver. Se conduzir bem te define como boa pessoa. Do contrário, não há desculpa, você é má pessoa porque não sabe como se conduzir no meio social e não reconhece o outro como semelhante. Desta forma o que fica aparente é a sua insignificância diante do conjunto.

Um alerta! As leis morais estão gravadas nas consciências individuais e Deus não constituiu nenhum procurador na Terra para advogar tal ou qual tese. Você não deve verificar se "o outro" age no bem. Seu olhar deve estar intimamente focado em si mesmo. Esse é o segredo.


MORALISMO: [ÉTICA] consideração moral inconsistente por estar separada do sentimento moral, por ser baseada em preceitos tradicionais irrefletidos ou por ignorar a particularidade e a complexidade da situação julgada.


Uberaba-MG, 05 de março de 2021

Beto Ramos

DESTAQUE DA SEMANA

A DOUTRINA DOS ESPÍRITOS NÃO É ASSUNTO QUE SE ESGOTA EM UMA PALESTRA

  EM SUAS VIAGENS KARDEC MINISTRAVA ENSINOS COMPLEMENTARES AOS QUE JÁ POSSUIAM CONHECIMENTO E ESTUDO PRÉVIO. Visitando a cidade Rochefort, n...