A questão da análise e da interpretação no processo de aquisição do conhecimento nos coloca, não raro, diante de situações correposdentes ao que se denomina paradoxo. A análise superficial pode apresentar situação onde se julgará haver suposta ausência de lógica, verdadeiras contradições.
O Espiritismo é uma dessas doutrinas que nos oferece esse vasto campo fértil que reclama análises e interpretações, cujo processo recorrente se repete e, por isso, necessita do dispêndio de muito tempo para meditações.
É comum encontrar observações periféricas e superficiais que, sem profundidade, arvoram-se no complemento ou solução ao suposto paradoxo.Um exemplo prático pode ser experimentado quanto a afirmação dos leigos que Kardec seria racista. Muitos espíritas, indagados a respeito, formularam "teses" buscando solver esse "paradoxo". O tema aqui não é esse. Noutra ocasião poderemos voltar ao mesmo.
Hoje, nosso assunto é: O mal existe ou não? O que é o mal?
Uma resposta de "um pé só", isto é, rápida, é: o mal não existe, pois, O MAL É A IGONORÂNCIA (aqui essa expressão significa ausência de conhecimento). Portanto, quem pratica o mal seria um indivíduo que passa pela fieira da ignorância.
Ocorre que diante da escala espírita, quando se estuda a terceira ordem, Espíritos Imperfeitos, aprende-se que esse Espírito é aquele que tem propensão ao mal. Todo Espírito que torna-se mal o faz por sua própria vontade.
Veja o aparente paradoxo. O livre-arbítrio do Espírito se desenvolve à medida que o Espírito adquire consciência de si mesmo. Nenhuma escolha que faz é provocada por uma causa estranha à sua vontade. Observando o que está ao seu redor, no exterior, ele cede à influência das coisas que o atrai.
Ora, o mal não é ignorância, ou melhor, a ausência de conhecimento?
Nos parece claro que o Espírito precisa conhecer para escolher. Aliás, só se torna mal por sua vontade. Pretendendo ir a fundo, advogamos a tese de que NÃO HÁ um paradoxo senão apenas em aparência. Não há dúvida de que o Espírito que tem prazer no mal seja ignorante. Não há dúvida que adquire conhecimento, por meio do qual tem condição de fazer escolhas livres.
De volta à escala espírita vamos encontrar a resposta para o dilema. O Espírito imperfeito tem sobre si a influência predominante da matéria sobre o Espírito. Mas, há algo que ele realmente ignora.
No processo evolutivo chegará à categoria de Espírito bom. Esse Espírito se destaca por uma característica ímpar: há predominância do Espírito sobre a matéria. ELE CONHECE O BEM E POSSUI QUALIDADE E PODER DE O FAZÊ-LO NA RAZÃO DE SUAS FORÇAS.
O mal não existe! O Espírito malfazejo é o que não conhece o bem. Ah, sim, ele possui conhecimento de muita coisa, porém ainda está vinculado ao orgulho e ao egoísmo, onde prevalece a ideia do "EU", da individualidade. O bom Espírito já experimenta a alegria de proporcionar o bem-estar ao seu semelhante. SABE e EXPERIMENTA o prazer que o AGIR NO BEM proporciona.
Não tendo experimentado a felicidade dos bons, os maus a ignoram. Eis a nossa solução. Se você tiver outra, sejam bem-vindo à discussão democrática.
Uberaba-MG, 12 de Março de 2021.
Beto Ramos.