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Quem não observou toda uma assistência de reunião espírita repetir em coro uma prece ou uma fórmula qualquer assemelhando-se a culto religioso? Essa situação é muito mais comum do que se pensa, principalmente, no Brasil.
Esse não é um assunto novo e causa espanto encontrar-se nos dias atuais a situação acima descrita. Todo aquele que estuda o Espiritismo sabe que a questão foi muito bem abordada e resolvida por Allan Kardec.
Várias são as fontes onde Kardec tratou de tais temas. Vamos citar, para fins do presente artigo, a obra Viagem Espírita em 1862, item 11. Tendo visitado mais de uma vintena de cidades, o organizador do Espiritismo pode responder questões e tratar sobre o uso de práticas exteriores de cultos nos grupos.
Relata Kardec na obra que "[...] frequentes vezes me tem sido indagado se é útil começar as sessões com preces e atos exteriores de culto religioso". Ao responder enfatiza: "A resposta não é apenas minha, mas também dos Espíritos que trataram desse assunto".
Para elucidar e esclarecer Kardec divide sua resposta, a princípio, em duas partes, para, ao final apresentar uma conclusão a respeito de ambas.
Kardec afirma que, mais que útil, é necessário:
- Rogar, através de uma INVOCAÇÃO ESPECIAL, por uma espécie de prece, o CONCURSO DOS BONS ESPÍRITOS.
Nesse caso, esclarece, a rogativa feita predispõe o indivíduo ao recolhimento, sendo que é o recolhimento a CONDIÇÃO ESPECIAL para TODA REUNIÃO SÉRIA.
Pesquisando as palavras vamos aprender que recolhimento quer dizer concentração, meditação, ter comedimento e recato. Invocar é pedir o auxílio e a assistência, recorrer a [o bom Espírito]. Concurso é cooperar, participar, assistir.
De posse do significado das palavras acima vamos compreender o que Kardec vai esclarecer sobre a questão da prece:
"aconselhamos a abstenção de qualquer prece litúrgica, SEM EXCEÇÃO mesmo da Oração Dominical por mais bela que seja".
A oração dominical é também conhecida como o Pai Nosso. Kardec fundamenta que o Espiritismo não exige a ninguém que abjure (renuncie) à sua religião para se tornar Espírita. Vai mais longe e afirma que o objetivo do Espiritismo é estudar e esclarecer sobre questões morais, que permeiam religiões e nações.
Destarte, ensina Kardec que o Espiritismo é um terreno neutro, sobre o qual TODAS as opiniões religiosas podem se encontrar e dar-se as mãos. Segundo Kardec e os Espíritos que trataram dessas questões a missão do Espiritismo é abolir o antagonismo religioso. É nesse sentido que DEVE abster-se de discutir dogmas particulares.
Sem uma conduta neutra, explica Kardec, não se poderia, por exemplo, impedir que um Espírita muçulmano se colocasse na posição deitada (prosternar-se) ao solo e recitasse sua fórmula religiosa em que 'só há um Deus e Maomé é o seu profeta'.
Não há, lado outro, qualquer inconveniente naquela prece que é feita em intenção de qualquer pessoa INDEPENDENTE DE TODO E QUALQUER CULTO. Para o Espiritismo é RIDÍCULO fazer com que os assistentes de uma reunião espírita REPITA EM CORO uma prece ou uma fórmula qualquer.
Mentalmente, a seu bel prazer, cada um é livre para a prece que julgar necessária, todavia, NADA OSTENSIVO, NEM OFICIAL.
Quanto ao uso de práticas exteriores, tudo que foi desenvolvido, afirma Kardec, se referem ao sinal da cruz, bem como o hábito de se colocar de joelhos, entre outras práticas. A reunião deve se pautar pela gravidade (seriedade) e respeito, além do recolhimento.
Segundo Kardec e os Espíritos Superiores não se deve adotar qualquer formalidade de nenhum culto ou religião. O Espiritismo NÃO É UMA NOVA SEITA. Nenhum ritual deve ser empregado. Pode ser Espírita qualquer pessoa INDEPENDENTE DA SUA MANEIRA DE ADORAR A DEUS.
Sem qualquer melindre de sinais exteriores, esclarece Kardec, o Espiritismo chama a si TODOS OS ADEPTOS DE TODAS AS CRENÇAS, cujo objetivo é uni-los sob as seguintes bases:
- Caridade;
- Fraternidade;
- Igualdade.
Repita-se que o Espiritismo aconselha a abstenção de qualquer liturgia, sem exceção.
Essas advertências, esclarece Kardec, se dirigem para CENTROS, GRUPOS E SOCIEDADES.
Na casa de cada um o Espiritismo não se mete e a liberdade de agir é respeitada.
Tais questões foram tratadas por Kardec há 160 (cento e sessenta anos), mas muitos procedem de modo diferente. O que fazer para modificar esse estado de coisas? Em nosso caso, correndo o risco de receber a pecha do antipático, vamos continuar divulgando e propagando o Espiritismo, tal qual o é em Verdade e em Espírito. Sigamos em frente com Kardec.
Uberaba-MG, 01/09/2022Beto Ramos.