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segunda-feira, 6 de março de 2023

O Brasil não tem um movimento espírita!

Em 1868 Allan Kardec escreveu um substancioso artigo intitulado Constituição Transitória do Espiritismo, o qual foi publicado na Revista Espírita de Dezembro. Naquela ocasião, entre outros temas relevantes, o organizador do Espiritismo tratou do que seriam os cismas do Espiritismo. Sua questão principal era: "Estará preservado deles o Espiritismo?".

Sabemos que o organizador do Espiritismo não usava palavras vãs. Importa verificar que cisma significa: dissidência de opiniões; desacordo; produto da fantasia, da utopia; devaneio; divagação; receio de origem supersticiosa.

O que, segundo Allan Kardec, seriam os motivos que levam aos cismas? No campo da doutrina espírita, ele destaca:

a. Ideias pessoais, sempre absolutas, tenazes, refratárias a se amalgamarem com as ideias dos demais;

b. Ambição de alguns que, a despeito de tudo, se empenham por ligar seus nomes a uma inovação qualquer;

c. Aqueles que criam novidades só para dizer que não pensam ou agem como os outros;

d. Em razão do amor-próprio por não ocuparem senão uma posição secundária;

e. Aqueles que veem com despeito o outro fazer o que não fizeram e, ainda, triunfar.

É possível pensar em algumas dessas situações ocorrendo com o conjunto de pessoas que dizem se filiar à ideia espírita?

Kardec destaca todas essas fraquezas humanas como situações que, infelizmente, é preciso contar sempre. Para neutralizar as consequências funestas de tais fraquezas Allan Kardec trabalhou para afastar todos os sistemas divergentes que surgiram, de modo que todas as partes da Doutrina [fossem] determinadas com precisão e clareza.

Destarte, na Doutrina Espírita não há nada que seja impreciso ou que se preste à interpretação contraditória ou ambígua.

Contudo, deve-se ter em conta as fraquezas humanas antes mencionadas, pois Kardec advertiu peremptoriamente que:

1. Deve-se considerar o caráter progressivo da Doutrina, que não se imobiliza no tempo, mas se apoia em Leis da Natureza; Assim, sempre que uma nova lei for descoberta, o Espiritismo deve se colocar em acordo com a mesma, desde que seja reconhecidamente justa;

2. Não obstante, haveria utopias, princípios considerados quiméricos, fazendo com que pessoas racionais se afastassem do Espiritismo, uma vez que é preciso ter certeza de um princípio, não aceitando as quimeras e as utopias;

3. Sem tais cuidados, seitas poderão se formar ao lado da Doutrina (e não dentro da Doutrina); seitas que não lhe adotem os princípios ou todos os princípios;

Seita tem o significado de partido, bando ou facção; grupo de dissidentes de uma doutrina ou de sua comunhão principal.

Para Kardec, uma seita até pode admitir alguns princípios espíritas, mas busca outra verdade, distante da teoria moral espírita de autonomia e liberdade. Assim, as duas não estarão com a verdade; no entanto, o Espiritismo sempre buscará o bem e a verdade e, assim, NUNCA SERÁ ASSIMILADO, mas, assimilará.

Não estando com a verdade, uma seita cairá no descrédito. Contudo, o verdadeiro espírita tende a tolerar todas as seitas que se formam pelo afastamento de adeptos, eis que "a tolerância, fruto da caridade, que constitui a base da moral espírita, lhe impõe como um dever respeitar todas as crenças. Querendo ser aceita livremente, por convicção e não por constrangimento, proclamando a liberdade de consciência um direito natural imprescritível, diz: Se tenho razão, todos acabarão por pensar como eu; se estou em erro, acabarei por pensar como os outros. Em virtude destes princípios, não atirando pedras a ninguém, ela nenhum pretexto dará para represálias e deixará aos dissidentes toda a responsabilidade de suas palavras e de seus atos.

Por tais razões, fundado em Kardec, pensamos que o Brasil não possui um movimento espírita, isto é, um conjunto de adeptos que conhecem, estudam, disseminam e aplicam a si mesmos os princípios e postulados espíritas, uma vez que quaisquer afastamentos de tais princípios, pelos motivos aqui elencados, constituem seitas que se formam à ilharga da Doutrina Espírita.

Por fim, é importante lembrar que uma instituição que se apresenta como órgão de unificação de tal movimento, por mais de 100 (cem) anos manteve a determinação estatutária de se estudar uma obra (Os Quatro Evangelhos de Roustaing) que contraria TODOS os princípios espíritas deduzidos, pelo trabalho de Kardec, do ensino dos Espíritos Superiores, cuja organização recebeu o nome de Doutrina Espírita (um conjunto de informações essenciais a ser ensinadas no campo da filosofia espírita).

Uberaba-MG, 06/03/2023
Beto Ramos

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