Principalmente quando o tema é caridade, é comum percebermos várias
divagações referentes a diferentes temas. Quem nunca ouviu opiniões acerca do
ingresso de confrades nos grupos?
Pois bem, hoje traremos para o leitor qual o legado de Allan Kardec
quanto à formação dos grupos espíritas. Estudando a Revista Espírita de Dezembro
de 1861 verifica-se que o Codificador tratou do tema. Lúcido, ponderado, firme,
mas, sempre alicerçado em razões cujo propósito é preservar a Doutrina
Espírita. Passemos a palavra para Allan Kardec.
1. [...] A
princípio isolados, os adeptos hoje se surpreendem com o seu número; e como a
similitude das ideias inspira o desejo de aproximação, procuram reunir-se e
fundar sociedades. Assim, de todas as
partes nos pedem instruções a respeito, manifestando o desejo de se unirem à
Sociedade central de Paris. É, pois, chegado o momento de nos ocuparmos do
que se pode chamar a organização do
Espiritismo. O Livro dos Médiuns (2ª edição) contém observações
importantes sobre a formação das
Sociedades espíritas, às quais remetemos os interessados, rogando-lhes
que meditem cuidadosamente. [...].
2. [...] Todos
os dias recebemos cartas de pessoas que [...] perguntam o que podem fazer na
ausência de médiuns e de coparticipantes do Espiritismo. [...] é muito simples.
Para começar, podem trabalhar por
conta própria, impregnando-se da doutrina pela leitura e meditação das obras
especiais; quanto mais se aprofundarem, mais verdades consoladoras
descobrirão confirmadas pela razão. [...] Em razão de sua própria posição, têm
uma bela e importante missão a
cumprir: a de espalhar a luz em seu
redor. [...] Aos que fossem detidos pelo medo pueril do que os outros
pensariam deles, nada temos a dizer, nenhum conselho a dar. Mas aos que têm a coragem da sua opinião, que
estão acima das mesquinhas considerações mundanas, diremos que o que têm a
fazer se limita a falar abertamente do Espiritismo, sem afetação, como de uma
coisa muito simples e muito natural, sem a pregar e, sobretudo, sem buscar
nem forçar convicções, nem fazer prosélitos a qualquer preço. O
Espiritismo não deve ser imposto; vem-se a ele porque dele se necessita,
e porque dá o que não dão as outras filosofias. [...] há pessoas que perguntarão: “O que é isto?” Apressai-vos, então, em
satisfazê-las, proporcionando-lhes explicações conforme a natureza das
disposições que nelas encontrardes. [...].
3. Falemos
agora da organização do Espiritismo nos centros já numerosos. O aumento incessante dos adeptos demonstra
a impossibilidade material de constituir-se numa cidade, sobretudo, numa cidade
populosa, uma sociedade única. Além do número, há a dificuldade das
distâncias que, para muitos, é um obstáculo. Por outro lado, é sabido que as grandes reuniões são menos favoráveis às
belas comunicações e que as melhores são obtidas nos pequenos grupos. É, pois, na multiplicação dos grupos particulares
que devemos concentrar os nossos esforços. Ora, como dissemos, vinte grupos de quinze a vinte pessoas
obterão mais e farão mais pela propaganda do que uma sociedade única de quatrocentos
membros. Os grupos se formam naturalmente pela afinidade de gostos,
sentimentos, hábitos e posição social; todos ali se conhecem e, como são
reuniões privadas, tem-se liberdade de número e de escolha dos que nela são
admitidos.
4. [...] Cada
grupo naturalmente é dirigido pelo chefe da casa, ou por aquele que para isso
for designado; não há, a bem dizer, dirigente oficial, porque tudo se passa em
família. O dono da casa, como tal,
tem toda autoridade para manter a boa ordem. [...].
5. [...]. 6. [...].
7. Admitida,
pois, em princípio a formação dos grupos, resta o exame de várias
questões importantes. A primeira de
todas é a uniformidade na doutrina. Essa uniformidade não seria mais bem
garantida por uma sociedade compacta, pois os dissidentes sempre teriam
facilidade de se retirar, formando grupo à parte. Quer a sociedade seja una ou
fracionada, a uniformidade será a consequência natural da unidade de base que os grupos adotarem. Será completa em todos os que seguirem a linha traçada em O Livro
dos Espíritos e em O Livro dos Médiuns. Um contém os
princípios da filosofia da ciência; o outro, as regras da parte experimental e prática.
Estas obras estão escritas com bastante clareza, de modo a não ensejar
interpretações divergentes, condição essencial de toda doutrina nova. [...].
Podemos, pois, sem presunção, recomendar
o seu estudo e prática às diversas reuniões espíritas, e isto com tanto mais
razão quanto são as únicas, até o momento, em que a ciência é tratada de
maneira completa. Todas as que foram publicadas sobre a matéria não abordaram
senão alguns pontos isolados da questão. Aliás, não temos a menor pretensão
de impor nossas ideias; nós as emitimos por ser um direito nosso. Aqueles
a quem elas convêm as adotam; os outros as rejeitam, por ser também um direito
que lhes assiste. [...].
8. O segundo
ponto é a constituição dos grupos.
Uma das primeiras condições é a
homogeneidade, sem a qual não haveria comunhão
de pensamentos. Uma reunião não pode ser estável, nem séria, se não
há simpatia entre os que a compõem; e não pode haver simpatia entre pessoas
que têm ideias divergentes e que fazem oposição surda, quando não aberta. Longe
de nós dizermos com isso que se deva abafar a discussão; ao contrário, recomendamos o exame
escrupuloso de todas as comunicações e de todos os fenômenos. Fique, pois,
bem entendido, que cada um pode e deve externar a sua opinião; mas há pessoas que discutem para impor a sua,
e não para se esclarecer. É contra o espírito de oposição sistemático que
nos levantamos; contra as ideias preconcebidas, que não cedem nem mesmo
perante a evidência. Tais pessoas incontestavelmente são uma causa de
perturbação, que é preciso evitar. A este respeito, as reuniões
espíritas estão em condições excepcionais. O que elas requerem acima de tudo é
o recolhimento. Ora, como estar recolhido se, a cada momento, somos distraídos por
uma polêmica acrimoniosa? Se, entre os assistentes, reina um sentimento de
azedume e quando sentimos à nossa volta seres que sabemos hostis e em cuja
fisionomia se lê o sarcasmo e o desdém por tudo quanto não concorde
inteiramente com eles?
9. Traçamos o
caráter das principais variedades de espíritas em O Livro dos Médiuns,
nº 28. Sendo tal distinção importante para o assunto que nos ocupa, julgamos
dever lembrá-la. Pode-se pôr em primeira linha os que creem pura e simplesmente
nas manifestações. Para eles o Espiritismo não passa de uma ciência de
observação, uma série de fatos mais ou menos curiosos; a filosofia e a moral
são acessórios de que pouco se ocupam e de cujo alcance nem mesmo desconfiam.
Nós os chamamos espíritas
experimentadores. Vêm a seguir os que veem no Espiritismo algo
mais que simples fatos; compreendem o seu alcance filosófico; admiram a moral
dele decorrente, mas não a praticam; extasiam-se ante as belas comunicações,
como diante de um sermão eloquente, que ouvem, mas não aproveitam. A influência
sobre o seu caráter é insignificante ou nula; em nada mudam seus hábitos e não
se privariam de um único prazer: o avarento é sempre avarento, o orgulhoso
sempre cheio de si mesmo, o invejoso e o ciumento sempre hostis. Para eles a
caridade cristã é apenas uma bela máxima e os bens deste mundo os arrastam na
sua estima sobre os do futuro. São os espíritas
imperfeitos. Ao lado destes há outros, mais numerosos do que se pensa,
que não se limitam a admirar a moral espírita, mas que a praticam e a aceitam
em todas as suas consequências. Convencidos de que a existência terrena é uma
prova passageira, tratam de aproveitar estes curtos instantes para marchar na
via do progresso, esforçando-se por fazer o bem e reprimir as más inclinações;
suas relações são sempre seguras, porque sua convicção os afasta de todo mau
pensamento. Em tudo a caridade é sua regra de conduta. São os verdadeiros espíritas, ou, melhor,
os espíritas cristãos.
10. Se bem
compreendido o que precede, compreender-se-á também que um grupo formado
exclusivamente por elementos desta última classe estaria em melhores condições,
porque entre pessoas que praticam a lei
de amor e de caridade é que se pode estabelecer uma séria ligação fraternal.
Entre homens para quem a moral não passa de uma teoria, a união não seria
durável; como não impõem nenhum freio ao orgulho, à ambição, à vaidade e ao
egoísmo, não o imporão também às suas palavras; quererão ser os primeiros,
quando deveriam humilhar-se; irritar-se-ão com as contradições e não terão
nenhum escrúpulo em semear a perturbação e a discórdia. Entre verdadeiros espíritas, ao contrário, reina um sentimento de
confiança e de recíproca benevolência; sentem-se à vontade nesse meio
simpático, ao passo que há constrangimento e ansiedade num ambiente
heterogêneo.
11. Isto faz
parte da natureza das coisas e nada inventamos a respeito. Daí se segue que, na
formação dos grupos, deve-se exigir a
perfeição? Seria simplesmente absurdo, porque
exigir o impossível e, neste ponto, ninguém poderia pretender dele fazer
parte. Tendo como objetivo a melhoria dos homens, o Espiritismo não vem recrutar os que são perfeitos, mas os que se esforçam
em o ser, pondo em prática o ensino dos Espíritos. O verdadeiro espírita não
é o que alcançou a meta, mas o que deseja seriamente atingi-la. Sejam
quais forem os seus antecedentes, será bom espírita desde que reconheça suas
imperfeições e seja sincero e perseverante no propósito de emendar-se. Para ele
o Espiritismo é uma verdadeira regeneração, porque rompe com o passado; indulgente
para com os outros, como gostaria que fossem para consigo, de sua boca não
sairá nenhuma palavra malevolente nem ofensiva contra ninguém. Aquele que, numa
reunião, se afastasse das conveniências, não só provaria falta de civilidade e
de urbanidade, mas falta de caridade; aquele que se melindrasse com a contradição
e pretendesse impor a sua pessoa ou as suas ideias, daria prova de orgulho.
Ora, nem um nem outro estariam no caminho do verdadeiro Espiritismo cristão. Aquele que pensa ter uma opinião mais
justa fará que os outros a aceitem melhor pela persuasão e pela doçura;
o azedume, de sua parte, seria um péssimo negócio.
12. A simples lógica demonstra, pois, a quem
quer que conheça as leis do Espiritismo, quais os melhores elementos para a composição
dos grupos verdadeiramente sérios, e não vacilamos em dizer que são os que
exercem maior influência na propagação da doutrina. [...].
13. Acabamos de indicar a melhor
composição dos grupos. [...]. Às vezes nos deixamos
dominar pelas circunstâncias, mas é na eliminação dos obstáculos que devemos
concentrar todos os nossos cuidados. Infelizmente,
quando criamos um grupo, somos muito pouco rigorosos na escolha, porque,
antes de tudo, queremos formar um núcleo. Para nele ser admitido basta, na maioria das vezes, um simples desejo
ou uma adesão qualquer às ideias mais gerais do Espiritismo. Só mais tarde é que percebemos ter
facilitado em demasia a admissão.
14. Num grupo sempre há elementos estáveis e flutuantes.
O primeiro é composto de pessoas assíduas, que formam a base; o segundo, das
que são admitidas temporária e acidentalmente. É essencial prestar escrupulosa atenção no que respeita à composição
do elemento estável; neste caso, não se deve hesitar em sacrificar a quantidade
pela qualidade, porque é ele que dá impulso e serve de regulador. O
elemento flutuante é menos importante, porque sempre se é livre para
modificá-lo à vontade. Não se deve perder de vista que as reuniões espíritas,
como, aliás, todas as reuniões em geral,
haurem as forças de sua vitalidade na base sobre a qual se assentam; neste
particular, tudo depende do ponto de partida. Aquele que tem a intenção de organizar um grupo em
boas condições deve, antes de tudo, assegurar-se do concurso de alguns adeptos
sinceros, que levem a doutrina a sério e cujo caráter, conciliador e
benevolente, seja conhecido. Formado esse
núcleo, ainda que de três ou quatro pessoas, estabelecer-se-ão regras precisas,
seja para as admissões, seja para a realização das sessões e para a ordem dos
trabalhos, regras às quais os recém vindos terão de se conformar. Essas
regras podem sofrer modificações conforme as circunstâncias, mas há algumas que
são essenciais.
15. Sendo a unidade
de princípios um dos pontos importantes, não pode existir naqueles que, não
tendo estudado, não podem ter opinião formada. Assim, a
primeira condição a impor, caso não queiramos ser interrompidos a cada instante
por objeções ou perguntas ociosas, é o estudo prévio. A segunda é uma profissão de fé categórica
e uma adesão
formal à doutrina de O Livro dos Espíritos,
além
de outras condições especiais julgadas convenientes. Isto quanto aos membros titulares e dirigentes. Para os assistentes, que geralmente vêm para
adquirir um pouco mais de conhecimento e de convicção, pode-se ser menos
rigoroso;
todavia, como há os que poderiam causar perturbação com observações despropositadas,
é importante assegurar-se de suas disposições. Faz-se necessário, acima de tudo e sem exceção,
afastar os curiosos e quem quer que seja atraído por motivo frívolo.
16. A ordem e
a regularidade dos trabalhos são coisas igualmente essenciais. Consideramos de grande utilidade abrir
cada sessão pela leitura de algumas passagens de O Livro dos Médiuns e de
O Livro dos Espíritos. Por esse meio, ter-se-ão sempre presentes
na memória os princípios da ciência e os meios de evitar os escolhos
encontrados a cada passo na prática. Assim, a atenção será fixada sobre uma
porção de pontos, que muitas vezes escapam numa leitura particular e poderão
ensejar comentários e discussões instrutivas, das quais os próprios Espíritos
poderão participar. Não menos importante é recolher
e passar a limpo todas as comunicações obtidas, por ordem de datas, com
indicação do médium que serviu de intermediário. Esta última menção é
útil para o estudo do gênero da faculdade de cada um. Mas muitas vezes acontece
que se perde de vista estas comunicações, que assim se tornam
letra morta; isto desencoraja os Espíritos que as tinham dado, com
vistas à instrução dos assistentes. É necessário, pois, fazer uma coleta
especial das mais instrutivas e proceder à sua releitura de vez em quando. Frequentemente essas comunicações são de
interesse geral e não são dadas pelos Espíritos apenas para a instrução de
alguns ou para serem relegadas aos arquivos. Assim, é útil que, para a publicidade,
sejam levadas ao conhecimento de todos. [...].
17. [...], nossas instruções destinam-se exclusivamente
aos grupos formados de elementos sérios e homogêneos; aos que querem seguir
a rota do Espiritismo moral, visando o progresso de cada um, fim essencial e
único da doutrina; enfim, aos
que nos querem aceitar por guia e levar em conta os conselhos de nossa
experiência.
É incontestável que um grupo formado nas condições que indicamos funcionará com
regularidade, sem entraves e de maneira proveitosa. O que um grupo pode fazer,
outros também o podem. [...].
18. [...].
19. [...] tudo
isto é de execução muito simples e sem burocracia; [...] tudo depende [...] da
composição dos grupos primitivos. Se
formados de bons elementos, serão outras tantas boas raízes que darão bons
frutos. Se, ao contrário, forem formados de elementos heterogêneos e antipáticos,
de espíritas duvidosos, mais preocupados com a forma do que com o fundo, que
consideram a moral como parte acessória e secundária, há que se esperar
polêmicas irritantes, que a nada levam, pretensões pessoais, atritos de
susceptibilidades e, em consequência, conflitos precursores da desorganização.
[...].
20. Talvez digam que essas restrições
severas sejam um obstáculo à propagação. Isto é um equívoco. Não
imagineis que, abrindo a porta ao primeiro que surgisse, estaríeis fazendo mais
prosélitos; a experiência aí está para provar o contrário. Seríeis assaltados pela multidão dos
curiosos e dos indiferentes, que ali viriam como a um espetáculo. Ora, os curiosos e os indiferentes são um
estorvo, e não auxiliares. Quanto aos incrédulos, seja por sistema,
seja por orgulho, por mais que lho mostreis, não tratarão disso senão com
zombaria, porque não o compreenderão e não querem dar-se ao trabalho de
compreender. Já o dissemos, e nunca repetiríamos
em demasia: a verdadeira propagação, aquela que é útil e proveitosa, é feita
pelo ascendente moral das reuniões sérias. [...]. Sede, pois, sérios,
em toda a acepção da palavra e as pessoas sérias virão a vós: são os melhores
propagadores, porque falam com convicção e tanto pregam pelo exemplo, quanto
pela palavra.
21. [...]
22. Dissemos
no começo que diversos círculos espíritas pediram para se unir à Sociedade de Paris; utilizaram até mesmo a palavra filiar-se. A respeito
faz-se necessária uma explicação. A
Sociedade de Paris foi a primeira a ser regularizada e legalmente
constituída. Por sua posição e pela natureza de seus trabalhos, teve uma
grande parte no desenvolvimento do Espiritismo e, em nossa opinião, justifica o título de Sociedade Iniciadora,
que lhe deram certos Espíritos. Sua
influência moral se fez sentir longe e, embora restrita, numericamente falando,
tem consciência de ter feito mais pela propaganda do que se tivesse aberto
as portas ao público. Formou-se com o único objetivo de estudar e
aprofundar a ciência espírita. Para isto não necessita de um auditório
numeroso, nem de muitos membros, pois sabe muito bem que a verdadeira
propaganda é feita pela influência dos princípios; como não é movida por
nenhum interesse material, um excedente numérico ser-lhe-ia mais prejudicial do
que útil. [...] A palavra filiação seria, pois, imprópria, porque
suporia de sua parte uma espécie de supremacia material, à qual ela
absolutamente não aspira, e que teria mesmo inconvenientes. Como Sociedade
iniciadora e central, pode estabelecer com os outros grupos ou sociedades
relações puramente científicas, limitando-se aí o seu papel; não exerce nenhum controle sobre essas
sociedades, que em nada dependem dela e ficam inteiramente livres para se
constituírem como bem o entenderem, sem ter de prestar contas a ninguém, e sem
que a Sociedade de Paris tenha que se imiscuir no que for em seus negócios.
[...]
23. [...]
24. [...]. Sabe-se
que os Espíritos, não possuindo todos a soberana ciência, podem considerar
certos princípios de seu ponto de vista pessoal e, conseqüentemente, nem sempre
estarão de acordo. O melhor critério da verdade está naturalmente na concordância
dos princípios ensinados sobre diversos pontos, por Espíritos diferentes e por
meio de médiuns estranhos uns aos outros. Desse
modo foi composto O Livro dos Espíritos. Mas ainda restam muitas
questões importantes a serem resolvidas desta maneira, cuja solução terá mais
autoridade quando obtida por grande maioria. [...] Existe um grande número
de obras antigas e modernas, nas quais se encontram testemunhos mais ou menos diretos
em favor das ideias espíritas. Uma coleção desses testemunhos seria muito
preciosa, [...].
25. No estado atual das coisas está é a
única organização possível do Espiritismo. Mais tarde as circunstâncias poderão
modificá-la, mas nada dever ser feito intempestivamente; [...] Disseram,
por pura maldade, que queríamos fazer escola no Espiritismo. E por que não
teríamos esse direito? [...] Mas aos olhos de certa gente aí está o nosso erro,
pois não nos perdoam por havermos chegado primeiro que eles e, sobretudo, por
havermos triunfado. Que seja, pois, uma escola, [...]: Escola do Espiritismo Moral, Filosófico e Cristão; e
a ela convidamos todos os que têm por divisa amor e caridade. Aos que aderirem
a esta bandeira, todas as nossas simpatias; o nosso concurso jamais faltará.
Allan Kardec
Revista Espírita*. Dezembro / 1861. Organização do Espiritismo.
* (o texto reproduziu as partes que o autor compreende necessárias para o espaço e conhecimento, ficando a investigação das partes omitidas a cargo do leitor).