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sábado, 22 de maio de 2021

A VIDA NO CAMPO DE RIVAIL NO "MAISON DE MAITRE" EM SAINT-DENIS-LES-BOURG



Fonte: Imagens da internet (Google). Casas onde viveu Vitor Hugo, na França.

1ª PARTE

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Conforme narra FIGUEIREDO (Maat, 2016), o pequeno RIVAIL passou sua infância numa localidade chamada Saint-Denis-les-Bourg, que ficava no ambiente rural de Bourg-en-Bresse. Nesse lugar residiam, aproximadamente, 600 (seiscentos) moradores. Por sua importância, contava com sua própria Igreja.

No século 19 havia casas com uma arquitetura toda particular. Eram as chamadas 'Maison de Maitre'. Típicas da época, essas casas eram muito grandes. Nelas residiam advogados, médicos e outros integrantes da elite rural.

Essas casas possuíam grandes janelas na sua fachada e eram construídas com mais de um andar e a maioria possuía 03 (três). A porta central ficava diante de pequeno lance de escadas na entrada. O acesso à propriedade era feito transpondo um enorme portão de ferro forjado.

Propriedades como esta possuíam várias salas, lavanderia, estábulos para animais, pátio, jardim, área para crias e para plantios, além de vários terrenos à sua volta. Do ponto de vista do morador dessa casa era possível ver extensas pradarias amarelas, ampla planície, plantações de trigo e outros grãos, principal produto da economia local da época.

Jeane-Louise Duhamel, a Senhora Rivail, conforme publicação do Journal de l'Ain, n. 56, de 10 de maio de 1826, colocava a casa onde morava com sua mãe para alugar, descrevendo-a aos interessados.

A vila de Saint-Denis ficava no centro de um grande bosque, cortado por diversos riachos ladeados por salgueiros formando veios tortuosos por onde se podia caminhar, pisando em pedras e saltando os trechos estreitos. Muita sombra, pescaria abundante, jardins regados pelo rio Veyle e o barulho característico dos moinhos movidos pelo rio servindo às moendas de trigo. Imagine o jovem Rivail crescendo no meio dessa paisagem.

Uma pequena cidade, cheia de história, teve no famoso astrônomo francês Lalande, nativo de Bourg, um grande fomentador da cultura. Além da diversão, Rivail tinha um ambiente de extraordinária oportunidade para aprender.

O lugar, de clima difícil, muito frio em certas épocas do ano, também tinha um calor abafado característico nos demais períodos. Por vezes, a cidade era coberta por denso nevoeiro. Seus habitantes, camponeses tradicionais, eram generosos de coração, mas muito desconfiados dos que chegavam para visitas à cidade.

Entre personalidades famosas que visitaram a cidade ao longo da história vamos encontrar a nobreza, reis e imperadores. Francisco I, Henry IV, Napoleão Bonaparte, Charles X, o Duque de Orleans e Napoleão III caminharam pelas ruas de Bresse.

(Continua)

Uberaba-MG, 22 de maio de 2021.

Beto Ramos

sexta-feira, 21 de maio de 2021

A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO, DA FRANÇA E DE KARDEC, EM CERTA MEDIDA, SE CONFUDEM

   
3ª PARTE

Retomando a história da família do codificador, encontraremos sua mãe dedicando-se ao lar e seu pai assumindo funções militares como promotor militar e Juiz de Paz. Nas suas funções Jean Rivail tinha que acompanhar os destacamentos militares. Quando necessário, deveria convocar um Tribunal, onde se estabelecia formalmente a acusação aos réus no campo de guerra.

A Revolução prosseguia e acirrava-se a rivalidade entre Girondinos e Jacobinos. Nesta disputa, vencem os Jacobinos. Covardemente, começam a matar os adversários implantando a ditadura.

O pai de Jeanne, avô de Hippolyte Rivail, é preso e depois executado no dia 16/03/1794. Contava , então, com 53 anos. Seu marido, Jean-Baptiste Rivail, também é preso. Assim como o Sr. Duhamel, Rivail pai foi acusado de conspiração.

Foi condenado à morte. No entanto, evocou o decreto de 28 de Pluviôse. Por essa lei deveria ser julgado em sua terra natal. Foi mandado preso de volta a Burge-en-Bresse e solto dois meses depois (em 29/04/1794) junto aos demais inocentes.

Nessa ocasião contou-se 16 (dezesseis) mil mortes pela guilhotina em toda a França; As prisões, 500 (quinhentas) mil; Mas, após um ano de matança, o pesçoco de Robespierre é reclamado. Foi guilhotinado em 28/07/1794.

Charlotte Bochard, a Sra. Duhamel, foi autorizada pelo Estado a receber do espólio sequestrado de seu marido a soma de 600 (seiscentas) mil libras por ano; Assim, ela foi morar com seu irmão, o tio-avô de Hippolyte, François Duhamel. A casa, que também abrigava seus parentes, ficava numa pequena aldeia rural denominada Saint-Denis-les-Bourg, contígua à Bourg-en-Bresse. O lugar era lindo, havia lagos, florestas e extensas plantações.

Passado o terror, chega o inverno rigoroso trazendo junto a fome, desemprego, aumento de preços, indigência e falta de alimentos. Nessa época ascendia o jovem Napoleone Di Buonaparte, que guerreava pela França e conquistou a Itália. Luxo e cargos públicos para as ricas casas. No entanto, faltava pão ao povo.

A família Rivail recebia no ano de 1796 o primogênito Auguste Claude Joseph François; em agosto de 1799 chegava uma menina, Marie-Françoise Charlotte Eloise; irmãos do Codificador.

Nesse ano de 1799 Napoleão passou a governar por uma ditadura e foi nomeado primeiro-cônsul; A revolução era, então, encerrada. Todavia, os problemas dos subúrbios não foram solucionados.

O ano de 1804 será marcante. Jean Rivail, pai do codificador do espiritismo, é requisitado em suas funções militares. Jeanne-Louise, grávida pela terceira vez, contando com seus 30 anos de idade e precisando de cuidados médicos especiais, estava em um estabelecimento de águas minerais artificiais na cidade de Lyon, na Rua Sala, 74, à margem do rio Ródano. Era um local que atendia casos de saúde.

Aos 03/10/1804, Jeanne-Louise trazia ao mundo Hippolyte Léon Denizard Rivail, ao qual se dedicaria de corpo e alma nas próximas décadas. O batismo do menino aconteceu na cidade de Lyon.

Em 1807 Napoleão estava próximo de tornar os povos da Europa um só povo e Paris a capital do mundo. Mas, o ditador queria mais. Com um exército de 25 mil homens estacionados na Espanha, Napoleão queria invadir Lisboa e determinou que o exército continuasse a marcha. Os mapas de Napoleão estavam desatualizados. Faltavam as indicações das montanhas e de obstáculos quase instransponíveis. O pai do pequeno Rivail estava entre os homens que integravam esse exército.

Frio e chuva pioram, os equipamentos ficam presos e faltam provisões. Os soldados iam morrendo um a um. Sem qualquer resistência de Portugal, chegaram apenas 10 (dez) mil homens. Contudo, testemunharam a estratégia da Corte Portuguesa: os navios partiram levando a família real para o Brasil.

Ningúem soube o destino do pai do pequeno Rivail. Desaparecido, foi dado como morto em 1807. Seu filho contava com apenas 03 (três) anos de idade.

A brava Jeanne, sem esquecer os filhos que perdeu, dedicaria sua vida ao pequenino Rivail e investiria todo o seu amor, força e posses para educá-lo. E é assim que a história da França e do Espiritismo se entrelaçam. Sem dúvida, a mãe daquele que viria a ser o Kardec foi fundamental para edificar solidamente sua personalidade. Mas, esta é outra história.


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Uberaba-MG, 25 de maio de 2021.

Beto Ramos.

segunda-feira, 17 de maio de 2021

A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO, DA FRANÇA E DE KARDEC, EM CERTA MEDIDA, SE CONFUDEM

2ª PARTE

A origem da cidade de Bourg-en-Bresse é Celta. Foi uma das cidadelas mais fortes da Idade Média, tanto pelo relevo quanto militar.

A família Duhamel residia no prédio onde Benôit exercia a função de "préfet". Era uma mansão de fachada alta, arquitetura simples, grande sala de estar, escritórios e amplos jardins. Lá também ficavam os arquivos municipais.

Jean Rivail, esposo de Jeanne, e Benôit, seu pai, eram federalistas e Girondinos, os quais votavam em Paris. Vamos percebendo que os pais e os avós maternos do futuro codificador do Espiritismo eram personalidades importantes na política francesa, como também, tinham posses. Pode-se afirmar que seus familires faziam parte da nobreza da época.

O pai de Jeanne, mãe de Rivail, teve importante papel na Revolução Francesa, pois defendia os valores democráticos, a difusão dos princípios constitucionais e o esclarecimento da população.

Para os Girondinos a Revolução era a oportunidade de regenerar a sociedade pela educação. Suas propostas eram de longo prazo. Teorias muito bem estabelecidas, sendo Mesmer, inclusive, um dos seus pensadores, propunham cidadãos autônomos com a capacidade de avaliar e corrigir as leis. Todo esse processo se daria pela educação e a melhora gradativa: a cada geração; no fim seria uma sociedade mais justa.

É possível antever na França revolucionária os precursores do pensamento Espírita, isto é, da Teoria Espírista da Moral autônoma e do livre-arbítrio, tendo a aquisição do conhecimento como sua pedra angular.

Entre os Giorondinos havia vários discípulos de Mesmer, os quais divulgavam sua ciência por toda a França. Para seus adeptos, contrários à Medicina oficial da época (com procedimentos da idade média), as doenças eram provenientes de um desequilíbrio do organismo por causas físicas e morais.

Mesmer considerava saúde a completa ordem de todas as funções do organismo; a doença, portanto, era a desarmonia. Para combate-la e devolver a harmonia ao corpo deveria-se usar todos os recursos, tais como: alimentação, hábitos, estado emocional e o esforço da ação do médico pelos passes. Desta forma, quem retoma a harmonia é o próprio organismo do paciente com seus mecanismos naturais de recuperação.

A ideia central é que o Universo é responsável pelo equilíbrio das Leis Naturais, pela saúde e pelo mundo moral; O que o pensamento de Mesmer tem a ver com a política? Veja:

"A excessiva desigualdade (de riquezas, força e poder) contribui para a desarmonia coletiva". Ele estava falando das desigualdades sociais. Dai, o fato de ser um dos importantes teóricos do processo de mudança preconizado pelos Girondinos. É que no centro de sua teoria está que toda desigualdade somente pode ser modificada por meio da educação.

Contudo, nenhuma dessas ideias interessavam aos tiranos liderados por Robespierre, o qual implantou o terror por menos de uma ano; sua "lógica" e esforço resumia-se em eliminar os inimigos.

(Continua...)

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Uberaba-MG, 17 de maio de 2021.

Beto Ramos.

DESTAQUE DA SEMANA

A DOUTRINA DOS ESPÍRITOS NÃO É ASSUNTO QUE SE ESGOTA EM UMA PALESTRA

  EM SUAS VIAGENS KARDEC MINISTRAVA ENSINOS COMPLEMENTARES AOS QUE JÁ POSSUIAM CONHECIMENTO E ESTUDO PRÉVIO. Visitando a cidade Rochefort, n...