DIFERENTES ESTADOS DA ALMA NA ERRATICIDADE
"Allan Kardec e as Cidades Espirituais"
Para escrever sobre esse tema, uma visita a O Livro dos Espíritos torna-se importante.
No Livro 4º, capítulo II, tratando de PENAS E GOZOS FUTUROS, na questão 961, o Codificador questiona acerca do sentimento que domina a maioria dos homens, a dúvida, o medo
ou a esperança. Sua referência diz respeito ao que é reservado a todos após a morte. A resposta é: "a dúvida para os
céticos endurecidos; o medo para os culpados; a esperança para os homens de
bem".
Allan Kardec, comentando a questão 962, disse: “A consequência da vida futura se traduz na
responsabilidade dos nossos atos. A razão e a justiça nos dizem que, na
distribuição da felicidade a que todos os homens aspiram, os bons e os maus não
poderiam ser confundidos. Deus não pode querer que uns gozem dos bens sem
trabalho e outros só alcancem com esforço e perseverança. A ideia que Deus nos dá de sua justiça e de sua bondade, pela sabedoria
de suas leis, não nos permite crer que o justo e o mau estejam aos seus
olhos no mesmo plano, nem duvidar de que não recebam, algum dia,
uma recompensa e outro e o castigo, pelo bem e pelo mal que tiverem feito".
Alguns, para refutarem a notícia da existência de cidades espirituais socorrem-se a questões existentes neste capítulo e sua sequência. Todavia, exploram as respostas como o faziam aqueles que liam a Bíblia com o desejo de dominar seus semelhantes. Ou, o que é pior, para fazer valer a doença do ponto de vista, tão rebatido por Kardec como nos indica ao explicar o que seria a Revista Espírita criada no ano de 1958.
Contudo, é necessário "lutar no campo do adversário". E é assim que procedemos. Na questão 972, explica-se o procedimento dos maus espíritos para tentar outros espíritos. E a consequente resposta: "se as paixões não
existem MATERIALMENTE, existem, entretanto, NO PENSAMENTO DOS ESPÍRITOS
ATRASADOS. Os maus entretêm esses
pensamentos, arrastando suas vítimas aos lugares onde deparam com essas paixões
e com tudo o que as possam excitar". Concluiremos com Kardec e os Espíritos Superiores que O PENSAMENTO É TUDO!
O Professor de Lyon então pergunta (questão 972-a), mas
para que servem essas paixões, se lhes falta objeto real? - Assim é,
precisamente, para o seu suplício: O
AVARENTO VÊ O OURO QUE NÃO PODE POSSUIR; O DEVASSO, AS ORGIAS DE QUE NÃO PODE
PARTICIPAR; O ORGULHOSO, AS HONRAS QUE INVEJA E DE QUE NÃO PODE GOZAR.
Para nós é uma visão mental, pois, o pensamento é tudo. Notemos que o tema alude a Espíritos desencarnados. Imaginemos! Se estão vendo, vêem onde?
O importante, todavia, é deixar a palavra para Allan Kardec que leciona: “[...] A razão mais esclarecida nos ensina
que a alma é um ser inteiramente espiritual e por isso mesmo não pode ser
afetada pelas impressões que não agem fora da matéria. Mas disso não se segue que esteja livre de sofrimentos, nem que não seja
punida pelas suas faltas”.
Allan Kardec está dizendo que é preciso perder os laços que prendem à matéria para que o ser torne-se inteiramente espiritual, uma vez que nossas faltas decorrem das imperfeições ligadas à matéria.
Ora, se na questão 972 foi explicado que um Espírito desencarnado arrasta o encarnado para satisfazer desejos materiais, como acontece, então, o processo? Na questão 980 compreende-se que há um laço de
simpatia que UNE os Espíritos da MESMA ORDEM. Espíritos formam no mundo INTEIRAMENTE ESPIRITUAL as famílias do mesmo sentimento. COMO OCORRE ENTRE OS SERES HUMANOS O AGRUPAMENTO EM CATEGORIAS. (famílias, no sentido de comunidades, coletividade de espíritos, etc.).
Porém, Allan Kardec, como sempre, lúcido, faz um comentário sobre a
questão 997 onde diz: “Não se deve
esquecer que após a morte do corpo O ESPÍRITO NÃO É SUBITAMENTE TRANSFORMADO. Se
sua vida foi repreensível é que ele era imperfeito. ORA, A MORTE NÃO O TORNA
IMEDIATAMENTE PERFEITO. Ele pode
persistir nos seus erros, nas suas falsas opiniões, em seus preconceitos ATÉ
QUE SEJA ESCLARECIDO PELO ESTUDO, PELA REFLEXÃO E PELO SOFRIMENTO".
Segundo o Codificador, temos os Espíritos que se reúnem em famílias espirituais e já estão mais adiantados, mas, existem outros que não estão adiantados. É nesse sentido que o Professor Rivail irá discorrer sobre a DURAÇÃO DAS PENAS
FUTURAS, sofrimentos submetidos às LEIS QUE REGEM O UNIVERSO E REVELAM A SABEDORIA E A BONDADE DE DEUS.
Aprendemos com o Apóstolo Paulo em magnífico texto em O Livro dos Espíritos
que: “gravitar
para a unidade divina, esse é o objetivo da Humanidade”. Em nosso entendimento o Apóstolo afirma que evoluir é retornar ao Criador e gozar da dádiva de com Ele ser Um,
não no sentido de desaparecimento,
mas, no de INTEGRAÇÃO, compartilhar da mesma natureza em bondade e justiça.
No capítulo mencionado, não encontramos outro desejo do Codificador que não seja REFUTAR os dogmas e as crenças existentes sobre a existência de PARAÍSO, INFERNO,
PURGATÓRIO. PARAÍSO PERDIDO E PECADO ORIGINAL.
Quando o Codificador mencionar LUGAR DEFINIDO NO ESPAÇO será para ESSA FINALIDADE. Apesar de ser claro esse interesse, vamos explicar: o codificador está questionando os Espírito se há um paraíso de delícias ou uma prisão para os Espíritos.
Como afirmamos no início, aquele que tem ideia fixa, acrisolado num pensamento desprovido do arejamento necessário à pesquisa, DESVIA o tema tratado e usa a questão 1011 de O Livro dos Espíritos para refutar existência de cidades espirituais. Mas, esse era o assunto? Não parece ser "fuga de tema", como quando pedimos ao estudante para escrever sobre um assunto e ao discorrer sobre o mesmo ele simplesmente fala de outra coisa?
Refletindo com Kardec
O tema tratado não se refere a CIDADES ESPIRITUAIS, mas, nenhuma das respostas dos Espíritos refutam a existência das mesmas. A questão feita é: "um lugar
circunscrito no Universo ESTÁ DESTINADO ÀS PENAS E AOS GOZOS DOS ESPÍRITOS, de
acordo com os seus méritos?
Dizem os Espíritos Superiores: "já respondemos a essa
pergunta. As penas e os gozos são inerentes ao grau de perfeição do Espírito.
Cada um traz em si mesmo o princípio da sua própria felicidade ou infelicidade.
E como eles estão por toda parte, NENHUM
LUGAR CIRCUNSCRITO OU FECHADO SE DESTINA A UNS OU A OUTROS. Quanto aos
Espíritos encarnados, são mais ou menos felizes ou infelizes segundo o grau de
evolução do mundo que habitam".
Ora, se a resposta fosse outra teríamos que desconfiar desses espíritos, pois, repete-se o ensinamento do Cristo que diz: "o espírito sobre onde quer, você não sabe de onde vem e nem pra onde vai". Disso, todavia, não decorre a inexistência de Cidades Espirituais, pois, é o mesmo Jesus quem diz: "e seu Eu for e preparar um lugar para vós, venho novamente, e vos tomarei para mim mesmo, a fim de que onde eu estiver, vós estejais também" (Jo 14:3).
Voltando a Kardec e a O Livro dos Espíritos:
1. O assunto é: PENAS E GOZOS FUTUROS.
2. A pergunta é: LUGAR PARA CUMPRIR PENAS E PARA SATISFAZER-SE DE UMA ATIVIDADE FÍSICA, MORAL OU INTELECTUAL.
3. A resposta é: NÃO! Os Espíritos estão por TODA PARTE, portanto, AS PENAS E A FELICIDADE poderão ser cumpridas ou gozadas EM QUALQUER LUGAR.
4. Conclui-se que: NÃO HÁ LUGAR LIMITADO POR LINHA OU SUPERFÍCIE, CUJOS LIMITES MATERIAIS FORAM BEM TRAÇADOS para cumprir penas futuras ou gozar de felicidade.
A CONCLUSÃO DE KARDEC é que Inferno e Paraíso não existem COMO os homens os representam.
Os Espíritos Codificadores concordam e respondem: "não são mais do que
figuras: OS ESPÍRITOS FELIZES E
INFELIZES ESTÃO POR TODA PARTE. ENTRETANTO, COMO JÁ O DISSEMOS TAMBÉM, OS
ESPÍRITOS DA MESMA ORDEM SE REÚNEM POR SIMPATIA. Mas podem se reunir-se
onde quiserem quando perfeitos.
Parece que os Espíritos estão falando novamente sobre os Espíritos se reunirem em algum lugar não é mesmo? E mais, que isso ocorre por simpatia (tanto para os bons quanto para os maus).
Na questão 1012 Kardec pergunta sobre "o que se
deve entender por Purgatório"? A resposta é: "dores físicas e
morais: é o tempo da expiação". Uma parte bem interessante da resposta, REFUTANDO A EXISTÊNCIA DE PURGATÓRIO, QUE FOI CRIADO POR OUTRAS DOUTRINAS se segue: "é QUASE
SEMPRE NA TERRA que fazeis vosso purgatório e que Deus vos faz expirar as
vossas faltas".
Ora, se é "quase sempre na Terra", NEM SEMPRE É NA TERRA. Então, onde seria?
Para nós outros, está claro que o assunto tratado por Kardec refere-se aos dogmas criados e "vendidos" como verdades, adulterando o próprio Evangelho de Jesus. Não há referência a cidades espirituais, como também não há nenhuma refutação das mesmas (ao menos neste capítulo). As respostas dadas pelos Espíritos não deixam dúvidas quanto:
a) Espíritos felizes e infelizes estão por toda parte;
b) Os da mesma ordem se reúnem por simpatia;
c) Não há um lugar TRAÇADO POR DEUS para que eles ocupem (livre arbítrio para o ir e vir);
d) Os Espíritos podem ESCOLHER O LUGAR onde vão ocupar na erraticidade;
No entanto, essa ausência de circunscrição não é absoluta, pois, o inferior somente alcança o superior se for de interesse da Obra Divina.
Passemos, agora, a análise da VIDA ESPÍRITA. É na questão 191, que trata da simpatia geral determinada pelas semelhanças, onde se questiona sobre a existência de afeições particulares entre os
Espíritos. A resposta é positiva e o Espíritos Superiores a comparam com a mesma existente entre os encarnados. Esclarecem, por outro lado que entre os Espíritos O LIAME QUE OS UNE É MAIS FORTE NA AUSÊNCIA DO CORPO, PORQUE NÃO ESTÃO MAIS EXPOSTOS ÀS VICISSITUDES DAS PAIXÕES.
Esta resposta poderá suscitar dúvidas. De pronto buscamos subsídio na questão 260. Nela o Codificador pergunta como o Espírito pode querer nascer entre gente de má vida, e os Espíritos respondem "é necessário ser enviado ao meio em que possa sofrer a prova pedida. Pois bem: O SEMELHANTE ATRAI O SEMELHANTE, [...]".
Na questão 459 sobre a influência dos Espíritos sobre os nossos pensamentos e ações, a resposta é que sua
influência é maior do que supomos, porque muito frequentemente são eles que
nos dirigem. Na questão 466 perquire-se o por que da permissão de Deus aos Espíritos nos incitarem ao mal. A resposta revela que "QUANDO
MÁS INFLUÊNCIAS AGEM SOBRE TI, ÉS TU QUE AS CHAMAS PELO DESEJO DO MAL, PORQUE
OS ESPÍRITOS INFERIORES VEM EM TEU AUXÍLIO NO MAL, QUANDO O TENS A VONTADE DE O
COMETER; Eles não podem ajudar-te no mal, senão quando tu o desejas o mal".
Aqui, a comprovação do que já fora observado acima sobre SINTONIA E PREFERÊNCIA, da influência de nossos pensamentos e da Simpatia ou Antipatia que nutrimos uns pelos outros. Trata-se de uma relação de reciprocidade. Os assuntos todos referem-se a Espíritos na Erraticidade.
Recordemos o que é Espírito (questão 76). Revelam os Espíritos: "[...] são os seres inteligentes da criação. ELES POVOAM O UNIVERSO, ALÉM DO
MUNDO MATERIAL". Não se esqueça que a Cidade é Espiritual, isto é, além do mundo material.
Buscando estudar a obra como um grande edifício, percebemos uma importante questão efetuada e que é muito importante para a questão investigada. Na questão 84 Allan Kardec perguntou: "os Espíritos
constituem UM MUNDO À PARTE, ALÉM DAQUELE QUE VEMOS"? Os Espíritos responderam: "SIM, O MUNDO DOS
ESPÍRITOS OU DAS INTELIGÊNCIAS INCORPÓREAS". Estranho pensar que esse mundo mais importante, preexistente e que sobrevive a tudo não esteja em lugar nenhum como querem os confrades que refutam as cidades espirituais.
Voltemos à questão dos limites, da LOCALIDADE ocupada pelos Espíritos, pois, aqui também o Codificador questionou os Espíritos - Questão 86: "OS ESPÍRITOS
OCUPAM UMA REGIÃO CIRCUNSCRITA E DETERMINADA NO ESPAÇO"? Resposta: OS ESPÍRITOS ESTÃO
POR TODA PARTE; Povoam ao infinito os
espaços infinitos, sendo que:
1. Há os que estão ao vosso lado, observando-vos e atuando
sobre vós, sem o saberdes.
2. Os Espíritos são forças da Natureza e os INSTRUMENTOS de
que Deus se serve para o cumprimento de seus desígnios providenciais.
3. MAS, NEM TODOS VÃO A TODA PARTE, PORQUE HÁ REGIÕES
INTERDITADAS AOS MENOS AVANÇADOS.
Vemos que o ir e vir dos Espíritos é relativizado, porquanto há regiões interditadas aos menos avançados. Uma força moral os impedem de avançar até aqueles locais onde estão os Espíritos Puros, por exemplo, senão vejamos:
Sabemos que os Espíritos podem cruzar os espaços rápidos como o
pensamento, observando a distância ou fazendo-a desaparecer por completo. ISSO, porém, DEPENDE DA SUA VONTADE, mas, também da SUA NATUREZA, SE MAIS OU MENOS DEPURADA. O mesmo ocorre com a
possibilidade de penetrar o ar, a terra, as águas e o fogo. Tudo DEPENDE DO
GRAU DE PUREZA DE CADA UM.
Não sendo os Espíritos todos iguais, conforme a questão 96, aprendemos que entre eles há hierarquia, pois, são de diferentes ordens, SEGUNDO O GRAU DE PERFEIÇÃO A QUE TENHAM CHEGADO. Não há um número determinado de ordens de Espíritos, porém, é
possível os classificar em três ordens distintas, onde na primeira se encontram
os que já chegaram à perfeição, na segunda os que estão desejosos do bem e com
ele se preocupam e, na terceira, estão os imperfeitos, ignorantes, que desejam
o mal e são arrastados pelas más paixões que lhes retardam o desenvolvimento.
Abaixo estão algumas questões de interesse à nossa reflexão (temos que estudá-las):
Questão 186 – Há mundos
em que o Espírito, deixando de viver num corpo material, só tem por envoltório
o perispírito? Sim, e esse
envoltório torna-se de tal maneira etéreo, que para vós é como se não
existisse; eis então o estado dos Espíritos puros.
Questão 223 – A alma se
reencarna imediatamente após a separação do corpo? Às vezes,
imediatamente, mas na maioria das vezes
depois de intervalos mais ou menos longos.
Questão 224 – O que é a
alma, NOS INTERVALOS DA ENCARNAÇÕES? ESPÍRITO ERRANTE (que
aspira a um novo destino E O ESPERA).
Pensamos que se fosse chamado de Espíritos Esperantes as pessoas ERRARIAM menos quando usam essa definição. Pois, na verdade, ERRANTES são, também, aqueles que não entenderam o que as expressão quer dizer.
Lembramos que esse intervalo poderá ser de horas ou alguns milhares de
séculos. Não existe limite. Pode ser prolongado, mas, nunca perpétuo. Há
oportunidade para o Espírito recomeçar uma existência que lhe sirva no progresso.
O intervalo pode ser consequência do livre-arbítrio ou decorrer de uma expiação
(determinada por Deus).
No estado de Espírito Errante, onde o desencarnado aguarda nova oportunidade para retornar à uma existência corpórea, esses mesmos Espíritos podem
prolongar o tempo entre uma encarnação e outra para fins de PROSSEGUIR ESTUDOS
QUE NÃO PODEM SER FEITOS COM PROVEITO A NÃO SER NO ESTADO DE ESPÍRITO.
Questão 227 – De que
maneira se instruem os Espíritos errantes, pois certamente não o fazem da mesma
maneira que nós? Estudam o seu passado
e procuram o meio de se elevarem. Veem e observam o que se passa nos lugares
que percorrem; escutam os discursos dos homens esclarecidos e os conselhos dos
Espíritos mais elevados que eles, e isso lhes proporcionam ideias que não
possuíam.
Questão 232 – No estado errante, os Espíritos podem
ir a todos os mundos? [..] Quando o
Espírito deixou o corpo, AINDA NÃO ESTÁ COMPLETAMENTE DESLIGADO DA MATÉRIA E
PERTENCE AO MUNDO EM QUE VIVEU OU A UM MUNDO DO MESMO GRAU; [..].
Questão 234 – Existem
[..] mundos que servem de estações ou de lugares de repouso aos Espíritos
errantes? SIM, há mundos particularmente destinados aos seres
errantes, mundos que eles podem habitar temporariamente, ESPÉCIE DE
ACAMPAMENTOS, de lugares em que possam REPOUSAR DE ERRATICIDADE MUITO LONGAS,
que são sempre um pouco penosas. São posições intermediárias entre os outros mundos, graduados de acordo com a NATUREZA DOS ESPÍRITOS QUE PODEM
ATINGÍ-LOS, E QUE NELES GOZAM DE MAIOR OU MENOR BEM-ESTAR.
Ora, essa resposta faz alusão à possibilidade, segundo méritos próprios, de os Espíritos ainda na Erraticidade, visitarem locais para refazimento de longas esperas, onde, não havendo penas eternar, como não havendo felicidades eternas, devem estar em atividade. Aliás, Jesus ensinou que: "Meu Pai Trabalha, Eu também Trabalho". Nesses mundos transitórios os Espíritos podem deixa-los
para seguir seu destino (evoluir – reencarnar). Durante tais estadias os
Espíritos se reúnem com o propósito de se instruírem e CONSEGUIR mais
facilmente obter a permissão de ir a lugares melhores.
Questão 237 – A alma,
uma vez no mundo dos Espíritos, tem ainda as percepções que tinha nesta vida? SIM, E OUTRAS QUE NÃO
POSSUÍA, PORQUE O SEU CORPO ERA COMO UM VÉU QUE A OBSCURECIA.
Quanto ao
conhecimento os Espíritos inferiores não sabem mais do que os homens, mas, ainda sobre a questão da existência de cidades espirituais, vejamos o que dizer da resposta longa dada pelos Espíritos Superiores à
questão 402 de O Livro dos Espíritos da qual extraímos a afirmativa a seguir:
“[...] O sono liberta
parcialmente a alma do corpo. Quando o homem dorme, momentaneamente se encontra
no estado em que estará de maneira permanente após a morte. Os Espíritos que logo se desprendem da
matéria, ao morrerem, tiveram sonhos inteligentes. ESSES ESPÍRITOS, QUANDO
DORMEM, PROCURAM A SOCIEDADE DOS QUE LHES SÃO SUPERIORES: VIAJAM, CONVERSAM E
SE INSTRUEM COM ELES; TRABALHAM MESMO EM OBRAS QUE ENCONTRAM CONCLUÍDAS AO
MORRER”.
Ora, além de buscar a sociedade dos que lhe são superiores, vemos, também, que os Espíritos encarnados, no período que se libertam da matéria, reúnem-se em assembleias, como respondido na questão 417, cuja resposta é a seguinte: "SEM NENHUMA DÚVIDA.
OS LAÇOS DE AMIZADE, ANTIGOS OU NOVOS, REÚNEM ASSIM, FREQUENTEMENTE, DIVERSOS
ESPÍRITOS QUE SE SENTEM FELIZES DE SE ENCONTRAR".
Mas, é importante NÃO ESQUECER QUE ACIMA FOI AFIRMADO PELOS ESPÍRITOS QUE TRABALHAMOS EM OBRAS (sejam elas, intelectuais ou não).
Finalmente, em O EVANGELHO SEGUNDO O
ESPIRITISMO, onde o Codificador cita o Evangelista João, há um título
muito interessante que deve ser lido em consonância com o Livro dos Espíritos. Nele o Codificador explica sobre erraticidade. Sob o título: DIFERENTES ESTADOS DA ALMA NA
ERRATICIDADE, vemos que, estando o ESPÍRITO DESENCARNADO E AGUARDANDO NOVA
OPORTUNIDADE DE OCUPAR UM VASO FÍSICO, a Misericórdia Divina cumpre a promessa
do Cristo, ofertando moradas pelo Universo sem fim, a Casa do Pai, como nos
esclarece Allan Kardec.
Disse-nos Jesus: “Não se
turbe o vosso coração. Crede em Deus, crede também em mim. – Há muitas moradas
na casa de meu pai. Se assim não fosse, eu vo-lo teria dito; pois vou
preparar-vos o lugar. E depois que eu me for, e vos aparelhar o lugar, virei
outra vez e tomar-vos-ei para mim, para que lá onde estiver, estejais vós
também”. (João, XIV, 1/3).
Há confrades chamando Jesus de mentiroso, ou, que é muito pior, não acreditam em Jesus, pois, DUVIDAM QUE O ESPIRITISMO É CRISTÃO. Afirmamos o contrário. A missão do Espiritismo é reavivar o sentimento que nutria os corações dos cristãos do primeiro século até que a doutrina fosse deturpada a partir do Concílio de Nicéia (ano 325, d.C) e o Imperador Constantino.
Não podemos nos comparar em sentimento e muito menos conhecimento (inteligência) daqueles cristãos. É importante lembrar que os 12 escolhidos conviveram com o Governador Espiritual do Orbe e entre os continuadores tivemos Lucas e Paulo (cujas culturas, inteligência, compreensão do divino e envergadura moral estamos longe de conhecer).
Voltemos sobre o tema do Evangelho devolvendo a palavra ao Professor Allan Kardec que explica:
“Independentemente da diversidade de mundos, essas palavras também podem ser interpretadas pelo estado
feliz ou infeliz dos Espíritos na erraticidade. CONFORME FOR ELE MAIS OU MENOS
PURO E LIBERTO DAS ATRAÇÕES MATERIAIS, O MEIO EM QUE ESTIVER, O ASPECTO DAS
COISAS, AS SENSAÇÕES QUE EXPERIMENTAR, AS PAERCEPÇÕES QUE POSSUIR, TUDO ISSO VARIA AO INFINITO”.
Prossegue o Codificador:
“Enquanto
uns, por exemplo, NÃO PODEM AFASTAR-SE DO MEIO EM QUE VIERAM, outros se elevam
e percorrem o espaço e os mundos. ENQUANTO CERTOS ESPÍRITOS CULPADOS ERRAM NAS
TREVAS, os felizes gozam de uma luz resplandecente e do sublime espetáculo do
infinito. ENQUANTO, ENFIM, O MALVADO, CHEIO DE REMORSOS E PESARES,
FREQUENTEMENTE SÓ, SEM CONSOLAÇÕES,
SEPARADOS DOS OBJETOS DE SUA AFEIÇÃO, GEME SOB A OPRESSÃO DOS SOFRIMENTOS
MORAIS, o justo, junto aos que ama, goza de indizível felicidade. ESSAS TAMBÉM,
SÃO PORTANTO, DIFERENTES MORADAS, EMBORA NÃO LOCALIZADAS NEM CIRCUNSCRITAS”.
Lembramos aos estudiosos sérios que todas essas localidades que circunscrevem muitos de nossos amados irmãos que se encontram na erraticidade são muito bem descritas e retratadas em obras sérias. Todavia, alguns preferem o véu da incredulidade. Como se isso fosse modificar alguma Lei Divina ou atenuar as faltas. Carecemos de REFORMA ÍNTIMA, isto é, DESTRUIR TODO O MAL QUE HÁ EM NÓS. Na reforma "a treva não retém a luz".
Conclusão:
Será que o Codificador estava falando de mundos transitórios,
no sentido lato da expressão, pois, não estão localizados e nem circunscritos? Mas, avançando com a fé raciocinada pensamos que se trata de MUNDOS CRIADOS PELO PENSAMENTO COLETIVO
ONDE VIGE A SINTONIA E A PREFERÊNCIA COMUM.
É importante refletir sobre o que Allan Kardec, nesse texto de introdução ao Capítulo III – Há
Muitas Moradas na Casa de Meu Pai, nos reportou. Por vezes um pouco de
meditação séria é como caldo de galinha. O Espiritismo não é só para ser lido,
é, também, para ser estudado, mas, todo conhecimento torna-se sabedoria quando
MEDITADO SERIAMENTE.
Ficamos com Kardec, pois, há muitas moradas na casa de meu Pai e Ele não seria misericordioso se não permitisse aos Espíritos se reunirem em locais onde ainda experimentariam situações das quais não se desvencilharam (desmaterializaram). E, só para lembrar, como encarnados usamos cimento, como Espíritos, O PENSAMENTO, afinal para os Espíritos o pensamento é tudo.
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. São Paulo: LAKE, 2013.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. São Paulo: LAKE, 2013.