Seguidores

Pesquisar este blog

segunda-feira, 17 de maio de 2021

A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO, DA FRANÇA E DE KARDEC, EM CERTA MEDIDA, SE CONFUDEM

2ª PARTE

A origem da cidade de Bourg-en-Bresse é Celta. Foi uma das cidadelas mais fortes da Idade Média, tanto pelo relevo quanto militar.

A família Duhamel residia no prédio onde Benôit exercia a função de "préfet". Era uma mansão de fachada alta, arquitetura simples, grande sala de estar, escritórios e amplos jardins. Lá também ficavam os arquivos municipais.

Jean Rivail, esposo de Jeanne, e Benôit, seu pai, eram federalistas e Girondinos, os quais votavam em Paris. Vamos percebendo que os pais e os avós maternos do futuro codificador do Espiritismo eram personalidades importantes na política francesa, como também, tinham posses. Pode-se afirmar que seus familires faziam parte da nobreza da época.

O pai de Jeanne, mãe de Rivail, teve importante papel na Revolução Francesa, pois defendia os valores democráticos, a difusão dos princípios constitucionais e o esclarecimento da população.

Para os Girondinos a Revolução era a oportunidade de regenerar a sociedade pela educação. Suas propostas eram de longo prazo. Teorias muito bem estabelecidas, sendo Mesmer, inclusive, um dos seus pensadores, propunham cidadãos autônomos com a capacidade de avaliar e corrigir as leis. Todo esse processo se daria pela educação e a melhora gradativa: a cada geração; no fim seria uma sociedade mais justa.

É possível antever na França revolucionária os precursores do pensamento Espírita, isto é, da Teoria Espírista da Moral autônoma e do livre-arbítrio, tendo a aquisição do conhecimento como sua pedra angular.

Entre os Giorondinos havia vários discípulos de Mesmer, os quais divulgavam sua ciência por toda a França. Para seus adeptos, contrários à Medicina oficial da época (com procedimentos da idade média), as doenças eram provenientes de um desequilíbrio do organismo por causas físicas e morais.

Mesmer considerava saúde a completa ordem de todas as funções do organismo; a doença, portanto, era a desarmonia. Para combate-la e devolver a harmonia ao corpo deveria-se usar todos os recursos, tais como: alimentação, hábitos, estado emocional e o esforço da ação do médico pelos passes. Desta forma, quem retoma a harmonia é o próprio organismo do paciente com seus mecanismos naturais de recuperação.

A ideia central é que o Universo é responsável pelo equilíbrio das Leis Naturais, pela saúde e pelo mundo moral; O que o pensamento de Mesmer tem a ver com a política? Veja:

"A excessiva desigualdade (de riquezas, força e poder) contribui para a desarmonia coletiva". Ele estava falando das desigualdades sociais. Dai, o fato de ser um dos importantes teóricos do processo de mudança preconizado pelos Girondinos. É que no centro de sua teoria está que toda desigualdade somente pode ser modificada por meio da educação.

Contudo, nenhuma dessas ideias interessavam aos tiranos liderados por Robespierre, o qual implantou o terror por menos de uma ano; sua "lógica" e esforço resumia-se em eliminar os inimigos.

(Continua...)

CLIQUE AQUI PARA A 1ª PARTE ou CLIQUE AQUI PARA A 3ª PARTE

Uberaba-MG, 17 de maio de 2021.

Beto Ramos.

sábado, 15 de maio de 2021

A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO, DA FRANÇA E DE KARDEC, EM CERTA MEDIDA, SE CONFUDEM

  

1ª PARTE

CLIQUE AQUI PARA A 2ª PARTE ou CLIQUE AQUI PARA A 3ª PARTE

Allan Kardec é um pseudônimo, isto é, um nome escolhido pelo codificador do Espiritismo para assinar as obras que foram editadas a partir do ensino dos Espíritos. Rivail, seu verdadeiro nome, teve na educação a obra de sua vida; todos os instantes dela foram empregados a meditar sobre isto; sua felicidade estava em encontrar novos métodos ou descobrir novas verdades, meios, portanto, para edificar sua obra.

Desde o primeiro Luís, na França, até o o décimo-sexto, foram mil anos de reinado (FIGUEIREDO, MAAT, 2016). A revolução francesa, iniciada em 1789, proclama a república em 1792. Robespierre, com sua sanha sanguinária, junto dos Jacobinos, pediram a cabeça do rei sem julgamento.

Os Girondinos, outro grupo, formado por notáveis e legalistas que fizeram a revolução, acreditavam nas ideias de liberdade. Seu lema era lutar para mudar a lei e não fazer justiça fora dela e, assim, respeitar as boas leis. Além disso, esse partido francês acreditava na educação e na igualdade de oportunidades para todos como instrumento de reforma social.

Em meio à sede de sangue pela cabeça do rei, Thomas Paine (VINCENT, 1989) afirmou que o rei não merecia a morte. O seu argumento era que a monarquia, como sistema, devia ser o foco do julgamento. Acaso o rei tivesse nascido fora dela, recebesse educação advinda de pessoas estimáveis e vivesse ao redor de vizinhança amável, não teria sido um homem mau.

Jacobinos e Girondinos se enfrentavam. O ódio crescia e a febre revolucionária contagiava a todos. A guilhotina, por sua vez, ceifava dezenas de milhares de vidas. Bem próximo, a vida continuava como se nada estivesse ocorrendo.


A população francesa, preocupada em não morrer de fome, pouco entendia acerca das novais leis vindas de Paris. O casamento, por exemplo, que precisava da bênção da igreja, por um decreto tinha essa realidade modificada. Bastava um aviso no edifício da Câmara com o anúncio do enlace matrimonial e a apresentação do casal perante a autoridade municipal que tudo estava resolvido.

Chegamos, então, ao dia 05.02.1793. Aos 19 anos, a senhorita Jeanne-Louise Duhamel experimentava a alegria do dia de seu casamento. O Pai da noiva, senhor Benôit Marie Duhamel, um advogado e revolucionário exercia um encargo público, comparável hoje a um governador.

O Estado francês, no ano de 1790, possuia 89 unidades administrativas, as denominadas comunas, que eram administradas por conselhos municipais (ou geral), eleitos a cada seis anos. O Departamento governado por Benôit era Ain, cuja capital era Bourg-en-Bresse. As atividades do governador, entre outras, era promover reuniões com militares e políticos, além de discursar ao povo. O pai de Jeanne, portanto, viajava muito.

Charlotte Bochard era a mãe da noiva e quem organizava o casamento que receberia convidados importantes, entre os quais generais de brigada e dirigentes revolucionários. A família da noiva vivia em Ain, no Ródano - Alpes e chegaram ali fugindo dos ataques católicos em 1717, vindos da baixa Normandia. Eram os chamados huguenotes.

O feliz noivo era um senhor de 34 anos, Jean-Baptiste Antoine Rivail. Trabalhava em causas judiciárias. No ano de 1793 foi nomeado pelo conselho executivo do comitê de salvação pública como Promotor Militar e Juiz de Paz. Seus pais eram falecidos.

Após o casamento, o casal passaria a residir a 180 quilômetros distantes de Ain, em Belley.

(Continua...)

CLIQUE AQUI PARA A 2ª PARTE ou CLIQUE AQUI PARA A 3ª PARTE

Uberaba-MG, 15 de maio de 2021.

Beto Ramos.

segunda-feira, 10 de maio de 2021

OBRAS PÓSTUMAS É UM LIVRO FUNDAMENTAL DO ESPIRITISMO?


Em 1890 os "sucessores" de Allan Kardec na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas publicaram um livro denominado Obras Póstumas. Segundo Herculano Pires, essa obra foi publicada 22 anos depois da última obra de Kardec - A Gênese, com a qual ele encerrou a Codificação. 

Nem todos os textos, como é possível observar, são inéditos. A maioria já havia sido publicada na Revista Espírita de 1869, após o desencarne de Kardec. Herculano Pires, inclusive, reclamou que a obra foi publicada tardiamente e isso se constituiu, na sua opinião, em descuido pelos sucessores com o acervo histórico.

Chama atenção o fato de que nosso ilustre filósofo denominou o conteúdo daquela obra como um testamento doutrinário de Kardec. Parece que o pressuposto principal para dita afirmação seria a confiança de Herculano Pires na honestidade da publicação do conteúdo da mesma.

Mas, o que é necessário ficar claro é que o livro é uma reunião de vários textos, constituindo-se numa coletânea de temas distintos, tais como música, prece e etc. Nesse caso, o que se fez foi um ajuntamento de textos diversos. Tudo isso nos leva a algumas reflexões:
  • A reunião dos textos publicados nessa obra seguiram o método e a pedagogia de Kardec?
  • O Codificador publicaria aqueles textos segundo a ordem e os títulos que receberam?
  • A natureza da obra é histórica ou doutrinária?
  • Se os textos já existiam quando Kardec estava vivo, por qual motivo não as publicou?
  • Os textos seriam publicados na forma como produzida ou sofreriam correções do Codificador?

Outra questão importante cinge-se no fato de que foi descoberto texto original que difere do conteúdo publicado nesse livro, como se pode verificar no Projeto Cartas de Kardec (FEAL e TV MUNDO MAIOR). Resta, portanto, definir o que é e quais são as obras fundamentais do espiritismo para, então, verificar a idoneidade da afirmação de que Obras Póstumas seria um livro fundamental do espiritismo.

Para definir a expressão obra fundamental recorremos ao dicionário o qual explica que obra é uma expressão que pode ser usada como o conjunto de uma produção, ao seu turno, fundamental significa tudo aquilo que tem caráter essencial, determinante e indispensável. Portanto, uma obra fundamental é como uma pedra angular, o alicerce e a base que sustentará todo o edifício de conhecimento construído.

Allan Kardec deixou instruções muito claras de como fundar uma biblioteca espírita ao editar o catálogo racional das obras. De partida, apresenta quais são as OBRAS FUNDAMENTAIS DA DOUTRINA ESPÍRITA. Nesse quadro destaca e explica cada obra enumerando-as na seguinte ordem:
  1. Livro dos Espíritos (parte filosófica);
  2. O Livro dos Médiuns (parte experimental);
  3. O Evangelho Segundo o Espiritismo (parte moral);
  4. O Céu e Inferno (contendo exemplos dos Espíritos no mundo espiritual e na Terra);
  5. A Gênese - Os Milagres e As Predições Segundo o Espiritismo;
  6. O Que é o Espiritismo (introdução e conhecimento do mundo dos Espíritos);
  7. O Espiritismo na Sua Expressão Mais Simples;
  8. Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas;
  9. Caráter da Revelação Espírita e Viagem Espírita em 1862.
  10. Coleção Revista Espírita a partir de 1858.

Vimos que não há nenhuma remissão a qualquer publicação póstuma sobre o que é preciso conhecer como princípios e postulados espíritas e, ao que parece, o Codificador julgou ter publicado todas as obras necessárias à constituição de uma biblioteca espírita, denominando o acervo de catálogo racional.

Julgamos que Obras Póstumas NÃO É um livro fundamental do Espiritismo em face das razões expostas, portanto, a obra não presta-se a fundamentar qualquer opinião contrária ao que foi revisado, corrigido e publicado pelo autor das obras fundamentais: Allan Kardec.

Uberaba-MG, 10 de maio de 2021.
Beto Ramos.

DESTAQUE DA SEMANA

A DOUTRINA DOS ESPÍRITOS NÃO É ASSUNTO QUE SE ESGOTA EM UMA PALESTRA

  EM SUAS VIAGENS KARDEC MINISTRAVA ENSINOS COMPLEMENTARES AOS QUE JÁ POSSUIAM CONHECIMENTO E ESTUDO PRÉVIO. Visitando a cidade Rochefort, n...