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domingo, 6 de novembro de 2022

A MEDIUNIDADE E O MÉDIUM


Mediunidade ou medianimidade, são expressões que se costuma apresentar como sinônimas. No entanto, Allan Kardec ao trazer o seu VOCABULÁRIO ESPÍRITA na obra Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas, esclareceu o seguinte:

a) As duas palavras referem-se à faculdade dos médiuns;

b) Pode-se fazer distinção entre ambas;

c) Mediunidade, no sentido mais geral, significa a faculdade do médium propriamente dita; Medianimidade refere-se à variedade ou espécie da faculdade mediúnica.

Exemplo: "Ele possui a faculdade da mediunidade, a medianimidade mecânica".

Destarte, podemos definir medianimidade como uma espécie do gênero mediunidade.

Assim sendo, resta saber: que é médium? Médium é a expressão que designa as pessoas acessíveis à influência dos Espíritos e mais ou menos dotadas da faculdade de receber e transmitir suas comunicações.

Os Espíritos definem o médium como intermediário, isto é, um agente ou um instrumento mais ou menos cômodo para receber e transmitir suas comunicações.

A faculdade mediúnica (mediunidade) se apresenta segundo a natureza e graus diferentes (medianimidade) e depende de uma predisposição orgânica especial do agente, a qual é suscetível de desenvolvimento.

É importante salientar que, de ordinário, dizem-se que toda pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium, sendo que todos são mais ou menos médiuns, uma vez que são raras as pessoas que não possuem essa faculdade pelo menos em estado rudimentar (O Livro dos Médiuns, Cap. XIV).

Contudo, Kardec ensina que a qualificação médium deve ser usada somente para qualificar as pessoas que possuem a faculdade mediúnica bem caracterizada.

A mediunidade estará bem caracterizada quando se puder verificar os efeitos dessa faculdade de modo patente, com certa intensidade, variando segundo à organização física do agente mais ou menos sensitiva.

O agente que apresenta a medianimidade como espécie do gênero mediunidade, para ser qualificado com um bom médium, segundo Allan Kardec, deve pertencer a um dos grupos a seguir, de conformidade com suas características (O Livro dos Médiuns, Cap. XVI, 2ª parte, item 197):

1. Médiuns sérios - os que só utilizam suas faculdades para o bem e para finalidades realmente úteis. Julgam profaná-las pondo-as ao serviço dos curiosos e dos indiferentes, ou para futilidades;

2. Médiuns modestos - os que não se atribuem nenhum mérito pelas comunicações recebidas, por melhores que sejam. Consideram-nas como alheias e não se julgam livres de mistificações. Longe de fugirem às advertências imparciais, eles as solicitam;

3. Médiuns devotados - os que compreendem que o verdadeiro médium tem uma missão a cumprir e deve, quando necessário, sacrificar os seus gostos, seus hábitos, seus prazeres, seu tempo e até mesmo os seus interesses materiais em favor dos outros;

4. Médiuns seguros - os que, além da facilidade de recepção, merecem a maior confiança em virtude de seu caráter, da natureza elevada dos Espíritos que os assistem, sendo portanto menos expostos a ser enganados.

Uberaba-MG, 06/11/2022
Beto Ramos

Fonte:
KARDEC, Allan. Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas.
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns.

sábado, 22 de outubro de 2022

PRAZER, UTILIDADE E HONESTIDADE!

Fonte: autor desconhecido (internet).

Indo direto ao ponto, prazer é fisiológico devido à própria natureza humana; a utilidade, por sua vez, apesar de traduzir a concepção materialista, refere-se à lei de conservação. Todavia, prazer e utilidade não são objetos legítimos e supremos da vida humana. Da mesma forma, não são objetos fins. Isto é, a humanidade não foi criada para 'o prazer'.

A pergunta é: há algo mais importante para o ser humano que o prazer e a utilidade? A resposta é positiva: SIM; há um objetivo superior para todo ser humano. E esse objetivo constitui a meta que cada um deverá propor para si mesmo.

Eis, portanto, a diferença; enquanto prazer e utilidade possuem o caráter individual, o objetivo superior, como meta para todo ser humano, possui caráter universal. Diante disto, questionamos: o que é essa finalidade última? Trata-se do BEM MORAL, que pode ser apresentado da seguinte maneira:

a) O Bem;

b) O honesto; e,

c) O Justo.

No pensamento esposado pela Filosofia Espiritualista Racional (cuja fonte será Paul Janet - Pequenos Elementos da Moral), vamos nos apropriar das concepções seguintes:

O Ser humano seria dividido em corpo e alma. A alma seria dividida em superior e inferior. A alma superior seria a alma propriamente dita. Já a alma inferior seria a parte da alma identificada com o corpo físico (algo carnal).

Nesse sentido, a alma superior estaria na posse dos atributos: inteligência, sentimentos e vontade. A alma inferior apresentaria ou estaria vinculada com os sentidos, apetites e paixões. Nesse caso é possível observar a diferença aparente entre o ser humano e o animal. É que o ser humano é capaz de se elevar acima dos sentidos, das apetites e das suas paixões. Na concepção da filosofia espiritualista racional é o caso da alma superior reprimir e constranger a alma inferior.

Nesse sentido, o processo é simples. O ser humano vai usar sua capacidade de pensar, de amar e de querer. É assim, portanto, que chegamos ao conceito de BEM MORAL. Que é o ato humano de preferir em si mesmo o que há de melhor em detrimento do que há de menor.

Vamos definir o que é um e outro; o que há de melhor são os bens da alma, isto é, as nobres afeições; o que há de menor são os bens do corpo, ou seja, as paixões animais. Assim sendo, os bens da alma envolve o que se denomina dignidade da natureza humana, contrapondo-se ao egoísmo. Finalmente, BEM MORAL consiste, para o ser humano, se tornar verdadeiramente ser humano; para tanto é necessário que seja guiado pelos bons sentimentos, os quais serão esclarecidos pela razão.

Esse bem, assim dividido de maneira didática, vão se apresentar conforme as circunstâncias da vida. Vejamos:

HONESTO = BEM MORAL: é a relação do ser humano individualmente. Essa maneira de agir consigo mesmo visa a dignidade pessoal. O ser humano, nas suas ações, é sempre honesto.

JUSTO = BEM MORAL: é a relação do ser humano em relação aos outros indivíduos quando busca a felicidade do próximo. Consiste na ação ou omissão em relação ao outro, o qual se traduz na seguinte máxima: fazer a outrem o que gostaria que o outro lhe fizesse e não fazer ao outro aquilo que não gostaria que o outro lhe fizesse.

PIEDADE OU DEVOTAMENTO (fazer o bem) = BEM MORAL: é a relação do ser humano com Deus. Consiste em "dar" a Deus o que lhe é devido. Para compreender melhor essa relação, indicamos o texto contido na obra O Evangelho Segundo o Espiritismo, item 10 do capítulo Sede Perfeitos.

Destarte, O HONESTO, O JUSTO E O PIO (BEM) são os diferentes nomes que se atribui ao BEM MORAL, que dependem da relação que o ser humano experimenta. Apesar de suas diferentes formas em que se apresenta, o BEM MORAL tem sempre o mesmo caráter: impor a obrigação ou o dever de cumpri-lo. Decorre de uma vontade individual, consciente, desinteressada, racional e esclarecida.

Uberaba-MG, 22/10/2022
Beto Ramos

FONTE BIBLIOGRÁFICA:
O Evangelho Segundo o Espiritismo (Kardec).
Pequenos Elementos da Moral (Paul Janet).

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

ALLAN KARDEC, O PARTIDO CLERICAL E O ESPIRITISMO

O Brasil dos dias atuais enfrenta um dilema: personalidades políticas unidas a pessoas vinculadas a seitas religiosas buscando incentivar, veladamente, o início de uma guerra santa, buscando efetivar uma hegemonia de certo campo religioso, apesar do fato que a República Federativa do Brasil se constitua em Estado Democrático de Direito, donde TODOS podem professar os credos a que se vincularem, como, também, não professar nenhum deles (o que se poderia denominar ateu).

A ideia de laicização pode ser estudada a partir da experiência francesa que buscou se firmar sobre três princípios políticos, os quais foram definidos no processo histórico daquela nação. Vejamos:

1. Autonomia do político

Esse princípio preconiza que o poder não é emanação da vontade divina mas o representante de uma comunidade de cidadãos a governar-se a si própria. (No Brasil, a CF/88 estabelece que o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes, etc.).

2. Privatização inelutável do religioso.

Trata-se de um dispositivo republicano que não põe em causa a liberdade de consciência. Nesse caso, as igrejas só devem se vincular, exclusivamente, ao direito privado.

3. Primado do Estado em relação à sociedade civil.

O cidadão deve participar na elaboração de uma identidade coletiva, da qual pertença imediatamente, guiado apenas  pela força da razão.

O fato é que, na França, os monarcas se apresentavam como representantes de Deus na Terra. Portanto, possuíam, a um só tempo, poder temporal e poder espiritual. Se mostravam como pessoas sagradas. Eram chefes da igreja e, também, chefes de Estado. Até a revolução francesa de 1789, o catolicismo era a religião oficial do Estado, e não era permitindo o culto ao protestantismo reformado.

À Igreja católica romana controlava direitos individuais e coletivos da vida dos franceses, tais como: estado civil, ensino, medicina, etc. Até o calendário, as festas e as tradições populares, tudo era de inspiração católica. Basta estudar a história daquele país para verificar o quanto perniciosa foi essa promíscua relação entre Estado e Igreja. Misturar assuntos espirituais com temporais NUNCA resultou em algo útil, bom e benéfico para o povo.

A Revolução Francesa estabeleceu uma política antirreligiosa; nacionalizou os bens do clero, suprimiu ordens monásticas e os votos religiosos (os quais foram julgados contrários às liberdades contidas nos Direitos do Homem).

Mas, havia um partido clerical. Os membros do clero, eleitos, deveriam prestar juramento à Constituição Civil. Todavia, nem todos obedeceram e alguns padres recusaram-se a isso. A Igreja católica da França se dividiu em dois grupos: de um lado o clero constitucional e, do outro, o clero refratário e fora-da-lei. Dá pra imaginar que o conflito não iria acabar bem. Várias insurreições ocorreram e foram brutalmente reprimidas, uma vez que, também, havia aqueles que eram fiéis à monarquia.

Allan Kardec, falando sobre o objetivo da Doutrina Espírita, sua essência e conteúdo, em uma de suas cartas a correspondentes da Revista Espírita, mencionou o interesse que esse partido clerical teve em aprofundar o estudo do Espiritismo, pois, queriam conhecê-lo para o combater.

Interessa notar que Kardec deixa claro o objetivo da Doutrina Espírita no plano coletivo (vida em sociedade). Entre outras afirmações ensinou que a Doutrina Espírita "conduz, inevitavelmente, e por uma via segura, a todas as reformas sociais perseguidas pelos homens de progresso e que ela  acarretará, forçosamente, à ruína dos abusos". Perceba que, ao longo do processo histórico, quando o campo religioso era o detentor soberano do poder cometia atrocidades e abusos, o que não cessou quando o materialismo inimigo postulou combater o fanatismo.

Allan Kardec termina por esclarecer que "quem quer que a estude [a Doutrina Espírita] no seu princípio e nas suas consequências, nela verá toda uma revolução moral; em vez de tomar o edifício apenas pelo topo, ela o toma pela base e lhe dá sólidos alicerces no coração dos homens, inspirando-lhes a fraternidade efetiva e destruindo lhes o egoísmo, verme roedor de todas as instituições liberais que repousam apenas na materialidade".

Esperamos realmente que, ao menos entre os Espíritas, se compreenda a essência do Espiritismo e se combata a ideia de um Estado sectário. A laicidade é corolário da Lei Moral de Liberdade preconizada pelo Espiritismo. Deixamos, a seguir, para reflexão, essa notável CARTA DE ALLAN KARDEC.


Uberaba-MG, 20/10/2022.
Beto Ramos.


Fonte:

FEAL - Fundação Espírita André Luís (CDOR - Centro de Documentação de Obras Raras).

DESTAQUE DA SEMANA

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  EM SUAS VIAGENS KARDEC MINISTRAVA ENSINOS COMPLEMENTARES AOS QUE JÁ POSSUIAM CONHECIMENTO E ESTUDO PRÉVIO. Visitando a cidade Rochefort, n...