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terça-feira, 9 de agosto de 2022

KANT: A RAZÃO HUMANA E A PROPOSIÇÃO CAUSA E EFEITO.

Em 1781, no prefácio de sua A Crítica da Razão Pura, Immanuel Kant refere-se a um dilema importante concernente á razão humana. É que esta possui esferas de cognição. Neste sentido, a razão humana deve analisar e não recusar certas questões, as quais se apresentam conforme a sua natureza.

Todavia o que se verifica é o fato de que a razão não consegue responder a todas as indagações. Existem dilemas que transcendem todas as faculdades da mente.

Essa dificuldade, afirma Kant, não provém de uma falha da mente. Ele explica que a análise inicia-se por princípios que não podem ser dispensados no campo da experiência. Tais princípios tem sua verdade e suficiência fundamentados na própria experiência. O problema, destaca, é que esses princípios, em razão das leis de sua própria natureza, vão subindo a condições de análises cada vez mais altas e remotas.

Portanto, os trabalhos desenvolvidos pela razão humana ficam incompletos. É que novas perguntas NUNCA deixam de surgir. Segundo Kant, é preciso recorrer a princípios que transcendem a região da experiência. Porém, o processo proposto é visto pelo senso comum com desconfiança, resultando em confusão e contradição.

Defendendo sua proposta, Kant destaca que os motivos que levam à essa confusão e contradição ocorre em razão de que a atenção é fixada em conjecturar a presença de erros latentes, quando, na verdade, o indivíduo não se dá conta de sua INCAPACIDADE de os descobrir.

Simplificando. No processo de análise, usando as esferas cognitivas e não recusando nenhuma questão, é necessário observar que o indivíduo iniciou a reflexão usando os princípios indispensáveis no campo da experiência. Ocorre que há limites empíricos e a mente não os respeita, ultrapassando-os. Com isso, se torna impossível TESTAR aquilo que transcendeu os limites da experiência pelos mesmos critérios em que os resultados desta são testados.

Para resolver esse dilema das intermináveis competições, do que pode ou não pode ser testado, Kant propõe recorrer a outros princípios cuja arena se denomina METAFÍSICA. E os seus contraditores incorrem num problema curioso; apesar da crítica que fazem à metafísica, sempre usam declarações e proposições metafísicas.

É certo que, se nenhum conhecimento antecede a experiência, mas começa com ela, nem tudo surge da experiência. Existe um conhecimento independente totalmente da experiência sensível, que é o conhecimento 'a priori'. A intuição pode ser dada 'a priori' e não se distingue de uma mera concepção pura. Sendo fruto da experiência, o conhecimento empírico é 'a posteriori'.

Kant afirma que há uma infinidade de cognições que nada mais são que elucidações ou explicações do que, embora de maneira confusa, já foi pensado em nossas concepções, mas são valorizadas como novas introspecções. Não há nada novo, pois, grande parte dos negócios da razão consiste na análise das concepções que já possuímos dos objetos.

O processo intelectivo é permeado por julgamentos e o conhecimento advém por dois tipos: analíticos e sintéticos. No primeiro caso, nada se acrescenta na concepção do sujeito; esse é analisado em suas concepções constituintes (pensadas no sujeito). No segundo caso, acrescentamos à concepção do sujeito um predicado que não estava contido nele e que nenhuma análise poderia ter descoberto nele.

Quando dizemos que 'todos os corpos ESTÃO estendidos', estamos diante de um julgamento analítico, uma vez que usamos a concepção que fazemos de corpo e das suas características, tais como: extensão, impenetrabilidade, forma, etc.

Já, quando falamos que 'todos os corpos SÃO pesados', afirmamos algo sobre o sujeito da oração, cujas concepções não estão contidas uma na outra, mas pertencem uma à outra, pois, peso é uma característica que se conecta à extensão, impenetrabilidade e forma, embora sejam distintas. Nesse caso, o julgamento é sintético.

O mesmo se dá com a proposição "tudo que acontece tem uma causa". Penso numa existência que um certo tempo antecede a partir da concepção 'algo que acontece'. Mas, onde está a concepção de CAUSA? Essa concepção indica algo completamente fora e diferente do 'aquilo que acontece'. Logo, a concepção de causa não está contida na concepção 'aquilo que acontece'.

A causa é o 'x' da questão. É o desconhecido sobre o qual repousa o entendimento quando se acredita que encontrou. Está fora da concepção do sujeito, isto é, trata-se de um predicado estrangeiro ao sujeito. Pelo raciocínio julgamos que há uma conexão entre ambos. Tratam-se de duas representações e não do resultado da experiência. São elas: causa e efeito.

Assim sendo, a universalidade não pode ser dada pela experiência, mas como puras concepções 'a priori', as quais são a expressão da necessidade.

Por fim, conforme Kant, dos juízos sintéticos, ou proposições aumentativas, depende todo o objetivo de nosso conhecimento especulativo 'a priori'. Os julgamentos analíticos são importantes e necessários, mas servem apenas para chegar à clareza de concepções necessárias para uma análise segura e prolongada.

Isso, por si só, é uma aquisição real do conhecimento. Nas ciências teóricas da razão, os julgamentos sintéticos 'a priori' estão contidos como princípios.

Contribua apresentando sugestões e críticas, buscando um melhor aproveitamento da construção do conhecimento coletivo.

Uberaba-MG, 09/08/2022.
Beto Ramos.


terça-feira, 31 de agosto de 2021

JESUS E A "INTELIGÊNCIA PERFEITA DAS COISAS"

 

Será que existem INCRÉDULOS que ‘pensam’ que acreditam?

Será que ao ‘crer’ em alguma coisa, o ‘crente’ conhece aquilo que diz crer?

Os erros e equívocos cometidos por aqueles que debatem questões, sem delas ter uma cognição ‘a priori’, podem ser computados à conta dos que lhes apresentaram ‘as coisas’ desta ou daquela maneira?

Seria o caso de 'culpa recíproca'?

Allan Kardec, no capítulo 19 da obra O Evangelho Segundo o Espiritismo, no item 7, em que trata da condição da fé inabalável, escreve que “a resistência do incrédulo [...] muitas vezes provém menos dele do que da maneira por que lhe apresentam as coisas. A fé necessita de uma base, base que é a INTELIGÊNCIA PERFEITA daquilo em que se deve crer. E, para crer, não basta ver, é preciso, sobretudo, compreender.

Nesse caso, ao fazer a exposição sobre qualquer assunto e, principalmente quando for transmitir o 'saber', é preciso ter o conhecimento possível, abrangendo todos os pontos acerca do objeto de pesquisa. Tanto o transmissor quanto o receptor precisam compreender o objeto de sua crença.

Na ausência do que Kardec chamou de inteligência perfeita, é possível encontrar algumas deficiências no discurso dos que buscam transmitir algum saber. O processo intelectivo  realizado na aquisição do conhecimento reclama fugir de 'opiniões pessoais' ou preconcebidas sobre as coisas.

Citamos como exemplo as 'interpretações' produzidas sobre informações contidas nos Evangelhos, atribuídas ao Cristo, que, por vezes, são desprovidas da cognição a priori, vez que se desconsidera o método histórico-gramatical. Para exemplificar apresentamos as informações a seguir.

Você já ouviu falar de uma regra chamada do menor para o maior”? Era uma das regras de interpretação das escrituras ao tempo de Jesus. No século I, o mundo judaico as interpretava usando algumas regras principais que foram formuladas por Hillel, conhecido como "o Ancião".

Trata-se do ‘famoso’ princípio kal vahomer - do menor para o maior - ou o “quanto mais”. Vejamos nos ensinos de Jesus alguns exemplos:

“Se Deus alimenta os pássaros e cuida das flores, o quanto mais Ele cuidará do homem!” (Mt. 6:26-30)

Qual a lógica dos ensinamentos contidos nesses versículos e resumidos na frase acima? É que as pessoas são muito mais importantes para Deus do que os pássaros ou as plantas.

Nas suas pregações Jesus usou esse princípio outras vezes. Em Lucas capítulo 23, versículo 31, precedendo à sua crucificação, ele diz:

“Pois, se fazem isto com a árvore verde, o que acontecerá quando ela estiver seca?”.

Parece-nos que se trata do mesmo método de comparação. Vejamos!

Qual é o significado de “árvore verde” nessa afirmação?

Como todos sabemos (não é verdade?), trata-se de um símbolo bíblico clássico de uma pessoa justa.

Então, a interpretação menos equivocada consideraria que Jesus disse:

"Se eu, que sou uma pessoa justa, devo sofrer; o quanto mais vocês, pecadores, terão que sofrer?"

Na tradição judaica do tempo de Jesus, o uso do princípio kal vahomer para a interpretação das Escrituras era muito difundido e muito importante. Aqueles que ouviam seus ensinos compreendiam a lógica de suas comparações e, portanto, tiravam conclusões absolutamente claras.

E você? Acredita que os intérpretes possuem a inteligência perfeita sobre "certas passagens dos Evangelhos" e "conhecem o valor de muitas palavras frequentemente empregadas nos textos, e que caracterizam o estado dos costumes e da sociedade judia naquela época"? (E.S.E., Introdução, item 3, Notícias Históricas).

Deixe sua opinião e comentário.


Uberaba-MG, 31.08.2021.
Beto Ramos

DESTAQUE DA SEMANA

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