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segunda-feira, 17 de maio de 2021

A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO, DA FRANÇA E DE KARDEC, EM CERTA MEDIDA, SE CONFUDEM

2ª PARTE

A origem da cidade de Bourg-en-Bresse é Celta. Foi uma das cidadelas mais fortes da Idade Média, tanto pelo relevo quanto militar.

A família Duhamel residia no prédio onde Benôit exercia a função de "préfet". Era uma mansão de fachada alta, arquitetura simples, grande sala de estar, escritórios e amplos jardins. Lá também ficavam os arquivos municipais.

Jean Rivail, esposo de Jeanne, e Benôit, seu pai, eram federalistas e Girondinos, os quais votavam em Paris. Vamos percebendo que os pais e os avós maternos do futuro codificador do Espiritismo eram personalidades importantes na política francesa, como também, tinham posses. Pode-se afirmar que seus familires faziam parte da nobreza da época.

O pai de Jeanne, mãe de Rivail, teve importante papel na Revolução Francesa, pois defendia os valores democráticos, a difusão dos princípios constitucionais e o esclarecimento da população.

Para os Girondinos a Revolução era a oportunidade de regenerar a sociedade pela educação. Suas propostas eram de longo prazo. Teorias muito bem estabelecidas, sendo Mesmer, inclusive, um dos seus pensadores, propunham cidadãos autônomos com a capacidade de avaliar e corrigir as leis. Todo esse processo se daria pela educação e a melhora gradativa: a cada geração; no fim seria uma sociedade mais justa.

É possível antever na França revolucionária os precursores do pensamento Espírita, isto é, da Teoria Espírista da Moral autônoma e do livre-arbítrio, tendo a aquisição do conhecimento como sua pedra angular.

Entre os Giorondinos havia vários discípulos de Mesmer, os quais divulgavam sua ciência por toda a França. Para seus adeptos, contrários à Medicina oficial da época (com procedimentos da idade média), as doenças eram provenientes de um desequilíbrio do organismo por causas físicas e morais.

Mesmer considerava saúde a completa ordem de todas as funções do organismo; a doença, portanto, era a desarmonia. Para combate-la e devolver a harmonia ao corpo deveria-se usar todos os recursos, tais como: alimentação, hábitos, estado emocional e o esforço da ação do médico pelos passes. Desta forma, quem retoma a harmonia é o próprio organismo do paciente com seus mecanismos naturais de recuperação.

A ideia central é que o Universo é responsável pelo equilíbrio das Leis Naturais, pela saúde e pelo mundo moral; O que o pensamento de Mesmer tem a ver com a política? Veja:

"A excessiva desigualdade (de riquezas, força e poder) contribui para a desarmonia coletiva". Ele estava falando das desigualdades sociais. Dai, o fato de ser um dos importantes teóricos do processo de mudança preconizado pelos Girondinos. É que no centro de sua teoria está que toda desigualdade somente pode ser modificada por meio da educação.

Contudo, nenhuma dessas ideias interessavam aos tiranos liderados por Robespierre, o qual implantou o terror por menos de uma ano; sua "lógica" e esforço resumia-se em eliminar os inimigos.

(Continua...)

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Uberaba-MG, 17 de maio de 2021.

Beto Ramos.

sábado, 15 de maio de 2021

A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO, DA FRANÇA E DE KARDEC, EM CERTA MEDIDA, SE CONFUDEM

  

1ª PARTE

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Allan Kardec é um pseudônimo, isto é, um nome escolhido pelo codificador do Espiritismo para assinar as obras que foram editadas a partir do ensino dos Espíritos. Rivail, seu verdadeiro nome, teve na educação a obra de sua vida; todos os instantes dela foram empregados a meditar sobre isto; sua felicidade estava em encontrar novos métodos ou descobrir novas verdades, meios, portanto, para edificar sua obra.

Desde o primeiro Luís, na França, até o o décimo-sexto, foram mil anos de reinado (FIGUEIREDO, MAAT, 2016). A revolução francesa, iniciada em 1789, proclama a república em 1792. Robespierre, com sua sanha sanguinária, junto dos Jacobinos, pediram a cabeça do rei sem julgamento.

Os Girondinos, outro grupo, formado por notáveis e legalistas que fizeram a revolução, acreditavam nas ideias de liberdade. Seu lema era lutar para mudar a lei e não fazer justiça fora dela e, assim, respeitar as boas leis. Além disso, esse partido francês acreditava na educação e na igualdade de oportunidades para todos como instrumento de reforma social.

Em meio à sede de sangue pela cabeça do rei, Thomas Paine (VINCENT, 1989) afirmou que o rei não merecia a morte. O seu argumento era que a monarquia, como sistema, devia ser o foco do julgamento. Acaso o rei tivesse nascido fora dela, recebesse educação advinda de pessoas estimáveis e vivesse ao redor de vizinhança amável, não teria sido um homem mau.

Jacobinos e Girondinos se enfrentavam. O ódio crescia e a febre revolucionária contagiava a todos. A guilhotina, por sua vez, ceifava dezenas de milhares de vidas. Bem próximo, a vida continuava como se nada estivesse ocorrendo.


A população francesa, preocupada em não morrer de fome, pouco entendia acerca das novais leis vindas de Paris. O casamento, por exemplo, que precisava da bênção da igreja, por um decreto tinha essa realidade modificada. Bastava um aviso no edifício da Câmara com o anúncio do enlace matrimonial e a apresentação do casal perante a autoridade municipal que tudo estava resolvido.

Chegamos, então, ao dia 05.02.1793. Aos 19 anos, a senhorita Jeanne-Louise Duhamel experimentava a alegria do dia de seu casamento. O Pai da noiva, senhor Benôit Marie Duhamel, um advogado e revolucionário exercia um encargo público, comparável hoje a um governador.

O Estado francês, no ano de 1790, possuia 89 unidades administrativas, as denominadas comunas, que eram administradas por conselhos municipais (ou geral), eleitos a cada seis anos. O Departamento governado por Benôit era Ain, cuja capital era Bourg-en-Bresse. As atividades do governador, entre outras, era promover reuniões com militares e políticos, além de discursar ao povo. O pai de Jeanne, portanto, viajava muito.

Charlotte Bochard era a mãe da noiva e quem organizava o casamento que receberia convidados importantes, entre os quais generais de brigada e dirigentes revolucionários. A família da noiva vivia em Ain, no Ródano - Alpes e chegaram ali fugindo dos ataques católicos em 1717, vindos da baixa Normandia. Eram os chamados huguenotes.

O feliz noivo era um senhor de 34 anos, Jean-Baptiste Antoine Rivail. Trabalhava em causas judiciárias. No ano de 1793 foi nomeado pelo conselho executivo do comitê de salvação pública como Promotor Militar e Juiz de Paz. Seus pais eram falecidos.

Após o casamento, o casal passaria a residir a 180 quilômetros distantes de Ain, em Belley.

(Continua...)

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Uberaba-MG, 15 de maio de 2021.

Beto Ramos.

segunda-feira, 10 de maio de 2021

OBRAS PÓSTUMAS É UM LIVRO FUNDAMENTAL DO ESPIRITISMO?


Em 1890 os "sucessores" de Allan Kardec na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas publicaram um livro denominado Obras Póstumas. Segundo Herculano Pires, essa obra foi publicada 22 anos depois da última obra de Kardec - A Gênese, com a qual ele encerrou a Codificação. 

Nem todos os textos, como é possível observar, são inéditos. A maioria já havia sido publicada na Revista Espírita de 1869, após o desencarne de Kardec. Herculano Pires, inclusive, reclamou que a obra foi publicada tardiamente e isso se constituiu, na sua opinião, em descuido pelos sucessores com o acervo histórico.

Chama atenção o fato de que nosso ilustre filósofo denominou o conteúdo daquela obra como um testamento doutrinário de Kardec. Parece que o pressuposto principal para dita afirmação seria a confiança de Herculano Pires na honestidade da publicação do conteúdo da mesma.

Mas, o que é necessário ficar claro é que o livro é uma reunião de vários textos, constituindo-se numa coletânea de temas distintos, tais como música, prece e etc. Nesse caso, o que se fez foi um ajuntamento de textos diversos. Tudo isso nos leva a algumas reflexões:
  • A reunião dos textos publicados nessa obra seguiram o método e a pedagogia de Kardec?
  • O Codificador publicaria aqueles textos segundo a ordem e os títulos que receberam?
  • A natureza da obra é histórica ou doutrinária?
  • Se os textos já existiam quando Kardec estava vivo, por qual motivo não as publicou?
  • Os textos seriam publicados na forma como produzida ou sofreriam correções do Codificador?

Outra questão importante cinge-se no fato de que foi descoberto texto original que difere do conteúdo publicado nesse livro, como se pode verificar no Projeto Cartas de Kardec (FEAL e TV MUNDO MAIOR). Resta, portanto, definir o que é e quais são as obras fundamentais do espiritismo para, então, verificar a idoneidade da afirmação de que Obras Póstumas seria um livro fundamental do espiritismo.

Para definir a expressão obra fundamental recorremos ao dicionário o qual explica que obra é uma expressão que pode ser usada como o conjunto de uma produção, ao seu turno, fundamental significa tudo aquilo que tem caráter essencial, determinante e indispensável. Portanto, uma obra fundamental é como uma pedra angular, o alicerce e a base que sustentará todo o edifício de conhecimento construído.

Allan Kardec deixou instruções muito claras de como fundar uma biblioteca espírita ao editar o catálogo racional das obras. De partida, apresenta quais são as OBRAS FUNDAMENTAIS DA DOUTRINA ESPÍRITA. Nesse quadro destaca e explica cada obra enumerando-as na seguinte ordem:
  1. Livro dos Espíritos (parte filosófica);
  2. O Livro dos Médiuns (parte experimental);
  3. O Evangelho Segundo o Espiritismo (parte moral);
  4. O Céu e Inferno (contendo exemplos dos Espíritos no mundo espiritual e na Terra);
  5. A Gênese - Os Milagres e As Predições Segundo o Espiritismo;
  6. O Que é o Espiritismo (introdução e conhecimento do mundo dos Espíritos);
  7. O Espiritismo na Sua Expressão Mais Simples;
  8. Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas;
  9. Caráter da Revelação Espírita e Viagem Espírita em 1862.
  10. Coleção Revista Espírita a partir de 1858.

Vimos que não há nenhuma remissão a qualquer publicação póstuma sobre o que é preciso conhecer como princípios e postulados espíritas e, ao que parece, o Codificador julgou ter publicado todas as obras necessárias à constituição de uma biblioteca espírita, denominando o acervo de catálogo racional.

Julgamos que Obras Póstumas NÃO É um livro fundamental do Espiritismo em face das razões expostas, portanto, a obra não presta-se a fundamentar qualquer opinião contrária ao que foi revisado, corrigido e publicado pelo autor das obras fundamentais: Allan Kardec.

Uberaba-MG, 10 de maio de 2021.
Beto Ramos.

terça-feira, 4 de maio de 2021

O ESPIRITISMO É DEÍSTA?


Há uma disseminação muito grande entre o denominado movimento espírita de que Espíritismo é religião. No entanto, parece haver total desconhecimento da Doutrina Espírita. De partida deixamos claro, ao nosso sentir, que o que caracteriza uma religião é ser ela teísta. O Espíritismo, por sua vez, é deísta. Vamos tentar mostrar isso nas obras fundamentais do Espiritismo.

Antes, porém, vamos nos entender quanto às palavras: DEÍSMO é uma posição filosófica que acredita na criação do universo por uma inteligência superior (que pode ser Deus, ou não). A crença nesta inteligência ocorre por meio da razão, do livre pensamento e da experiência pessoal.

Começaremos, então, pela primeira pergunta feita por Kardec aos Espíritos Superiores: "Que é Deus?". A resposta é muito conhecida: "Deus é a inteligência suprema, CAUSA PRIMÁRIA de todas as coisas".

O Espiritismo difere, portanto, dos elementos comuns das religiões TEÍSTAS, uma vez que o seu ponto de partida não é uma revelação direta, ou tradição. A primeira revelação (Moisés) é baseada em profecias e tradição; A segunda centraliza-se na pessoa de Jesus e é narrada pelos Evangelistas.

Importante salientar que em prolegômenos (O Livro dos Espíritos) Kardec esclarece: "Este livro é o compêndio dos seus ensinamentos. Foi escrito por ordem e sob ditado dos Espíritos superiores para estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional, livre dos prejuízos do espírito de sistema". Assim, não há nenhuma possibilidade de que o seu conteúdo seja comparado à profecias ou meras narrativas.

O Espiritismo sofre importante influência filosófica.  Vejamos a primeira questão posta por Allan Kardec, como acima demonstrado. A influência, portanto, se constata, quando comparamos essas questões com o "Demiurgo" (artesão divino ou princípio criador do universo) do filósofo grego Platão.  Não é curioso que a existência de um Criador ou Organizador do Universo É A PRIMEIRA CAUSA DA FILOSOFIA DEÍSTA?

Na filosofia deísta é possível verificar que seu adepto está inclinado a afirmar a existência de um princípio criador e que não nega a realidade de um mundo completamente regido pelas leis naturais e físicas. Estudando as obras espíritas fundamentais constataremos exatamente isso. Além do mais, o deísta não pratica nenhuma religião.

É possível perguntar: o que é uma filosofia racional livre dos prejuízos do espírito de sistema? Trata-se, pois, de uma filosofia deísta.

Na introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo pode ser constatado como o Espiritismo trata as revelações, os escritos sagrados e as escrituras bíblicas. Kardec é muito sóbrio quando declara que estas devem ser estudadas.

Naquela obra, inclusive, vamos encontrar o curioso título de item: ALIANÇA DA CIÊNCIA COM A RELIGIÃO. Logo, temos a informação que o Espiritismo veio para ser o traço de ligação entre uma e outra. Além do mais, na questão 627 de O Livro dos Espíritos, esses demonstram que seu objetivo é trazer informações racionais, sem alegorias.

Os deístas acreditam que as ideologias religiosas devem reconciliar e não contradizer as evidências científicas em detrimento dos ensinos bíblicos. É o que depreendemos no Espiritismo quando percebemos que religião e ciência são duas alavancas do progresso, uma vez que sua fonte é a mesma: Deus.

Um princípio fundamental do DEÍSMO é que Deus criou tudo: o visível e o invisível; o mundo físico e o espiritual. Temos no Espiritismo, principalmente em O Livro dos Espíritos, a confirmação dessas verdades, trazidas em bases racionais.

O deísmo não acredita na existência de um Deus providencialista, portanto, Ele não interfere no mundo de maneira evidente como sugerem as religiões teístas. Essa confirmação está contida na obra A Gênese, onde teremos capítulos especiais tratando de Deus, da providência e da natureza das revelações.

O DEÍSMO não toma posição sobre o que é o criador, nem tem como princípio encontrá-lo. O deísmo não prega a necessidade de revelações divinas como o fazem as religiões. O Espiritismo, ao seu turno explica racionalmente o que é e para que servem essas revelações.

Para o deísta, não há nenhuma dependência da existência ou não de revelação das escrituras ou do testemunho de outras pessoas para crer. É o mesmo que se dá com o Espiritismo. Não se viola consciência. O Espiritismo se funda na autonomia do Espírito, no seu livre-arbítrio e na sua evolução conforme a Lei do Progresso. Essa evolução ocorre a partir da aquisição de conhecimentos. A cada um segundo suas obras mesmo.

A filosofia deísta tem posição contraria ao fideísmo encontrado em muitos ensinamentos, tais como o Cristianismo, Islamismo e Judaísmo, onde parte-se do princípio que a crença deve ser cega. O Espiritismo ensina uma crença baseada na razão, lógica e bom-senso. Ao contrário de dogmas incontestáveis, tudo deve ser aceito como resultado de processos intelectivos de cada indivíduo, sendo, cada um, livre para crer ou não.

Os deístas tipicamente também rejeitam certos eventos religiosos, tais como cultos, profecias, etc., uma vez que não atendem ao critério da racionalidade, base principiológica do DEÍSMO. 

Quando estudamos a obra O QUE É O ESPIRITISMO, uma das primeiras lições de Kardec é que todas as religiões podem se encontrar em torno deste, devendo afastar exatamente cultos, entre outras práticas que só interessam aos partidários desta ou daquela religião.

A maioria dos deístas que analisam as religiões organizadas em torno das revelações divinas e livros sagrados as interpretam como produto da mente humana, não como fontes de autoridade. Todavia, podem ser aceitas como inspiração moral e ética.

Veja que na introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo Kardec trata o Evangelho de Jesus dividindo-o em 05 (cinco) partes, sendo que uma delas é exatamente esta: um código moral incontestável.

Os deístas dizem que o maior presente do universo para a humanidade não é a religião, mas "a capacidade de raciocinar". Seria outro o pensamento espírita? Parece que o conteúdo doutrinário espírita não deixa dúvidas quanto a esse presente legado pela causa primária de todas as coisas para toda a humanidade.

Uberaba-MG, 04 de Maio de 2021.
Beto Ramos.

segunda-feira, 26 de abril de 2021

O QUE É PRECISO SABER ANTES DE LER MENSAGENS E OBRAS MEDIÚNICAS?


Talvez você esteja estranhando o título deste artigo. Não há nada de anormal, caso o (a) leitor (a) sinta-se surpreendido (a). Esse assunto parece um verdadeiro tabú entre os adeptos do Espiritismo. A Doutrina Espírita, na sua integralidade e, digamos, pureza (um termo que não deve ser lido com viés de fundamentalista), é pouco ou nada conhecida entre a grande massa daqueles que aderiram ao denominado movimento espírita. Antes de dar sequência ao tema central, apresentaremos o que significam algumas expressões usadas nesse texto.

Entendemos que Espiritismo é a palavra usada por Allan Kardec para identificar a ciência filosófica dos Espíritos. A Doutrina Espírita é o conteúdo dessa ciência filosófica transmitido a Allan Kardec por meio do ensino dos Espíritos. Espírita é o indivíduo que conhece e pratica o Espiritismo tal qual ensinado pelos Espíritos e codificado por Allan Kardec. Movimento Espírita é o conjunto de indivíduos que simpatizam-se pelo Espiritismo, ainda que não tenham conhecimento da Doutrina Espírita ou pratiquem o Espiritismo como estilo de vida, em face do conteúdo filosófico contido na sua Doutrina.

Nenhuma das explicações acima buscam fazer do (a) leitor (a) um (a) seguidor (a) das significações, mas, serve para dar sentido ao que será exposto como tema central. Dessa forma será possível compreender a formulação do pensamento, do raciocínio, em última instância, do processo intelectivo que o autor empresta aos saberes esposados, proporcionando uma dialética saudável. Estamos procurando nos entender quanto as palavras.

De plano, responderemos à indagação que esconde atrás de si uma crítica desconstrutiva e que não parte de Espírita nenhum, mas, dos simpatizantes que não pretendem SER Espíritas. O que há contra as mensagens e obras mediúnicas? Respondemos objetivamente: NADA. Somos, inclusive favoráveis que existam. Abstraindo daquelas mensagens e obras que são frutos de fraude, é preciso recordar que a Doutrina Espírita não é uma concepção puramente humana. Foram os Espíritos que a revelaram. Contudo, quem é contrário ao controle universal do ensino dos Espíritos tem a pretensão de possuir sozinho a verdade absoluta.

Sem nenhum controle seria necessário crer sob palavra, isto é, que o conteúdo teria origem séria e que haveria ABSOLUTA sinceridade de sua parte, negando que o ser humano pode enganar a si mesmo e aos outros. Nem todo equívoco ou engano é fruto do DESEJO de enganar. Os erros e a falibilidade é inerente aos seres imperfeitos no processo evolutivo, sejam encarnados ou não.

Recordando o conteúdo apresentado por Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo no item II da Introdução, verificamos que ele apresenta a autoridade da doutrina espírita e o controle universal do ensino dos Espíritos, em que discorre sobre a variedade de comunicações dos Espíritos por toda parte, todos os povos, entre todas as ceitas e todos os partidos. Vale dizer que o Espiritismo não possui qualquer privilégio na recepção de mensagens do mundo espiritual.

O codificador reporta à necessidade de submissão, SEM EXCESSÃO, de tudo que venha dos Espíritos, ao controle da razão. Ou seja, mesmo que exista uma variedade de fontes, qualquer teoria em contradição com o bom-senso e com uma lógica rigorosa, confrontando com os dados positivos que possuímos sobre qualquer tema, por mais respeitával que seja o nome que assine a comunicação, DEVE SER REJEITADA.

Observe que Kardec é objetivo quanto ao bom senso. É que todos possuem senso, pois, cada ser encarnado é dotado de sentidos humanos. O bom-senso decorre do processo intelectivo racional, cujo fio condutor é o conhecimento adquirido por meio de DADOS POSITIVOS.

Não é por que alguém aceita ou deixa de aceitar a teoria que faz dela algo racional. Sabemos que, em muitos casos, o conhecimento é incompleto, insuficiente para emissão de uma opinião, caso em que é necessário abster-se de opinar. Aqui não se trata de qualquer interdição ao debate, apenas recordar que esse é travado por aqueles que possuem o conhecimento do tema proposto, a fim de que todos os participantes estejam cientes do assunto e conteúdo daquilo que é o objeto de estudo. 

Exemplificando: os médicos falam da ciência médica e os advogados falam da ciência jurídica; ambos podem tratar do assunto referente à ciência do outro, mas, é necessário CONHECIMENTO PRÉVIO, sem o qual não poderão se entender. Por isso que, em Espiritismo, o essencial de uma mensagem é verificar sua origem, sua fonte. É ela produto da concordância de revelações feitas ESPONTANEAMENTE, por meio de um GRANDE NÚMERO DE MÉDIUNS, estranhos uns aos outros, em diversos lugares?

Allan Kardec afirmou que tudo que se refira a PRINCÍPIOS ESPÍRITAS é ensinado ESPONTANEAMENTE, ao mesmo tempo, em diferentes lugares, de maneira idêntica (senão pela forma, ao menos quanto ao fundo). Para bem compreender essa questão, remetemos o (a) interessado (a) para a obra acima mencionada, onde pode-se fazer um estudo aprofundado e sério acerca do assunto. Vamos à conclusão.

O que é preciso saber antes de ler mensagens e obras mediúnicas? Essa pergunta nos leva às questões atinentes à razão, lógica e bom-senso acima mencionadas e que devem ser meditadas na fonte indicada (E.S.E., Allan Kardec). Mas, diante do legado de Allan Kardec, o que devemos conhecer primeiramente, com profundidade, de modo grave, sério? Trata-se da ESCALA ESPÍRITA. É nela que encontraremos as informações sobre cada classe de Espíritos e cada ordem a que pertencem.

O tipo de linguagem que usam, quais os seus objetivos, como são ou não são influenciados pela matéria, sua falibilidade e infalibilidade, o que podem ensinar ou não, qual a responsabilidade de cada um com referência ao conteúdo da mensagem, se respondem a tudo ou não, enfim, todos os elementos que possibilitam ao Espírita verificar e até testificar o conteúdo da mensagem ou da obra mediúnica.

O Espírita, diante da mensagem ou da obra mediúnica, avaliando-a por meio dos elementos citados, será respeitoso, apresentará críticas, afastará a credulidade cega e terá uma ideia mais próxima da realidade do mundo espiritual, uma vez que, somente os Espíritos Puros podem dar a exata ideia de como é, verdadeiramente, essa realidade.

Os Espíritos Puros até se comunicam, todavia, muito raramente. Portanto, tudo o que podemos saber sobre o mundo moral é uma ideia mais próxima da sua realidade, desde que se possa aferir a superioridade ou inferioridade do Espírito comunicante, o que ocorre quando o Espírita possui profundo conhecimento das minúcias contidas na Escala Espírita apresentada por Allan Kardec em O Livro dos Espíritos. É que, somente os Espíritos Puros possuem superioridade intelectual e moral absoluta em relação aos Espíritos das outras ordens e não sofrem NENHUMA influência da matéria, pois, não precisam reencarnar e passar por provas e expiações.

O fato de não estarem sujeitos às necessidades e problemas da vida material proporciona que compreendam a realidade do mundo espiritual, enquanto que os demais podem ser mais ou menos obscurecidos em razão da influência que sofrem da matéria (em maior ou menor grau). Eis o que, a nosso ver, é preciso saber antes de ler mensagens e obras mediúnicas, caso o desejo do interessado seja se instruir quanto à realidade do mundo espiritual.

Uberaba-MG, 26 de abril de 2021.
Beto Ramos.

DESTAQUE DA SEMANA

A DOUTRINA DOS ESPÍRITOS NÃO É ASSUNTO QUE SE ESGOTA EM UMA PALESTRA

  EM SUAS VIAGENS KARDEC MINISTRAVA ENSINOS COMPLEMENTARES AOS QUE JÁ POSSUIAM CONHECIMENTO E ESTUDO PRÉVIO. Visitando a cidade Rochefort, n...