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domingo, 12 de março de 2023

Racismo no Espiritismo: a polêmica dos ignorantes!

No dia 12 de junho de 1856, em reunião familiar, pela médium Srta. Aline, o Espírito La Vérité (A Verdade) trava um diálogo com Allan Kardec. O assunto: a MISSÃO de Allan Kardec. Aquele que viria a ser o ORGANIZADOR DO ESPIRITISMO pergunta sobre o seu papel para que pudesse contribuir para a propagação da verdade. Kardec havia recebido a informação de outros Espíritos que incumbiria a ele a função de missionário-chefe do Espiritismo.

O Espírito A Verdade responde que CONFIRMA O QUE FOI DITO, aconselhando discrição para ser bem sucedido. Houve, também, uma advertência, isto é, o sucesso na missão dependeria integralmente do próprio Kardec, pois, poderia vencer como falir e nesse último caso SERIA SUBSTITUÍDO.

Por fim, A Verdade esclarece que somente após a obra terminada é que seria possível reconhecer se houve ou não sucesso. Kardec, então, reclama a assistência do próprio Espírito A Verdade, bem como dos BONS Espíritos. A resposta foi objetiva: "Não te faltaremos com ela". Kardec, então, assume a sua incumbência.

Nessa comunicação, um importante ponto a destacar. A Verdade afirma que a MISSÃO de Allan Kardec é a de revolver e formar o mundo inteiro. Para isto não seria bastante a inteligência, mas humildade, modéstia, desinteresse, dedicação, abnegação e disposição para o sacrifício.

Pois bem! Estamos no século 21 (vinte e um), 167 (cento e sessenta e sete) anos desde essa comunicação, quando escrevemos estas linhas. Parece que os Espíritas (não todos) estão SACRIFICANDO Allan Kardec uma vez mais. Não bastou dar sua vida à causa Espírita. Agora, lhe colocam a pecha de racista. Portanto, na visão de alguns pretensos espíritas, faltou uma série de qualidades a Kardec que foram vistas pelo Espírito A Verdade.

Antirracismo no Espiritismo é uma polêmica ignorante. O Espiritismo sofre ataque nas redes sociais e mídia em geral de ser uma seita racista, quando NUNCA foi apresentado por Kardec como uma religião; também, dizem que há racismo porque não encontram comunicações, por exemplo, de Mãe Menininha, uma importante figura de religiões de matriz africana no Brasil; Por último, mas sem esgotar os despautérios, dizem que não são recebidas comunicações de Espíritos 'negros'.

Nesse artigo não caberia os fundamentos em que a Filosofia Espírita, contida em O Livro dos Espíritos, refuta essas afirmações esdrúxulas. Além disto, agora, alguns se afirmando Espíritas, se deram o 'direito' de ADULTERAR textos de Allan Kardec. E fazem isto sob o argumento de que "não estamos alterando o que ele diz, mas a forma como diz".

Eis a primeira demonstração de ignorância quanto ao conteúdo doutrinário espírita, principalmente quanto às comunicações. Para o Espiritismo importa o fundo e não a forma. Ora, o racismo é questão de fundo e não de forma. Se a forma usada por Kardec não está conforme, é porque o que ele diz é racista? SE O QUE ELE DIZ NÃO É RACISTA, não há necessidade de alterar a forma.

Porém, uma pergunta é importante: Quem atribuiu a esses ditos espíritas que teriam a MISSÃO de alterar os textos de Kardec? Com Kardec adveio o Espírito A Verdade, e com esses tais, quem está por trás? A Doutrina Espírita é uma ciência filosófica, com metodologia, critérios, controle e organização. Qual é o método científico usado pelos pretensos espíritas para adulterar o conteúdo das obras organizadas por Kardec?

Na concepção dos tais, divergindo do Espírito A Verdade, Kardec faliu na sua missão? Se for isto, vamos recordar o que o organizador do Espiritismo escreveu sobre seus textos e a sua autoria em PROLEGÔMENOS n'O Livro dos Espíritos, verbis:

"Este livro é o compêndio dos seus ensinamentos. Foi escrito por ordem e sob ditado dos Espíritos superiores para estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional, livre dos prejuízos do espírito de sistema. Nada contém que não seja a expressão de seu pensamento e não tenha sofrido o seu controle. A ordem e a distribuição metódica das matérias assim como as notas e a forma de algumas partes da redação constituem a única obra daquele que recebeu a missão de a publicar".

Parece-nos que o PENSAMENTO expresso na FILOSOFIA ESPÍRITA pertence aos ESPÍRITOS. Além do mais, TUDO sofreu o CONTROLE DOS MESMOS. Tudo o que foi escrito é fruto da ORDEM E DO DITADO DOS ESPÍRITOS.

Não há qualquer bela frase que mude os fatos. Há pessoas que se dizem espíritas e que estão, DELIBERADAMENTE, adulterando obras organizadas por Allan Kardec e, por uma via hipócrita e falsa, ADULTERANDO O PENSAMENTO DOS ESPÍRITOS contidos nestas obras.

Vamos trazer algumas palavras sobre o antirracismo. Trata-se de uma forma de ação contra o ódio, preconceito racial, racismo sistêmico e a opressão estrutural de grupos marginalizados racialmente e etnicamente. Se estão adulterando as obras de Kardec é porque em seu bojo há disseminação de ódio, preconceito e marginalização?

Existem na Doutrina Espírita várias Leis Morais que atestam que não  há nenhuma dessas questões combatidas pelo antirracismo presentes em seu conteúdo. Aliás, Espírito não tem sexo, nem etnia (Q. 200, LE), pois são INCORPÓREOS (Q. 82, LE), uma vez que a ALMA é o ser individual que SOBREVIVE AO CORPO (Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita).

Contudo, tão importante quanto, a ausência de um estudo sério, de uma pesquisa qualificada, de adeptos responsáveis, bem como o fato de haver um COMPLETO DESCONHECIMENTO DA OBRA ORGANIZADA POR ALLAN KARDEC, pois seus livros NÃO SÃO estudados do ponto de vista científico-filosófico, enquanto o que há é uma verdadeira transformação da Doutrina Espírita em uma seita, há um descaso com as atuais pesquisas sobre as adulterações da obra de Kardec, assim como com os documentos historiográficos do Espiritismo que surgiram no século passado, mas que só neste é que está sendo amplamente divulgado.

Nesse sentido, colacionamos nesse artigo algumas páginas escritas por ALLAN KARDEC, o ORGANIZADOR DO ESPIRITISMO. Vejamos:

       

Trata-se do PROJETO CONCERNENTE AO ESPIRITISMO. Esses documentos estão disponíveis em https://projetokardec.ufjf.br/item-pt?id=229&q=projeto , com o Título: Projeto concernente ao Espiritismo, Tradução: Bruto Abel. Revisão e correção: Philippe Gilbert; Traduzir: Bruto Abel. Revisão e correção: Alexandre Caroli; Publicado em 10/02/2022; Atualizado em 29/01/2023.

Conforme a tradução do projeto para o português, cuja pesquisa poderá ser feita no endereço acima, verificamos que Kardec afirma:

"As bases do Espiritismo estão, sem dúvida, estabelecidas, mas ele precisa ser completado por muitos trabalhos que não podem ser a obra de um só homem. Para evitar, no futuro, as falsas interpretações, as aplicações errôneas, numa palavra, as dissidências, é necessário que todos os princípios sejam elucidados de maneira a não deixar nenhum equívoco, a não dar, tanto quanto possível, margem a controvérsia;"

Pelo visto, a preguiça de muitos em relação ao estudo aprofundado da Doutrina Espírita, mostram o quanto Kardec estava correto em se preocupar com AS FALSAS INTERPRETAÇÕES, APLICAÇÕES ERRÔNEAS E DISSIDÊNCIAS. Ademais, o organizador do Espiritismo, que agora é tachado de racista por pseudos espíritas e aqueles cuja vida se resume em criticar e julgar sem qualquer meditação razoável, afirmou:

"Para alcançar esse resultado, são condições essenciais a independência e a ausência das preocupações da vida material. Tais condições podem ser encontradas em uma espécie de comunidade, que daria a cada membro as disponibilidades necessárias para realizar proveitosamente os trabalhos essenciais, a salvo dos intrusos e dos curiosos".

Infelizmente, o que não falta é intruso e curioso se pretendo a organizador do Espiritismo sem qualquer pudor ou caráter. Mas, Kardec continua em sua maravilhosa proposta, cujo empreendimento ele iria empregar uma grande propriedade que, muito custosamente, manteve em seu patrimônio apesar das dificuldades, asseverando que:

"É a uma reunião desse gênero que tenho o projeto de consagrar posteriormente minha propriedade, que se tornaria assim o Port-Royal do Espiritismo, sem ter o caráter monástico. Seria uma grande família unida pelos laços de uma verdadeira fraternidade, e por uma comunhão de crenças e de princípios. Uma regra determinaria as relações mútuas, as quais seriam baseadas na prática rigorosa da abnegação, da caridade e da moral espírita".

Um filósofo da qualidade de Kardec ser acusado de racista é sinal de que nada do seu legado foi absorvido pelo acusador. Vejamos o que o Espiritismo representa para Allan Kardec no que tange à regeneração da humanidade:

"Qualquer um que conheça os princípios da doutrina e os felizes resultados que ela produz a cada dia verá, na sua propagação e na união dos seus adeptos, a melhor garantia da ordem social, visto que ela tem por lema: Fora da caridade não há salvação, e por guia estas palavras do Cristo: Amai-vos uns aos outros; perdoai os vossos inimigos; não façais aos outros o que não quereríeis que vos fosse feito [e fazei o que gostaríeis que vos fosse feito]".

Para o coletivo, a garantia da ordem social. Para os indivíduos, eis o que a Doutrina Espírita representa para Allan Kardec:

"[...] ela proclama que todos os homens são irmãos, sem distinção de nacionalidades, de seitas, de castas, de raças nem de cores; que ela os ensina a se contentar com o que têm e a suportar com coragem as vicissitudes da vida; que, finalmente, com a caridade, os homens viverão em paz, [...]".

Se o Espiritismo, tal qual organizado por Allan Kardec, não está em conformidade com o pensamento, crença e ideologia desses pretensos espíritas, que busquem organizar outra filosofia, caso em que, SE ESTIVEREM COM A VERDADE, sua doutrina prevalecerá. Todavia, não cremos, uma vez que há claridade solar no texto acima, onde Kardec proclama COM TODAS AS LETRAS que a Doutrina Espírita proclama que todos os homens são irmãos, SEM DISTINÇÃO de nacionalidades, de seitas, de castas, DE RAÇAS NEM DE CORES.

Será mesmo esse o Allan Kardec racista?

Por fim, advertimos que o correto é que não ADULTEREM OBRA ALHEIA, pois, ISTO É UM CRIME TIPIFICADO NA LEI BRASILEIRA, SEGUNDO A CONVENÇÃO DE BERNA, que trata do DIREITO MORAL DO AUTOR, conforme imagem a seguir:


Para que as pessoas possam se inteirar e, também, se engajar nas causas antirracistas, uma vez que é necessário não só pregar, mas aplicar em nossas vidas a fraternidade e a solidariedade, fruto da Lei Moral de Justiça, Amor e Caridade (Capítulo 11 de O Livro dos Espíritos), indicamos o seguinte endereço eletrônico para conhecer algumas obras relevantes e importantes para compreender e extirpar o racismo no Brasil:

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/book-friday-amazon/15-obras-fundamentais-sobre-luta-racial.phtml

Acreditamos que não será ADULTERANDO OBRAS ALHEIAS e DETURPANDO UMA DOUTRINA FILOSÓFICA que vamos acabar com o que de pior impregna a consciência humana. Tudo, como ensinou Rivail, depois Kardec e os Espíritos Superiores, passa pela educação, mas não a encontrada em livros e sim a EDUCAÇÃO MORAL. Para isso, conforme o Espirito A Verdade: "Espíritas, amai-vos e instruí-vos".

Uberaba-MG, 12/03/2023
Beto Ramos

2 comentários:

Lauro Rodrigues e Cleide Gonçalves disse...

O simples fato de acusar, hoje, alguém que viveu em um outro século, em outro continente, logo, em outro país, já demonstra a mais completa ignorância.
Como foi dito neste artigo; se a Doutrina é obra dos Espíritos Superiores, e por ser Superiores, não pode haver falhas.
Outra tamanha ignorância é não entender que Kardec tinha a sua disposição médiuns escreventes mecânicos, ou seja, o pensamento do Espírito comunicante não sofria alterações.
E para mim, deveríamos nos ater no estudo da EDUCAÇÃO MORAL, já que não temos competência para compreender a grandeza daquele Espírito que envergou a personalidade de ALLAN KARDEC.

Beto, parabéns pelo artigo. Espero que chegue às pessoas que se dizem ESPÍRITAS, e estes tenham pelo menos a decência de estudar a Doutrina Espírita e parem de criticar aquilo que não conhecem, claro, pela falta do estudo.

Beto Ramos disse...

Obrigado Lauro. Isto mesmo. O caso é ter ou não a decência para tratar de questões profundas, das quais se desconhece boa parte, senão o todo.

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