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quarta-feira, 3 de agosto de 2022

QUAL É O OBJETO DE ESTUDO DO ESPIRITISMO?

 

Uma das primeiras dúvidas que me foram se apresentando durante o aprofundamento do estudo da Doutrina Espírita, sem dúvida, é quanto a princípio inteligente. Seria ele o objeto de estudo da doutrina? Se a resposta fosse positiva, qual razão levou Kardec a apresentar poucas questões fazendo referência ao assunto?

Observando a disposição do conteúdo de O Livro dos Espíritos vemos que:

a. No Livro Primeiro, sobre as causas primárias, capítulo 1, destacam-se 14 perguntas a respeito de Deus;

b. No capítulo 2, quanto aos elementos gerais do Universo, temos 04 questões; sobre espírito e matéria temos 39 questões, sendo que outras 02 tratam do espaço universal;

c. Ainda, no capítulo 2, no assunto elementos gerais do Universo, são reservadas para o princípio inteligente do universo 07 questões;

Não posso deixar de registrar qual foi minha surpresa. Seriam 'apenas' 07 questões? Essas seriam o suficiente? Que motivos teria o organizador do Espiritismo para não aprofundar no assunto?

Foi estudando a Obra A Gênese, especialmente o Capítulo 11 - Gênese Espiritual, item 23, que me deparei com importante esclarecimento de Allan Kardec sobre esse assunto. Vejamos o que registrou:

"Conforme a opinião de alguns filósofos espiritualistas, o princípio inteligente, distinto do princípio material, se individualiza, se elabora, passando pelos diversos graus da animalidade. É aí que a alma se ensaia para a vida e desenvolve, pelo exercício, suas primeiras faculdades. Seria, por assim dizer, seu período de incubação. Chegando ao grau de desenvolvimento que essa fase comporta, ela recebe as faculdades especiais que constituem a alma humana. Haveria, assim, filiação espiritual, como há corporal. Esse sistema, baseado sobre a grande lei de unidade que preside a criação, corresponde, é preciso convir, à justiça e à bondade do Criador. Dá uma saída, um alvo, um destino aos animais, que não seriam mais seres deserdados, mas encontrariam no futuro que lhes está reservado uma compensação a seus sofrimentos".

Importante destacar no texto transcrito ipsis litteris que Kardec apresenta uma teoria espiritualista, um sistema como ele mesmo diz, a qual afirma haver uma coerência interna quando analisada em razão dos atributos divinos. No entanto, veja que, em seguida, trará importantes informações que nos interessam para reflexão do tema proposto.

"O que constitui o homem espiritual não é sua origem, mas os atributos especiais dos quais está dotado quando entra na humanidade; atributos que o transformam e fazem dele um ser distinto, como o fruto saboroso é distinto da raiz amarga de onde saiu. Por ter passado pela fieira da animalidade, o homem não seria menos homem; não seria animal, como o fruto não é a raiz, ou o sábio não é o disforme feto, pelo qual veio ao mundo".

Destacamos nessa parte do texto, como também na anterior citada, que Kardec usa um determinado formato de linguagem. Trata-se do futuro do pretérito, isto é, um tempo verbal conjugado no modo indicativo, que pode expressar incerteza, surpresa e indignação. Essa forma é usada para se referir a algo que PODERIA ter acontecido posteriormente a uma situação no passado. Percebemos que Kardec usa esse tempo verbal expressando INCERTEZA.

Assim sendo, Kardec não valida a teoria, mas, faz um preâmbulo a seu respeito, afastando quaisquer sombra de dúvidas acerca da origem da hipótese, como, também, quem são seus defensores. A seguir, é possível perceber com clareza solar qual a solução que Kardec dá para o tema em questão e qual será o campo delimitado para se tornar objeto da sua pesquisa:

"Mas, esse sistema levanta numerosas questões, cujos prós e contras NÃO É OPORTUNO DISCUTIR AQUI NEM EXAMINAR as diferentes hipóteses feitas sobre esse assunto. SEM PROCURAR A ORIGEM DA ALMA E AS ETAPAS PELAS QUAIS TENHA PASSADO, vamos considerá-la ao entrar na humanidade, ponto em que está dotada de senso moral e do livre-arbítrio e começa a exercer responsabilidade por seus atos".

Recordando que as mencionadas faculdades especiais que constituem o homem espiritual, ser espiritual ou, ainda, ser humano (encarnado ou desencarnado) são: razão, vontade e imaginação.

Mas, o importante registro é que o Espiritismo não investiga a origem da alma, não estuda as etapas pelas quais ela tenha passado, e, também, não se ocupa do homem espiritual no período em que é Espírito simples e ignorante, isto é, aquele que entrou na humanidade, mas está com nulidade intelecto-moral. Essa fase, inclusive, segundo Kardec na Revista Espírita de 1864, dura um período que vai da primeira encarnação até a centésima, talvez milésima, até que o Espírito tenha consciência clara de si mesma.

A fase em que alma será considerada como objeto de estudo do Espiritismo é aquela em que está dotada de senso moral e do livre-arbítrio, quando faz escolhas e começa a EXERCER responsabilidade pelos próprios atos. Poderíamos especular que essa fase seria a daqueles Espíritos que se encontram já em planetas de provas e expiações e não nos orbes destinados a Espíritos primitivos. Mas, não passa de especulação mesmo. O que é necessário compreender é qual o objeto de estudo do Espiritismo: trata-se do Espírito que tem consciência clara de si mesmo.

Esperamos ter contribuído para o estudo desse assunto, uma vez que vemos muitos se debruçarem sobre fases das quais a Doutrina Espírita não se ocupa. Dessa forma, muitas discussões improdutivas podem ser dispensadas para dar lugar a várias outras que precisamos investigar, estudar, aprender e compreender.

Uberaba-MG, 03 de Agosto de 2022.
Beto Ramos.

segunda-feira, 26 de julho de 2021

FATALIDADE E LIVRE-ARBÍTRIO

Por que nós fazemos o que fazemos?

Há uma lei de regência das ações humanas?

Os atos humanos só foram praticados porque estavam escritos?

Segundo sua definição léxica fatalidade diz respeito ao destino que NÃO se pode evitar. Vulgarmente a palavra é usada para definir um acontecimento cruel, uma desgraça. Na origem etmológica da palavra, fatalidade vem do latim 'fatalitas', que provém do francês 'fatalité', cujo significado é 'necessidade do destino'. Especulamos se, nessa origem, o que se tentava era dar alguma resposta para algo cuja lei de regência era desconhecida ou, do contrário, não compreendida.

Filosoficamente, no que tange às ações humanas, encontraremos, em contraposição, a expressão 'livre-arbítrio', cuja ideia é significar a possibilidade de decidir, isto é, fazer uma escolha em função da própria vontade, onde a escolha é isenta de qualquer condicionante, motivo ou causa determinante.

A ciência filosófico-espírita tem no livre-arbítrio um princípio espírita, pois, sua teoria é fundada na autonomia moral do Espírito. Portanto, nas questões relativas à vida física, a fatalidade, vulgarmente compreendida, é incompatível com a ideia de livre-arbítrio. Não é concebível a ideia que os atos humanos foram praticados porque estavam escritos.

Considerando o Espírito um ser complexo, dotado de pontencialidades ou faculdades que "despertam" à medida que o mesmo progride e, também, evolui, constata-se que a escolha é uma dessas potencialidades. A aptidão para escolher surgirá à medida que conhecimentos são acumulados pelo Espírito.

Se por meio da instrução o Espírito estimula sua faculdade de inteligência, ocasião em que conhece as leis que regem a matéria e aprimora o seu conhecimento, por meio do esclarecimento o conhecimento aprimorado se transforma em sabedoria, e, como consequência, o senso moral não é mais mistério ou mero acaso. A sabedoria proporciona ao Espírito conhecer as leis que regem a natureza moral, o que lhe permite moldar e modificar o senso moral.

Para isso o Espírito reencarna e ocupa uma posição na Terra, onde desempenha fuções como consequência do gênero de existência que escolheu no estado de Espírito errante. Por isso, é fundamental saber que:
I. No estado errante o Espírito faz a escolha das existências futuras e das provas que deseja sofrer;
II. No estado corpóreo, seu livre-arbítrio lhe faculta ceder ou resistir aos arrastamentos a que voluntariamente se submeteu em razão da escolha do gênero de provas e da existência.

O Espírito, então, está sujeito a ser atraído para o crime ou para fazer o bem, sendo importante saber que há nisso duas condicionantes:
a. O meio em que estiver situado;
b. As circunstâncias supervenientes.

Desse modo, compreendendo a reencarnação como oportunidade, o Espírito:
1. Poderá combater suas más tendências com os conhecimentos que adquiriu ou irá adquirir;
2. Deverá estudar o que compõe o seu caráter, sua personalidade;
3. Deverá investigar e conhecer as leis que regem a natureza moral.

Podemos resumir isso no processo em que o Espírito:
- Estuda como se adquire uma imperfeição e como dela se livra;
- Por que faço algo desse jeito e não de outro?
- Aprende como adquirir, modificar e aprimorar o conhecimento segundo a Lei do Progresso.

Segundo o Espiritismo o livre-arbítrio é pleno. O Espírito tem poder de resistir a qualquer influência e nada é inexorável. Pela vontade comanda os desejos e lhe cabe fazer boas escolhas ou atender às más sugestões. As sucessivas reencarnações proporcionam ao Espírito esclarecer sua vontade. A VONTADE ESCLARECIDA escuta, julga e escolhe livremente entre dois conselhos.

Trazendo em si todas as qualidades e imperfeições que possuía como Espírito, o ser humano comete faltas em razão dessas, pois, ainda não atingiu superioridade moral. Isso não quer dizer que o livre-arbítrio é menor. Aliás, é essa faculdade que faz com que o avance no desenvolvimento do senso moral e é por meio da existência corporal que expurga suas imperfeições passando pelas provas. Ocasião em que trava uma luta íntima contra suas próprias imperfeições.

Experimentando provas e expiações, o Espírito que vence suas imperfeições se eleva, mas aquele que fracassa continua a ser quem era (nem melhor, nem pior) e terá que RECOMEÇAR do ponto onde sucumbiu. Nessa situação é possível que ainda demore muito tempo para vencer o obstáculo.

O Espiritismo aconselha que cada um cumpra o seu papel, no seu próprio proveito para, se elevando, ir para um mundo onde o bem reina inteiramente e onde se lembre de sua permanência na Terra, apenas, como um tempo de exílio.

Uberaba-MG, 26 de julho de 2021
Beto Ramos

DESTAQUE DA SEMANA

A DOUTRINA DOS ESPÍRITOS NÃO É ASSUNTO QUE SE ESGOTA EM UMA PALESTRA

  EM SUAS VIAGENS KARDEC MINISTRAVA ENSINOS COMPLEMENTARES AOS QUE JÁ POSSUIAM CONHECIMENTO E ESTUDO PRÉVIO. Visitando a cidade Rochefort, n...