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terça-feira, 12 de janeiro de 2021

COMPREENDENDO O ESPIRITISMO

 

No mes de janeiro, precisamente no dia primeiro do ano de 1846, nascia em Foug, distrito de Toul, na França, um dos maiores nomes conhecidos no Espiritismo depois de Allan Kardec. Reconhecido orador e escritor espírita atuou na Europa, ganhando notoriedade pelo mundo, tornando-se um grande e destacado líder do Espiritismo no seu tempo. Desencarnou em Tours, no dia dia 12 de abril de 1927.

Na atualidade há uma grande discrepância entre o conteúdo doutrinário do Espiritismo e muitos daqueles que se pretendem espíritas. Quem busca estudar sériamente o ensino dos Espíritos aprenderá, certamente, que a filosofia espírita é, em profundidade, uma filosofia de vida.

Não basta repetir "fora da caridade não há salvação" e agir por automatismo frente a obras puramente materiais quando distantes do verdadeiro significado da expressão caridade (como a compreendia Jesus): benevolência para com TODOS; Perdão das OFENSAS; e indulgência para com as IMPERFEIÇÕES ALHEIAS.

Por essa linha de raciocínio, o Espiritismo, bem compreendido, NÃO COADUNA com qualquer forma e regime de governo. Primeiro, é necessário considerar que entre as Leis Morais (Leis Divinas ou Naturais) temos a LEI DE IGUALDADE, demonstrando TODAS as nossas diferenças enquanto individualidades e os pontos onde somos, de fato, iguais. Segundo, recordamos a LEI DE SOCIEDADE, certos de que é no âmbito social onde nos tornamos indivíduos fraternos e solidários.

Se estudamos sociedade, igualdade, solidariedade e fraternidade no espiritismo, importa-nos refletir acerca da lição ditada pelo aniversariante deste mês:

"Após as doutrinas do passado, que só nos trouxeram obscuridade, incertezas, o Espiritismo projeta uma enorme claridade sobre o caminho a percorrer; no encadeamento de nossas vidas sucessivas, ele nos mostra a ordem, a justiça, a harmonia que reinam no Universo. Que o socialista sensato adote essa grande Doutrina, essa ciência vasta e profunda que esclarece todos os problemas e nos fornece provas experimentais da sobrevivência; que os seus seguidores se impregnem dela, que a ela adptem seus atos e então poderá tornar-se um dos meios que levarão a Humanidade na direção de melhores destinos[1]".
Algumas outras letras de Denis demonstram que, ou se adquire experiência ou o destino é a infância espiritual, senão vejamos:

"Após a guerra de 1870, entendi que seria necessário trabalhar com ardor na educação do povo. [...] Agora que a idade embranqueceu os meus cabelos e a experiência chegou, [...] compreendo melhor porque a lei da evolução obriga a imensa maioria dos seres renascer no seio das classes trabalhadoras, para nelas desenvolver sãs energias, moldar o caráter, tornar o homem verdadeiramente digno desse título[2]".

[1] DENIS, Léon. Socialismo e Espiritismo. CELD: Rio de Janeiro, 2012. Pg. 20.
[2] Idem, pg. 21.

Uberaba - MG, 12 de janeiro de 2021.
Beto Ramos.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

VOLTAIRE


"Posso não concordar..." ;


"Discordo do..." ;


"Não concordo com..."



(AVISO: A REFLEXÃO RECUSA PREGUIÇA)

Ah, sim! Vamos lá: posso não concordar com o que Trump diz nas redes sociais, mas, defendo sempre que seja o judiciário o detentor da prerrogativa de retirar de circulação suas "fake news" ou a incitação a crimes.

Se você pensou que estou parafraseando Voltaire, ERROU! A fomosa frase que lhe é atribuída - "Eu discordo do que você diz, mas vou defender até a morte seu direito de o continuar dizendo" - não é de sua autoria. ELE NUNCA DISSE ISSO.

Na verdade, voltando no tempo, François-Marie Arouet, conhecido pelo pseudônimo Voltaire, se posicionou contra o banimento de um livro de autoria de Claude-Adrien Helvétius, com o qual ele teve um, digamos, "desacordo". Helvétius escreveu DE L'ESPIRIT e teve sua obra condenada e queimada (Sorbonne, Parlamento de Paris e Igreja). Voltaire não acreditava que fosse certo ou justo queimar aquela obra.

MAS, E A FRASE? Foi em uma "biografia", publicada em 1906, que aparece a frase NUNCA DITA POR VOLTAIRE. Na verdade, tratava-se de uma forma literária de RESUMIR O PENSAMENTO E A POSIÇÃO DE VOLTAIRE QUANTO À QUEIMA DO LIVRO DO SEU ADVERSÁRIO NO CAMPO DAS IDEIAS.

Mais tarde, outra publicação (1919) aparece tal ideia como se fosse um "princípio voltairiano" ENTRE ASPAS. No fim e ao cabo, compreendemos que o filósofo, realmente, defendeu a liberdade de expressão e a sua irredutibilidade.

Ah! é importante saber que a autora da "biografia" reconheceu em carta que o filósofo NUNCA havia dito a famosa frase (Evelyn Hall), onde pede desculpas, pois, não fora sua intenção causar tamanha confusão. Um estudo ajuda a nos situarmos bem sempre.

O já longevo bolsonarista Alexandre Garcia, que parecia ser intelectual quando estava na Globo, deveria saber disto e não usar a frase com erro de atribuição.

De todo modo, quando se comemora o banimento de Trump de uma rede social, o que se faz é entregar A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O GOVERNO para instituições privadas, cujo tribunal não contempla o devido processo legal; a decisão ocorre entre quatro paredes; e os objetivos sãos os mais particulares, individuais e escusos possíveis (a Vice-Presidente dos E.U.A. é uma representante dessas mesmas empresas que controlam as redes sociais no mundo).

Posso não concordar com o Trump, mas... deixar grupos substituirem a justiça e o governo é um caminho perigoso. É um 'SELAR O PRÓPRIO DESTINO.

O PRÓXIMO DIREITO DE EXPRESSÃO A SER REPRIMIDO SERÁ O SEU. E isso não ocorrerá muito longe, será na próxima esquina e alguém NEM estará usando uma farda, pois, até isso está se terceirizando nessa "COMEMORAÇÃO".

Concluimos recordando: Voltaire nunca disse a sua (NÃO) mais famosa 'frase'.

Uberaba-MG, 10 de janeiro de 2021
Beto Ramos





quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

O ENSINO DOS ESPIRÍTOS E O PENSAMENTO FILOSÓFICO

Hoje, neste artigo, quero compartilhar com vocês leitores (as) algumas referências encontradas no estudo da filosofia que, ao nosso sentir, estão presentes na Obra produzida pelo insigne Professor Rivail, usando o pseudônimo Allan Kardec. O objetivo é que, juntos, possamos nos apropriar da influência científico-filosófica em todo o trabalho que, mais tarde, seria conhecido como Codificação do Espiritismo.

Todas as proposições a seguir possuem um caráter de estudo, partindo das premissas encontradas nas pesquisas bibliográficas, deduzindo o resultado, uma vez que não há referência direta feita por Rivail para cada uma dessas influências. Todavia, está patente no seu trabalho uma divisão em conformidade com a estrutura didático-pedagógica do currículo dos cursos de filosofia contemporâneas à sua produção científica.

Não iremos esgotar tudo o que poderá ser encontrado pelo estudante, pois, a sugestão de fundo é que cada interessado, também, busque certificar-se de que tais influências estão diretamente ligadas às perguntas e respostas consolidadas em todas as Obras da Codificação.

Sem dúvida, podemos pensar que a Lei do Progresso possui, em sua base, o pensamento de Heráclito: “Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio”. O mesmo pode-se dizer quanto ao Livre Arbítrio: “Os caminhos para cima ou para baixo são um só e a mesma coisa, depende do ponto de partida”. Quando se pensa em Espírito simples e ignorante com o potencial para evoluir, esse filósofo, acerca do conhecimento, ponderou: “De onde vem o conhecimento? da nossa mente, do nosso pensar e não da nossa conservação das coisas”.

Parmênides, concordando com Heráclito, vai ponderar que o conhecimento empírico é subjetivo, pois, o ser humano para descobrir o mundo, deve confiar somente na lógica e no pensamento: “ser é a mesma coisa que pensar”.

Quando nos deparamos com as reflexões de Anaxágoras de que tudo está em tudo, imediatamente, recordamos da resposta dos Espíritos na questão 540 de O Livro dos Espíritos. Isto é corroborado pelo fato de que a ideia da existência dos “não cortáveis” - dos ÁTOMOS -, os quais, segundo esse pensador, “formam as coisas quando colidem entre si, formando novos compostos”.

Não seria o sofista Protágoras, se dando conta das implicações das crenças e dos comportamentos humanos, questionando se uma crença é natural ou cultural, o precursor da fé raciocinada como concebida por Rousseau e Kant?

Não há dúvidas sobre questões envolvendo a imortalidade da alma tratadas pelo precursor Sócrates, inclusive suas defesas, naquele tempo, do livre-pensamento e da liberdade de consciência, da ética humana e política. Sobre os conhecimentos inatos, aos quais os Espíritos respondem a Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, Platão afirmou que todos já nascemos programados com certos tipos de conhecimento. Sua explicação fundamenta-se no fato de que “todos temos uma alma imortal, pois, já passamos por existências anteriores”. Na sua formulação “tudo o que aprendemos não passa de um (re) conhecimento ou anamnese (memória)”.

Esse filósofo também formulou que existem dois mundos, o das coisas óbvias do cotidiano e o das eternas e perfeitas formas. Seria a base para se compreender a constatação da inédita informação dada no Livro Segundo de O Livro dos Espíritos onde o tema central é: MUNDO ESPIRITUAL OU DOS ESPÍRITOS? Onde os Espíritos transmitem o conhecimento que experimentaram do seu mundo, percebido pelas sensações do perispírito.

Parece que Platão captou a ideia de mundo espiritual, mas, não soube explica-la. Considerou o mundo das formas, mas, não Espíritos e mundo espiritual. Mas, não há dúvida de que no fundo há a ideia de superação dos meros fenômenos sensíveis da matéria, confirmada, mais tarde, em O Livro dos Espíritos.

Finalizando a contribuição de Platão, quando o estudamos e encontramos sua ideia de que “para conhecer realmente alguma coisa é preciso experimentá-la, vivenciando sua experiência de modo direto”, ao menos nesta reflexão, recorda-se a proposição contida na questão 132 de O Livro dos Espíritos, onde se verifica a necessidade da encarnação dos Espíritos para vivenciar experiências variadas em cada mundo e por cada ponto de vista, sendo necessária a reencarnação no processo evolutivo.

A lógica dedutiva ou silogística está presente na Obra de Kardec. Aristóteles foi o seu precursor, estabelecendo os critérios das premissas maior e menor e da conclusão, componentes dessa construção. A ideia central desse tipo de raciocínio é que a conclusão não admita mais que as premissas.  Também é o criador do método da indução. Essa matriz parece estar na base da ciência espírita.

Aristóteles começa a fazer ciência quando passa a generalizar do observável especificamente para espécies. Usando generalizações indutivas sobre as espécies para fazer uma dedução sobre indivíduos, o que permite à ciência fazer uma previsão. A construção científica da “causa final” das coisas individuais e que cada uma delas possui uma função potencial é sua construção.

Quanto à "causa final" afirmou que tudo e cada acontecimento tem uma causa; recuando até o começo dos tempos chegaremos à conclusão de que deve ter havido uma CAUSA PRIMEIRA, o PRIMEIRO MOTOR. Algo como um CRIADOR DIVINO. Parece-nos ser essa construção a base racional do ensino contido no Livro Primeiro de O Livro dos Espíritos.

Aristóteles também tratará de almas e substâncias falando de essência e acidente. Intrigante é a sua reflexão acerca de vegetais, animais e humanos, sendo que os primeiros possuem uma alma vegetativa porque crescem, os segundos possuem alma animal em razão das sensações, e os terceiros possuem as duas, bem como a razão. Pareceu não garantir a imortalidade da alma. Assim, é possível ponderar que não falava de alma como se compreende. Sua base reflexiva estaria de acordo com o que contém O Livro dos Espíritos quanto ao princípio vital, o instinto, a inteligência e a razão.

Por fim, esse filósofo tratou da ética da moderação (uma realização própria) e da capacidade humana de se adquirir competências por meio do conhecimento, o qual pode ser transmitido, além dos hábitos condicionados elaborados ao longo do tempo e as escolhas necessárias do cotidiano, sendo a Moral compreendida como um Código de Conduta. Em O Livro dos Espíritos há a afirmação dos Espíritos de que realmente a Moral é a conduta humana na prática do bem.

Foram esses os apontamentos que ousamos fazer e que ficaremos felizes em receber todas as críticas necessárias, solicitando sempre que o prévio estudo das informações contidas em O Livro dos Espíritos preceda o debate.


Fonte Bibliográfica:

ROBINSON, Dave. Entendo a filosofia: um guia gráfico da história do pensamento / Dave Robinson, Judy Groves; Tradução Marly N. Peres. São Paulo: Leya, 2012.

DESTAQUE DA SEMANA

A DOUTRINA DOS ESPÍRITOS NÃO É ASSUNTO QUE SE ESGOTA EM UMA PALESTRA

  EM SUAS VIAGENS KARDEC MINISTRAVA ENSINOS COMPLEMENTARES AOS QUE JÁ POSSUIAM CONHECIMENTO E ESTUDO PRÉVIO. Visitando a cidade Rochefort, n...