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segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

HÁ RELAÇÃO ENTRE A SOCIOLOGIA E O ESPIRITISMO?

O nosso propósito nesta publicação é saber se o Espiritismo, como ciência da observação e filosofia com consequências morais ‘absorve’ de certa maneira, ou melhor dizendo, atrai para si a preocupação com os objetos de estudos de outras ciências.

Vamos refletir sobre a sociologia.

Sabemos que é uma parte das ciências humanas que estuda o comportamento humano em função do meio e os processos que interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições.

Aprendemos no Espiritismo que o meio vai influenciar sobremaneira no gênero de provas a que o Espírito se submete, isto é, suas escolhas consideram, entre outras coisas, o meio a que está inserido.

É lícito perguntar como esse comportamento dos encarnados irá influenciar na vida do Espírito? Indivíduos que se reuniram em associações, grupos e instituições vão, novamente, se reunir no mundo espiritual?

A sociologia tem uma base teórico-metodológica voltada para o estudo dos fenômenos sociais, tentando explicá-los e analisando os seres humanos em suas relações de interdependência. Portanto, um dos objetivos da sociologia será compreender as diferentes sociedades e culturas.

A pergunta que fazemos é: como essa compreensão influenciará na vida espiritual? Há uma relação de interdependência entre os Espíritos nas suas diversidades de classes?

Acreditamos que é possível encontrar respostas concretas para essas e outras reflexões que podemos fazer na relação entre a Sociologia e o Espiritismo. Deixamos aqui consignado para que você, leitor ou leitora, traga a sua contribuição para esse ensaio.

Uberaba-MG, 02/01/2023

Beto Ramos

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

MOVIMENTO PLANETÁRIO PARA O PROGRESSO MORAL

 

Há sinais de que, na Terra, "tende a se estabelecer uma nova ordem de coisas, e os homens que são seus maiores opositores, sem saber, contribuem para isso"?

Podemos afirmar que está surgindo uma geração desembaraçada das escórias do velho mundo e que é formada de elementos mais depurados, animada de ideias e sentimentos diferentes dos que a geração presente demonstra?

Será que o velho mundo, logo, estará morto e viverá apenas na história, como ocorreu com os tempos da idade média, com seus costumes bárbaros e suas crenças supersticiosas?

Por incrível que pareça, todas as respostas a estas indagações são afirmativas. Encontramos essa bela dissertação na obra A Gênese, de Allan Kardec, 1868 (FEAL, 2018), no capítulo 18, Os Tempos São Chegados.

No final do item 7 o organizador do Espiritismo escreve:

"No entanto, todos sabem quanto deixa a desejar a atual ordem de coisas. Após, de certa forma, ter se esgotado o bem-estar material que a inteligência pode produzir, se compreenderá que o complemento desse bem-estar só pode estar no desenvolvimento moral. Quanto mais se avança, mais se sente o que falta, entretanto, sem poder ainda definir claramente: trata-se do trabalho íntimo que se opera pela regeneração. Tem-se desejos, aspirações que são como o pressentimento de um estado melhor".

Chama a atenção a observação de Allan Kardec quanto aos acontecimentos que permeiam esse processo:

"Contudo, uma troca tão radical como essa que se elabora não pode se cumprir sem comoção. Há uma inevitável luta entre as ideias. Desse conflito nascerão forçosamente perturbações temporárias até que o terreno esteja limpo e o equilíbrio, restabelecido. Assim, da luta de ideias surgirão os graves acontecimentos anunciados, e não de cataclismos ou catástrofes PURAMENTE materiais. Os cataclismos gerais eram as consequências do estado de formação da Terra, e atualmente não se agitam mais as entranhas do globo, mas as da humanidade".

Observando os acontecimentos dos dias atuais seria possível identificar movimentos, isto é, agitações da humanidade?

Em substancioso artigo, disponível na internet em A ATUAL CRISE DO CAPITALISMO, Reinaldo A. Carcanholo (professor do programa de pós-graduação em Política Social da Universidade Federal do Espírito Santo) afirma:

"A verdade é que vivemos em um regime que significa uma verdadeira tragédia para importante porção da humanidade, ao lado da pobreza para grande parte do restante. O período do colapso da atual etapa e o futuro do capitalismo só aumentarão a tragédia. Acreditar no retorno de um capitalismo capaz de crescimento sustentável e até de concessões aos trabalhadores é crer em ilusões; divulgar ideias nesse sentido é disseminar falsas esperanças. A perspectiva reformista produz um grande dano político. O capitalismo de amanhã só poderá ser pior do que o de hoje. Em nossos dias, para a humanidade, o capitalismo teoricamente está morto, é necessário matá-lo historicamente. E isso será muito difícil, mas não impossível."

Não estaríamos, segundo o estudo apresentado, diante do  que Kardec descreveu como o prelúdio do esgotamento do tal bem-estar material, que exige os esforços da humanidade para ser superado pelo desenvolvimento moral?

Responde-se positivamente a essa indagação. Contudo, é importante lembrar que o "progresso de cada parte do conjunto é relativo ao seu grau de adiantamento" (A Gênese, Allan Kardec, 1868 (FEAL, 2018), capítulo 18, item 9, Os Tempos São Chegados).

Há uma luta entre as ideias e isto se comprova por meio do estudo publicado na Revista Internacional Educon (ISSN 2675-672, vol. 2, n. 3, set/dez 2021), cujo título é "O Negacionismo: uma Crise Social da Relação com a “Verdade” na Sociedade Contemporânea", que esclarece:

"O que está em jogo no negacionismo e na crise da relação com a verdade, porém, não é apenas a ciência e seu ensino: é o espírito crítico, a liberdade de pensamento, a convivência democrática, a possibilidade de um mundo comum, compartilhado por pessoas diferentes. O que está em jogo, em todas as disciplinas da escola, e também na educação pelos pais e na forma como a sociedade trata os jovens, é a questão que Charlot levantou no seu livro Educação ou Barbárie? (Charlot, 2020). Formas antigas de barbárie estão voltando: nacionalismos agressivos, fundamentalismos religiosos excludentes, celebração das armas, da sobrevivência dos mais fortes e da morte dos mais fracos. Formas novas de barbárie estão invadindo o espaço público: cyberbullying, assédio e ódio nas redes sociais. O negacionismo é a forma epistemológica da barbárie contemporânea".

Todavia, apesar da luta de ideias nos dias atuais, Allan Kardec afirmou ainda no século 19 que "o progresso intelectual realizado até hoje, em grandes proporções, constitui um grande passo e marca a primeira fase da humanidade, mas sozinho é impotente para regenerá-la. Enquanto o homem estiver dominado pelo orgulho e egoísmo, utilizará sua inteligência e seus conhecimentos em proveito de suas paixões e de seus interesses pessoais" (Idem, item 16).

E não é exatamente o que se verifica no atual século 21? A bem dizer, o que se verifica não é o "aperfeiçoamento dos meios de prejudicar os outros e de destruição mútua" (ibidem)? Constata-se positivamente o vaticínio de Kardec.

Hoje, o negacionismo, como meio de prejudicar e destruir o próximo, distancia-se da crença estabelecida nas verdades eternas, que, não sujeitas à discussão, seriam aceitas por todos. O trabalho de esclarecimento, pois, está no início e exige o esforço de todos, uma vez que:

"Somente o progresso moral pode assegurar a felicidade dos homens sobre a Terra, colocando um freio às más paixões; só ele pode fazer reinar entre todos a concórdia, a paz, a fraternidade [...] Um tal estado de coisas supõe uma troca radical de sentimento das massas, um progresso geral que só poderia ocorrer saindo-se do círculo de ideias mesquinhas e triviais que alimentam o egoísmo".

A verdade é que ainda haverá choro e ranger de dentes. A batalha pela regeneração da humanidade coloca, lado-a-lado, os detentores das ideias progressivas e maduras e os refratários, que combatem as ideias novas como subversivas.

Nesse sensível movimento planetário para o progresso moral, é possível observar uma luta entre a geração de Espíritos refratários e a geração dos Espíritos que, mesmo não regenerados, amadureceram para as ideias de convivência fraterna, igualitária e solidária?

Responde aí nos comentários.


Uberaba-MG, 01/12/2022
Beto Ramos.

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

O CONHECIMENTO ESPÍRITA PERMITE MUDAR DE OPINIÃO?

De maneira simples, a mudança de opinião consiste em deixar um pensamento, até então tido como certo, para assumir uma ideia nova. Trata-se, na verdade, da capacidade humana de adaptação ao novo. Para tanto, é necessário ter a mente aberta para novos conhecimentos, o que implica, também, ver-se na situação de constante aprendizado.

Partindo dessa premissa, indagamos: o conhecimento espírita permite mudar de opinião? A resposta, por mais simples que possa parecer, requer antes de tudo, saber se:

a) O Espiritismo é dogmático ou permite a reflexão?

b) A teoria espírita é de autonomia e liberdade ou é de heteronomia e obediência?

c) O ensino pelos Espíritos de sua ciência, que permitiu organizar uma verdadeira Doutrina, foi ministrado a um só tempo ou de maneira progressiva?

d) A revelação espírita é centralizada em uma só entidade ou é produto do trabalho coletivo com participação humana? É de origem apenas divina ou, também, humana?

e) Compreender o espiritismo exige fé cega ou raciocinada? Como se conduz o indivíduo em um e em outro caso?

Poderíamos, evidentemente, trazer um longo questionário antes de buscar responder se o espírita pode ou não mudar sua opinião à medida que conhece, estuda e busca compreender a Doutrina dos Espíritos e sua ciência.

No entanto, um exemplo poderá arrastar muito mais que as complexas respostas dadas pelos sofistas que procuram macular a Doutrina dos Espíritos, com suas ideias mirabolantes, que induzem ao campo da religião positiva e dogmática ancestral.

Desse modo, é o próprio organizador do Espiritismo quem vai nos dar um belo exemplo. Em um de seus artigos na Revista Espírita de Outubro de 1858, Allan Kardec discorreu sobre sua compreensão acerca do tema 'possessão'. No caso, apresentou sua teoria e hipóteses para não aceitá-la, uma vez que implicaria na ideia de seres especializados e votados ao mal para a eternidade, os chamados demônios, bem como por induzir à ideia de uma 'coabitação' em um mesmo corpo físico por dois Espíritos, como se pode observar:

"Para nós, a possessão seria um sinônimo de subjugação. Se não adotamos esse termo, foi por dois motivos: primeiro, porque implica a crença em seres criados e votados perpetuamente ao mal, mas apenas existem seres mais ou menos imperfeitos e todos podem melhorar; segundo, porque pressupõe igualmente a ideia de tomada de posse do corpo por um Espírito estranho, uma espécie de coabitação, quando só há constrangimento. A palavra subjugação traduz perfeitamente esse pensamento. Dessa forma, para nós, não existem possessos no sentido vulgar do termo, mas tão somente obsidiados, subjugados e fascinados". (Kardec, Allan. Revista espírita: ano primeiro: 1858 pp. 372-373, FEB. Edição do Kindle).

No entanto, adquirindo conhecimento doutrinário espírita, estudando com afinco, investigando a ciência dos Espíritos e formulando os princípios e postulados espíritas, Kardec escreve sobre Um Caso de Possessão - Senhorita Júlia, onde esclarece:

"Dissemos que não havia possessos no sentido vulgar do termo, mas subjugados. Queremos reconsiderar esta asserção, posta de maneira um tanto absoluta, já que agora nos é demonstrado que pode haver verdadeira possessão, isto é, substituição, embora parcial, de um Espírito encarnado por um Espírito errante". (Revista Espírita, Dezembro/1863). 

E, de modo definitivo, Kardec discorre sobre obsessão e possessão na obra A Gênese, de 1868, especialmente nos itens 45, 46, 47, 48 e 49 do Capítulo XIV, Os Fluidos, em que deixa clara e cristalina sua compreensão acerca do fenômeno.

Com tal exemplo, o propósito desse artigo parece ter sido alcançado no sentido de responder:

- Sim, o conhecimento espírita permite mudar de opinião, pois, se Allan Kardec não se envergonhou de corrigir e mudar sua opinião, predispondo-se a não impor qualquer restrição por orgulho, vaidade ou prepotência ao seu processo de raciocinar e aprender, nenhum obstáculo há para o espírita sincero e sequioso do conhecimento doutrinário que se depara com informações novas, lógicas e razoáveis, fruto do estudo sério e da observação.

Você sabia que o conhecimento espírita é progressivo e que Kardec recalculou a rota em várias oportunidades sem, por isso, se envergonhar?

E você, está pronto para mudar de opinião?

Uberaba-MG, 21/11/2022
Beto Ramos

DESTAQUE DA SEMANA

A DOUTRINA DOS ESPÍRITOS NÃO É ASSUNTO QUE SE ESGOTA EM UMA PALESTRA

  EM SUAS VIAGENS KARDEC MINISTRAVA ENSINOS COMPLEMENTARES AOS QUE JÁ POSSUIAM CONHECIMENTO E ESTUDO PRÉVIO. Visitando a cidade Rochefort, n...