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segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

KARDEC, ANTES DE TUDO, RIVAIL "O EDUCADOR".


Caso se pergunte a alguém, preferencialmente aos espíritas, quem foi Kardec, certamente para uns a resposta será: o organizador do espiritismo; e, para outros, o codificador do espiritismo.

É curioso dizer, mas, Allan Kardec, o organizador da Doutrina Espírita, foi alguém que nasceu em 18/04/1857 e com a idade adulta de  aproximadamente 52 anos. É que esse nome é um pseudônimo. Na verdade, antes do advento de Kardec para o mundo, viveu outro homem.

É imperativo saber:

KARDEC FOI, ANTES DE TUDO, RIVAIL, O EDUCADOR.

Mais da metade da vida de Rivail, depois Kardec, foi dedicada à educação da juventude. Sua vida foi influenciada por destacados pedagogos, que lhe serviram de modelo e inspiração (assista o vídeo em nossa plataforma).

No século 19, Rivail foi considerado um ESPECIALISTA em assuntos de ensino. Por meio de suas obras, ele dialogava com alunos, professores e outros profissionais do ensino e da educação, além de influentes personagens da área jurídica e administrativa do sistema educacional francês.

O movimento espírita conhece pouco ou quase nada de Kardec. Mas, Rivail, o educador, não é mencionado como tal e nem há ênfase da sua importância para o mundo que se pretende regenerar.

Nessa reflexão não estamos aludindo ao título educador, mas quem é, o que fez, qual o tamanho de sua obra e a proeminência de Rivail para a França do século 19 no campo da educação.

Quem foi o pedagogo Rivail? Como se desenvolveram seus conceitos de ensino e educação? Qual sua proposta para educar o povo?

Talvez a primeira questão a ser abordada seria o esquecimento de quem foi Rivail. O primeiro 'culpado' disto é ele próprio. Rivail pretendeu isso. Pode-se imaginar que objetivou proteger pessoas; não quis usar seu prestígio para divulgar o espiritismo; não desejou ofuscar a nascente ciência-filosófica, seu conteúdo e sua importância.

Sobre Rivail e Kardec, possuindo muito em comum, destaca-se que ambos obtiveram sucesso com as obras que publicaram. No entanto, Kardec abordou com bastante clareza temas que Rivail não discutiu com a mesma profundidade.

Quem foi Rivail antes de O Livro dos Espíritos? Foi alguém que dedicou um grande período de sua vida ao trabalho pedagógico. Trabalhou com o ensino e a educação, publicou livros específicos e artigos com considerações profundas acerca dos problemas dessa área do conhecimento.

Se você desejar conhecer a história da família de Rivail, sua infância e formação, acesse os endereços abaixo (o número 1 possui 3 partes) e leia tudo:

1. A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO...

2. A VIDA DE RIVAIL NO CAMPO...

3. INFÂNCIA E INFLUÊNCIA DO MEIO NA OBRA...

4. YVERDON-LES-BAINS: RIVAIL E PESTALOZZI SE ENCONTRAM

Após deixar Yverdon Rivail seguirá carreira no campo da educação, pela qual dedicará sua vida. Abaixo, um breve histórico:

1823 - Lança sua primeira obra pedagógica: Curso Prático e Teórico de Aritmética Segundo os Princípios de Pestalozzi, com modificações.

12/1823 - Lançamento da obra completa, uma vez que a anterior tinha apenas 16 páginas. Recomenda o livro a professores e mães que desejassem ensinar para as crianças as regras básicas de aritmética.

1825 - Se torna diretor de uma escola de 1º grau, fundada por ele em Paris. Para essa ocasião publica um livreto de 8 páginas.

1826 - Fundou a instituição Rivail, um instituto técnico, onde aplicou o método de Pestalozzi, o qual funcionou por 9 anos.

1830 - Traduz, para o alemão, "Aventuras de Telêmaco", cujo autor foi François de Salignac de La Mothe Fénelon, na qual acresceu comentários para uso em educandários, entre outros, como objeto de estudos comparados de línguas. Rivail era poliglota e dominava várias línguas.

1831 - Rivail recebeu um prêmio pela obra "Memorando sobre o seguinte problema: qual é o sistema de estudo mais conveniente às necessidades da época atual?".

1832 - Se casa com Amélie Boudet e fundam um educandário para moças nas proximidades de Paris, que foi dirigida por Amélie.

14/08/1834 - Rivail profere discurso na distribuição de prémios em sua escola. No mesmo apresenta noções importantes da pedagogia que praticava.

Na instituição que fundou, física e química eram matérias obrigatórias, além de literatura, geografia, história, gramática, escrita, leitura, desenho geométrico, etc., abordando, também, anatomia e fisiologia.

1834 - Fechou o seu instituto, vendendo-o para passar a trabalhar como contador e tradutor de livros, além de elaborar programas de estudos para alunos de escolas do subúrbio.

1835 - 1840 - Dirigiu cursos populares gratuitos de Química, Física, Astronomia e Anatomia Comparada.

1848 - Rivail dirigiu o Liceu Polimático. Ministrou cursos de Fisiologia, Astronomia, Química e Física. Produziu manuais didáticos, planos, exercícios, compilações de métodos para professores e pais, projetos para políticos e pedagogos.

Ao longo dos textos e livros publicados, Rivail demonstra percepções distintas de sua época. História para ele não se limita a datas e parentescos familiares. Era necessário estudar costumes, descobertas, progressos da arte e da ciência em períodos sucessivos. Estudar canto era tão necessário quanto a leitura.

Nesse período Rivail já afirmava que houve o tempo da força bruta como lei, hoje é o mesmo com a força do espírito; Que, quem aprende, trabalha por sua própria felicidade. Foi reconhecido como um dos melhores gramáticos de seu tempo na França. Era um cientista e pertenceu a diversos institutos, devidamente diplomado.

No período de produção de Rivail, a situação do sistema escolar da Europa Ocidental evoluiu influenciada por mudanças progressistas da sociedade.

A política caminhava em direção à democracia. E isso requeria mudanças nas atividades do meio intelectual, no sentido de possibilitar aos cidadãos adquirir conhecimentos necessários à utilização do seu poder. A democracia dependia dos programas educativos.

É nesse cenário que surge a ideia da obrigatoriedade e gratuidade da instrução pública, a princípio para o ensino de primeiro grau. Além disto, o ensino técnico reclamava o seu lugar. O segundo grau se caracterizou pelo estudo de línguas vivas e não clássicas.

Nessa conjuntura, há o distanciamento das escolas e as igrejas. A ideia era a cultura se tornar leiga e o Estado assumir o poder sobre ela. Nesse tocante importa recordar as características do ensino dominado pelos religiosos:

  • A língua era o latim;
  • O viver era baseado na ideia cristã;
  • O objetivo era o aluno enfrentar problemas administrativos e econômicos;
  • O programa de estudos continha muitos elementos de religião;
  • Os professores, frequentemente, eram clérigos;
  • As mentes eram formadas para obedecerem às igrejas e ao Estado;
  • Em universidades, apenas teólogos, juristas e médicos recebiam ensino especializado; e,
  • Havia tratamento diferenciado para os sexos nesse período.

De maneira geral, a Europa, sobretudo Suíça e Alemanha, com algum alcance sobre as colônias inglesas e os Estados Unidos, buscavam desenvolver métodos ativos e intuitivos, que permitissem aos alunos participarem do processo de ensino e acompanhar a descoberta da verdade junto aos professores.

A França de Rivail, contudo, era um país onde prevalecia a Tradição. Pesava o senso de hierarquia social e da aristocracia. Em meio a isso surgem os serviços públicos e as profissões liberais, dentre às quais pertencia o gênero de trabalho braçal.

Dessa forma, ao contrário de avançar, tornou-se um obstáculo ao desenvolvimento. Escolas de segundo grau, por exemplo, não buscaram desenvolver uma educação que servisse às pessoas "menos importantes".

Por outro lado, a industrialização francesa fez surgirem condições favoráveis à educação pública. O aprendizado era visado pelos ricos que desejavam que alguns operários se instruíssem, adquirindo e aperfeiçoando sua capacidade técnica. Surge, também, a necessidade de garantir cuidados às crianças para que seus pais pudessem trabalhar durante o dia.

Mas, sendo um país profundamente católico e com ligação umbilical com a igreja, a transformação das escolas em instituições leigas encontra muita resistência. Pensava-se que a direção tomada pela evolução do sistema educacional era nocivo aos católicos, privilegiando os demais credos.

A igreja resistia.

Por meio do partido liberal, controlava as Universidades e cuidava de interesses próprios. Em 1850, a igreja aumenta seu poder sobre as escolas. Passa a ser permitido que criem e desenvolvam seus educandários.

A igreja era contra os republicanos que queriam escolas que preparassem trabalhadores leigos para o serviço público. No século 19 francês verificava-se a concorrência entre diferentes regimes políticos. Tudo se transformava em questão de breve tempo: governos, ministros e leis.

(Continua...)


Uberaba-MG, 03/01/2021
Beto Ramos


FONTE BIBLIOGRÁFICA:

FIGUEIREDO, Paulo Henrique. Revolução Espírita - a teoria esquecida de Allan Kardec. São Paulo: Maat, 2016.

INCONTRI, Dora; GRZYBOWSKI, Przemyslaw. Kardec Educador - Textos Pedagógicos de Hippolyte Léon Denizard Rivail. São Paulo: Editora Comenius (e-book).



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