"Posso não concordar..." ;
"Discordo do..." ;
"Não concordo com..."
Beto Ramos
Estudo e pesquisa sobre Espiritismo, Doutrina Espírita, Filosofia Espírita, Espiritualismo Racional, Filosofia Espiritualista Racional, Ciência Espírita, Ciência e Filosofia.
Hoje, neste artigo, quero
compartilhar com vocês leitores (as) algumas referências encontradas no estudo
da filosofia que, ao nosso sentir, estão presentes na Obra produzida pelo
insigne Professor Rivail, usando o pseudônimo Allan Kardec. O objetivo é que,
juntos, possamos nos apropriar da influência científico-filosófica em todo o
trabalho que, mais tarde, seria conhecido como Codificação do Espiritismo.
Todas as proposições a seguir
possuem um caráter de estudo, partindo das premissas encontradas nas pesquisas
bibliográficas, deduzindo o resultado, uma vez que não há referência direta feita
por Rivail para cada uma dessas influências. Todavia, está patente no seu
trabalho uma divisão em conformidade com a estrutura didático-pedagógica do
currículo dos cursos de filosofia contemporâneas à sua produção científica.
Não iremos esgotar tudo o que
poderá ser encontrado pelo estudante, pois, a sugestão de fundo é que cada
interessado, também, busque certificar-se de que tais influências estão
diretamente ligadas às perguntas e respostas consolidadas em todas as Obras da
Codificação.
Sem dúvida, podemos pensar que a
Lei do Progresso possui, em sua base, o pensamento de Heráclito: “Não se pode
entrar duas vezes no mesmo rio”. O mesmo pode-se dizer quanto ao Livre
Arbítrio: “Os caminhos para cima ou para
baixo são um só e a mesma coisa, depende do ponto de partida”. Quando se
pensa em Espírito simples e ignorante com o potencial para evoluir, esse
filósofo, acerca do conhecimento, ponderou:
“De onde vem o conhecimento? da nossa mente, do nosso pensar e não da nossa conservação
das coisas”.
Parmênides, concordando com Heráclito, vai ponderar que o conhecimento empírico é subjetivo, pois, o
ser humano para descobrir o mundo, deve confiar somente na lógica e no
pensamento: “ser é a mesma coisa que pensar”.
Quando nos deparamos com as
reflexões de Anaxágoras de que tudo
está em tudo, imediatamente, recordamos da resposta dos Espíritos na questão 540
de O Livro dos Espíritos. Isto é corroborado pelo fato de que a ideia da
existência dos “não cortáveis” - dos ÁTOMOS -, os quais, segundo esse
pensador, “formam as coisas quando
colidem entre si, formando novos compostos”.
Não seria o sofista Protágoras, se dando conta das
implicações das crenças e dos comportamentos humanos, questionando se uma crença é natural ou cultural, o
precursor da fé raciocinada como concebida por Rousseau e Kant?
Não há dúvidas sobre questões
envolvendo a imortalidade da alma tratadas pelo precursor Sócrates, inclusive suas defesas, naquele tempo, do livre-pensamento e da liberdade de
consciência, da ética humana e política. Sobre os conhecimentos inatos, aos
quais os Espíritos respondem a Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, Platão afirmou que todos já nascemos programados com certos tipos de conhecimento. Sua
explicação fundamenta-se no fato de que “todos
temos uma alma imortal, pois, já passamos por existências anteriores”. Na
sua formulação “tudo o que aprendemos não
passa de um (re) conhecimento ou anamnese (memória)”.
Esse filósofo também formulou que existem dois mundos, o das coisas óbvias do cotidiano e o das eternas e perfeitas formas. Seria a base para se compreender a constatação da inédita informação dada no Livro Segundo de O Livro dos Espíritos onde o tema central é: MUNDO ESPIRITUAL OU DOS ESPÍRITOS? Onde os Espíritos transmitem o conhecimento que experimentaram do seu mundo, percebido pelas sensações do perispírito.
Parece que Platão captou a ideia de mundo espiritual, mas, não soube explica-la.
Considerou o mundo das formas, mas, não Espíritos e mundo espiritual. Mas, não
há dúvida de que no fundo há a ideia de superação dos meros fenômenos sensíveis da
matéria, confirmada, mais tarde, em O Livro dos Espíritos.
Finalizando a contribuição de Platão, quando o estudamos e
encontramos sua ideia de que “para
conhecer realmente alguma coisa é preciso experimentá-la, vivenciando sua
experiência de modo direto”, ao menos nesta reflexão, recorda-se a
proposição contida na questão 132 de O Livro dos Espíritos, onde se verifica a necessidade da encarnação dos Espíritos para
vivenciar experiências variadas em cada mundo e por cada ponto de vista, sendo
necessária a reencarnação no processo evolutivo.
A lógica dedutiva ou silogística
está presente na Obra de Kardec. Aristóteles
foi o seu precursor, estabelecendo os critérios das premissas maior e menor e
da conclusão, componentes dessa construção. A ideia central desse tipo de
raciocínio é que a conclusão não admita mais que as premissas. Também é o criador do método da indução. Essa
matriz parece estar na base da ciência espírita.
Aristóteles começa a fazer ciência quando passa a generalizar do observável especificamente
para espécies. Usando generalizações indutivas sobre as espécies para fazer
uma dedução sobre indivíduos, o que permite à ciência fazer uma previsão. A
construção científica da “causa final” das
coisas individuais e que cada uma delas possui uma função potencial é sua
construção.
Quanto à "causa final" afirmou que tudo e cada acontecimento tem uma causa;
recuando até o começo dos tempos chegaremos à conclusão de que deve ter havido
uma CAUSA PRIMEIRA, o PRIMEIRO MOTOR. Algo como um CRIADOR DIVINO. Parece-nos
ser essa construção a base racional do ensino contido no Livro Primeiro de O
Livro dos Espíritos.
Aristóteles também tratará de almas
e substâncias falando de essência e acidente. Intrigante é a sua reflexão
acerca de vegetais, animais e humanos,
sendo que os primeiros possuem uma alma
vegetativa porque crescem, os segundos possuem alma animal em razão das sensações, e os terceiros possuem as duas,
bem como a razão. Pareceu não garantir a imortalidade da alma. Assim, é
possível ponderar que não falava de alma
como se compreende. Sua base
reflexiva estaria de acordo com o que contém O Livro dos Espíritos quanto ao princípio vital, o instinto, a inteligência
e a razão.
Por fim, esse filósofo tratou da
ética da moderação (uma realização própria) e da capacidade humana de se
adquirir competências por meio do conhecimento, o qual pode ser transmitido,
além dos hábitos condicionados elaborados ao longo do tempo e as escolhas necessárias
do cotidiano, sendo a Moral compreendida como um Código de Conduta. Em O Livro dos Espíritos há a afirmação dos Espíritos
de que realmente a Moral é a conduta humana na prática do bem.
Foram esses os apontamentos que
ousamos fazer e que ficaremos felizes em receber todas as críticas necessárias,
solicitando sempre que o prévio estudo das informações contidas em O Livro dos
Espíritos preceda o debate.
Fonte Bibliográfica:
ROBINSON, Dave. Entendo a filosofia: um guia gráfico da história do pensamento / Dave Robinson, Judy Groves; Tradução Marly N. Peres. São Paulo: Leya, 2012.
Para responder essa pergunta seria necessário um estudo aprofundado da Doutrina Espírita, bem como conhecer a história do Espiritismo e como se concebia ciência no século 19, pois, o Espiritismo não só é FILOSOFIA como classifica-se entre as CIÊNCIAS FILOSÓFICAS.
Um fato que não é divulgado pelos Espíritas precisa ter o devido registro, face sua importância diante desse tipo de indagação feita no título deste artigo. A primeira obra da Codificação, O Livro dos Espíritos, está estruturada de acordo com os temas e desafios investigados nas demais ciências filosóficas contemporâneas a Kardec. Seu grande mérito está na profundidade e unidade sistêmica das respostas dos Espíritos Superiores sobre as questões fundamentais da humanidade, o que os autores humanos não alcançaram.
Seguindo a “grade curricular” do ensino de filosofia do século 19, O Livro dos Espíritos oferece um conjunto de conteúdos e assuntos equivalentes. Sua divisão observa no Livro Primeiro causas primárias (Deus, alma e matéria), abordando as faculdades da alma (razão e senso moral) separando-as das orgânicas (instinto e paixões). É o mesmo currículo da metafísica geral ou ontologia e da metafísica especial. Os assuntos dos capítulos se referem à teodiceia, a cosmologia e a psicologia racional.
O Livro Segundo, inédito no campo da filosofia, reporta-se ao mundo espiritual, esmiuçado em detalhes pelos Espíritos Superiores, fruto de seu conhecimento: uma verdadeira ciência dos espíritos. Os Livros Terceiro e Quarto vão discorrer sobre a moral conforme as Leis Naturais ou Divinas, cujo desenvolvimento é racional, mas, com a inédita análise experimental pelos ensinamentos dos espíritos. Note bem que:
“[...]
o espiritismo, proposto por Kardec como sendo uma nova ciência filosófica,
respeita, em sua obra fundadora, a estrutura temática e os desafios a serem
vencidos nas demais ciências filosóficas de seu tempo[1]”.
[1] FIGUEIREDO, Paulo Henrique de. Revolução Espírita: a
teoria esquecida de Allan Kardec. São Paulo: MAAT, 2016. Pg. 199.
Talvez
uma das grandes dificuldades enfrentadas pelos Espíritas é afirmar o
Espiritismo como ciência. Nos dias atuais não encontramos o mesmo “clima
acadêmico” da época de Kardec. Além disto, poucos sabem, verdadeiramente,
situar o Espiritismo como ciência no próprio tempo em que viveu o Codificador
da Doutrina Espírita.
Nesse
sentido, os que buscam afirmar o Espiritismo como ciência, nos dias de hoje,
ficam com certas dificuldades quando indagados acerca do caráter materialista
da ciência tradicional que exige a prova
experimental. Quem poderá responder
que o Espiritismo é, rigorosamente, do ponto de vista científico, quanto à sua
elaboração, uma ciência experimental?
O
estudante, ao pesquisar, irá se deparar com o dilema enfrentado pelos
precursores da ideia espírita cujo objeto de investigação é o mesmo da ciência metafísica, um subgrupo das ciências filosóficas que, de acordo com a
classificação aceita no período contemporâneo a Kardec, pertencia ao grande
grupo das Ciências Morais. Na
atualidade não se verifica essa divisão que se perdeu no caminho da “evolução”
científica.
Possuir essa informação faz toda a diferença. A dificuldade gira em torno do objeto de
pesquisa: Deus, alma, matéria, psicologia
racional, cosmologia racional e teologia racional. O Filósofo Paul Janet perguntará: como poderia o absoluto ser estudado de
maneira experimental?
A
princípio, considera-se ciência as que partem por construção do que “deve
ser” e não daquilo que “é na realidade”. O ponto de
partida, após a experiência, se conclui em determinado resultado, o que permite
conhecer fatos e fenômenos. Ou, ainda, o processo pelo qual há uma ocorrência fortuita
e casual quando considerada isoladamente, mas, necessária e inevitável ao ser
relacionada às causas que lhe deram origem.
Sendo
a metafísica abstrata e ideal, cujo objeto de pesquisa ultrapassa o objeto de
investigação da ciência concreta, a
priori, não poderia ser o resultado da experiência. Para muitos, é possível
que não seja nem mesmo ciência, vez que “não
seria possível nem pela razão, nem pela experiência”.
A
solução desse problema, primeiramente, ocorreu por meio da aplicação do método reflexivo, isto é, o resultado da
pesquisa não seria produto da imaginação, mas, da observação, onde, para além
da ideia de concepção das coisas, há verdadeira sensação e percepção.
Mas,
Allan Kardec, superou essa teoria e comprovou que os fenômenos espíritas eram
passíveis de experimentações materiais. E, o que é mais notável, tais
experiências demonstrariam resultados positivos. Até o advento do Espiritismo
acreditava-se que o método experimental,
aplicado às ciências e responsável pelos seus progressos, era somente aplicado
à matéria. Kardec provará que esse método, também, pode ser aplicado às coisas
metafísicas.
A
grande revolução do conhecimento está no fato de que as ideias metafísicas podem
ser observadas e experimentadas. O processo é simples. Os Espíritos
comunicam-se por meio dos médiuns e transmitem conhecimento. Esses
conhecimentos referem-se ao mundo espiritual. Os Espíritos tratam do ambiente físico
em que vivem, das leis naturais que regem esse ambiente e de suas experiências
dos fenômenos que lhes ocorrem, os quais são percebidos por meio dos sentidos
de seu corpo espiritual.
Estamos
diante de dois novos ramos do conhecimento humano:
a) Epistemologia
espírita: método
fundamentado de Kardec usado para pesquisar e compreender nas manifestações os
ensinamentos dos Espíritos;
b) Epistemologia
dos Espíritos: teoria do conhecimento do mundo dos
espíritos (como os Espíritos descobrem coisas e aprendem).
Temos a experiência na Ciência dos Espíritos e a observação na Ciência Espírita. A partir do surgimento da Doutrina dos Espíritos é possível o ser humano superar a limitação de estudar a natureza somente pelos sentidos e de abordar as questões espirituais somente por meio da reflexão.
É válido argumentar que o Espiritismo não é produto da imaginação, pois, ultrapassa o problema do método enfrentado pela metafísica como compreendida antes do seu advento. O método reflexivo foi superado. Como todas as demais ciências positivas, ao Espiritismo aplica-se o método experimental.
Uberaba-MG, 04 de Janeiro de 2021.
Beto Ramos
Fonte Bibliográfica:
FIGUEIREDO,
Paulo Henrique de. Revolução Espírita – a teoria esquecida de Allan Kardec. São
Paulo – SP: Maat, 2016.
"Eu nada posso fazer de mim mesmo".
Jo 5:30
Constitui ótimo exercício contra a vaidade pessoal a meditação nos fatores transcendentes que regem os mínimos fenômenos da vida. O homem nada pode sem Deus.
Todos temos visto personalidades que surgem dominadoras no palco terrestre, afirmando-se poderosas sem o amparo do Altíssimo; entretanto, a única realização que conseguem efetivamente é a dilatação ilusória pelo sopro do mundo, esvaziando-se aos primeiros contactos com as verdades divinas.
Quando aparecem, temíveis, esses gigantes de vento espalham ruínas materiais e aflições de espírito; todavia, o mesmo mundo que lhes confere pedestal projeta-os no abismo do desprezo comum; a mesma multidão que os assopra incumbe-se de repô-los no lugar que lhes compete.
Os discípulos sinceros não ignoram que todas as suas possibilidades procedem do Pai amigo e sábio, que as oportunidades de edificação na Terra, com a excelência das paisagens, recursos de cada dia e bênçãos dos seres amados, vieram de Deus que os convida, pelo espírito de serviço, a ministérios mais santos; agirão, desse modo, amando sempre, aproveitando para o bem e esclarecendo para a verdade, retificando caminhos e acendendo novas luzes, porque seus corações reconhecem que nada poderão fazer de si próprios e honrarão o Pai, entrando em santa cooperação nas suas obras.
Emmanuel
Caminho, Verdade e Vida
Capítulo 101.
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