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quinta-feira, 16 de setembro de 2021

OBRAS PÓSTUMAS NÃO É UM LIVRO DOUTRINÁRIO


ALLAN KARDEC
E O
CONTEÚDO
DE
OBRAS
PÓSTUMAS


É bastante comum observamos no movimento espírita brasileiro o uso do conteúdo de Obras Póstumas para justificar esse ou aquele posicionamento relacionado à Doutrina Espírita.

Nesse sentido, é lícito indagar: o conteúdo de Obras Póstumas é produto do trabalho de Allan Kardec? Para responder não basta lançar mão de uma opinião pessoal, é preciso deter um conjunto de conhecimentos prévios sobre o Espiritismo.

Em discurso pronunciado no túmulo de Allan Kardec, por ocasião de seu falecimento e diante de seus restos mortais, Camille Flammarion começa dando testemunho 'do relevante serviço que o autor de O Livro dos Espíritos prestou à filosofia, provocando a atenção e a discussão de fatos até então pertencentes ao domínio mórbido e funesto das superstições religiosas". 

Mais à frente no seu longo discurso Flammarion esclarece que Allan Kardec preferiu "constituir um corpo de doutrina moral a ter aplicado a discussão científica à realidade e à natureza dos fenômenos".

Tudo isso para conferir a Allan Kardec o título de "o bom senso encarnado". É, portanto, nesse sentido que pretendemos objetar ao conteúdo de Obras Póstumas ser labor de Kardec para constituir e tomar parte da Doutrina dos Espíritos, uma vez que, como afirma Camille, "o Espiritismo não é uma religião, mas uma ciência".

Afastado o caráter religioso, é preciso recordar que Kardec, na Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, afirmou que "O Livro dos Espíritos contém a Doutrina Espírita; como generalidade liga-se ao Espiritualismo, do qual apresenta uma das fases".

Para fundamentar nossa tese definiremos as palavras Doutrina e Filosofia. Doutrina é o conjunto coerente de ideias fundamentais que compõem um sistema filosófico a serem transmitidas, ensinadas. Filosofia é a ciência que investiga a dimensão essencial e ontológica do mundo real, ultrapassando a opinião irrefletida do senso comum, o qual é escravo da realidade empírica (materialismo).

Na apresentação da obra O Céu e o Inferno por ocasião da notícia de seu lançamento, à guisa de prefácio, na Revista Espírita de setembro de 1865, Kardec esclarece como produzia uma obra. Afirmou que "como nossos outros escritos sobre a doutrina espírita, aí nada introduzimos que seja produto de um sistema preconcebido, ou de uma concepção pessoal, que não teria nenhuma autoridade: tudo aí é deduzido da observação e da concordância dos fatos".

Ali, também, Kardec indicou o conteúdo de cada obra publicada sobre o Espiritismo. O Livro dos Espíritos contém as bases fundamentais do Espiritismo cujo conteúdo é desenvolvido em outras obras. O Livro dos Médiuns e o Evangelho Segundo o Espiritismo se apresentam, sobre os princípios fundamentais, como pontos de vistas especiais, onde se deduzem todas as consequências e todas as aplicações à medida que se desenrolavam pelo ensino complementar dos Espíritos e por novas observações.

Importa remeter o leitor à uma nota de Kardec na Introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo, item I, objetivo da obra, em que afirma:

"Poderíamos dar, sem dúvida, sobre cada assunto, maior número de comunicações obtidas numa multidão de outras cidades e centros espíritas, além dos que citamos. Mas quisemos, antes de tudo, evitar a monotonia das repetições inúteis, e limitar a nossa escolha às que, por seu fundo e por sua forma, cabem mais especialmente no quadro desta obra, reservando para publicações posteriores as que não entraram aqui".

Cumpre, ainda, esclarecer qual era o critério de Kardec para publicação do Ensino dos Espíritos. Essa metodologia é que proporciona verificar a autoridade da Doutrina Espírita. Trata-se do controle universal do Ensino dos Espíritos. 

Antes de qualquer publicação Kardec usava o controle da razão, ao qual submetia tudo o que vinha dos Espíritos, sem exceção. O que encontrasse obstáculos no bom-senso, além do controle da razão, também submetia-se ao controle da lógica rigorosa. Mas, tudo isso, afirma Kardec, ainda era insuficiente para muitos casos, uma vez que muitos indivíduos não possuem conhecimento suficiente para o uso desse critério. Depreende-se que a análise das comunicações demanda domínio de várias áreas do conhecimento, bem como da Filosofia e da Lógica.

Por isso, além dos critérios acima, era necessário buscar a concordância no ensino dos Espíritos. Essa concordância requer espontaneidade nas comunicações, cuja fonte deve ser um grande número de médiuns, estranhos uns aos outros, e provenientes de diversos lugares. Outro critério de Kardec é o da prudência na publicação de qualquer informação. Não sendo atendidos todos os passos de seu método, aquilo que ele julgasse necessário publicar era publicado, mas, sempre com a advertência de que o fazia como opinião pessoal individual com a necessidade de comprovação.

Voltemos agora ao conteúdo de Obras Póstumas. Como se sabe esse livro foi publicado 20 anos depois da morte de Kardec. O que era importante publicar foi feito por Kardec em vida, conforme o método acima observado, no tempo oportuno e nas obras mencionadas. Haveria, então, alguma outra obra que Kardec gostaria de publicar?

Segundo Camille Flammarion, antes de morrer Allan Kardec trabalhava numa obra cujo conteúdo trataria de magnetismo e espiritismo. Ora, onde estão esse manuscritos? Por que esse conteúdo não seria mais importante que aquele de Obras Póstumas? Haveria interesses contrapostos à Doutrina dos Espíritos pelos 'continuadores' daquela sociedade criada pelo codificador?

Pois bem. Nada, absolutamente nada, sobre o tema que era estudado por Kardec foi publicado com tal indicação pelos mesmos publicadores do conteúdo de obras póstumas. O conteúdo dessa obra, portanto, seria fruto do trabalho de Kardec? A resposta é NÃO.

O fato de que os textos tenham sido encontrados nas gavetas de Kardec podem possuir valor do ponto de vista da história do espiritismo. Sua divulgação deveria ocorrer na integralidade e não com supressão de partes, pois isto indica interesse escuso ou, ao menos, estranho.

O trabalho de Kardec era organizar as informações advindas dos Espíritos e de interesse geral para a humanidade. O que possui caráter pessoal, segundo Kardec só é de interesse do destinatário. Mas, observamos que Obras Póstumas contém comunicações com a inscrição: particular.

Aliás, boa parte do conteúdo de Obras Póstumas tem natureza pessoal e não coletiva. Questionamos, então.

Por qual motivo Kardec não havia publicado esse conteúdo em vida? Teria dúvidas sobre o mesmo? Seria relevante para o público em geral? Passaram pelo crivo do controle universal? Kardec aguardava confirmação? Seria material para a história do espiritismo? Por que os 'continuadores' não publicaram o material referente a magnetismo e espiritismo tratado no discurso de Camille Flammarion no túmulo de Kardec?

Para comprovar nossa tese verificamos, conforme as imagens a seguir, que o conteúdo publicado em Obras Póstumas sofreu supressão (ou seria adulteração?). A seguir trazemos o conteúdo original , um manuscrito que tivemos a honra de ser agraciados com a imagem pelo Projeto Cartas de Kardec - FEAL, com o qual colaboramos, onde o Codificador conversa com um Espírito acerca de uma possível modificação na obra A Gênese.

Vamos recordar que há uma discussão/denúncia sobre existência de diferenças  retumbantes no conteúdo dessa obra entre a 4ª e 5ª edições, em que se discute a 'autoria' da mudança feita na 5ª edição (para facilitar, apresentamos, também, a tradução do manuscrito, o qual indicamos a leitura atenta):


O 'conteúdo' publicado em Obras Póstumas tratando do assunto desse mesmo manuscrito, referindo à mesma comunicação, além de sua reprodução com supressão de conteúdo, tem a flagrante constatação (na qual o leitor poderá observar por si mesmo, bastando a leitura atenta):




No manuscrito original, advindo do acervo da família de Canuto Abreu (em poder da FEAL), vê-se que a informação é distorcida. É lícito a qualquer estudante indagar qual o objetivo disto. Veja que no original a indicação é que o Espírito e Allan Kardec falavam sobre a Obra A Gênese. Falavam sobre o assunto alteração. Mas, o importante é verificar que estão tratando das 3ª e 4ª edições. Em Obras Póstumas, com o conteúdo modificado e suprimido, reportam-se à "4ª e 5ª". Nesse caso, a polêmica atribuída a Henri Sausse, levantada por Paulo Henrique de Figueiredo e pela FEAL na atualidade, não é produto de pessoas que postulam divisão no espiritismo, mas, seriedade com o conteúdo doutrinário. O mínimo que podemos fazer é atentar para a advertência e para as evidências ora apresentadas.

Convidamos o (a) leitor (a), após comparar os conteúdos ora publicamos, que reflita sobre a nossa afirmação derradeira:

O conteúdo de obras póstumas não é da lavra de Allan Kardec e não pertence ao conjunto publicado que contém a Doutrina dos Espíritos, poderá servir, se os documentos forem publicados integralmente, para compor a história do espiritismo, nada mais.

Uberaba-MG, 16/09/2021
Beto Ramos.







terça-feira, 31 de agosto de 2021

JESUS E A "INTELIGÊNCIA PERFEITA DAS COISAS"

 

Será que existem INCRÉDULOS que ‘pensam’ que acreditam?

Será que ao ‘crer’ em alguma coisa, o ‘crente’ conhece aquilo que diz crer?

Os erros e equívocos cometidos por aqueles que debatem questões, sem delas ter uma cognição ‘a priori’, podem ser computados à conta dos que lhes apresentaram ‘as coisas’ desta ou daquela maneira?

Seria o caso de 'culpa recíproca'?

Allan Kardec, no capítulo 19 da obra O Evangelho Segundo o Espiritismo, no item 7, em que trata da condição da fé inabalável, escreve que “a resistência do incrédulo [...] muitas vezes provém menos dele do que da maneira por que lhe apresentam as coisas. A fé necessita de uma base, base que é a INTELIGÊNCIA PERFEITA daquilo em que se deve crer. E, para crer, não basta ver, é preciso, sobretudo, compreender.

Nesse caso, ao fazer a exposição sobre qualquer assunto e, principalmente quando for transmitir o 'saber', é preciso ter o conhecimento possível, abrangendo todos os pontos acerca do objeto de pesquisa. Tanto o transmissor quanto o receptor precisam compreender o objeto de sua crença.

Na ausência do que Kardec chamou de inteligência perfeita, é possível encontrar algumas deficiências no discurso dos que buscam transmitir algum saber. O processo intelectivo  realizado na aquisição do conhecimento reclama fugir de 'opiniões pessoais' ou preconcebidas sobre as coisas.

Citamos como exemplo as 'interpretações' produzidas sobre informações contidas nos Evangelhos, atribuídas ao Cristo, que, por vezes, são desprovidas da cognição a priori, vez que se desconsidera o método histórico-gramatical. Para exemplificar apresentamos as informações a seguir.

Você já ouviu falar de uma regra chamada do menor para o maior”? Era uma das regras de interpretação das escrituras ao tempo de Jesus. No século I, o mundo judaico as interpretava usando algumas regras principais que foram formuladas por Hillel, conhecido como "o Ancião".

Trata-se do ‘famoso’ princípio kal vahomer - do menor para o maior - ou o “quanto mais”. Vejamos nos ensinos de Jesus alguns exemplos:

“Se Deus alimenta os pássaros e cuida das flores, o quanto mais Ele cuidará do homem!” (Mt. 6:26-30)

Qual a lógica dos ensinamentos contidos nesses versículos e resumidos na frase acima? É que as pessoas são muito mais importantes para Deus do que os pássaros ou as plantas.

Nas suas pregações Jesus usou esse princípio outras vezes. Em Lucas capítulo 23, versículo 31, precedendo à sua crucificação, ele diz:

“Pois, se fazem isto com a árvore verde, o que acontecerá quando ela estiver seca?”.

Parece-nos que se trata do mesmo método de comparação. Vejamos!

Qual é o significado de “árvore verde” nessa afirmação?

Como todos sabemos (não é verdade?), trata-se de um símbolo bíblico clássico de uma pessoa justa.

Então, a interpretação menos equivocada consideraria que Jesus disse:

"Se eu, que sou uma pessoa justa, devo sofrer; o quanto mais vocês, pecadores, terão que sofrer?"

Na tradição judaica do tempo de Jesus, o uso do princípio kal vahomer para a interpretação das Escrituras era muito difundido e muito importante. Aqueles que ouviam seus ensinos compreendiam a lógica de suas comparações e, portanto, tiravam conclusões absolutamente claras.

E você? Acredita que os intérpretes possuem a inteligência perfeita sobre "certas passagens dos Evangelhos" e "conhecem o valor de muitas palavras frequentemente empregadas nos textos, e que caracterizam o estado dos costumes e da sociedade judia naquela época"? (E.S.E., Introdução, item 3, Notícias Históricas).

Deixe sua opinião e comentário.


Uberaba-MG, 31.08.2021.
Beto Ramos

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

DESEJO E VONTADE SÃO A MESMA COISA?

               


Segundo Spinoza, o filósofo, "não é porque uma coisa é boa que a desejamos, mas, porque a desejamos [a coisa] ela nos parece ser boa".

Ao introduzir o leitor nessa reflexão, desde já, vamos compreender que, ao se falar em Espiritismo, as palavras DESEJO e VONTADE cumprem o seu papel e estão em conformidade com a advertência dos Espíritos quanto a 'nos entedermos quanto às palavras'.

Avançando nessa instrução, eu diria que, para entender é preciso conhecer. O fato é que nós costumamos criar dificuldades quando elas, definitivamente, não existem. É o caso de impormos em 'nosso vocabulário' sinônimos onde eles não existem (ou, simplesmente, não deveriam existir em razão da confusão que provocam).

Não é porque uma definição 'aparece' em um dicionário que devemos fechar os olhos e 'crer cegamente' que o significado 'resolveu' os problemas do entendimento e da compreensão, ambos, processos intelectivos. É um pouco sobre isso que vamos tratar.

Cumpre, todavia, em princípio esclarecer que o substantivo masculino DESEJO possui multiplicidade de sentidos, isto é, trata-se de uma palavra é polissêmica. No entanto, para a nossa investigação vale a pena capturar os sinônimos da expressão desejo em nosso léxico (língua e dicionário). Desejo, então, é tratado como propósito, anseio, sofreguidão, libido, ambição, avidez, cobiça, sede, objetivo.

Por outro lado, temos expressões vocabulares que são tratadas como o contrário de desejo. São elas: isenção, modéstia, desapego, desinteresse, generosidade, despretensão.

Desta maneira, vamos sugerir que a palavra desejo faz muito sentido quando a conectamos com a ideia de IMPULSO.

Além disto, pela observação das expressões que possuem significado contrário, a palavra desejo faz mais sentido ainda quando a afastamos da ideia de RAZÃO.

Pois bem. O problema surge quando, para explicar o desejo, afirmamos que ela se refere a uma ação ou efeito de desejar, de querer ou de possuir vontade. É nesse ponto que propomos essa reflexão. Nosso objetivo é demonstrar que  há diferença entre vontade e desejo. É necessário, então, compreender essa diferença capital.

Ao pesquisar sobre o substantivo feminino vontade encontramos como um de seus sentidos que se trata de um sentimento que leva uma pessoa a fazer alguma coisa, a buscar seus objetivos ou buscar os seus desejos.

Ora, se a vontade me conduz a buscar os meus desejos, a própria definição mostra que são duas coisas distintas.

Entendemos que a VONTADE está relacionada com a capacidade do indivíduo de escolher entre as opções que possui e sobre as quais já amealhou algum entendimento. Nesse sentido, a VONTADE se materializa na FACULDADE DE FAZER OU NÃO FAZER DETERMINADAS AÇÕES.

Você percebe assim, com mais clareza, que a VONTADE está no campo da RAZÃO. A razão pura é aquela que não foi (ou deixou de ser) contaminada pelos desejos e pelos instintos.

A VONTADE ESTÁ NO CAMPO DO CONHECIMENTO ESCLARECIDO, que superou o campo da intuição e do mero entendimento. Trata-se da capacidade de observar, planejar, de criar alternativas e de resolver problemas.

O DESEJO está ligado à IDEIA DE SATISFAÇÃO DA PAIXÃO OU DO PRAZER. Nessa reflexão o desejo está mais próximo do INSTINTO, um IMPULSO interior que provoca a execução de atos inconscientes. Esses atos são praticados devido às necessidades do momento.

Como ensina a filosofia, o instinto (ou impulso interior) nada mais é que uma força que se dirige a um fim. Esse fim, ou objetivo, é uma fonte de satisfação (consciente ou inconsciente), às vezes até reprimidapara o ser que o experimenta. 

O desejo é uma necessidade instintiva do corpo. A vontade é uma decisão deliberada que representa uma ação vigorosa e determinante da mente sobre o corpo. Essa decisão é baseada na consciência, na sabedoria e na razão. A VONTADE, como fruto do CONHECIMENTO ESCLARECIDO, compreende a ocasição em que afloram os desejos e os instintos e os dirige.

O Espiritismo tem como base o princípio da evolução perpétua e continua do Espírito. Esse, foi criado por Deus simples e ignorante. A evolução do Espírito na fase humana começa, portanto, com a nulidade moral, mas perfectível e dotado de atributos.

Essas faculdades, ou potencialidades do Espírito são: instinto, pensamento, inteligência, livre-arbítrio e vontade. Todos esses atributos tornam o Espírito apto a intuir, imaginar, conhecer, entender, julgar, saber e compreender.

A Doutrina Espírita supera a questão meramente corporal e ensina que o Espírito imortal é o titular de todos esses atributos que parte da ciência conferia somente à matéria. Nesse sentido, o processo de aquisição do conhecimento e a própria evolução ocorre por meio das sucessivas reencarnações.

Nenhum dos atributos do Espírito são utilizados com todo o seu potencial e plenamente. À medida que a evolução do Espírito ocorre, eles são desenvolvidos.

Para refletir sobre isso vamos trazer algumas afirmações de Allan Kardec sobre as Diferentes Ordens de Espíritos, quanto à categoria dos Espíritos segundo suas três grandes divisões ou Escala Espírita, quando trata do tema "Dos Espíritos", na Segunda Parte, Capítulo 1 (O Livro dos Espíritos, Questão 100):

"Os Espíritos, em geral, admitem três categorias principais, ou três grandes divisões:

a) Na última, a que fica na parte inferior da escala, estão os Espíritos imperfeitos, caracterizados pela predominância da matéria sobre o espírito e pela propensão para o mal;

b) Os da segunda se caracterizam pela predominância do espírito sobre a matéria e pelo desejo do bem: são os bons Espíritos.

c) A primeira, finalmente, compreende os Espíritos puros, os que atingiram o grau supremo da perfeição.

Mais à frente, na Questão 101, veremos que os Espíritos da Terceira Ordem ou Imperfeitos se caracterizam por todas as paixões, que são consequências das imperfeições (ignorância, orgulho e egoísmo), os quais possuem a INTUIÇÃO, mas não possuem COMPREENSÃO e a sua INTELIGÊNCIA pode ou não se aliar à maldade e à malícia. Em alguns deles há, inclusive, mais falta de reflexão sobre as coisas do que a própria maldade. A matéria predomina sobre o Espírito, o qual está mais próximo do INSTINTO e, ainda, muito longe da razão.

A Segunda Ordem ou Bons Espíritos, são caracterizados por qualidades para o bem segundo o que tenham adquirido nas áreas da ciência, da sabedoria e da bondade. Saber e qualidades morais já aparecem naqueles que se adiantaram mais nessa classe. Mas, como mostram os Espíritos, DESEJAM O BEM, pois, ainda apresentam hábitos, manias e lingugem, etc., próprias de Espíritos em evolução.

Finalmente, na Primeira Ordem ou Espíritos Puros vamos encontrar aqueles sobre os quais a matéria NÃO EXERCE NENHUMA INFLUÊNCIA. São aqueles que já atingiram SUPERIORIDADE INTELECTUAL E MORAL ABSOLUTA em relação aos demais Espíritos das outras ordens. São portadores da mensagem de Deus, comandam os Espíritos que lhes são inferiores e são gratos e felizes com suas tarefas e missões. Parece-nos que superaram o DESEJO DO BEM, pois, REALIZAM O BEM PELO BEM por atos de sua própria VONTADE, guiada pelo ato do dever.

Não é difícil, agora, compreender a diferença entre DESEJO E VONTADE.

Uberaba - MG, 09 de Agosto de 2021 (modificado em 11/08/2021 - 16h00).

Beto Ramos.

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segunda-feira, 26 de julho de 2021

FATALIDADE E LIVRE-ARBÍTRIO

Por que nós fazemos o que fazemos?

Há uma lei de regência das ações humanas?

Os atos humanos só foram praticados porque estavam escritos?

Segundo sua definição léxica fatalidade diz respeito ao destino que NÃO se pode evitar. Vulgarmente a palavra é usada para definir um acontecimento cruel, uma desgraça. Na origem etmológica da palavra, fatalidade vem do latim 'fatalitas', que provém do francês 'fatalité', cujo significado é 'necessidade do destino'. Especulamos se, nessa origem, o que se tentava era dar alguma resposta para algo cuja lei de regência era desconhecida ou, do contrário, não compreendida.

Filosoficamente, no que tange às ações humanas, encontraremos, em contraposição, a expressão 'livre-arbítrio', cuja ideia é significar a possibilidade de decidir, isto é, fazer uma escolha em função da própria vontade, onde a escolha é isenta de qualquer condicionante, motivo ou causa determinante.

A ciência filosófico-espírita tem no livre-arbítrio um princípio espírita, pois, sua teoria é fundada na autonomia moral do Espírito. Portanto, nas questões relativas à vida física, a fatalidade, vulgarmente compreendida, é incompatível com a ideia de livre-arbítrio. Não é concebível a ideia que os atos humanos foram praticados porque estavam escritos.

Considerando o Espírito um ser complexo, dotado de pontencialidades ou faculdades que "despertam" à medida que o mesmo progride e, também, evolui, constata-se que a escolha é uma dessas potencialidades. A aptidão para escolher surgirá à medida que conhecimentos são acumulados pelo Espírito.

Se por meio da instrução o Espírito estimula sua faculdade de inteligência, ocasião em que conhece as leis que regem a matéria e aprimora o seu conhecimento, por meio do esclarecimento o conhecimento aprimorado se transforma em sabedoria, e, como consequência, o senso moral não é mais mistério ou mero acaso. A sabedoria proporciona ao Espírito conhecer as leis que regem a natureza moral, o que lhe permite moldar e modificar o senso moral.

Para isso o Espírito reencarna e ocupa uma posição na Terra, onde desempenha fuções como consequência do gênero de existência que escolheu no estado de Espírito errante. Por isso, é fundamental saber que:
I. No estado errante o Espírito faz a escolha das existências futuras e das provas que deseja sofrer;
II. No estado corpóreo, seu livre-arbítrio lhe faculta ceder ou resistir aos arrastamentos a que voluntariamente se submeteu em razão da escolha do gênero de provas e da existência.

O Espírito, então, está sujeito a ser atraído para o crime ou para fazer o bem, sendo importante saber que há nisso duas condicionantes:
a. O meio em que estiver situado;
b. As circunstâncias supervenientes.

Desse modo, compreendendo a reencarnação como oportunidade, o Espírito:
1. Poderá combater suas más tendências com os conhecimentos que adquiriu ou irá adquirir;
2. Deverá estudar o que compõe o seu caráter, sua personalidade;
3. Deverá investigar e conhecer as leis que regem a natureza moral.

Podemos resumir isso no processo em que o Espírito:
- Estuda como se adquire uma imperfeição e como dela se livra;
- Por que faço algo desse jeito e não de outro?
- Aprende como adquirir, modificar e aprimorar o conhecimento segundo a Lei do Progresso.

Segundo o Espiritismo o livre-arbítrio é pleno. O Espírito tem poder de resistir a qualquer influência e nada é inexorável. Pela vontade comanda os desejos e lhe cabe fazer boas escolhas ou atender às más sugestões. As sucessivas reencarnações proporcionam ao Espírito esclarecer sua vontade. A VONTADE ESCLARECIDA escuta, julga e escolhe livremente entre dois conselhos.

Trazendo em si todas as qualidades e imperfeições que possuía como Espírito, o ser humano comete faltas em razão dessas, pois, ainda não atingiu superioridade moral. Isso não quer dizer que o livre-arbítrio é menor. Aliás, é essa faculdade que faz com que o avance no desenvolvimento do senso moral e é por meio da existência corporal que expurga suas imperfeições passando pelas provas. Ocasião em que trava uma luta íntima contra suas próprias imperfeições.

Experimentando provas e expiações, o Espírito que vence suas imperfeições se eleva, mas aquele que fracassa continua a ser quem era (nem melhor, nem pior) e terá que RECOMEÇAR do ponto onde sucumbiu. Nessa situação é possível que ainda demore muito tempo para vencer o obstáculo.

O Espiritismo aconselha que cada um cumpra o seu papel, no seu próprio proveito para, se elevando, ir para um mundo onde o bem reina inteiramente e onde se lembre de sua permanência na Terra, apenas, como um tempo de exílio.

Uberaba-MG, 26 de julho de 2021
Beto Ramos

quarta-feira, 21 de julho de 2021

A FORÇA MORAL DO ESPIRITISMO ESTÁ NO ESCLARECIMENTO


A moral, como REGRA DA BOA CONDUTA, isto é, FAZER O BEM PARA TODOS, é desenvolvida à medida que o ser abandona o PERSONALISMO. Advindo de persona, pessoa ou indivíduo, é o personalismo, também pensado como individualismo, que desenvolve o EGOÍSMO.

Autoproteção, autopreservação, autopiedade, entre outras, são derivações dessa imperfeição moral. Nesse contexto, a imperfeição se mostra por meio de uma característica singular do personalista: superestimar a si mesmo em detrimento dos outros.

Destacamos que tudo isso decorre da autonomia do indivíduo. Há um processo contínuo de evolução, de aquisição de conhecimento. Uma de suas fase é o autoconhecimento, elemento principal do esclarecimento. É no esclarecimento que se encontra presente a força moralizadora da Doutrina dos Espíritos. Para isso, o Espiritismo oferece a base formadora e que sustenta todo esse edifício denominado esclarecimento.

Deus, imortalidade da Alma, evolução perpétua e contínua do Espírito (ser), livre-arbítrio, reencarnação e comunicabilidade entre e com os Espíritos formam essa base.

1. Há um Criador. Essa compreensão nos esclarece qual o tamanho, posição e hierarquia ocupada pelo Espírito na obra da Criação;

2. O Espírito é imortal; Isto é, não foi criado para a morte ou para uma única existência;

3. Em razão de que a Alma é imortal, sua educação e seu progresso é contínuo e perpétuo; A aquisição de conhecimento é como que uma lei natural;

4. Nesse processo, o Espírito evolui fazendo escolhas segundo os conhecimentos que adquiriu;

5. As escolhas fazem parte do processo de esclarecimento e evolução do Espírito. Portanto, é preciso que existam possibilidades para se fazer NOVAS escolhas, ocasião em que o que foi aprendido seja colocado em prática por meio das tentativas, dos erros e dos acertos, corrigindo e progredindo. Essas oportunidades não ficam restritas a uma única existência, elas são sucessivas, muitas, milhares. Trata-se da reencarnação.

6. No processo de aprendizado, da aquisição do conhecimento, o ser não está desemparado, nem entregue à si mesmo (ou à própria sorte, diriam alguns); Há Espíritos por toda parte. Entre eles há solidariedade. Os Espíritos se comunicam e querem o fazer para, de alguma forma, ajudar que não se cometa os mesmos erros. Por isso, por meio das comunicações com os Espíritos, é possível aprender pela observação. Constata-se, assim, que existem Espíritos felizes, infelizes e endurecidos. É por aí que se constatam, também, as consequências geradas pelas imperfeições morais dos Espíritos e o reflexo das qualidades adquiridas e que foram colocadas em prática proporcionando um progresso mais rápido ao ser.

Tudo isto, NESTA ETAPA DA EVOLUÇÃO, pode se resumir da seguinte maneira:
  • Conhecimento de si mesmo;
  • Porque está na Terra;
  • O que veio fazer na Terra;
  • Para onde irá após a vida na Terra

Uberaba-MG, 21 de Julho de 2021
Beto Ramos


DESTAQUE DA SEMANA

A DOUTRINA DOS ESPÍRITOS NÃO É ASSUNTO QUE SE ESGOTA EM UMA PALESTRA

  EM SUAS VIAGENS KARDEC MINISTRAVA ENSINOS COMPLEMENTARES AOS QUE JÁ POSSUIAM CONHECIMENTO E ESTUDO PRÉVIO. Visitando a cidade Rochefort, n...